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“(S)ó existirão decisões éticas nas empresas se, em primeiro lugar, os gestores tiverem a capacidade de reconhecer os dilemas éticos e, em seguida, de analisar as consequências das soluções alternativas”

6.1.

C

ONTRIBUIÇÕES PARA O CONHECIMENTO

Face ao trabalho de investigação efectuado e com a comprovação de resultados de pesquisas citadas no decorrer deste trabalho denota-se a relevância da sua apresentação, de forma a auxiliar a divulgação e a promoção de conceitos associados à gestão ética e socialmente responsável.

As contribuições deste estudo para a literatura foram surgindo à medida que se foi concretizando o objectivo central (efectuar um estudo sobre a ética e RSO perante os TOC’s), partindo de um inquérito a indivíduos que desempenham funções técnicas de gestão e de um outro inquérito orientado para os TOC’s. Pretende-se apresentar conclusões inovadoras para a literatura, nomeadamente no que diz respeito à eventual tendência para se confundir RS com responsabilidade legal. O grau de influência que o CDTOC exerce na forma de actuação dos TOC’s está intimamente ligado com o facto de se aceitar, ou não, o preceituado no normativo.

O conteúdo apresentado não esgota este importante tema, uma vez que o facto de nos encontrarmos num contexto globalizante, além da preocupação crescente das organizações em serem consideradas entidades socialmente responsáveis, contribui para que este tema ainda tenha muito para ser desenvolvido.

Com efeito, uma das contribuições refere-se à análise da RS confrontando-a com a responsabilidade legal, identificando, assim, o desalinho existente entre ambos os conceitos. Assim, embora seja usual a literatura referir que a RS deve ir para além daquilo que está determinado na lei (Carrol, 1979; Carroll e Schwartz, 2003; Enderle e A., 1998; Davis e Bloomstrom, 1975; Donaldson e Preston, 1995; Evan e Freeman, 1993; Freeman, 1984; Hay, Gray, e Gates, 1976; Hummels, 1998; Kok, Van der Weile, McKenna, e Brown, 2001; Logsdon e Yuthas, 1997; McGuire, 1963; Mitchell, Agle, e Wood, 1997; Mulligan, 1986; Phillips, Freeman, e Wicks, 2003; Sethi, 1975; Stoney e Winstanley, 2001; Wood, 1991; Waddock e Smith, 2000) não se encontrou suporte teórico cuja análise tenha incidido sobre a confusão entre lei e RS.

A revisão bibliográfica apresentada sobre a RSO, a ética e os TOC’s conjugada com a apresentação e discussão dos resultados obtidos, na sequência da divulgação dos inquéritos, constituem uma base sólida para o desenvolvimento de um conjunto de afirmações fidedignas e credíveis, sobre estas matérias, no contexto empresarial actual. O trabalho de investigação conduzido com recurso a metodologias de análise

reconhecidas por diversos autores concorre, também, para uma aceitação dos resultados obtidos.

A RSO ainda não é praticada pela generalidade das organizações/empresas estudadas. As conclusões obtidas, segundo a opinião dos profissionais que desempenham funções na área da gestão, não abonam muito para a existência de empresas socialmente responsáveis e que apostem num desenvolvimento sustentável.

Salienta-se a importância que a ética e deontologia profissional têm no desempenho da função de TOC’s, sendo que, na generalidade, as conclusões obtidas no âmbito dos princípios deontológicos e do respectivo cumprimento ficam aquém do esperado.

O impacto da formação profissional ao nível competência dos TOC’s é elevado, pois contribui para acrescentar credibilidade e dignificação ao profissional.

As questões atrás referidas contribuem para o enriquecimento da literatura. Este trabalho de investigação pretende, ainda, proporcionar um estímulo ao estudo das questões aqui abordadas, contribuindo para a boa gestão das empresas com vista à optimização da sua performance social. Pretende, igualmente, distinguir as acções identificadas na lei, das práticas que devem ser conduzidas visando uma gestão social de carácter espontâneo e voluntário.

6.2.

L

IMITAÇÕES

,

DIFICULDADES DO ESTUDO E SUGESTÕES PARA

INVESTIGAÇÕES FUTURAS

Existem limitações no âmbito da metodologia utilizada no recurso deste trabalho académico de investigação, apesar da metodologia utilizada se ter revelado como sendo a mais adequada.

