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Cadastro de Empreendimentos e Entidades de Apoio para Manutenção e Ampliação do Sistema

Capítulo 4 – A Política Pública de Economia Solidária: estrutura formal e material

4.1 Estrutura Formal

4.1.1 Cadastro de Empreendimentos e Entidades de Apoio para Manutenção e Ampliação do Sistema

Uma das primeiras ações após a criação da SENAES em 2003, foi criar um Sistema de Informações que possibilitasse um maior conhecimento da sociedade do que é e quem faz parte da Economia Solidária. “O conhecimento da realidade era fundamental para o seu reconhecimento enquanto prática social inovadora e de seu potencial transformador” (BRASIL, 2011: 106).

O Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES) contou com a colaboração dos atores da própria Economia Solidária durante todo o processo de busca pelas informações. Inicialmente, a SENAES contou com a colaboração do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) em um Grupo de Trabalho (GT) do Mapeamento. A primeira ação deste GT foi estabelecer consensos conceituais sobre os significados comuns à “Economia Solidária”, “Empreendimento Econômico Solidário” e “Entidade de Apoio e Fomento” (IDEM:112) para que fosse possível identificar os atores e sujeitos sociais que realizavam tais práticas.

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Quadro 4.1 - Critérios para inclusão e exclusão no Conceito de EES

Fonte: BRASIL, 2011

Após a definição dos conceitos, decidiu-se que seria realizado um mapeamento para construção de uma grande base de dados permanente sobre os EES. A metodologia adotada não foi censitária nem por base amostral. A idéia era atingir as iniciativas de Economia Solidária na medida que o mapeamento fosse constantemente realizado e atualizado.

Foram realizadas três pesquisas de campo do SIES. Nos anos de 2004/2005, de 2006/2007 e de 2009/2010, este último ainda com os resultados não divulgados por atrasos na realização dos seus convênios e consequentemente, das pesquisas de campo. O primeiro mapeamento teve seu convênio firmado com a Fundação Banco do Brasil (FBB) em todos os Estados com valor total de R$ 2.700.000,00 (dois milhões e setecentos mil reais). Neste foram identificados 14.954 EES e 1.120 Entidades de Apoio e Fomento (EAF). O segundo mapeamento, de 2006 e 2007, foi conveniado através da FINEP com valor total de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) (BRASIL, 2011). A base de dados do primeiro mapeamento foi ampliada para 21.859 EES existentes40 em 2.934 cidades brasileiras41.

A novidade do SIES 2009/2010 é a inclusão de um complemento do questionário dos EESs para ser respondido por mulheres dos empreendimentos e de um formulário específico para verificação de políticas públicas de apoio à Economia Solidária. Sua metodologia tem como meta

40 É importante frisar que o SIES 2006/2007 não voltou aos EES mapeados durante o SIES2005/2006 para verificar

sua continuidade ou fechamento.

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a verificação da continuidade dos EESs mapeados nos outros SIES, das EAFs, e na possível ampliação para 8 mil EESs e 500 políticas públicas de Economia Solidária (IDEM).

Para buscar as políticas públicas existentes, o SIES 2009/2010 desenvolveu qual a compreensão destas como “ações, projetos ou programas que são desenvolvidos ou realizados por órgãos da administração direta e indireta das esferas municipal, estadual ou federal com o objetivo de fortalecimento da economia solidária” (BRASIL, 2008:4). Suas características são:

a) Os beneficiários diretos são trabalhadores(as) e/ou sócios(as) de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), considerando-se tanto os que já estão constituídos quanto os que estão em processo de constituição;

b) As ações podem ser caracterizadas como de:

• Incubação de Empreendimentos Econômicos Solidários;

• Assistência técnica e organizativa aos Empreendimentos Econômicos Solidários, inclusive o apoio técnico para formalização (registro), formulação de projetos, planos de negócios, diagnóstico, estudos de viabilidade econômica etc.;

• Fomento e apoio à constituição de Redes de Cooperação entre os Empreendimentos Econômicos Solidários e/ou à articulação de arranjos e cadeias produtivas solidárias;

• Apoio a processos e mecanismos de comercialização de produtos e serviços (feiras, exposições, centrais de comercialização etc.) dos Empreendimentos Econômicos Solidários, incentivando práticas de Comércio Justo e Solidário e de Consumo Consciente;

• Incentivos e implantação de mecanismos para ampliação da participação dos EES nos processos de compras e aquisições governamentais de bens e serviços;

• Fornecimento de crédito para apoio às iniciativas econômicas dos Empreendimentos Econômicos Solidários;

• Apoio, assessoria e fomento às iniciativas de finanças solidárias (cooperativas de crédito solidário, fundos rotativos solidários, bancos comunitários etc);

• Formação, capacitação e qualificação social e profissional de trabalhadores/as e/ou sócios (as) dos EES; • Formação de educadores, agentes comunitários e de gestores públicos para atuação em economia solidária;

• Desenvolvimento e disseminação de conhecimentos (estudos, pesquisas e tecnologias sociais) apropriados às necessidades e demandas de fortalecimento dos Empreendimentos Econômicos Solidários; • Disseminação e divulgação (campanhas) da Economia Solidária para sensibilização de trabalhadores/as visando a adesão e participação dos mesmos em processos de constituição de novos Empreendimentos Econômicos Solidários;

• Apoio a processos participativos de desenvolvimento e formulação de marco jurídico apropriado à economia solidária (reconhecimento, formalização, tributação e acesso às políticas públicas);

• Apoio à estruturação de fóruns, redes, conselhos e outros espaços de formulação, participação e controle social de políticas públicas de economia solidária.

c) As políticas públicas de economia solidária são institucionalizadas por meio de instrumentos, tais como: • Previsão em marco jurídico regulatório (lei, decreto, portaria etc.) ou

• Previsão de programa ou ação em Plano Plurianual (federal, estadual ou municipal) ou

• Previsão em estrutura regimental de órgão(s) público(s) executor da política pública de economia solidária.

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d) As ações possuem previsão ou dotação orçamentária própria ou oriunda de financiamentos, acordos e convênios com outras instâncias governamentais, organismos multilaterais e outras organizações nacionais e internacionais de cooperação. (BRASIL, 2008:5)

Em todos os mapeamentos foi utilizado o modelo de gestão participativa, em que gestores, empreendimentos, universidades e entidades de apoio e fomento em geral faziam parte. Logo no primeiro SIES o GT do Mapeamento foi substituído pela Comissão Gestora Nacional (CGN) do SIES. E nos estados foram criadas Comissões Gestoras Estaduais (CGE). Estas comissões tinham um caráter mais político de colaboração e controle social da pesquisa. A coleta de dados e sistematização das entrevistas eram realizadas pelas Coordenações Técnicas Estaduais (CTE), conveniadas através de editais.

Os dados do SIES colaboram para as informações de acompanhamento e indicadores de avaliação do Programa Economia Solidária em Desenvolvimento inseridos no SIGPLAN.