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3. ABORDAGEM DA INVESTIGAÇÃO

4.1. F ATORES EXÓGENOS

Sobre os fatores exógenos, quando indagados sobre a importação de ideias (Figura 11), a amostra considerável pode-se verificar nos que concordam e nos que estão neutros a afirmação. Os respondentes que concordam muito/discordam muito não podem ser considerados como uma realidade factual, uma vez que são poucos agentes que assinalaram esses níveis de escala. Os agentes que concordam e são neutros apresentam heterogeneidade nas respostas, a seguir a lógica da amostra geral dos estágios. Os céticos e interessados são expressivos naqueles que discordam. Portanto, não é uma característica institucional que possa ser considerada como determinante em alguma postura perante a bicicleta a partir da amostra.

Figura 11 – As soluções importadas a partir de outras instituições relacionadas aos estágios de atitude.

Sob a perspectiva das entrevistas, os agentes mencionaram que se nota influências pró políticas sustentáveis naqueles decisores que têm contato com outras instituições, as quais são desenvolvidas nos parâmetros da mobilidade pró bicicleta. Os planejadores 1 e 2 mencionaram que os seus superiores hierárquicos têm contatos estreitos com outras cidades da União Europeia e adquirem conhecimentos acerca de novas políticas e infraestruturas a favor da bicicleta. Ainda, sentem-se estimulados em aplicar ou desenvolver políticas em suas cidades, pelo fato de presenciarem o avanço da bicicleta nessas cidades do contexto europeu.

Nas entrevistas, os planejadores apresentam diversos fatos sobre a importação de ideias de mobilidade, mas não a relacionam como algo efetivo que pode induzir alguma postura de planejamento para a bicicleta. O entrevistado 1 refere-se ao atraso da sua cidade referente ao uso e políticas a favor da bicicleta, portanto, o planejador trabalha em um contexto que se tem que fazer

26% 33% 50% 26% 19% 44% 100% 22% 15% 33% 22% 26% 50% 4% 7% 22% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

É comum ver a importação de soluções da mobilidade para a bicicleta implementadas por

outras instituições

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido n= 1 n= 23 n= 27 n= 9 n= 2

43 muito em pouco tempo. Ainda, explana que as cidades mais avançadas já testaram soluções e “o know-how de infraestrutura, mais técnico, é muito importado.”. Ou seja, quando o agente 1 compara as duas realidades da bicicleta, reflete que “o que aconteceu em Copenhague há 20 anos atrás é o que acontece agora na nossa cidade. Desta forma, as soluções são as mesmas e podem ser copiadas, não se reinventa a roda”.

O relato do entrevistado 2 corresponde com o 1 e ele afirma que há sim introdução de ideias de outras instituições, mas que nem tudo é importando. O que decorre, segundo 2, é que “não importamos tudo, importamos aquilo que é aplicável a cidade. São referências, não se reinventa a roda. Aprende- se com exemplos negativos e positivos. O que correu bem? Isso é uma boa prática. Não são todas as práticas que são ‘copiadas’”. Os entrevistados 3, 4 e 5 compartilham da mesma opinião. Entretanto, o agente 5 reflete que há uma mentalidade repelente às ideias nacionais e alega que “o que é interno não presta, o que é de fora que é bom. Se o técnico apresentar uma solução, desenvolvida no próprio município, pela equipe, essa solução não será considerada tão boa como uma solução buscada lá fora”.

Para além dos fatores já apresentados nos inquéritos, os agentes entrevistados identificaram fatores extras aqueles já encontrados na literatura. O entrevistado 1, apresentou a relação entre os políticos com agentes das ONGs. O agente 1 argumenta que as ONGs funcionam como um fator exógeno e são grupos muito bem articulados que fazem pressão aos governantes. Estes grupos são exigentes e muito conhecedores do tema mobilidade e bicicleta, desta forma, há um ativismo latente e exigem diretamente dos vereadores e presidentes das Câmaras. Portanto, são grupos que têm relação direta com os hierárquicos superiores e podem influenciar o direcionamento dos planos, projetos e políticas da bicicleta.

O entrevistado 5 também menciona fatores exógenos ligado aos políticos que são influenciadores dos estágios, o técnico denomina-os de líderes de opinião. Esses agentes externos conseguem de alguma maneira ter expressão mais que os próprios técnicos. Os líderes de opinião, por estarem conectados com a população, trazem aos políticos o que as pessoas ou grupos desejam. O entrevistado 5 associa esse modo de conduzir e influenciar as decisões de “funcionamento da sociedade”.

