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Cadeia de Suprimentos Verde

No documento Isabel Teresinha Dutra Soares (páginas 74-78)

3 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS SUSTENTÁVEL – GCSS.46

3.1.5 Cadeia de Suprimentos Verde

A Cadeia de Suprimentos Verde foca nas operações de fabricação, produtos e processos, em termos de todas as formas de desperdício, uso de energia e uso de recursos, incluindo o consumo de materiais (GUNASERAKAN et al., 2015). Gestão ambiental interna, compras verdes (dos fornecedores), cooperação com os clientes, design ecológico de produtos, recuperação dos investimentos (venda de estoques em excesso, de sucata de materiais usados e de bens de capital excedentes) levam, conforme Zhu et al. (2008a) a melhorar o desempenho ambiental, econômico e operacional das empresas.

Na visão de Gosling et al. (2014), foram Seuring e Muller (2008) que integraram a abordagem da triple bottom line – profit, planet, people (linha de base tripla – lucro,

planeta, população) da sustentabilidade, com a gestão da cadeia de suprimentos e obtiveram a definição de cadeia de suprimentos sustentável. Seuring e Muller (2008) afirmaram que a gestão de fluxos de materiais, informações e capitais, bem como a cooperação entre as empresas ao longo da cadeia de suprimentos, cumpre objetivos nas três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômicas, ambientais e sociais) e são derivadas dos requisitos dos clientes e das partes interessadas na empresa.

Hassini et al. (2012) concordam com a definição de gerenciamento de cadeia de suprimentos sustentável de Chopra e Meindl (2016): uma cadeia de suprimentos são todas as partes envolvidas no atendimento de um pedido do cliente. Hassini et al. (2012) e Chopra e Meindl (2016) enfatizam o fato de que mais de um tomador de decisão está envolvido na gestão de recursos, informações e/ou processos que podem não estar totalmente sob o controle de sua empresa e definem o gerenciamento da cadeia de suprimentos como o controle das operações, recursos, informações e fundos da cadeia de suprimentos para maximizar a rentabilidade da cadeia de suprimentos ou o excedente - a diferença entre a receita gerada a partir de um pedido do cliente e todos os custos incorridos pelo fornecimento enquanto satisfaz-se o pedido do cliente.

Gosling et al. (2014) destacam o artigo amplamente citado de Seuring e Muller (2008), que consideram ser provavelmente a primeira revisão abrangente deste corpo de literatura e identificam os desencadeantes da gestão da cadeia de suprimentos sustentável como risco de reputação, o que pode ser mitigado pela aplicação de rigorosos processos de avaliação/avaliação de fornecedores. Sarkis et al. (2011) categorizaram e revisaram a literatura da gestão da cadeia de suprimentos sustentável sob nove amplas teorias organizacionais, com especial ênfase na investigação da adoção, difusão e resultados das práticas de gerenciamento de suprimentos verdes.

Kanan et al. (2014) obtiveram resultados em seu estudo, que indicam que os principais critérios de influência para as práticas da gestão da cadeia de suprimentos sustentável incluem: compromisso dos gestores de nível sênior com a GCSS; design de produtos que reduzem, reutilizam, reciclam ou recuperam materiais, componentes ou energia; conformidade com requisitos legais ambientais e programas de auditoria; o apoio dos gestores seniores como um requisito fundamental para que uma empresa fabrique produtos ecológicos, sendo que uma decisão primária reside na decisão de

qual fornecedor irá melhorar a cadeia de suprimentos verde de uma empresa. Kanan et al. (2014) afirmam ainda que no Brasil, os fornecedores precisam ser treinados para revisar os procedimentos para o design do produto e adotar de forma mais proativa as práticas de gerenciamento ambiental.

