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A educação na mídia

No documento Teorias da Comunicação (páginas 115-118)

História

6. Normatizar: função pela qual a mídia executa normas sociais.

5.1 A educação na mídia

Considerando o sentido de educação problematizado desde o primeiro caderno do curso, de que a educação é: o processo de transmissão da herança cultural das sociedades; que nesse processo de recepção da cultura as novas gerações interpretam valores, conhecimentos, crenças, comportamentos e condições materiais de vida criando novos sentidos para os que recebem e assim transformam a cultura, não dá para negar que a mídia educa. Sempre educou, independentemente de ser mais ou menos abundante, abrangente e intensa na vida social.

A mídia educa porque transmite a herança cultural por processos de comunicação. Educa transmitindo informações, limitando os conteú- dos do pensamento, construindo desejos, condicionando o compor- tamento das pessoas, por exemplo. A educação, contudo, não pode ser reduzida à transmissão de informações, sejam elas conhecimentos ou valores.

Mas será que a mídia só transmite informações? Será essa a educação que a mídia possibilita?

Pelo que você pode perceber ao longo do caderno, parece que não, pois a mídia transmite informações de tal maneira que ao transmitir já transforma o que transmite, em decorrência das linguagens que utiliza para significar. A mídia interpreta e significa os bens culturais das sociedades. Por isso ela atrai, seduz, envolve: recodifica a cultura, inventa realidades e produz mundos trágicos, catastróficos, lúdicos, coloridos, divertidos, narcotizantes, estimulantes. Mundos de sonhos vividos nas mídias e fora delas pelas novas gerações. Gerações educa- das sempre com novas mídias.

Tudo passa pela mídia, que amplia a quantidade e a qualidade de infor- mações; multiplica as possibilidades de acesso às informações. Diversi- fica os suportes e códigos para armazenar e distribuir informações.

Sintetiza passado e futuro no presente. Encurta as distâncias. Oferece imagens reais/virtuais. Acelera interações. Incentiva a criação.

Antecipa e pluraliza significações.

Isso tudo, guardadas as diferenças e proporções, aconteceu com to- das as mídias nos diferentes contextos históricos em que foram in- ventadas. Foi assim com a fala; com a escrita; com a imprensa; com o cinema; com o rádio; com a televisão e agora com o computador.

Cada uma dessas mídias produziu e continua a produzir efeitos na cultura e no devir humano, como você notou nas unidades 3 e 4, especialmente: memória, raciocínio lógico, pensamento abstrato, imaginação e outras habilidades mentais que homens e mulheres de- senvolveram estão relacionadas com as mídias, com suas linguagens e tecnologias. Mas estão relacionadas, também, com a mídia, suas linguagens e tecnologias, a aceitação de certos papéis sociais pelas pessoas, o cumprimento de certas funções e o aprendizado de certos hábitos de comportamento. Não que isso tenha acontecido graças à mídia. Mas mídia, linguagem, pensamento e comportamento não se separam mais no complexo mundo que o homem vem construindo.

O problema que se coloca agora, desde o final dos anos de 1980, so- bre a educação mediática, midiática, mídia educação, educação

pela mídia, educação para a mídia, educomunicação, educação Essas expressões variam

nos estudos sobre as relações entre mídia e educação e entre educação e comunicação. São expressões que às vezes têm o mesmo significado e outras vezes não, conforme os diferentes enfoques das pesquisas.

sença abundante e intensa da mídia eletrônica/digital na vida social, pública e privada, por um lado e, por outro, refere-se ao seu potencial uso pedagógico na escola.

Essa mídia recente é transformada tão rapidamente que é muito difí- cil reter alguma significação que possa ser transmitida como herança cultural imediata. Quando os estudos sobre a presença dela no mundo começam a ganhar consistência, novos elementos se colocam para serem estudados. Novas maneiras de interagir são inventadas e a sig- nificação se torna imprevisível e quase que inalcançável. Quase não se pode mais do que experimentar a significação da mídia instantanea- mente. Muitas vezes sem poder interpretá-la.

A cultura da mídia é uma cultura fluida que não se deixa apreender facilmente por que não é fixa. Essa mídia mutante, que é a mídia mi- croeletrônica, ao mesmo tempo em que muda, muda outras mídias também. Faz tudo mudar porque possibilita com a interação que pro- move a recodificação e mixagem das linguagens: da fala, da escrita, do desenho, do som, da imagem.

Com isso, as linguagens se transformam e transformam a comunica- ção entre as pessoas. É só perceber o “jeitão” de falar de quem inte- rage com a mídia: falam palavras e frases incompletas e abreviadas, tal como usam em um chat no computador; fazem da língua materna uma língua híbrida ao mixar palavras e expressões de outras línguas na fala, especialmente da língua inglesa que é a hegemônica no com- putador, por exemplo.

Assim, você tem a seguinte situação: as significações convencionais constituem a cultura tradicional a ser transmitida pela educação es- colar, enquanto que outras significações não convencionais põem em crise a tradição, até que sejam aceitas e absorvidas por ela ou rejeitadas.

Cada vez que surgem novos elementos no mundo social a tradição “fica com um pé atrás”. São coisas desconhecidas que precisam ser significadas para serem aceitas e absorvidas. Isso não significa que pri- meiro se chegue a um significado para depois aceitar, mas quer dizer que ao significar se aceita. O envolvimento e a disposição, a busca da significação é um passo da aceitação.

Apesar das dificuldades da tradição em significar a mídia eletrônica e digital, estão ambas nas casas, nos bancos, nas ruas, nos super- mercados, nas lojas, nas igrejas e em quase todos os espaços sociais transmitindo valores culturais para todos. Ambas educando ao mes- mo tempo.

Entretanto, a mídia educa com significações não convencionais e gera crise na tradição que tenta significá-la para poder incluí-la nas agências tradicionais de transmissão cultural: as escolas e instituições educativas.

Porém, se você pensar que a significação pode ser construída na in- teração e na experiência em contextos simbólicos e sociais e que as significações podem ser interpretadas infinitamente, como viu na uni- dade 2, então convém notar que dá para educar com a mídia na es- cola. A escola como contexto social de reflexão crítica, construção de conhecimentos e de materiais simbólicos concorrentes com os pro- duzidos na mídia comercial e ideologicamente comprometida com a conservação dos valores que interessam à dominação econômica e política.

A mídia na escola pode ter outro significado. Na escola, os destinatá- rios da mídia, especialmente os alunos, poderiam ter condições para passar de passivos a críticos receptores da herança midiática comercial e, com isso, poderem valorizar

e criar a própria cultura.

Ao longo do caderno, usei a palavra mídia com diferentes significados. Isso talvez possa tornar difícil a sua interpretação do texto. Então, procure identificar e anotar, quantos e quais os

significados pelos quais você pode interpretar a palavra mídia, que é palavra-chave na formação do técnico

em multimeios didáticos.

No documento Teorias da Comunicação (páginas 115-118)