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3 LÉSBICAS EM LUTA E RESISTÊNCIA EM PERNAMBUCO: QUEM SÃO ELAS?

3.12 Camila dos Passos Roseno

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E aí nesse processo de me assumir enquanto lésbica eu também comecei a assumir os papéis… os papéis não, comecei a assumir tarefas nos movimentos sociais, principalmente nos movimentos LGBTs pra poder falar sobre isso, né? (Entrevista cedida em 11/08/2018).

Camila Roseno considera-se branca, nascida em São Paulo, 30 anos, formada em história, com mestrado em educação42 e em processo de doutoramento na mesma área, lésbica, solteira. Sua conjuntura familiar é composta por mãe, baiana, costureira, que cursou o ensino fundamental I, pai (falecido), cearense, foi motorista de ônibus, cursou o ensino fundamental, ambos heterossexuais. Sua irmã, paulistana, cursou o ensino médio completo e trabalha como auxiliar de serviços gerais.

Camila é a primeira da família a ingressar na universidade, construiu na adolescência que precisaria entrar na universidade como forma de emancipação e liberdade para vivenciar seus desejos. Migrou para Juazeiro/BA para cursar o 3° ano do ensino médio, convencendo a família que precisaria ir para uma cidade maior, com mais oportunidades, para entrar na universidade, influenciando toda a família a migrar com ela. Iniciou o ensino universitário em História, em Petrolina/PE, por imaginar que seria um “curso mais politizado” e daria conta de articular seus sonhos de vida e liberdade.

Sua formação política vem da participação nos espaços na universidade, através do movimento estudantil e feminista, através dos núcleos de pesquisas, construindo sua militância lésbica. Camila foi uma das responsáveis por organizar a Marcha Mundial das Mulheres, núcleo Petrolina, em 2012, fato que considera um dos grandes aprendizados na prática feminista. Sua militância caminha junto com a formação acadêmica, que para ela os dois espaços são de articulações e militância. Foi professora substituta da Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina.

Em sua formação no mestrado, sofreu alguns percalços com seu projeto de pesquisa, como nos relata:

Eu entrei no mestrado em 2015, no mestrado em educação na UPE, em Petrolina, com um projeto pra pensar como uma escola da periferia, lá de Petrolina, e como os professores e professoras percebiam as relações de gênero e sexualidade na escola. Era mais um trabalho de pesquisa-ação, pensar oficinas e tudo mais. Só que 2015 é um ano que começa a aprovar os planos municipais de educação, aonde faz todos os cortes, né? De gênero, identidade, orientação sexual, identidade de gênero, e aí eu fui barrada na minha pesquisa, não consegui pesquisar na escola porque a prefeitura, a Secretaria de Educação não aprovou meu projeto, não aceitou de maneira alguma que eu pudesse executar. Inclusive a diretora da escola era super, assim, solícita, ela

42 ROSENO, Camila dos Passos. Escola Sem Partido: um ataque direto as políticas educacionais de gênero no Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade de Pernambuco, 2017. Link para acesso:

https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?p opup=true&id_trabalho=5056712

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Figura 13 - Fotografia Michely Farias Rocha

queria fazer o projeto, ela era uma mulher feminista, de partido político, então ela tinha toda essa consciência, mas a prefeitura barrou. E aí eu comecei a estudar que movimento é esse que tá barrando as políticas públicas em gênero e diversidade sexual? E aí eu caí no “Escola sem Partido”. E aí eu fui estudar como o projeto é um ataque às políticas públicas em gênero e diversidade sexual, que começaram em 2003, a partir do governo Lula e depois no governo Dilma, até o golpe, até 2016. Então eu faço um balanço das políticas públicas que a gente teve, no mestrado e penso, né? Como é que esse movimento “Escola sem Partido” se estrutura, e como ele afeta o que nós garantimos de políticas públicas nesses últimos anos. (Entrevista cedida em 11/08/2018).

Com os entraves políticos para realizar seu projeto do mestrado, ela se sentiu forçada a adequar o seu projeto de pesquisa para concluir o mestrado, inclusive o município foi um dos que teve uma normativa institucionalizada através do Projeto de Lei nº 132/201743 do vereador Elias Jardim (PHS) que coíbe a discussão sobre a “ideologia de gênero”, fazendo com que ela adequasse seu projeto para entender o “Movimento Escola Sem Partido”.

