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FATORES QUE INIBEM INICIATIVAS VERDES

No documento Isabel Teresinha Dutra Soares (páginas 99-104)

3 GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS SUSTENTÁVEL – GCSS.46

3.4 FATORES QUE INIBEM INICIATIVAS VERDES

Um estudo realizado por Silvestre (2015) no setor de petróleo e gás no Brasil, amplia o leque do que pode ser percebido como barreiras. O autor afirma que em economias emergentes são maiores as barreiras para integração, colaboração, inovação e sustentabilidade na gestão das cadeias de suprimentos. Aponta a falta de infraestrutura, os altos níveis de corrupção, as pressões sociais e a informalidade

como fatores que diminuem o nível geral de confiança no ambiente dos negócios o que gera instituições fracas e turbulência ambiental.

Abdullah et al. (2015) organizaram uma revisão de literatura sobre os vários tipos de barreiras que impedem uma organização de adotar iniciativas de Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável (GCSS). Em Giunipero et al. (2012) foram encontradas: (1) falta de consenso em nível do presidente da empresa; (2) custos de sustentabilidade e condições econômicas; (3) falta de padrões de sustentabilidade e regulamentações apropriadas, e (4) desalinhamento de metas estratégicas de curto e longo prazo. Em Wooi e Zailani (2010), que investigaram as barreiras que impedem as empresas da Malásia de implementar a GCSS ficou evidente que a principal barreira são os recursos, enquanto que a barreira técnica é esperada ser o principal obstáculo para as empresas do setor manufatureiro na Malásia.

Abdullah et al. (2015) destacam ainda o estudo de Muduli et al. (2013) que categorizaram as barreiras às iniciativas da GCSS da seguinte forma: (1) lacuna de informação (falta de conhecimento gerencial em relação à economia de custos que advém com a implementação da GCSS; falta de conhecimento gerencial sobre as novas tecnologias, falta de conscientização dos funcionários sobre riscos para a saúde ocupacional e intercâmbio de informações inadequado entre os departamentos envolvidos); (2) sociedade (falta de pressão da comunidade, resistência dos funcionários à adoção de tecnologia atualizada, ausência de conscientização do consumidor sobre sustentabilidade, falta de motivação dos funcionários), (3) legislação fraca (falta de execução, falta de supervisão rigorosa, corrupção e regulamentações mutáveis por mudanças na política) e (4) restrições de capacidade (restrições financeiras, restrições técnicas, produtividade ou restrições operacionais, falta de experiência ou recursos humanos e falta de infraestrutura para a sustentabilidade no gerenciamento de resíduos ou métodos de descarte das sobras). Jayant e Azhar (2014) estudaram as barreiras para a implementação de práticas de GSCM e encontraram 20 barreiras, nomeadamente, implicações de custos, falta de implicações de TI, cultura organizada pobre ao adotar a GCSS, falta de compromisso da alta administração na adoção do a GCSS, resistência à adoção de tecnologia avançada, falta de apoio do governo para adotar a falta de conhecimento sobre práticas verdes, falta de experiência técnica, concorrência de mercado, menos conscientização do cliente sobre a, falta de conscientização ambiental do fornecedor, medo do fracasso, poluição nas indústrias, não disponibilidade de empréstimos

bancários para incentivar produtos ecológicos, falta de cursos de treinamento sobre implementação da GCSS, falta de esforços de reciclagem e reutilização na organização, falta da certificação de sustentabilidade (ISO 14001), custo de eliminação e produtos perigosos, falta de conscientização sobre adoção da logística reversa e falta de responsabilidade social corporativa.

Abdullah et al. (2015) concluem seu estudo indicando que as empresas fabris e os formuladores de políticas, a fim de difundir a inovação dos produtos sustentáveis, deveriam dirigir sua atenção para barreiras de recursos ambientais, barreiras de atitudes e percepção, e barreiras de práticas de negócios, assim como o governo deveria abordar a falta de apoio governamental e as questões de demanda do cliente.

Yusuf et al. (2013) entendem que as barreiras à ecologização da cadeia de suprimento incluem "greenwashing", ou seja, apenas uma intenção de apoiar e reforçar a sustentabilidade sem qualquer compromisso real por parte da corporação; inércia interna ou resistência deliberada a mudanças dentro da empresa ou da cadeia de suprimentos; custo, especialmente o custo inicial de adoção das práticas verdes e a reengenharia de processos associados ao negócio; excesso de regulamentação e estipulação de sobrecarga de metas para empresas; compromisso modesto do fornecedor, especialmente onde a base de abastecimento é naturalmente esparsa; e as peculiaridades da indústria, uma vez que o custo da ecologização depende das tecnologias, de sistemas e de processos das indústrias (SARKIS et al., 2011; ZHU; SARKIS, 2006).

Foi emitido um pela organização Carbon Disclosure Project (CDP), sobre as mudanças climáticas, a escassez da água e o desmatamento em níveis globais e o Brasil foi mencionado no relatório. Conforme o CDP, o Brasil:

 se orgulha dos recursos naturais abundantes, incluindo capacidade substancial para desenvolvimento de energias renováveis;

 possui níveis altos de consciência ambiental;

 foi um dos primeiros e poucos países comprometidos com o objetivo de absolutas reduções de emissões, seguindo o acordo de Paris em 2015;

 tem enfrentado incerteza política, tem batalhas em curso para restringir a deflorestação, a recessão econômica e combater a elevação das emissões nos últimos anos;

 70% das empresas brasileiras que receberam o questionário da CDP o responderam;

 os fornecedores brasileiros relatam baixos níveis de ação em mudanças climáticas;

 apenas 6% das empresas foi transparente revelando o engajamento de seus fornecedores nos objetivos de energias renováveis e apenas 8% possuem tais objetivos;

 em comparação à média global, as empresas brasileiras estão fazendo pouco, embora tenham conscientização;

 23% das empresas responderam o questionário sobre práticas em relação à água;

 sobre a questão da água o país possui experiências com secas extensivas, tem grande setor agrícola, possui dependência das hidroelétricas para gerar energia;

 existe uma lacuna substancial para ser preenchida, especialmente em termos de engajamento e transparência;

 as poucas empresas (23%) que revelaram seus dados exibiram melhor desempenho do que a média global das empresas (ao contrário das que responderam sobre mudanças climáticas);

 quase a metade dos fornecedores (48%) revelou riscos de falta de água, o que pode impactar materialmente seus negócios;

 36% dos fornecedores relataram conduzir avaliações sobre o risco da água;  13% relataram estar engajados com seus fornecedores sobre as questões dos

riscos da água, indicando que a mitigação dos riscos da falta de água está restrita às operações diretas da empresa;

 uma empresa revelou engajamento com fornecedores para redução do consumo da água em 25% em 2015 (CDP, 2017).

Esse capítulo descreveu teoricamente os estudos que sustentam as capacidades da cadeia de suprimentos verde e as estratégias de operações verdes: design verde, compras verdes e manufatura verde, além de abordar aspectos da manufatura de produtos em material plástico e dos fatores que inibem as empresas de empregar práticas amigáveis ao meio ambiente. Se pode considerar que o estado

da arte da literatura sobre a gestão da cadeia de suprimentos sustentável foi descrito. Com base no capítulo 2 sobre a teoria da colaboração e no capítulo 3 sobre a gestão da cadeia de suprimentos sustentável, as hipóteses de pesquisa foram levantadas e constam no próximo capítulo 4, a seguir.

No documento Isabel Teresinha Dutra Soares (páginas 99-104)