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A fachada oriental do Estado do Rio Grande do Norte, tem características muito especificas, o que justifica considerar no estudo da sua geomorfologia os seguintes indicadores:

 Os longos períodos de chuvas e secas, seguidos de intensos processos de erosão, transporte e sedimentação, bem como de pediplanação e pedogenização no continente.

 Os outros períodos de reativação tectônica, responsáveis pela formação de “grabens” e “horsts”.

 O preenchimento de falhas de neoformação por sedimentos calcários e argilosos.

 A destruição de uma parte da antiga estrutura paisagística continental, através de processos transgressivos e regressivos marinhos sistemáticos, responsáveis pela ocupação de regiões com cotas altimetricas inferiores a 50 metros, bem como de recuos e de avanços da margem continental, nas proporções de metros a quilômetros.

Todos estes processos desenvolveram um tipo de paisagem com uma sequência geomorfológica composta por uma plataforma de abrasão, falésias, campos de dunas moveis ou não, e um estuário bloqueado ou não. Apesar das formas serem a mesmas, suas massas e volumes variam de intensidade, na mesma proporção das relações entre os processos e a morfologia de cada espaço delimitado pela saliência de uma plataforma de abrasão. O conhecimento deste tipo de dinâmica não permite generalizações.

Desta forma estabeleceu-se uma hierarquia no sentido de sequenciar cronologicamente morfogênese das unidades geomorfológicas citadas, escolhidas por dispor no seu contexto manifestações dos principais processos responsáveis pelo modelado da região, desta forma, considerou-se:

 A morfologia do terreno, com a descrição geral do relevo.  A morfogênese regional, nos seus aspectos mais importantes.

 A reciclagem das proporções da morfocronologia regional, através de correlações entre a distribuição espacial/geográfica de cada unidade de paisagem nos domínios geomorfológicos, considerando as sequências temporais dos processos

tectônicos e paleoclimáticos, nos limites tecnicamente adequados ao espaço estudado.

RESULTADOS OBTIDOS - DOMÍNIOS GEOAMBIENTAIS DO ESPAÇO

ESTUDADO

Domínio dos Tabuleiros

O “Domínio dos Tabuleiros”, tem origem continental, e se apresentam sob a forma de uma planície de aplainamento, escalonada, com diferentes níveis de erosão, que aumentam na medida em que se aproxima do litoral, e compõe, com a “Superfície Sertaneja” a região dos “baixos terraços costeiros”.

A Superfície Sertaneja é um espaço de transição entre a região sub-úmida e a semiárida.

Os pesquisadores consideram os tabuleiros, como as formas mais típicas do pleistoceno regional, uma vez que eles são relacionados a uma sucessão de episódios paleoclimáticos, com fases úmidas de degradação, segundos de erosões intensivas, que precederam longos períodos de seca, responsáveis pela mobilização e do deposito de sedimentos, bem como do recuo de escarpamentos (MEBESOONE, 1966), e do processo intensivo de sedimentação.

Os depósitos de aluviões e coluviões, que se superpõe em discordância, em decorrência de processos endógenos e exógenos são bem drenados e tem características típicas de estruturas sedimentares sob clima úmido, com uniformidade material.

Toda esta estrutura sugere a existência de três grandes estratos sobreposto sobre uma estrutura granítica: um carbonático, um argiloso e um areno-quartzoso.

A estrutura granítica tem falhas e depressões na maioria das vezes preenchidas por calcário.

O “Domínio dos Tabuleiros”, tal como os demais domínios geomorfológicos do espaço estudado, está degradado em decorrência da ocupação antrópica. Os desmatamentos, terraplanagens, rotas e edificações de prédios residenciais ou não, estimularam processos de erosão acelerada chuva em todos os citados domínios.

Os processos erosivos mais comuns, s são típicos da ação das chuvas, responsáveis pela ramificação da drenagem nas margens dos rios, a partir de ravinamentos ou a ação erosiva do mar, responsável pela formação de vários quilômetros de falésias com alturas

elevadas.

O Domínio dos Tabuleiros corresponde a 60% do espaço de limitado para este estudo, e neles são identificáveis processos tectoestaticos e tectodinamico, por meio de deformações gravitacionais que se desenvolveram, estimulados pela plasticidade da estrutura superficial.

Domínio dos Baixos Vales

A drenagem da região estudada, variou muito suas características durante o pleistoceo, em consequência das modificações do clima regional. O modelo meâdrico está relacionado com um tipos de clima mais chuvosos, e o anatomizado com o períodos mais secos.