No doutorado investiga as professoras lésbicas que atuam na educação básica no Nordeste, fazendo da sua atuação na academia, também sua militância política, migrando para o Sudeste para continuar sua formação, sua militância e articulação entre movimentos sociais e produção do conhecimento.

3.13 Michely Farias Rocha

Crédito da imagem: acervo pessoal da interlocutora, 2018.

Michely reconhece-se enquanto branca, nascida em Taquaritinga do Norte - PE, 24 anos, formada em Psicologia, cursa pós-graduação em Saúde Pública, lésbica, namorando. A sua configuração familiar é denominada por ela como matriarcal, a mãe é assistente em uma confecção de roupas, evangélica, o pai (falecido) era comerciante, ambos heterossexuais. O

43 https://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/projeto-de-lei-que-proibe-discussao-de-ideologia-de-genero- nas-escolas-e-aprovado-na-camara-de-petrolina-pe.ghtml

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Figura 14 - Fotografia Verônica Maria Ferreira

irmão é estudante de graduação em Letras Clássicas. Em sua família não houve influência política partidária ou de movimentos sociais de forma direta.

De sua família é a primeira a ingressar na universidade e concluir a graduação, tendo grande influência das mulheres fortes de sua família que são suas referências, mesmo não tendo formação acadêmica, tinham a formação da vida e de resistência para influenciá-la para se tornar uma mulher forte e desbravadora.

Eu venho de uma família matriarcal. Fui criada por mulheres, sempre tive mulheres na minha volta, na minha criação, mulheres fortes, que tinham uma trajetória dissonante um pouco da realidade delas, por exemplo, minha avó, ela só teve quatro filhos, numa época em que as mulheres tinham muito mais filhos, e é uma coisa que ela sempre me contava que é porque ela dizia: “não, é porque eu não queria mais filho mesmo, então foi quatro e pronto!” E ela se divorciou também, ainda na década de 1980. A minha tia, que eu tenho também como uma referência, embora ela não se diga feminista e tal, mas pra mim ela é um exemplo, porque ela também escolheu não casar, não ter filhos, é… enfim, ela tinha uma vida que as pessoas… a sociedade já coloca: ah, é a puta, não casou, ficou pra tia mesmo! E aí, enfim, ela nunca… ela sempre foi muito forte nesse sentido, e aí foi muito meu exemplo. (Entrevista cedida em 11/07/2018).

Sua militância se dá no Agreste de Pernambuco, especialmente nas cidades de Caruaru e Garanhuns, através da articulação da Marcha Mundial de Mulheres e do Coletivo Lutas e Cores, fundado em 2014, no qual participa desde 2016, junto com outras companheiras pensado as pautas lésbicas. Ainda que os municípios mencionados não tenham ainda implementado políticas direcionadas para as lésbicas, elas têm pautado a necessidade do olhar para que as especificidades lésbicas sejam reconhecidas e incorporadas nas políticas para as mulheres.

Atualmente é conselheira estadual do Conselho Estadual dos Direitos para a população LGBT do Estado de Pernambuco e tem sua militância na Marcha Mundial de Mulheres, na organização do setorial de lésbicas e mulheres bissexuais, que vem se desenhando desde 2017, como bandeira de luta, reverberando a nível nacional e local.

3.14 Verônica Maria Ferreira

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Ao entrar no movimento estudantil eu vi uma coisa que foi muito importante na minha vida que essa vivência era possível, né? Porque até então pra mim não era, porque eu morava no interior e isso tava me reprimido, morava na casa da minha tia, também. Mas quando eu entrei no movimento estudantil aí se abriu assim um mundo dessa possibilidade. (Entrevista cedida em 15/08/2018).

Verônica Ferreira considera-se parda, nasceu em Jaguaruana, interior do Ceará, 38 anos, doutora em serviço social44, lésbica, solteira. Sua família é composta de trabalhadores

de uma fábrica de redes, seus pais ambos heterossexuais. Saiu do interior para continuar seus estudos, na capital, em Fortaleza.

Sua participação nos movimentos sociais vem do movimento feminista, especialmente da Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB, Fórum de Mulheres de Pernambuco-FMPE. Esteve muito próxima do Grupo DIVAS, mas nunca se debruçou diretamente em grupos denominados como movimentos de lésbicas.

