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Cailleux trabalhou mais com grãos não peneirados, mas J Tricart trabalhou mais com grãos selecionados no tamanho pelas peneiras J Tricart trabalhou com lupa binocular,

MAY V.J. The Retreat of Chalk Cliffs Geogr J 137 (203/206), 1971.

TIPO DE SEDIMENTO

A. Cailleux trabalhou mais com grãos não peneirados, mas J Tricart trabalhou mais com grãos selecionados no tamanho pelas peneiras J Tricart trabalhou com lupa binocular,

por considerar como o meio mais rápido e efetivo para desenvolver este tipo de estudo, que tinha como referência grãos de 75 a 100mm. Quando os grãos são escolhidos a partir de um tamanho determinado diminuem as possibilidades de erros nos resultados da análise morfoscópica.

Os primeiros resultados importantes nos estudos de granulometria foram obtidos por A. Cailleux (1942), considerando como o criador deste tipo de análise sedimentar. Para Ribault (1975), “a morfoscopia clássica permite, na maioria dos casos, reconhecer areias glaciais, fluvio-glaciais, marinhas, transpadas em um meio aquático ou eólico”. Desta forma é possível se identificar, através desta análise vários episódios pelos quais passou um grão evoluído, ou seja, redondo e polido. Trata-se portanto do estudo do grão de quartzo mais seguro e o menor oneroso.

O estudo quantitativo da granulometria, permite a elaboração de hipóteses paleogeográficas capazes de definir a história de um sedimento. Diferentemente da granulometria, que nos mostra o estado final de um material que se transforma em rocha, a morfoscopia, visualiza todas as etapas do processo de transformação de um grão de areia até a sua coleta para estudo. As areias transportadas pelos ventos, ou as areias de praias tem características muito específicas que facilitam a caracterização da sua morfogênese. O mesmo não acontece com areias transportadas por rios ou pela ação marinha.

Vatan (1967), destacou a importância da morfoscopia em diferentes tipos de estudos. Ele ressaltou a importância das ondas e das marés para a lapidação dos grãos. Este autor falou sobre as diferenças entre areias transportadas pelos ventos, pelo mar e pelos rios, admitindo que os melhores resultados deste estudo aparecem quando ele é acompanhado pelo estudo da

granulometria do material analisado. As areias trabalhadas pelo mar tem grãos dominantemente angulosos e subangulosos, algumas vezes arredondados com aspecto brilhante. As areias trabalhadas pelos ventos tem especificidades capazes de serem identificadas imediatamente tal como a forma arredondada e sem polimento para os grãos de tamanho médio. Os grãos menores não são muito arredondados. A energia cinética é mais efetiva nos grãos mais grosseiros que se fraturam quando se chocam. As areias fluviais tem uma forma angulosa e mais ou menos arredondadas com um aspecto um pouco brilhante. Elas são mal classificadas e mais angulosas nas montantes. Estas características evoluem no seu percurso em direção a jusante das bacias.

Consideramos três tipos principais de grãos de quartzo nesta análise:

 Grãos não usados, com contornos angulosos abundantes nas areias misturadas com gnaises, encontradas nas correntes de lama, pequenas praias, dunas, originadas a partir de um transporte com ventos fracos.

 Grãos arredondados, opacos com contorno suave, a partir dos choques que acontecem durante o seu transporte.

 Grãos desgastados brilhantes com contorno com ângulos arredondados. O seu desgaste se produziu em meio líquido, através de transporte do tipo tolamento e saltação.

O objetivo desta análise é de terminar a origem, as condições ambientais do meio e o período de deposição das areias coletadas nas dunas da região estudada. As frações utilizadas foram de 0.200 e 0.3/5mm. Para evitar erros trabalhamos com 100 grãos de cada amostra escolhida para este fim, sendo estas:

DA1b: Duna Lagoa Redonda (Costeira);

DA2b: Duna Lagoa Redonda e Urubu (Costeira); DA2C: Duna Lagoa Redonda e Urubu (Costeira); DA3B: Duna Lagoa Ferreira Grande (Costeira); DA4a: Duna Campo de Santana (Costeira); DB1a: Duna Rota p/ Búzios (Litoral); DB1b: Duna Rota p/ Búzios (Litoral); DC1: Duna Estuário Pium (Litoral);

DC2: Duna Rota Secundária p/ Búzios (Litoral); DC3: Duna Estuário Bloqueado do Rio Pium (Litoral); DC4b: Duna Rio Pium Direção Sul (Litoral).

Os resultados obtidos nesta análise demonstraram que as amostras das dunas costeiras tem grande percentual de grãos arredondados, enquanto as dunas litorais tem grande quantidade de grãos angulosos. Estas constatações ressaltam duas situações relacionadas com as origens e aos tipos de transporte dos grãos analisados. Para o grupo de dunas costeiras os grãos são arredondados em consequência da longa e intensa ação dos ventos. Os grãos com 0.3 1/5mm são os mais arredondados e os menos polidos. Os grãos com 0.200mm são menos arredondados e mais polidos. A energia cinética estava mais fraca e não podia desgastar e despolir os grãos.

O grupo de dunas litorais tem um grande percentual de grãos angulosos, sub- angulosos e algumas vezes sub-arredondados. Os grãos oferecem geralmente um certo brilho, típico das areias de praias ou de terraços marinhos.

Os grãos de dunas costeiras tem um nível de arredondamento aos encontrados dispersos sobre formações continentais. Outros aspectos foram identificados nesta análise dentre eles a presença de grãos quebrados, principalmente nas dunas litorais, e os grãos que se assemelham as amostras coloridas de dunas costeiras. O arredondamento dos grãos de areia dunar, não permite que cheguemos a conclusões sobre os meios de depósito, mas são indicadores para que se possa fazer correlações, com material originado de diferentes tipos de fontes. As dunas costeiras e litorais sugerem condições climáticas secas mais acentuados para as litorâneas. A existência deste período seco após o “episódio barreiras”, e anterior a formação das dunas litorais, indica uma datação para a penúltima transgressão / regressão do mar.

Quadro 01 - Resultados das análises morfoscópicas.

ARREDONDADA – CA% REDONDA – R%

L PL ME NC C L PL ME NC C T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 T 2 4 T 2 6 01 T1b Pium/Caturana 10 25 10

02 L10 Duna a direita do rio Pium 15 30 20 10 15

03 L11 Duna do Vale bloqueado do rio Pium 40 10 20 20 15

04 L8a Duna na rota Pium-Búzios 20 25 15

05 L8b Duna na rota Pium-Búzios 5 30 30 15 5 15

06 L9 Duna na rota Pium-Búzios 15 20 20 5 5 5

07 L13b Duna no antigo estuário do rio Pium 20 15 25 25

08 L3b Duna na margem de lagoa Redonda 25 35 10 20

09 L4b Duna entre a lagoa Redonda e lagoa Urubu. 15 35 20 10 30 10 10

10 L4e Duna entre a lagoa Redonda e lagoa Urubu. 10 20 30 10 10 15

11 L5b Duna entre a lagoa Ferreira Grande e a drenagem assoreada

15 30 45 10

12 L6a Duna de Campo de Santana 10 30 30 5 15

T24 = 0.200mm = 2.33Ø L = Brilhante PL = Brilhante Picotada T28 = 0.315mm = 1.61Ø ME = Fosca MC = Fosca Quebrada