Por outro lado, o agente 2 relata um aspecto das etapas de projeto, execução e pós-ocupação de infraestruturas. A chefe-diretora elabora o raciocínio sobre feedback positivo do tempo orientado ao planejamento e dos investimentos em infraestrutura, ambos direcionados às políticas pró bicicleta. Houve uma percepção de que os projetos pró bicicleta funcionavam na cidade onde atua e, portanto, obtiveram uma resposta positiva do que foi implementado. A equipe de agentes pode observar que o município era ciclável, que houve uso da infraestrutura, fatos estes que convenceram os corpos

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técnico e político. Desta forma, aumentou-se os parâmetros de aprendizagem e, como consequência, iniciou-se uma atração natural pelo tema.

O entrevistado 3 complementa que o feedback positivo estimula os técnicos, mas que entusiasma mais os políticos, isto tem que haver com o sucesso nas medidas que se tomam, por questões de financiamento e de investimentos. Quando se investe em determinado tema, se o projeto não houver sucesso, não é bom.

Em contrapartida, há relatos de processos que vão de encontro à bicicleta, ainda na etapa de planejamento. O entrevistado 4 confirma a hipótese sobre os feedbacks dos projetos implementados, porém com fatores não tão positivos. O técnico afirma que o projeto pode até ser desenvolvido e ir para o terreno, porém, há um receio de não ser bem acolhido pela população, das ações tomadas reverterem-se em mais trabalho e que haja necessidade de mais justificativas aos superiores hierárquicos. Dada a estrutura institucional muito burocratizada e a legislação muito densa, os técnicos e políticos sentem-se, portanto, retraídos a envergar-se ao novo, uma vez que os processos das ações habituais já são conhecidos.

Da mesma forma que 4, o agente 5 relaciona a resistência em implementar algo diferente já mesmo no planejamento de algo novo. No geral, as instituições tendem a evitar custos com recursos humanos, com obras e com logística. O técnico alega que estes custos não vão manter a rentabilidade no número de votos. Há uma lógica de relacionar o que vai ser feito com a possibilidade de se obter votos, ainda não há uma mentalidade pró bicicleta e isso influencia os decisores políticos.

Em resumo, há apenas uma afirmação correspondente aos fatores exógenos, a qual é o resumo de três características (Tabela 6). A afirmação surge da síntese da revisão de literatura e não foi considerada, neste caso de estudo, uma característica que apresenta indícios de influenciar os estágios menos ou mais favoráveis à bicicleta.

Tabela 6 – Nível de determinação dos fatores exógenos e as suas sub relações. Macro característica Característica Afirmação correspondente Influência correspondente à postura Fatores exógenos Importação de políticas, métodos e conhecimentos; Discursos e novas demandas mundiais; Relações com outros sistemas

de governo.

É comum ver a importação de soluções

da mobilidade para a bicicleta implementadas

por outras instituições

Não apresenta inícios de influenciar

Por fim, a partir das entrevistas surgiram duas novas características relacionadas aos fatores exógenos: líderes de opinião e as ONG’s. Considera-se, portanto, dois fatores extras àqueles já mencionados na síntese da revisão de literatura (Capítulo 4). Desta forma, não foram estabelecidos

45 padrões de influência à postura dos planejadores devido à proveniência de uma pequena amostra de 5 pessoas.

4.2. ESTRUTURA INSTITUCIONAL

Na afirmação que afirma que as posições das instituições se mantiveram estáveis ao longo dos anos, apenas três escalas são relevantes pelo número expressivo de respondentes: concorda, neutro e discorda (Figura 12). Há uma tendência similar àquela da amostra global, com algumas considerações. Ressalta-se os entusiastas que discordam muito da afirmação. Entretanto, há um destaque para os resistentes e céticos naqueles que concordam com a afirmação. Apesar do número de respondentes que assinalou essa opção ser pequena, ainda pode-se considerar expressiva quando comparada com a quantidade de respondentes entusiastas na amostra geral de estágios de atitude. Para aqueles que discordam da afirmação, ou seja, que dizem que a instituição mudou nos últimos nãos, há expressivos comprometidos na amostra, uma vez que estes são o menos grupo na amostra global. Em suma, os menos favoráveis à bicicleta afirmam que a instituição não demonstrou mudanças e, em contrapartida, os mais favoráveis bicicleta acreditam que a instituição apresentou mudanças ao longo dos anos. Portanto, essa característica apresenta influência nos estágios favoráveis referentes à bicicleta.