Sua influência política se deu através do ingresso na universidade, logo articulando-se no movimento estudantil, que direcionou seus estudos para entender as questões relacionadas às mulheres, aos debates feministas e à atuação política.

Ela é mais uma mulher que migra do interior para a capital para estudar e ampliar as possibilidades de estudos, trabalho e vivências, com ela nos relata:

O mundo da universidade que é uma coisa que se abre, né? Eu entrei logo no movimento estudantil. E o curso de serviço social é um curso majoritariamente de mulheres e tem muitas lésbicas, né? É reconhecido inclusive nacionalmente por essa presença (risos). Então foi como se tivesse se aberto um arco-íris assim pra mim.” (Entrevista cedida em 15/08/2018).

Verônica contribui com debates de forma teórica e empírica, sendo uma lésbica que atua no movimento feminista. Nos últimos tempos tem refletido dentro do Fórum de Mulheres de Pernambuco a lesbianidade, como a roda de conversa que ocorreu no ano de 2018, sobre a temática.

Enquanto pesquisadora tem contribuído junto a outras pesquisadoras do SOS Corpo – Instituto Feminista para da Democracia, com traduções de autoras lésbicas45, além dos eventos e encontros que tem potencializado a perspectiva teórica e de militância acerca da existência lésbica.

44 Em 2018 teve sua tese “Apropriação do Tempo de Trabalho das Mulheres nas Políticas de Saúde e Reprodução Social: Uma Análise de suas Tendências” premiada através do Prêmio Capes de Tese - Edição 2018. www.ufpe.br/edufpe/-/asset_publisher/syHPkJEZnkhC/content/tres-teses-defendidas-na-ufpe- conquistam-premio-capes-de-tese-edicao-2018/40615

45O patriarcado desvendado: teoria de três feministas materialistas: Colette Guillaumin, Paola Tabet e Nicole Claude Mathieu / Organizadoras: FERREIRA, ÁVILA, FALQUET e ABREU. Recife: SOS Corpo, 2014. 188p.

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Figura 15 - Fotografia Renya Carla Medeiros da Silva

Suas escolhas de vida têm forte influência da militância, trabalho e pesquisas que têm contribuído para debates e construções do conhecimento, atentando nos últimos anos para a temática das sexualidades, especialmente sobre as lesbianidades, também como prática política nos movimentos feministas, intencionando olhar para além do heterofeminismo.

Verônica reconhece a ampliação do olhar em torno das sexualidades como avanço para as interlocuções necessárias entre feminismos e lesbianidades, assim como para o fortalecimento de práticas políticas dos movimentos de mulheres.

3.15 Renya Carla Medeiros da Silva

Fonte: acervo pessoal da interlocutora, 2019.

Renya considera-se parda, nascida no município de Passira, 39 anos, técnica agrícola de formação, hoje prefeita do município, lésbica, casada. Filha de agricultores, da zona rural de Passira, ambos heterossexuais. A família é composta por 04 (quatro) filhos, sendo três mulheres e um homem.

Renya teve um contexto familiar difícil, por ser da zona rural e ter precisado migrar para outra cidade do interior para estudar em escola com regime de semi-internato, retornando a sua cidade às sextas-feiras. Ela nos relata um pouco de sua trajetória de vida e política:

Trabalhei na prefeitura de Passira um ano e oito meses, como técnica agrícola, em 1997 a 1998. Fui exonerada e aí vieram às dificuldades, né? Aí fui trabalhar de lotação, como motorista de Toyota, fazendo lotação da zona rural pra zona urbana. Passei um bom período, uma boa parte da minha vida trabalhando como motorista de carro de lotação... Fui caminhoneira, passei dois anos e oito meses na estrada. Viajava daqui de Passira pra Belém, pra buscar madeira no caminhão, aí passei dois anos e oito meses, depois desse período não quis mais ser caminhoneira e aí ingressei para dar assistência técnica ao PRONAF, que é um programa no Governo Federal, que dá crédito para os pequenos e médio produtores. E aqui em Passira como é uma área muito grande, tem uma área agrícola muito boa, eu fui, fiz um trabalho junto com muitos agricultores e pecuaristas, e fiz a parte técnica. Eu fazia o projeto e dava assessoria técnica. Eu trabalhei junto com o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil. E aí eu andando muito, nos quatro cantos do município, conhecendo pessoas e sempre conversando, as pessoas conversavam muito sobre política também, na verdade eu nunca tive interesse de ser política, na verdade. Mas assim, quando a gente conversa com as pessoas a gente vê que há uma necessidade