Os rios da região cujas bacias têm configuração mais anastomisadas são o Trairi e o Jacú, para Doeglas (1962), a formação de um modelo anastomosado de drenagem, depende de fatores tais como:

 As condições climáticas: áridas e semiáridas, com precipitações intensas e longos períodos de secas nas regiões tropicas, semitropicais e semiáridas.

 O nível de permeabilidade do solo: provoca escoamento rápido, caso seja impermeável.

 A vegetação: provoca escoamento superficial rápido, quando é rara, promovendo a denudação com transporte de grandes quantidades de detritos pelos rios.

 O gradiente: é importante quando a declividade é acentuada, ou quando está nas proximidades de falhas e de escarpamentos.

A drenagem anastomosada encontrada na região tem rios com grande volume de carga de fundo, e um gradiente relativamente elevado, e também se desenvolvem associados a multiplicação da drenagem superficial nos ambientes semiáridos. Os pequenos canais dos riachos, encontrados principalmente ao sul da região estudada, apresentam forma de V típicas de regiões úmidas, enquanto que seus perfis transversal nas montantes têm forma de U, típicas de regiões áridas.

Nas regiões mais baixas das juzantes são encontrados, os vales úmidos dos estuários com drenagem permanente, situadas totalmente ou parcialmente na região costeira/litorânea, sob forte influência das chuvas desta região sub-úmida, e permanente contato com as mar.

Os vales úmidos dos estuários são controlados pela tectônica regional e, quando não existe esta relação, eles assumem uma característica meâdrica e conservam sua característica

continental, sem a penetração das águas do mar nos seus leitos.

Os vales úmidos curtos são ocupados por rios com extensões menores, e suas montantes ficam entre 15 a 40 quilômetros de distância da linha de costa. Alguns têm suas bacias totalmente na região costeira. A capacidade de transporte da sua drenagem, erosão e transporta são limitadas, descarga pequena e declividade nula. Normalmente são submetidos a assoreamentos. Os rios tem esta característica são o Punaú, o Maxaranguape, o Doce, o Catú, o Guajú. Seus vales úmidos podem apresentar estuários, em situações especificas do terreno.

O domínio dos baixos vales, situados nos vales estruturais da fachada oriental norte- rio-grandense são quase 30% do espaço estudado nas fotografias aéreas. Desta forma eles caracterizam de forma dominante a integração dos processos endógenos e exógenos regionais, bem como sugere modelos de auto regulação da dinâmica interna do sistema, ou seja, uma drenagem controlada pela estrutura e sua configuração atual decorrente das consequências de oscilações paleoclimáticas globais.

O modelo proposto por Domingues (1983), pode ser aplicado na região estudada, por tratar de regiões costeiras que são atingidas com maior intensidade pela ação da deriva litorânea.

De acordo com o projeto RADAM-BRASIL (1981), uma das principais características do gessistema da fachada oriental do Rio Grande do Norte é o da amplitude da existência de zonas de tensão ecológica no seu contexto. Chama atenção o fato desta característica nunca ter sido estudada na dimensão exigida, mesmo no presente quando dispomos de tecnologias com elevada competência para este fim.

Encontramos trabalhos sobre esta região, todas com características pontuais e até multidisciplinar, infelizmente nunca nos níveis metodológicos interdisciplinar ou transdisciplinar.

Na maior parte de tais estudos, as características climáticas da região são pouco consideradas a não ser que o estudo seja especificamente sobre o seu comportamento. Deve- se considerar que, apesar do fator tectônico ser importante para o estudo desta região, é o clima global e regional que controlou e controla a sua evolução.

As precipitações, as temperaturas e os ventos condicionam os processos de evaporação e evapotranspiração da região influindo, inclusive, na determinação das espécies vegetais e animais, juntamente com a topografia e a cobertura sedimentar. Por se tratar de uma planície litorânea, o relevo é limitado entre altitudes que variam entre 30 e 150 metros em cerca de 50% da região.

O Domínio do Litoral

Os perfis litorais são sempre submetidos a ajustamentos rápidos no seu rolamento e dissipação durante o transporte, em consequência das modificações da superfície onde acontecem. Para eles existe uma média em torno da qual envolvem as oscilações da dinâmica dos processos locais, o que pode ser considerado como um perfil de equilíbrio.

A modificação dos ventos regionais, mais frequentes nos mais fortes, modificou a morfologia da praia muitas vezes. Existe uma relação no transporte de sedimentos entre a intensidade, força e direção do vento, a declividade da praia e o tamanho do grão, mas existem outros aspectos a serem considerados. O perfil de uma praia é determinado pela relação entre o tamanho dos grãos que existem na sua superfície, a largura e as alturas das ondas. As praias com grandes declividades têm grãos maiores, e as praias planas, grãos menores.