Figura 12 – Sobre as posições das instituições ao longo dos anos.

36% 20% 25% 33% 29% 20% 31% 17% 100% 14% 24% 19% 17% 21% 24% 13% 33% 12% 13% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

As posições da instituição, ao longo dos anos, têm-se mantido estáveis

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido n= 1 n= 14 n= 25 n= 16 n= 6

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Ainda sobre as posições da instituição, os entrevistados 1 e 2 salientam que as posições da instituição mudaram muito nos últimos anos, bem como 3 e 4. Entretanto, os dois últimos não salientam mudanças expressivas como os dois primeiros. O entrevistado 5 é o único que expõe que a Câmara onde trabalha não apresentou mudanças favoráveis a bicicleta ao longo dos anos. Durante as entrevistas foi mencionado que o fato de uma instituição mudar menos ou mais influência em estimular os agentes a uma postura mais favorável ou não a bicicleta.

As repostas para afirmação sobre a instituição dar abertura a novos discursos referentes a mobilidade urbana sustentável tendência a quem concorda com a afirmação a ter uma postura mais favorável a bicicleta (Figura 13). As concordâncias com maiores respostas e, portanto, consideráveis são as entre neutro e concorda muito. Neste caso, o parâmetro e a proporção dos estágios em cada opção são similares àquela verificada na amostra geral dos estágios de atitude. Entretanto, nota-se que há o mesmo número de resistentes e entusiastas naqueles que concordam muito, na amostra global há mais resistentes. Além disso, naqueles que concordam, há o achatamento dos resistentes e aumento dos comprometidos. Portanto, quem concorda com o fato que a sua instituição dá abertura a novos discursos referente a mobilidade sustentável tem o direcionamento aos estágios mais favoráveis a bicicleta.

Figura 13 – Abertura da instituição a novos parâmetros sustentáveis de mobilidade.

29% 16% 42% 50% 50% 14% 31% 8% 50% 50% 21% 25% 17% 29% 19% 25% 7% 9% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

A instituição na qual atuo dá abertura a novos discursos referentes a mobilidade urbana sustentável

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido

47 No que se refere às discussões sobre a bicicleta serem transversais nas instituições (Figura 15) há um número de respostas significativas do neutro ao discorda muito. Os padrões dos estágios são heterogêneos para os neutros, com leve achatamento dos resistentes. Na escala discorda muito há predominância de usuários resistentes e um achatamento dos céticos, interessados e entusiastas. Mesmo que os resistentes sejam maioria na escala global, ao discordar muito, eles são a metade da amostra, desta forma, pode-se considerar a expressão dos resistentes. Os entusiastas apresentam-se significativamente ao serem neutros ou a discordarem da afirmação, juntamente com os comprometidos. Portanto há uma relação da postura favorável com acreditar que os discursos permeiam as diferentes esferas da instituição. Sendo assim, quando se acredita que um discurso permeia diversos níveis há um enquadramento ambíguo e, neste caso, não tão conclusivo.

Figura 14 – A estrutura do governo e a transversalidade dos discursos.

Relativamente à mentalidade da instituição ser um fator que dificulta ou não a mudança a favor da bicicleta (Figura 15) há consideráveis respostas dos neutros ao que discordam muito da afirmação. Os estágios presentes do neutro ao discorda muito são heterogêneos e seguem o padrão da amostra geral dos estágios, ou seja, expressividade no número de resistentes e céticos, com menores dados para comprometidos e entusiastas. Apesar da pouca expressividade das respostas que concordam com a afirmação, pode-se refletir que os que estão de acordo envergam-se para um postura menos favorável à bicicleta. Desta forma, a mentalidade da instituição, segundo a leitura dos dados do inquérito, não é uma característica considerada determinante na influência dos estágios favoráveis ou não à bicicleta. 50% 20% 17% 50% 50% 67% 20% 22% 21% 33% 25% 22% 14% 25% 26% 14% 10% 13% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

O modo como está estruturado o sistema de governança nesta instituição inviabiliza que as discussões sobre a bicicleta cheguem em diversos

níveis do governo deste cidade

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido n= 2 n= 3 n= 20 n= 23 n= 14

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Figura 15 – Influência das narrativas institucionais sobre as atitudes dos planejadores.