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de pessoas que pudessem está mais próximas do povo. E aí me colocaram na cabeça, pra eu ser candidata a vereadora. Eu disse: não, não quero! E aí chegou aos ouvidos de um ex-prefeito da cidade, Dr. Miguel, no ano de 2012, foi quando houve a eleição. Aí ele me chamou, me convidou, por pouco eu não aceitei, mas pensei duas, três vezes, aí fui candidata a vereadora pela primeira vez, fui eleita, trabalhei 4 anos como vereadora de oposição, que o prefeito que a gente apoiava não ganhou. E aí me surgiu à oportunidade também de ser candidata a prefeita, porque seguindo uma linha política diferente, de não me corromper, como aqui tem o costume de compras e vendas de vereadores, de lideranças, e aí eu fiquei firme na minha posição, passei 4 anos com muita dificuldade, mas fiz um trabalho que acredito que o povo de Passira confiou e me elegeu prefeita do município. (Entrevista cedida em 29/06/2018).

Com toda sua trajetória de vida e trabalho, ajudou Renya a construir mobilidade de vida, mesmo vindo do contexto de uma cidade pequena e da zona rural. Sua história política se inicia na organização do movimento LGBT de Passira, com a fundação do Coletivo LGBT de Passira, em 2011. Quando eleita para os mandatos executivos, por questões éticas, afastou- se das ações cotidianas dos movimentos LGBT, mas que contribuiu para maior entendimento sobre as pautas dos direitos humanos, o que tem sido prioridade nas suas ações enquanto prefeita.

Renya é a primeira lésbica prefeita no Nordeste, eleita em 2016. Mesmo em um contexto da zona rural, ela conseguiu dialogar com as pessoas, mostrando que trabalho e capacidade não têm nada a ver com orientação sexual, nem tampouco com o sexo. Porém, em seu percurso sofreu alguns percalços:

A minha vida política não é fácil. Primeiro, eu fui candidata a vereadora, pela primeira vez. Aí o pessoal, como é de cidade de interior, a maioria na política é homem, né? Quando se elegem, aqui a câmara municipal são 11 vereadores, na maioria das vezes era uma vereadora. Eu tive o privilégio de ser a segunda, né? No caso, na minha gestão como vereadora tinha duas vereadoras na Câmara Municipal. E aí a gente sofria muitos preconceitos, inclusive muitas piadinhas dos próprios vereadores. O Fórum de Mulheres do Agreste de Pernambuco teve que fazer uma nota de repúdio a esse vereador, por tanta discriminação e muitas piadinhas. Eram nove vereadores e duas vereadoras, mas eles tinham esse tipo de comportamento. Aí veio à minha trajetória pra campanha de prefeita. Aí foi pior. Primeiro o meu opositor ele tinha tido cinco mandatos de vereador, eu só tinha tido um, ele já era prefeito e eu era vereadora, e aí, ainda mais por ser mulher, ser vereadora no primeiro mandato e lésbica. Aí pronto, foi tudo prato feito pra eles. Mas ele era batendo e eu não rebatia nada. Quanto mais ele falava a população me elogiava, de certa forma me apoiavam. E eu passei essa credibilidade pro povo e mostrei que pra estar prefeita não é preciso a pessoa ser casada com um homem, manter uma vida com um parceiro, não! A vida pessoal nossa é independente da vida política, certo? Agora, eu acredito que essa questão do preconceito dos meus opositores, eu acredito que pode ter sido a minha vitória. (Entrevista cedida em 15/08/2018).

Importante perceber que mesmo Renya não tendo a influência política da família, ela trilhou caminhos importantes para que outras mulheres se espelhem em sua trajetória de vida e percebam que é possível ter mobilidade social para conseguir os espaços almejados. Mesmo

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com os preconceitos tidos em uma casa que deveria primar pelo respeito às pessoas, há o preconceito, a lesbofobia institucional, mas também há resistência política para o enfrentamento da misoginia, da lesbofobia e de quaisquer formas de discriminações, fazendo com que a população entendesse que sua força política não está condicionada a orientação sexual, mas a pessoa em sua atuação integral, o que resultou na conquista do respeito da população passirense.

