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Calibração Analítica

No documento Auditorias Técnicas na Análise Alimentar (páginas 39-42)

3. Acreditação em Laboratórios

3.2. Calibração Analítica

Considera-se como calibração analítica toda a calibração que recorra a materiais de referência e/ou a padrões químicos na sua execução.45Estetipo de calibração deve ser efetuado quando a norma associada ao ensaio assim o exigir ou quando tal tiver um impacto direto ou de relevo no resultado, sendo que nos métodos instrumentais de análise química esta calibração é normalmente executada em conjunto com a análise de amostras.48 São vários os métodos de calibração analítica existentes, entre os quais:

✓ Curva de calibração; ✓ Adição de padrão;

✓ Padrão interno/padrão externo; ✓ Fator de resposta.

O uso destes métodos fica a critério do laboratório, devendo ser definido quais os parâmetros de escolha e aplicabilidade dos mesmos, bem como critérios de aceitação das calibrações efetuadas, avaliando especificamente a sua linearidade, tipo de ajuste polinomial e coeficiente de correlação.43 O laboratório pode ainda recorrer a métodos desenvolvidos internamente, desde que devidamente validados, documentados e autorizados antes da sua prática.49

A calibração analítica deverá, ainda, ser complementada com o programa de controlo da qualidade, que poderá incluir, por exemplo, a utilização de amostras diárias de controlo dos processos (DPCS), que têm como fim a monitorização diária dos processos laboratoriais.43, 50, 51

A periodicidade deste procedimento deverá estar definida na norma na qual o ensaio se baseia, sendo, no caso de método com curvas de calibração, geralmente, diária ou a cada sessão de trabalho. No entanto, se existir o conhecimento de que o sistema analítico em questão é estável, nomeadamente se o declive é uma reta, é permitida a calibração periódica. A calibração periódica exige o cumprimento de vários critérios, nomeadamente a utilização de matrizes conhecidas e estáveis, uma comprovação da estabilidade do sistema através de, pelo menos, 5 calibrações iniciais, bem como uma verificação da validade da calibração em cada sessão de trabalho, analisando os dois pontos extremos da reta ou outros que enquadrem as amostras, de modo a ser efetuado um controlo do declive. Se a gama de concentrações da série de amostras em análise for baixa, deverá igualmente ser efetuada uma verificação do branco, de modo a controlar possíveis contaminações. Deverão existir critérios de aceitação tanto das verificações mencionadas, como da calibração periódica.

Os reagentes, solventes e soluções utilizados na preparação de padrões químicos deverão ter uma pureza e estabilidade que lhes permita atingir a qualidade de resultados requerida. Deverão cumprir-se as condições e períodos de armazenamento necessários à conservação das propriedades dos mesmos, assim como o seu manuseamento, registando as respetivas datas de abertura. Nos recipientes que os acondicionam deverão estar assinalados as substâncias armazenadas e o seu prazo de validade. O laboratório deverá, ainda, assegurar a rastreabilidade dos registos associados aos padrões químicos.43

3.2.1. Limites de Deteção e Quantificação

O limite de deteção (LD) é equivalente ao “início do intervalo em que é possível distinguir com uma dada confiança estatística (normalmente 95%), o sinal do branco do sinal da amostra e como tal indicar se o analito em questão está ausente ou presente.”.43 Corresponde, assim, à mais pequena quantidade de analito que é possível detetar na análise de uma amostra.52 Por outro lado, o limite de quantificação (LQ) representa o " início da gama em que o coeficiente de variação do sinal e o erro relativo se reduziram a valores razoáveis (normalmente 10%) para se poder efetuar uma avaliação quantitativa”.43Corresponde, assim, à mais pequena quantidade de analito passível de ser quantificado com uma determinada precisão e exatidão, sendo representado, normalmente, pelo padrão de calibração de menor concentração (excluindo o branco).52 É de salientar que o intervalo de valores existentes entre o LD e o LQ é designado como

uma zona de deteção semi-quantitativa e não quantitativa e, tendo em conta o que o LQ representa, apreende-se, assim, que o LQ deve ser dado como o início da zona onde os valores obtidos poderão começar a ser reportados.43Deste modo, considera-se que em análises qualitativas a determinação do LQ é irrelevante, sendo o LD, por outro lado, um parâmetro fundamental neste tipo de análises, uma vez que, em termos qualitativos, o LD determina a concentração mínima na amostra que é possível distinguir de outra amostra com igual matriz, mas que não tem o analito presente em solução. No entanto, relativamente a análises quantitativas, ambos os parâmetros constituem importantes fatores de análise.52 Os valores referentes a ambos os parâmetros deverão ser mencionados na apresentação dos resultados quando for reportado que o analito em causa não foi detetado ou quantificado.

Caso o número de ensaios realizados seja significativo, a determinação do LD e do LQ deve seguir uma distribuição normal reduzida. Neste caso, o LD deverá encontrar- se três vezes o desvio-padrão do branco (s0) acima do valor do branco (x0), como a fórmula (1) exemplifica:

LD = x0+ 3,3s0 (1)

Quanto ao LQ, de acordo com a fórmula (2), este deverá corresponder a dez vezes o desvio-padrão do branco acima do valor do branco:

LQ = x0+ 10s0 (2)

No caso do número de ensaios para estimativa do LQ não ser estatisticamente significativo, deverá ser utilizada uma distribuição de t de Student.

Tanto o LD como o LQ podem ser estimados através de três métodos:

✓ Experimentalmente, através da razão sinal/ruído instrumental;

✓ Experimentalmente, através do cálculo da média e desvio-padrão obtidos através de uma série de análise constituindo um branco representativo ou um padrão de menor concentração;

✓ Estatisticamente, através do método dos mínimos quadrados, referente à curva de calibração.

Para gamas de analito baixas, estes parâmetros devem ser reavaliados sempre que haja uma alteração de equipamento, pessoal e/ou critérios, dado que existe a

possibilidade destes valores serem influenciados por estes fatores ou outros relacionados.43

No documento Auditorias Técnicas na Análise Alimentar (páginas 39-42)

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