Os agentes foram indagados sobre se, nas instituições onde trabalham, os projetos, planos e políticas reforçam a ideia da bicicleta (Figura 16). A tendência das repostas é de neutralidade a concordar muito com essa afirmação. Porém, as respostas quantitativamente consideráveis são as dos que concordam muito ou concordam. Desta amostra verifica-se a pluralidade dos estágios de atitude, a qual representa o padrão similar, mas não igual ao da amostra geral dos estágios. Destaca-se o estágio interessado e entusiasta no grau de concordância muito e, o comprometido na opção concorda. Por outro lado, há expressivos comprometidos. Os entrevistados 1 e 2 relatam que, em suas Câmaras, há um reforço das políticas pró bicicleta nos últimos anos. O direcionamento pró bicicleta parte de decisões políticas e, portanto, têm uma relação hierárquica superior na instituição. Desta forma, juntamente com o corpo técnico engajado com à bicicleta, houve um encurvamento de toda a instituição a favor do tema. Sendo assim, os planejadores pró bicicleta tendem a concordar com a afirmação que suas instituições reforçam os projetos, planos e políticas da instituição pró bicicleta.

49 Figura 16 – Características institucionais relacionadas à estrutura institucional.

Sobre a hierarquia institucional, na afirmação sobre o hierárquico superior ser pró bicicleta pode ser considerados os níveis do neutro ao concorda muito com a afirmação, pois houve o maior número de respondentes (Figura 17). Há heterogeneidade de estágios de atitude nessa afirmação, o qual se pode referir ao mesmo padrão da amostra global, com ressalvas. Houve apenas uma resposta que discorda muito e nenhuma que discorda com a afirmação, portanto, são amostras que não podem ser levadas em consideração devido a quantidade de respondentes. Há uma redução dos resistentes e aumento dos entusiastas com o direcionamento da posição pro-bicicleta do superior, isto é concordante, mas também há uma redução dos comprometidos com o aumento da posição pró-bicicleta do superior. Por isso, os resultados têm tendência aos pró bicicleta concordarem que trabalham com um superior hierárquico também pró bicicleta.

27% 19% 25% 50% 100% 18% 33% 13% 25% 32% 19% 13% 23% 15% 38% 25% 15% 13% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

Os projetos, planos e políticas na área da mobilidade tentam reforçar as ideias de bicicleta

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido n= 22 n= 27 n= 8 n= 4 n= 1

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Figura 17 – Posição do hierárquico superior referente à bicicleta

Em contrapartida, os entrevistados relataram a importância dos decisores políticos que são considerados os hierárquicos superiores com poder de decisão final. Todos os agentes reforçaram que as mudanças determinantes e estímulos à equipe são provenientes dos vereadores. O entrevistado 5 relata que na Câmara onde atua foram especialistas palestrar sobre os modais suaves para os agentes. Entretanto, “não houve a vontade política de implementar essa solução”, ainda, afirma que os mecanismos que são decisores em atitudes mais ou menos a favor da bicicleta são aqueles estritamente políticos. Nas instituições quem têm capacidade final de decisão são os vereadores e presidentes. A capacidade de decisão dos técnicos, por sua vez, é limitada devido a hierarquia, eles relacionam-se primeiro com as chefias de divisões. Desta forma, o decisor político está muito isolado no topo e não consegue absorver a informação que vem das bases, sendo influenciado pelo exterior, pelos líderes de opinião.

Ainda no que se refere a influência da hierarquia e das posições de trabalho (Figura 18), na amostra daqueles usuários que se sentem capazes de contribuir na promoção da bicicleta há porcentagens expressivas de resistentes que vão do grau de concordância neutro ao discorda muito. Este cenário pode estar de acordo com a amostra geral de estágios de atitude, onde há de fato mais de resistentes e céticos. Por outro lado, há poucos resistentes e céticos nos que concordam/concordam muito e consideráveis entusiastas e comprometidos. Somando os que discordam/discordam muito da afirmação, há um tendência aos estágios menos favoráveis a bicicleta. Pode-se considerar o fato de se sentir colaborador na promoção da bicicleta uma característica institucional que influencia nos

17% 28% 30% 0% 100% 26% 28% 20% 0% 22% 22% 20% 0% 30% 17% 15% 0% 4% 6% 15% 0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Dicorda Discorda Muito

A posição do meu hierárquico superior é pró bicicleta

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido

51 estágios dos agentes, neste caso de estudo, a influência é nos estágios favoráveis/não favoráveis à bicicleta.

Figura 18 – Capacidade do planejador contribuir na promoção da bicicleta.