A este respeito pode-se dizer que a primeira dificuldade surgiu com a recusa de alguns indivíduos em participar no trabalho de investigação. A resistência dos respondentes em colaborar com este tipo de investigação, foi uma das limitações mais relevantes, sobretudo no que respeita aos colaboradores das organizações, uma vez que apenas se obtiveram 131 respostas.

Assim, após se ter deparado com as dificuldades atrás descritas, em virtude, talvez, das considerações apontadas no parágrafo anterior, iniciou-se um novo processo de procura de respondentes, ao inquérito 2, e acabou-se por conseguir, após várias insistências, a

colaboração da OTOC no sentido de permitir a distribuição do documento por ocasião de uma reunião livre.

No que respeita aos TOC’s e na sequência da distribuição presencial dos inquéritos foi possível detectar a aversão que alguns dos TOC’s apresentavam no sentido de não se comprometer com quaisquer tipos de resposta no que respeita à matéria da ética e do CDTOC.

No âmbito dos inquéritos disponibilizados, refiram-se as seguintes desvantagens: exclusões de pessoas que não possuíam endereço de e-mail válido ou conhecido; a falta de auxílio aos sujeitos, quando estes não entendem correctamente as instruções ou as perguntas (foram pedidos alguns esclarecimentos adicionais); a ignorância do contexto em que o inquérito foi respondido, o que adquire a maior importância no âmbito da avaliação da qualidade das respostas; existe, ainda, a hipótese dos sujeitos poderem ter fornecido respostas falsas ou seleccionadas ao acaso, por razões tão diversas como a falta de tempo, desmotivação e falta de interesse, entre outros motivos; a possibilidade da percentagem de retorno ser reduzida e, dentro dos questionários devolvidos, várias perguntas virem sem resposta (Vergara, 2000).

O instrumento de recolha de dados utilizado – questionário – poderá ser refinado, nomeadamente apostando na redução do número de itens com vista a uma maior facilidade de aplicação e respectiva interpretação.

O facto de a investigadora não apresentar o apoio formal de uma instituição, aquando dos seus contactos com os potenciais respondentes, pode ter contribuído para que os mesmos não valorizassem este trabalho de investigação, por não o considerarem importante em termos da promoção da sua imagem ou relevante o suficiente para dispor do seu tempo para responder ao inquérito distribuído.

Para além das limitações já identificadas, este trabalho de investigação possui um conjunto de restrições temporais que condicionam a possibilidade de outras análises pertinentes. Um trabalho de investigação nunca se esgota em si mesmo, pois além de procurar responder a um problema delineado inicialmente, induz a novos trabalho de investigação sobre as matérias abordadas.

Assim, no decurso deste trabalho acabaram por surgir algumas reflexões, sobre o tema em apreço, que se destaca como sugestões para futuras investigações. Sugere-se o desenvolvimento de um trabalho de investigação análogo a este, mas com um estudo de campo centrado no contexto externo, sendo que seria relevante incluir empresas e

respectivos colaboradores que, à partida, já se assumissem como socialmente responsáveis sob o ponto de vista externo. A investigação deveria abranger, também, os respectivos profissionais da Contabilidade, além dos TOC’s da entidade.

Seria da maior importância apurar as impressões do conjunto de stakeholders internos, pois permitiria aferir o conjunto de acções encetados pelas organizações, no âmbito destas matérias, apurando também a percepção dos stakeholders internos e externos relativamente a estas.

A comparação das medidas praticadas pelas PME’s socialmente responsáveis, com as praticadas pelas grandes empresas que actuam no contexto empresarial português poderia ser relevante para análise, na medida em que as segundas possuem uma maior capacidade de intervenção e impacto na sociedade.

No contexto actual de crise económico-financeira seria importante analisar as variações que se registam ao nível do investimento em RS. Observou-se no decorrer do trabalho de investigação que as acções socialmente responsáveis não dependem, unicamente, dos recursos financeiros utilizados.

Uma actuação socialmente responsável não constitui um dever ético tendo-se vindo a tornar, no contexto actual, uma imposição das regras concorrenciais do mercado. As organizações não existem de forma isolada, estão inseridas num universo, tanto na sua componente económico-social como ambiental. O objectivo principal das organizações deverá passar pela promoção de um bem comum, socialmente responsável e que aposte num desenvolvimento sustentável.

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