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3. ABORDAGEM DA INVESTIGAÇÃO

3.4. C ONTEXTO ESTUDADO

Dos 8 municípios estudados, a maior expressividade de participantes é atribuída aos municípios de Lisboa e de Oeiras (Figura 8). Posteriormente, Maia e Fundão são o terceiro e quarto com número de planejadores participantes. Por fim, os municípios de Santa Maria da Feira, Trofa, Valongo e Chamusca foram as Câmaras Municipais com menor número de participantes.

Figura 8 – Geolocalização dos utentes respondentes.

Faz-se uma leitura global da primeira seção do inquérito em virtude de caracterizar a amostra global, conforme Figura 8. Desta forma, o sexo feminino foi predominante no padrão dos respondentes, a maioria com faixa etária entre 36 e 45 anos, com representação de 37% do total. O nível de formação geral é licenciatura, com 60%, e a área de formação profissional obteve significância na Engenharia e na Arquitetura. Por fim, no que se refere às posições de trabalho, a maioria dos participantes são técnicos e chefes/diretores.

37 Figura 9 – Caracterização geral da amostra: gênero, nível de escolaridade e idade.

Portugal, de forma geral, é um país com a população que prioriza seus deslocamentos através do automóvel. De forma específica, apenas 0,5% da população portuguesa faz seus deslocamentos com a bicicleta (31 mil ciclistas regulares), em contrapartida, 62% dos deslocamentos são feitos com o automóvel. Além disso, os deslocamentos feitos através da bicicleta estão relacionados com as zonas rurais, ou seja, nos municípios com menos de 30.000 habitantes (BICALHO, 2019). Das cidades analisadas, Lisboa é a cidade com a maior população, trata-se da capital de Portugal. Maia, Oeiras e Santa Maria da Feira possuem população elevadas. Lisboa e Oeiras são cidades com altos níveis de densidade populacional (Tabela 3).

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Tabela 3 – Caracterização geral das cidades INE (2011)

Cidade População Área (Km²) Densidade populacional (hab./km²) Chamusca 9 253 746,01 12,4 Fundão 26 719 700 38,2 Lisboa 507 220 100,05 5069,7 Maia 137 727 82,99 1660,6 Oeiras 176 218 45,08 3840,8 Trofa 38 317 72,02 532,0 Santa Maria da Feira 138 525 213,45 641,7 Valongo 96 570 75,12 1285,5

As cidades portuguesas participantes são consideradas iniciantes no uso da bicicleta, de acordo com a classificação iniciantes, intermediárias e avançadas. A determinação dessas cidades parte da combinação entre as condições para a bicicleta e a porcentagem de utilizadores da mesma. As cidades iniciantes têm uma porcentagem de uso da bicicleta menor que 10% e não se encontram boas condições para o uso da mesma. Entretanto, dos 8 municípios analisados, a capital Lisboa tem disparado na promoção da infraestrutura para a bicicleta nos últimos anos (DUFOUR, 2010). De acordo com a análise dos dados sobre meio de transporte utilizado nos movimentos pendulares, dos Censos 2011, Portugal ainda é um país orientado ao automóvel. Não foi possível obter os dados específicos dos municípios participantes na amostra desta pesquisa. Entretanto, verificou-se por regiões, desta forma foi possível perceber, de forma macro, as realidades onde estão inseridos os municípios (Tabela 4).

39 Tabela 4 – Meio de transporte utilizado nos movimentos pendulares, por região (INE, 2012a; INE, 2012b; INE,

2012c).

Cidade Automóvel (%) Autocarro (%) Motociclo ou

bicicleta (%) A pé (%) Região de Norte (Maia, Santa Maria da Feira, Trofa e Valongo) 43,55 11,84 1,58 16,91 Região de Centro (Fundão) 50,49 8,96 2,93 14,15 Região de Lisboa (Chamusca, Lisboa e Oeiras) 38,54 15,04 0,95 15,33

As regiões Norte e Centro compreendem as maiores porcentagens de deslocamentos por automóvel. Os deslocamentos feitos por autocarro são expressivos nas regiões de Lisboa e Norte, sendo Lisboa a região com porcentagem mais alta. Os deslocamentos feitos a pé são mais equilibrados na região, não havendo grandes variações neste modal suave. Os deslocamentos feitos por bicicleta estão agrupados com aqueles feitos por motociclo, o método é utilizado pelos Censos até este ano. Haverá Censos em 2021, entretanto, não se tem informações a respeito de mudanças nas leituras gerais da mobilidade. Sendo assim, a região Centro possui o maior número de deslocamento feitor por motociclo ou bicicleta, seguido da região Norte e Lisboa.