Sobre se sentir envolvido na tomada de decisões finais relativas à mobilidade há um padrão heterogêneo do neutro ao concordo com a afirmação, com consideráveis entusiastas e comprometidos (Figura 19). Ressalta-se que os entusiastas e comprometidos são menos expressivos na amostra global e que neste caso aparecem com grande destaque naqueles que se sentem envolvidos. Aqueles que não se sentem envolvidos (a unir discorda e discorda muito) não há usuários comprometidos e existe um aumento dos resistentes e céticos. Desta forma, considera-se o envolvimento em decisões finais como uma característica que influência nos estágios tanto favoráveis quanto não favoráveis à bicicleta. 19% 19% 45% 33% 40% 13% 26% 36% 33% 20% 31% 15% 9% 33% 40% 38% 26% 15% 9% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

Sinto-me capaz de contribuir para a promoção da mobilidade por bicicleta no planeamento desta cidade

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido

52

Figura 19 – O envolvimento do planejador nas decisões finais

Somado a tomada de decisões, quando os usuários são questionados sobre a influência de suas propostas à chefia considera-se para análise apenas as respostas dos que estão neutros ou concordam com a afirmação (Figura 20). As demais afirmações apresentam poucas respostas estão influenciadas pelo o padrão da amostra geral, com elevados usuários resistentes e céticos. Os entusiastas e comprometidos são os menores grupos de acordo com a amostra geral, entretanto, aparecem de forma expressiva nos neutros e nos que concordam. Quanto os que discordam e discordam muito são reunidos, há uma forte tendência para os estágios menos favoráveis à bicicleta. Sendo assim, ter propostas que influenciam o superior hierárquico está relacionado a estágios de agentes entusiastas e comprometidos. Quando as propostas têm poder de influenciar os superiores, há um padrão de postura favorável à bicicleta, com leve tendência também aos menos favoráveis.

25% 26% 11% 55% 22% 0% 21% 21% 18% 56% 50% 11% 26% 18% 22% 25% 32% 26% 9% 0% 0% 11% 16% 0% 0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda Muito

Considero-me envolvido na tomada final de decisões relativas à mobilidade urbana

Resistente Cético Interessado Entusiasta Comprometido n= 4 n= 19 n= 19 n= 11 n= 9

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Figura 20 – Influência das propostas dos usuários sobre seus hierárquicos superiores.

Por outro lado, nas entrevistas surgiu uma característica do funcionamento institucional que não tinha sido verificada na literatura. O agente 2 relata um aspecto das etapas de projeto, execução e pós- ocupação de infraestruturas. A chefe/diretora elabora o raciocínio sobre feedback positivo do tempo orientado ao planejamento e dos investimentos em infraestrutura, ambos direcionados às políticas pró bicicleta. Houve uma percepção de que os projetos pró bicicleta funcionavam nesse município, portanto, obtiveram uma resposta positiva do que foi implementado. A equipe de agentes pode observar que o seu município era ciclável, houve uso da infraestrutura, fatos estes que convenceram os corpos técnico e político. Desta forma, na Câmara onde 2 trabalha, aumentou-se os parâmetros de aprendizagem e, como consequência, iniciou-se uma atração natural pelo tema. O entrevistado 3 complementa que o feedback positivo estimula os técnicos, mas estimula mais os políticos, tem que haver com o sucesso nas medidas que se tomam, por questões de financiamento, de investimentos. Quando se investe em determinado tema, se o projeto não houver sucesso, isso politicamente não é bom.

Em contrapartida, há relatos do processo que vão de encontro à bicicleta antes mesmo no planejamento. O entrevistado 4 confirma a hipótese sobre os feedbacks dos projetos implementados, porém com fatores não tão positivos. Minho testemunha que as pessoas são seres de hábitos e nota que, na Câmara onde trabalha, os funcionários mais antigos desenvolvem práticas repetitivas. A técnica afirma que o projeto pode até ser desenvolvido e ir para o terreno, porém, há um receio de não ser bem acolhido pela população, das ações tomadas reverterem-se em mais trabalho e que haja necessidade de mais justificativas aos superiores hierárquicos. Dada a estrutura institucional muito burocratizada e a legislação muito densa, os técnicos e políticos sentem-se, portanto, retraídos a

50% 19% 23% 42% 17% 13% 23% 25% 67% 50% 25% 15% 25% 17% 31% 27% 8% 13% 12% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Concorda Muito

Concorda Neutro Discorda Discorda

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