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Códigos analógicos e códigos digitais

No documento Teorias da Comunicação (páginas 57-60)

Comunicação e linguagens

2.3 Códigos analógicos e códigos digitais

Os signos são elementos fundamentais das linguagens que, por sua vez, são fundamentais na comunicação. Mas o fundamental no estu- do semiótico da comunicação é entender do que os signos são capa- zes quando usados nos processos de significação e interação social.

Você verá, na próxima unidade, que as transformações nas mídias, que vieram a acelerar e a ampliar o alcance da comunicação, corres- pondem, basicamente, a um processo de complexificação da tecno- logia e de simplificação da linguagem.

As mídias se complexificaram porque passaram a envolver diversas máquinas e materiais (computadores, cabos, satélites, TV, rádio, an- tenas e outros) que emitem, recebem e distribuem signos na forma de sinais. Mas para que isso fosse possível a linguagem teve de ser simplificada.

Comunicação Audiovisual é aquela que se realiza por meio de signos visuais (imagens, desenhos, gráficos, etc.) e sonoros (voz, música, ruído, efeitos onomatopeicos

Uso a palavra complexificação, para me referir ao processo em que novos elementos vão sendo inseridos e relacionados com outros na construção do mundo humano. Neste caso específico, refiro-me à construção de tecnologias de informação e comunicação

Veja:

Segundo a semiótica, há três tipos de signos criados por meio de ope- rações dialógico-comunicativas. Para que as pessoas possam se enten- der umas com as outras, interpretam signos através de outros signos, conforme a classificação semiótica a seguir:

• Por operações de semelhança. Por exemplo, a fotografia, a escultura na maioria das vezes e as pinturas que retratam paisagens, pessoas e objetos são signos interpretados por semelhança. Esses signos são chamados de ícones.

• Outra operação comunicativa pelas quais os signos são criados é a de contiguidade ou interpretação por associação de um objeto a outro, mesmo que eles não sejam semelhantes. Por exemplo: a fu- maça como signo de fogo; a nuvem como signo de chuva. Fumaça e nuvem não significam fogo e chuva por semelhança, mas porque a presença de um indica o outro. Por isso esses signos são chamados de índices.

• Por fim, a terceira operação dialógica pelas quais os signos são cria- dos é a convenção, como você viu na seção anterior: acordo entre os usuários. O uso destes signos depende da instituição de regras de uso. Eles são chamados símbolos. Como exemplos, podemos citar as palavras da linguagem oral e da linguagem escrita (exceto quando imitam sons da natureza, como nas onomatopeias: bééé! Coach! Buuu!). Os símbolos, assim como os índices, não têm semelhança com os seus referentes. Ou você acha que a palavra “cadeira” se parece com o objeto a que chamamos “cadeira”? E a palavra “pala- vra”, se parece com qual objeto?

Imagino que você deva se perguntar novamente: e daí, em que é que esses ícones, índices e símbolos podem me ajudar para entender a complexificação das tecnologias e a simplificação das linguagens?

É que esses signos constituem dois grandes tipos de códigos. Os códi- gos analógicos e os códigos digitais. Eles mesmos são signos analógi- cos e signos digitais.

Os códigos analógicos têm a ver com signos físicos e mais complexos: desenhos, pinturas, gestos, palavras, entre outros. Signos físicos pre- cisam de suportes materiais para ser fixados e transportados. Coisas materiais só podem ser transportadas por meio de canais mecânicos: você leva uma carta ao posto do correio; o correio envia a carta por automóvel ou por avião ou por navio até o posto de correio do outro município e uma pessoa terá de levar até o seu parente.

Já o código digital não. Digital vem de dígito, números de 0 a 9, mais letras. Com eles, foi possível se chegar ao código binário, que é o mais simples a que se reduziu a linguagem. Por exemplo, você pode com- binar com alguém que, se piscar o olho direito, está tudo certo. Essa piscada é um sinal positivo (1). Mas, se piscar o olho esquerdo, está er- rado. A piscada com o olho esquerdo é um sinal negativo (0). A piscada é um signo codificado para a comunicação entre você e outra pessoa.

Na mídia eletrônica/digital atual (rádio, TV, telefone, computador, etc), em geral, as informações são codificadas em códigos binários digitais. Neles, todos os signos analógicos (desenhos, imagens, sons, etc.) são convertidos, traduzidos, interpretados pelos dígitos 0 e 1, o que faci- lita e aumenta a capacidade de armazenar e transmitir informações. Assim, no celular sua voz é codificada em sinais por meio de um códi- go binário. É transmitida em ondas eletromagnéticas pelo ar até uma antena que manda os sinais para outra antena até chegar ao aparelho telefônico do seu interlocutor e ser decodificada em questão de se- gundos. Via satélite, então, a transmissão é mais rápida e precisa.

Entendeu por que a mensagem anda mais rapidamente nos aparelhos eletrônicos? Porque o físico é transformado em virtual? Porque o me- cânico é transformado em energia? A energia é um tipo de material muito mais fluido, leve e ágil do que materiais mais densos como o papel, a pedra, a madeira, etc. Por isso se movimenta com muito mais velocidade em canais apropriados.

Nesse sentido, então, os signos analógicos representam com maior viva- cidade e presença nossos pensamentos, sentimentos e conhecimentos do que os códigos digitais que são muito mais ágeis, eficazes e eficien- tes na produção e circulação de informações. Porém, exigem um siste- ma de transmissão dos sinais muito mais complexo do que os signos analógicos. Exigem máquinas e sistemas de máquinas, especialmente.

Suporte é o material ou espaço nos quais signos são inscritos para expressar a individualidade e ou transmitir informações. Exemplo é o papel para a escrita, a tela para a pintura, a parede da caverna para a arte rupestre, o corpo para a gesticulação

Se você puder, assista pelo menos a uma parte do filme Matrix. Este filme retrata como o material, o mecânico se transforma

em energia e como o físico se transforma em virtual. Além disso, faz-nos pensar sobre as relações entre humanos e má- quinas, que é um dos nossos assuntos aqui. Assista ao filme e pense onde homens e mulheres poderão chegar com o avanço

das tecnologias da informação e da comunicação

No documento Teorias da Comunicação (páginas 57-60)