A prefeita teve apoio dos movimentos de mulheres e LGBTs, o que contribuiu com sua eleição para os dois mandatos. O fato de seus opositores falarem muito dela na cidade, de certa forma cumpriu o ditado popular “falem bem ou mal, mas fale de mim”, o que proporcionou que as pessoas conhecessem seu trabalho e sua força política enquanto uma mulher que estava tentando desconstruir o modelo “masculinista” de se fazer política, especialmente, quando se fala da zona rural.

Sendo Renya a primeira prefeita lésbica46 do Nordeste, o caso teve grande repercussão

no movimento LGBT local, nacional e internacional. Durante a escrita desta dissertação, ela foi convidada a participar do IV Encontro de Lideranças Políticas LGBTI das Américas: a democracia exige igualdade, realizado no mês de maio/2019. Ela expressou em sua rede social:

O preconceito cria barreiras, mas o respeito ergue pontes. E a nossa ponte vai ligar Passira, no interior pernambucano, a cidade de Bogotá, na Colômbia. Nessa viagem internacional levarei na bagagem a nossa luta diária por respeito e igualdade. Com orgulho, divido o motivo com vocês. Recebi o convite para ser palestrante no IV Encontro de Lideranças Políticas LGBTI das Américas. Aceitei e sigo para ser conferencista do painel “Cidades amigáveis para pessoas LGBTI”. O evento tem como tema: "A democracia exige igualdade” e lá debateremos as conquistas e os desafios, com foco na universalização do RESPEITO. Terei a oportunidade de representar o País, ladeada por vários prefeitos, a exemplo de Christopher Cabaldon, de West Sacramento (Estados Unidos); Julie Lemieux, prefeita de Très-Saint- Rédempteur (Canadá), e Julián Bedoya, prefeito de Toro (Colômbia). Publicado no perfil da prefeita no facebook em 29/04/2019. https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2209913185764479&set=pcb.22099132 02431144&type=3&theater

A atuação de Renya tem sido pautada por uma cidade longe dos preconceitos, o que tem sido alvo de críticas dos conservadores e até ameaças de morte, por sua gestão ser pautada em diálogos com os movimentos sociais diversos, pensando uma cidade que inclua as pessoas, através do respeito e equidade.

46 http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/politica/2016/10/22/interna_politica,671379/mulher- lesbica-e-agora-prefeita.shtml http://robertoalmeidacsc.blogspot.com/2016/10/lesbica-assumida-e-prefeita-eleita-de.html https://www.folhape.com.br/politica/politica/noticias/2016/11/03/NWS,4792,7,479,POLITICA,2193- RENYA-PREFEITA-QUE-QUEBROU-PARADIGMAS.aspx

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Figura 16 - Fotografia Daniele Felix Melo Silva

A representatividade da prefeita, enquanto uma parlamentar lésbica, que não esconde sua vida, com sua esposa nas redes sociais e nas ações cotidianas, tem sido um avanço para o estado e município e tem erguido pontes, como a mesma relata em sua publicação, para um diálogo internacional para as causas LGBTs.

3.16 Daniele Felix de Melo Silva

Fonte: Acervo pessoal de Daniele Felix Melo, 2018.

Daniele Melo considera-se branca, nascida em Passira – PE, 25 anos, sanitarista, lésbica, atualmente noiva. Filhas de agricultor e agricultora, ambos heterossexuais. Tem um irmão de 23 anos que é estudante.

Daniele é mais uma mulher, que migra da sua cidade para estudar em outro município. Neste caso ficando na mesma região, devido à interiorização do campus das universidades federais.

Sua militância tem início através das amigas que a convidaram para participar da reunião do Fórum de Mulheres do Agreste. Logo em seguida, com a entrada na universidade, no mesmo período, ingressa no movimento estudantil. Daniele começou a conhecer de perto o movimento feminista e o movimento LGBT, como nos relata:

Aí eu comecei a me interessar mais pelo movimento LGBT, e eu participo do Coletivo LGBT de Passira, eu acho que tô há dois anos e meio, três anos e conheci a partir do coletivo LGBT de Passira, algumas pessoas do COMLES. E a partir de