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Código de ética e deontologia profissional dos TOC’s

CAPÍTULO 3. TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS

3.3. Código de Ética e Deontologia Profissional

3.3.2. Código de ética e deontologia profissional dos TOC’s

Na sequência das sucessivas pressões sobre as organizações no sentido de um maior e melhor desempenho, assim como ao nível da RS e da ética, os stakeholders contribuíram incentivando a criação do regulamento de ética e deontologia profissional dos TOC. A dificuldade num consenso e acordo no sentido da criação e desenvolvimento de um código deontológico que permitisse uma acção integrada e interiorizada pelos profissionais foi a principal razão da demora na sua elaboração. O Decreto Lei n.º 265/95 veio preencher essa lacuna institucional sendo que, conforme o preâmbulo do CDTOC:

“(…) não prevê, nem tem que prever, em toda a sua extensão, a implementação de normas éticas e deontológicas.

Estas têm que emanar da vontade própria dos Técnicos Oficiais de

Contas que, no respeito pelas normas jurídicas e estatutárias que está

regras comportamentais, com vista à definição de procedimentos intra profissionais, de entre outros, não previstos naqueles normativos. (…)” (Decreto-Lei nº 265/95, 1995, p. 1).

Os parâmetros definidos e aprovados no âmbito da Assembleia Geral são objecto de discussão entre todos os membros da profissão e a vinculação dos TOC aos princípios e regras que constam no código de ética contribui para o prestígio, dignidade e responsabilidade perante a sociedade. FIPECAFI (1997, p. 59) refere que “(…) deve haver consenso no grupo sobre o conteúdo do Código de Ética Profissional do Contabilista. Seus preceitos devem atingir todos os membros do grupo organizado (…)”.

O reconhecimento do interesse público desta profissão, combinado com o elevado grau de especialização imposto, implicou a afirmação da profissão de TOC na sociedade. As responsabilidades éticas e morais inerentes ao desempenho desta função pressupõem uma vigilância no âmbito dos padrões fixados pelos profissionais agrupados num código de conduta.

Os profissionais da contabilidade devem incorporar um conjunto de características, nomeadamente:

(…) a) (t)er uma boa base teórica sustentada por uma adequada formação académica e técnicoprofissional associada ao treino nas suas áreas de competência;

b) Ter reconhecida autoridade nas matérias da profissão, atestada pela concessão da carteira profissional que lhe dá exclusividade no exercício da profissão;

c) Ser sancionado pelo grupo socioprofissional e responsabilização deste pela vigilância dos seus membros;

d) Ter um Código de Ética e Deontologia Profissional;

e) Ter uma cultura de profissão que inclua todas as suas dimensões, nomeadamente a que resulta da vivência/prática do seu exercício no tempo (…)” (Roslender, 1992, pp. 20-21).

O CDTOC é uma referência, uma orientação para os profissionais, pois não é possível abarcar todas as áreas problemáticas que podem ocorrer no âmbito da actuação profissional dos TOC.

Os valores inerentes ao CDTOC devem ser revistos de forma a evoluir segundo as necessidades da ordem profissional, ou seja, de forma a espelhar claramente as prioridades e os objectivos da mesma. A dificuldade inerente à construção do conjunto de directrizes que têm por objectivo ser aceites pela generalidade dos profissionais como verdadeiros e correctos é grande. O código de conduta deve ser considerado uma

ferramenta de gestão de forma a estabelecer os valores e as obrigações, os direitos e os deveres.

A divulgação e fixação do conteúdo do código é da maior importância para o seu sucesso. A implementação do código de ética e deontologia implica um trabalho de endomarketing no âmbito dos profissionais abrangidos pelo mesmo. Caso contrário, a não concordância por parte dos profissionais com as regras ditadas pelo Código originará o não cumprimento do CDTOC elaborado.

É de referir que apenas os profissionais que se encontrem efectivamente a desempenhar a função de TOC é que estão sob o âmbito de aplicação do CDTOC, conforme o seu artigo 1º (CTOC, Sobre a OTOC - Código Deontológico, 2010). Segundo Barata o CDTOC acaba por exercer uma força persuasora, pois “(…) os profissionais podem utilizar perante aqueles para quem trabalham, nomeadamente no caso de situações complexas, como é o caso da obrigatoriedade de participar os crimes públicos (…)” (2009, p. 10). O TOC tem sempre a possibilidade de utilizar o CDTOC no âmbito da sua actividade profissional como medida de controlo, uma vez que, “(…) se não proceder em conformidade com os princípios éticos, deontológicos, estatutários e legais, pode ser sancionado, e no limite, perder a carteira profissional e por em causa o seu futuro e o daqueles que dele dependem, para além de não estar a cumprir os seus deveres de cidadania (…)” (Barata, 2009, p. 11).

Os TOC devem observar na sua actuação um conjunto de procedimentos profissionais, legais éticos e deontológicos, além de todo o agregado de valores éticos e morais subjacentes à sua natureza humana.