Esta relação muda durante as estações do ano. Durante o verão a granulometria é composta dominantemente por sedimentos finos responsáveis pela diminuição da declividade da praia. Esta situação muda nas estações chuvosas com ventos mais fortes.

Nas praias escarpadas com falésias, a ação erosiva das ondas aumentam nas estações chuvosas. Todos estes processos são consequentes e funcionam em um nível de intensidade intermediária entre dois extremos, e as ocorrências catastróficas são consideradas relevantes apenas quanto têm a capacidade de aumentar a tensão interna do sistema onde ocorrem, de tal forma que ocorra rapidamente e interferia qualitativamente no sistema, tal como um salto. As concepções e modelos de evolução do perfil litoral não podem ser generalizadas.

A influência dos recifes compromete a ação de fricção que evolui entre os processos eólicos, a ação das ondas e da deriva. Os recifes desenvolvem uma refração nas ondas e alteram a ação do tipo “arrastão” imposta pelos componentes tangenciais. Quando não existem recifes nas praias as ondas chegam com uma velocidade maior no estirâncio da praia, produzindo desta forma, um trabalho mais efetivo de vai e vem nos grãos de sedimentos, quebrando e polindo suas superfícies o que facilita o transporte posterior pelos ventos da praia para a região das dunas.

O espaço estudado apresenta mesmo atualmente, sequencias sedimentares com heranças de períodos referentes as oscilações quaternárias do nível do mar, do tipo relíquia inconsolidada depositada na zona do estirâncio.

A evolução do conhecimento do seu contexto exigiu a identificação das correlações entre os processos de progradação, de erosão, de diferentes tipos de transporte, de

tectonismos, de glaciações e deglaciações, de afogamento e de bloqueios arenosos de vales fluviais em diferentes escalas temporais e espaciais. Considerou-se na evolução do conhecimento da região as ocorrências.

Todas as ocorrências que intervieram no equilíbrio dinâmico deste geossistema no passado e no presente, foram consideradas e a maioria convergiu para eventos climáticos com dimensão global tanto no passado quanto no presente.

As relações entre os sistemas climáticos, oceânico e continental, produzem uma quantidade de energia cinética expressiva, que impede a caracterização da hidrodinâmica litoral com precisão, Normalmente os estudos relacionados com este tema falam principalmente sobre os seus efeitos, e os que procuram entender este fenômeno de forma quantitativa se limitam a casos e locais pontuais e específicos.

O domínio litoral da fachada oriental norte-rio-grandense reflete muito bem esta situação. Suas características morfogenéticas e morfodinâmicas permanentemente submetidas a etapas de auto-regulação são pouco estudadas, exceção aos estudos disponíveis sobre a os domínios dos tabuleiros e dos baixos vales.

Existe um hiato muito grande entre os conhecimentos sobre as transgressões holocênicas a partir dos últimos 18.000 anos B. P., e as mudanças de posições das margens continentais no mesmo período. No caso específico da região enfocada neste estudo, as primeiras referências datam de 1.863, a partir de um mapeamento feito por uma comissão de estudos francesa.

Para Bird (1965), o estudo da geomorfologia de uma região costeira/litorânea demanda avaliações sobre as mudanças de posição das suas margens, através da identificação destes eventos nos modelos dos perfis praiais, da progradação de manguezais, dos tipos de erosão responsáveis pela edificação de falésias vivas e mortais, dos tipos e épocas de transporte e deposição de sedimentos argilosos, carbonáticos, areníticos e arenosos. São tais informações que permitem a modelização das hipotéticas etapas morfogenéticas, pedogenéticas e morfodinâmicas da região.

Os pacotes carbonáticos e as couraças são facilmente identificados na interpretação de fotografias aéreas, através da visualização de dolinas existentes no domínio dos tabuleiros e do domínio litoral, bem como as couraças são identificadas nas plataformas de abrasão, posicionadas em intervalos quase regulares da linha de costa no espaço estudado.

A formação de encrustamentos ocorre em paleoclimas subtropicais e/ou semiáridos com médias de precipitação entre 100 e 500mm por ano, sendo o melhor momento entre 150 e 250mm de chuvas anuais.

Na realidade tratamos de uma região permanentemente submetida, a fenômenos contínuos e descontínuos, nos quais tanto as suas características geomorfológicas, quanto os seus componentes naturais faunísticos, vegetais e humanos foram modificadas. Tudo isto ocorreu e continua ocorrendo de forma muito rápida fazendo com que todo este geossistema esteja em permanente estado de tensão ecológica e de conflitos ambientais.

Figura 02 – Identificação do domínios geomorfológicos da paisagem estudada a partir da interpretação de

fotografias aéreas.