O Norte e Centro de Portugal apresentam variações de relevo muito intensas, são regiões montanhosas. A cidade de Lisboa não se localiza nas regiões montanhosas do Centro e Norte, entretanto, possui um relevo acidentado em direção ao rio Tejo (INE, 2012a; INE, 2012b; INE, 2012c). Desta forma, muitas cidades portuguesas apresentam um ambiente físico com declives e aclives muito acentuados. Estes fatores podem ser decisivos em gerar barreiras que estão relacionadas ao esforço físico do ciclismo. Em geral, “os ciclistas preferem terrenos planos e moderados em relação àqueles mais íngremes e montanhosos” (FÉLIX; CAMBRA; MOURA, 2020, p. 673).

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ANÁLISE E SÍNTESE: ESTÁGIOS DE ATITUDE SOB O

CONTEXTO DAS CARACTERÍSTICAS INSTITUCIONAIS

A análise dos resultados será apresentada a partir da divisão dos usuários por estágios interpolados com as perguntas dos inquéritos, ou seja, relaciona-se as perguntas, as respostas e as relações dos estágios para cada resposta selecionada. A intenção é perceber quais estágios estão relacionados com o nível de concordância de cada pergunta para estabelecer um padrão entre os estágios de atitude e as características do funcionamento institucional. A transcrição e análise das entrevistas complementaram as reflexões acerca das características institucionais. Desta forma, foi possível a interpolação do que se investigou na literatura, com a finalidade de confirmar ou integrar diferentes hipóteses ao tema. Para além das referências bibliográficas, os resultados quantitativos puderam ser complementados com maiores detalhes.

A amostra que classifica os usuários em estágios auxiliou na caracterização geral do grupo planejadores estudado e, colaborou na comparação do panorama global com os específicos das afirmações. Além disso, o montante de cada resposta foi levado em consideração para verificar se o padrão da amostra pôde ser considerável aplicável ou não, uma vez que o padrão de respostas das afirmações pode estar apenas a seguir o padrão da amostra geral dos estágios de atitude.

Sob este contexto, a Figura 10 apresenta a classificação dos 62 usuários nos 5 estágios de atitude (BICALHO; SILVA, 2019). Os usuários menos favoráveis, resistentes e céticos, representam 50% da amostra total. Os mais favoráveis que são divididos em interessados, entusiastas e comprometidos são 50% da amostra, ou seja, há uma divisão igual entre menos e mais favoráveis à bicicleta. Os interessados são consideráveis 21% dos usuários participantes. Os entusiastas e comprometidos, representam 29% da amostra.

41 Figura 10 – Amostra global para os estágios de atitude.

No que se refere às entrevistas, os nomes reais dos entrevistados foram modificados e renomeados de 1 a 5 e todos são tratados no sexo masculino (Tabela 5). Dos 62 respondentes dos inquéritos, apenas 5 dispuseram-se em colaborar na fase de entrevistas. Buscou-se relacionar os estágios de atitude e as características dos usuários com as suas experiências. Os fatos das entrevistas são retomados e analisados, há a intenção de complementar as percepções ou contradizer fatos dos dados qualitativos.

Tabela 5 – Caracterização dos entrevistados.

Nome Cargo Idade Formação Estágio de

atitude 1 Chefe/diretor 46-55 Engenheiro/Licenciatura Interessado 2 Chefe/diretor 46-55 Engenheiro/Pós-graduação Entusiasta

3 Técnico 36-45 Planejador Regional e

Urbano/Licenciatura Resistente 4 Chefe/diretor 46-55 Engenheiro/Licenciatura Cético 5 Técnico 46-55 Arquitetura/Licenciatura Resistente

Referente à análise, são retomados os 3 grupos macro das características institucionais juntamente com as características específicas. Portanto, a estrutura dos subcapítulos da análise de dados parte da organização dos argumentos a partir dos 3 grupos de características institucionais: fatores exógenos, estrutura institucional e recursos humanos.

26% 24% 21% 21% 8% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Estágios de Atitude

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