Fahimnia et al. (2015) conduziram uma análise exploratória centrada em investigar questões críticas relacionadas ao debate lean-versus-green (enxuto-versus-verde) e afirmam que embora algumas intervenções de operações enxutas possam inadvertidamente resultar em benefícios verdes, especialmente através de reduções de resíduos e tempo de entrega, não encontraram todas as práticas de cadeia enxuta de suprimentos no nível de planejamento tático alinhadas com estratégias e táticas ecológicas. Para Fahimnia et al. (2015) uma situação estritamente enxuta mostrou ser a pior alternativa ambientalmente sustentável quando comparada a situações de cadeias de suprimentos centralizadas, menos enxutas, e flexíveis. Mostramos como as organizações podem tirar proveito da flexibilidade e agilidade da cadeia de suprimentos por meio de situações enxutas integradas e centralizadas para um desempenho ambiental mais eficiente.

3.1.5.1 A Colaboração na cadeia de suprimentos verde

O tópico que se desenvolve a seguir apresenta as ligações teóricas entre a teoria da colaboração e as práticas na gestão da cadeia de suprimentos verde. Cada vez mais os gestores se preocupam com as questões da Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável não apenas para sua empresa, mas também para seus parceiros na Cadeia de Suprimentos (VACHON; KLASSEN, 2006).

Vachon (2007) estudou as interações verdes entre organizações na cadeia de suprimentos, explorando a possível relação entre colaboração ambiental e monitoramento ambiental na cadeia de suprimentos e a forma de investimento ambiental caracterizada por três categorias: prevenção de poluição, controle de poluição e sistemas de gestão. Os resultados de Vachon (2007) sugerem que a colaboração ambiental com os fornecedores está associada positivamente a um maior investimento em tecnologias de prevenção da poluição, enquanto essa colaboração com os clientes não tem impacto na adoção e implementação de tecnologias de prevenção da poluição, mas que a colaboração ambiental com fornecedores está associada a menos investimentos em sistemas de gestão.

Vachon e Klassen (2006) encontraram uma relação positiva entre integração e colaboração verde. A colaboração nas cadeias de suprimentos exige um esforço deliberado e "objetivos alinhados, comunicação aberta, compartilhamento de recursos, riscos e recompensas" (SOOSAY et al., 2008, p. 160). A colaboração com parceiros permite às empresas integrar operações e inovar para aumentar a eficiência (SILVESTRE, 2015; SOOSAY et al., 2008; VACHON; KLASSEN, 2008).

Koh et al. (2012) estudaram o “esverdeamento” de cadeias de suprimento de resíduos de equipamentos eletro-eletrônicos (Waste Eletrical and eletronic Equipment – WEEE) e a restrição ao uso de substâncias perigosas (Hazardous Substances – RoHS). Os autores criaram um modelo teórico para explicar porque a colaboração com os parceiros da cadeia é o antecedente-chave para a cadeia se tornar verde a fim de que os participantes usufruam benefícios comuns.

Wong et al. (2015) afirmam que a colaboração ambiental é o envolvimento direto de uma organização com seus fornecedores e clientes no planejamento conjunto da gestão e das soluções ambientais. Colaboração ambiental, para os autores, inclui a troca de informações técnicas e requer uma boa vontade mútua para aprender sobre a operação uma da outra, com o objetivo de planejar e atingir objetivos de melhorias ambientais, o que implica em cooperação para reduzir o impacto ambiental associado com os fluxos de materiais na cadeia de suprimentos. A colaboração ambiental compreende um bom entendimento das responsabilidades e capacidades da gestão ambiental uns dos outros (VACHON; KLASSEN, 2008).

Gunaserakan et al. (2015) discutem as tendências atuais e a direção para futuras pesquisas e como primeiro tópico assinalam os efeitos dos relacionamentos verdes na colaboração entre empresas de diferentes localidades ou países e seu impacto na gestão da cadeia de suprimentos verde.

A colaboração é facilitada pela integração dos membros da cadeia de suprimentos (SILVESTRE, 2015). Koh et al. (2012) estudaram o “esverdeamento” de cadeias de suprimento de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (Waste Eletrical and eletronic Equipment – WEEE) e a restrição ao uso de substâncias perigosas (Hazardous Substances – RoHS). Os autores criaram um modelo teórico para explicar porque a colaboração com os parceiros da cadeia é o antecedente-chave para a cadeia se tornar verde a fim de que os participantes usufruam benefícios comuns.

No documento Isabel Teresinha Dutra Soares (páginas 74-78)