O conjunto de competências que estes profissionais devem contemplar, permite a identificação de delimitação do seu campo de actuação; devendo, ainda, agir segundo um conjunto de princípios considerados fundamentais. O conjunto de princípios deontológicos gerais, segundo o artigo 3º do CDTOC, são constituídos pelos princípios da: integridade, idoneidade, independência, responsabilidade, competência, confidencialidade, equidade e lealdade. Segundo o ponto 2 do artigo 3º “(…)Os

Técnicos Oficiais de Contas devem eximir-se da prática de actos que não sejam da sua

competência profissional ou quando os mesmos, nos termos da lei, sejam da competência de outros profissionais (…)” (Decreto-Lei n.º 310/2009, 2009).

O sigilo profissional é outra das temáticas abordadas no CDTOC. Nesta profissão, tal como em tantas outras, os profissionais têm acesso a um conjunto de informação

privilegiada, sendo que a sensibilidade que lhes está associada impõe alguns limites de divulgação no sentido da perpetuidade do sigilo que lhes está imposto por via do CDTOC, conforme preconizado no artigo 10º do documento citado.

São identificados no CDTOC o conjunto de direitos e deveres destes profissionais para com diversas partes relacionadas, nomeadamente nos artigos 2º, 4º, 12º, 17º, em que se mencionam os colegas, o próprio organismo profissional, empresas e ainda entidades oficiais.

A responsabilidade profissional dos TOC está preconizada no CDTOC estando previstos um conjunto de artigos que preconizam a aplicabilidade de medidas disciplinares em diversas situações. A não observância do prescrito no CDTOC, assim como nos Estatutos estão disciplinadas impondo um conjunto de sanções previamente definidas. A infracção ao nível deontológico identificada no artigo 18º: “(…) (q)ualquer conduta dos Técnicos Oficiais de Contas contrária às regras deontológicas é equiparada a infracção disciplinar, nos termos e para o disposto no Estatuto dos Técnicos Oficiais de Contas(…)”. São atribuições da Ordem “(…) n) Exercer jurisdição disciplinar sobre os técnicos oficiais de contas (…)” segundo o artigo 3º do seu Estatuto. É referido, ainda, no artigo 59º do CDTOC que “(…) (o)s técnicos oficiais de contas, efectivos ou estagiários, estão sujeitos à jurisdição disciplinar dos órgãos da Ordem, nos termos previstos no presente Estatuto (…)”.

Os TOC apresentam responsabilidades sociais para com privados (membros da OTOC) e para com entidades públicas, pois contemplam fins de interesse público. O CDTOC, assim como os Estatutos, preconizam um comportamento ético e social, na medida em que os conjuntos de competências que incorporam traduzem-se num conjunto de informação económico financeira encarada como verdadeira e apropriada. A informação disponibilizada alimenta a contabilidade nacional e contribui para todo um conjunto de decisões económicas, financeiras, políticas e sociais, entre outras.

O facto do profissional TOC agir de forma ética e responsável decorre não apenas da sua formação, mas também da sua preparação técnica, sendo que tem em vista a concretização no âmbito dos serviços prestados de um fim social superior, segundo Lisboa (1997, p. 61). Conclui-se, da exposição efectuada no subcapítulo 2.5.3, que a observância de um conjunto de padrões éticos e morais depende da honestidade e da moral de cada um dos profissionais e não apenas da preparação técnica ou da existência de um CED.

A conflituosidade gerada, em diversas ocasiões, é de difícil interpretação e análise por muitos dos profissionais da área, sendo que o CDTOC pretende auxiliar na resolução de muitos dos dilemas éticos que possam surgir. Neste contexto impõe-se que se opte entre os interesses da empresa e os da sociedade em geral, agindo consoante os deveres profissionais, da boa-fé e de cidadania enquanto profissional.

O Código Deontológico, com a passagem da CTOC a OTOC, deixou de ser considerado apenas um regulamento interno para passar a integrar uma maior credibilidade e autoridade legal, tendo entrado em vigor em 01 de Janeiro de 2000. Surgiu na sequência da aprovação dos Estatutos da CTOC conforme exposição no ponto 3.2. Este grupo socioprofissional impõe o seguimento do CDTOC de forma a pautar as atitudes e comportamentos nas relações com terceiros e com a sociedade em geral dos profissionais da contabilidade. Na sequência do trabalho de pesquisa será abordado neste trabalho de investigação no ponto 3.3 outros aspectos do CDTOC.

É importante referir ainda que os Revisores Oficiais de Contas (ROC’s) são parceiros dos TOC’s, pois ao passo que os segundos se dedicam ao processamento e elaboração das DF’s, os ROC’s têm por função certificar este trabalho garantido a sua qualidade e conformidade com os normativos legais. Ambas as funções são consideradas de interesse público e consubstanciam o dever de diligência, apesar dos ROC observarem o dever de vigilância a todo e qualquer facto que possa colocar em causa o principio da continuidade da empresa. Os sucessivos escândalos financeiros que se têm vindo a detectar no contexto global denunciam a importância que um eficaz controlo de qualidade pode ter.

A qualidade das DF’s é certificada pelos ROC, mas existe, ainda, um controlo de qualidade efectuado, no âmbito da actuação dos TOC’s, por parte da OTOC17 de forma a contribuir para a dignificação da profissão. Esta análise foi efectuada sob a forma de apêndice de forma a não sobrecarregar o trabalho com informação complementar à investigação.

17

3.4.

A

CONTABILIDADE

,

O COMPORTAMENTO ÉTICO E A

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