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Teoria da Visão Baseada em Recursos – VBR

No documento Isabel Teresinha Dutra Soares (páginas 42-45)

2 A TEORIA DA COLABORAÇÃO

2.1 ESTUDO BIBLIOMÉTRICO SOBRE A TEORIA DA

2.1.3 Teoria da Visão Baseada em Recursos – VBR

A Visão Baseada nos Recursos (VBR) da empresa também tem recebido muita atenção para explicar a colaboração na cadeia de suprimentos (CAO; ZHANG, 2011). Os conceitos chave da VBR são recursos, capacidades e ativos estratégicos. Os recursos são pontos fortes ou fracos de uma empresa, ou ativos tangíveis e intangíveis vinculados a uma empresa. Os recursos são a fonte de vantagens competitivas duradouras, caso sejam recursos valiosos, raros, inimitáveis e não substituíveis. (BARNEY, 1991).

O argumento da VBR é que a variação no desempenho da empresa pode ser explicada por recursos estratégicos, como as capacidades dinâmicas (TEECE et al., 1997). As capacidades dinâmicas também se relacionam com a aprendizagem organizacional, que consiste em criar recursos de conhecimento dentro da organização; esses recursos podem ser desenvolvidos através de sistemas internos; os mecanismos da cadeia de suprimentos podem ajudar a aprendizagem ambientalmente orientada, compartilhando recursos (ZHU et al., 2008; SARKIS et al., 2011).

A colaboração na cadeia de suprimento também permite que as empresas foquem nas suas atividades fundamentais específicas, o que aumenta as habilidades específicas, promove economias de escala e os efeitos da aprendizagem organizacional, melhorando assim as posições competitivas da empresa (CAO; ZHANG, 2011; PARK et al., 2004).

Para Fawcett et al. (2012), as cadeias de fornecimento colaborativas desenvolvem os processos necessários para organizar (ou seja, identificar, integrar e explorar) recursos, que residem além das fronteiras organizacionais, para criar valor exclusivo ao cliente. Este imperativo do processo de construção se baseia e é consistente com a Visão Baseada em Recursos (VBR) da empresa, por argumentar que uma empresa consiste em "uma coleção de recursos produtivos" que podem ser explorados para criar valor e vantagem competitiva (WERNERFELT, 1984). Quanto

mais valiosos e raros os recursos, maior a vantagem que a empresa pode obter (BARNEY, 1991). A pesquisa mais recente da VBR enfatizou que a forma como uma empresa configura seus recursos é um melhor indicador de identificação de desempenho (BARNEY, 2001; EISENHARDT; MARTIN, 2000; TEECE et al. 1997).

Fawcett et al. (2012) salientam que o ramo de capacidades dinâmicas da literatura sobre a VBR informa a busca de uma empresa para cultivar um processo de organização colaborativa. Por definição, uma capacidade é "a capacidade da empresa de integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas" (TEECE et al. 1997, p. 517). Termos como "coordenar", "combinar" e "integrar" descrevem o processo de desenvolvimento de capacidades (EISENHARDT; MARTIN, 2000; Barreto 2010).

Liu et al., (2017) sustentam que, com base na VBR (WERNERFELT, 1984), pesquisas anteriores argumentaram que a escolha de uma estratégia corporativa deve ser apoiada por capacidades organizacionais específicas para alcançar o desempenho pretendido. No entanto, para Liu et al. (2017), de acordo com revisões da pesquisa empírica sobre a VBR da empresa, as associações entre capacidade e estratégia foram amplamente negligenciadas, com a maioria dos estudos focados em ligar recursos/capacidades a vantagens competitivas e/ou desempenho que possam afetar a exploração efetiva de recursos para a implementação bem sucedida da estratégia de operações sustentáveis/verdes.

Sarkis et al. (2011) afirmam que recursos de empresas foram definidos como todos os recursos, capacidades, processos organizacionais, atributos da empresa, informações e conhecimento controlados por um empreendimento que permite à empresa conceber e implementar estratégias com o objetivo de melhorar sua eficiência e eficácia (competitividade) (BARNEY, 1991).

A extensão da visão baseada em recursos incluiu a integração de capacidades dinâmicas (HELFAT; PETERAF, 2003) e recursos naturais (HART, 1995). O desenvolvimento de recursos e capacidades pode ser exemplificado através de melhorias em várias métricas de desempenho organizacional. Por exemplo, a parceria em projetos verdes com clientes foi positivamente vinculada à qualidade, flexibilidade e desempenho ambiental, enquanto a parceria com fornecedores estava associada a um melhor desempenho de entrega (VACHON; KLASSEN, 2006).

Construir essas capacidades operacionais através da ecologização das cadeias de suprimentos também embasa os aspectos de valor, raridade,

inimitabilidade e não substituibilidade da VBR (FORSTL et al., 2010). A aprendizagem inter-organizacional destina-se a melhorar consideravelmente os recursos das organizações em toda a cadeia de abastecimento. No entanto, a investigação sobre o desenvolvimento de programas verdes com fornecedores, teoricamente e empiricamente, ainda é limitada (BAI; SARKIS, 2010; SARKIS et al., 2011).

2.1.3.1 Visão Baseada em Recursos Naturais

Aboelmaged (2018) traz à luz a teoria empresarial da Visão Baseada em Recursos Naturais (VBRN) de Hart (1995), que é uma extensão da Visão Baseada em Recursos (VBR) de Wernerfelt (1989), a qual enfatiza o papel dos recursos e capacidades da empresa para estabelecer vantagem competitiva.

De acordo com Hart (1995), existem assertivas sobre a VBRN indicando que uma fonte de vantagem competitiva é a interação da empresa com o seu ambiente natural por meio do desenvolvimento sustentável, da prevenção da poluição e da gestão de produtos. Aboelmaged (2018) ressalta que as firmas devem focar nos recursos e nas capacidades para facilitar tal interação, por exemplo removendo poluidores e prevenindo a geração de resíduos para diminuir custos (é menos custoso não poluir do que despoluir) e melhorar a eficiência ao longo de toda a cadeia de valor da empresa. Além disso a VBRN diz respeito a pressões dos stakeholders que reflitam a “voz ambiental” combinada com as funções e operações da empresa para atingir o desenvolvimento sustentável.

De Stefano et al. (2016) aplicaram a VBRN como base para categorizar inovações tecnológicas e validar seu impacto na redução das emissões de CO2 dos veículos. De modo similar, Miemczyk et al. (2016) utilizaram a VBRN para explicar o papel vital da tecnologia e do conhecimento para abordar mudanças de sucesso na cadeia de suprimentos estratégica.

Aboelmaged (2018), com base nos princípios da Visão Baseada em Recursos Naturais (VBRN), examinou as Práticas de Fabricação Sustentável no contexto do Egito e propôs um modelo de pesquisa que postula o impacto de seis direcionadores (isto é, infraestrutura tecnológica, competência tecnológica, pressões ambientais, regulamentações ambientais, apoio gerencial e engajamento dos funcionários) nas Práticas de Fabricação Sustentável e o impacto dessas práticas em quatro capacidades competitivas (isto é, custo, qualidade, entregas e flexibilidade). Os

achados demonstraram que as pressões ambientais dos stakeholders, o apoio gerencial e o engajamento dos empregados influenciaram positivamente as Práticas de Fabricação Sustentável (ABOELMAGED, 2018).

No documento Isabel Teresinha Dutra Soares (páginas 42-45)