• Nenhum resultado encontrado

CAMILO Almeida PESSANHA (1867-1926): Filho natural de

No documento 25 Aposto e Vocativo (páginas 107-111)

estudante universitário de Coimbra

e da governanta que trabalhava em

sua casa, formou-se advogado na

mesma universidade de Coimbra.

Foi viver na ilha de Macau, a

colônia portuguesa na China, onde

se tornou professor de filosofia, orientalizou-se e

começou a consumir ópio. Publicou poemas em

várias revistas e jornais, mas seu único livro,

Clepsidra (1920), foi publicado sem a sua

participação (pois se encontrava em Macau) por Ana

de Castro Osório a partir de manuscritos e recortes

de jornais. Graças a essa iniciativa, os versos de

Pessanha se salvaram do esquecimento. Apesar da

pequena dimensão da sua obra, é considerado um

dos poetas mais importantes da língua portuguesa.

Morreu em Macau, isolado e consumido pela droga.

O Destaque

!

!

Para saber mais sobre o assunto, acesse o PORTAL OBJETIVO (www.portal.objetivo.br)e, em “localizar”, digite PORT2M205

28 Cruz e Sousa: “Antífona”

• poesia simbolista • Simbolismo no Brasil

Texto para o teste

A

.

CÁRCERE DAS ALMAS

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!

(CRUZ E SOUSA. Poesia Completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura; Fundação Banco do Brasil, 1993.)

A

(ENEM) – Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema “Cárcere das Almas”, de Cruz e Sousa, são

a) a opção pela abordagem, em lingua -gem simples e direta, de temas filosó -ficos.

b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacio na -lis ta.

c) o refinamento estético da forma poé -tica e o tratamento metafísico de temas universais.

d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.

e) a liberdade formal da estrutura poética, que dispensa a rima e a métrica tradicio -nais em favor de temas do cotidiano.

Resolução

O refinamento estético da forma poética, visível na capacidade expressiva de Cruz e Sousa, e o tratamento metafísico de temas universais, evidenciado na aborda gem sobre a transcendência e a pereni da -de da alma, são recorrentes neste so neto.

Resposta: C

Texto para o teste

B

. ANTÍFONA

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas...

Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

(...)

Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios.

(...)

Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente... Que brilhe a correção dos alabastros Sonoramente, luminosamente.

Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas... Todo esse eflúvio que por ondas passa Do Éter nas rosas e áureas correntezas...

Cristais diluídos de clarões alacres, Desejos, vibrações, ânsias, alentos,

Fulvas vitórias, triunfamentos acres,

Os mais estranhos estremecimentos...

Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte...

B

(PUC-SP – MODELO ENEM) – No poema de Cruz e Sousa, ocorre o pre -domínio das seguintes caracterís ticas: a) invocações, misticismo, ausência de sequência temporal e maiús culas alegori -zantes.

b) explicações, sequência de traços, sequência temporal e nar radorpersona -gem.

c) explicações, sequência de traços, au -sência de conflito narrati vo e au-sência de narrador.

d) invocações, concomitância de traços, estaticidade, ausência de conflito nar -rativo e ausência de narrador.

e) invocações, concomitância de traços, estaticidade, sequência temporal e des -critor observador.

Resolução

O poema “Antífona” já pressupõe, no título, o caráter de uma espécie de ora ção ou ladainha simbolista, uma invoca -ção às formas alvas e evanescentes, para que fecundem a posia do autor com “a chama ideal de todos os mistérios”. Harmonizando sensações visuais, olfati -vas, sonoras e tácteis, Cruz e Sousa aspira à fusão do espiritual com o sen sorial, professando uma poética identifi -ca da com as sugestões transcen den -talistas em voga na sua época.

(Re)Leia a seguir o poema “Antífona”, constante dos exercícios resolvidos, e responda ao que se pede.

Texto

1 – Antífona: versos recitados na missa, em responsório, antes e depois do salmo.

A

O poema apresenta regularidade métrica? Qual a distri bui -ção de rimas das duas primeiras estrofes?

B

Localize no poema termos do vocabulário litúrgico, religioso. Que atmosfera geral esses termos conferem ao poema?

Olhos Fechados (1890), Odilon Redon (1840-1916) óleo sobre tela, Musée d’Orsay, Paris.

ANTÍFONA1

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas!... Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...

Incensos dos turíbulos das aras... vasos para queimar [incenso – altares

Formas do Amor, constelarmente puras, De Virgens e de Santas vaporosas...

Brilhos errantes, mádidas frescuras orvalhadas, úmidas

E dolências de lírios e de rosas... mágoas, dores

Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,

Réquiemdo Sol que a Dor da Luz resume... missa (ou [música) fúnebre

(...)

Fecundai o Mistério destes versos Com a chama ideal de todos os mistérios.

(...)

Que o pólen de ouro dos mais finos astros Fecunde e inflame a rima clara e ardente...

Que brilhe a correção dos alabastros rochas de cor branca

Sonoramente, luminosamente.

Forças originais, essência, graça De carnes de mulher, delicadezas...

Todo esse eflúvio que por ondas passa emanação, exalação

Do Éter nas rosas e áureas correntezas...

Cristais diluídos de clarões alacres, por álacres: alegres

Desejos, vibrações, ânsias, alentos,

Fulvas vitórias, triunfamentos acres, amarelas– amargos

Os mais estranhos estremecimentos...

Flores negras do tédio e flores vagas

De amores vãos, tantálicos, doentios... torturantes

Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,

Nos turbilhões quiméricos do Sonho, redemoinhos –

Passe, cantando, ante o perfil medonho [irreais, fantásticos

E o tropel cabalístico da Morte... cavalgada tumultuosa – [secreto, obscuro, misterioso

(Cruz e Sousa)

RESOLUÇÃO:

Sim, todos os versos são decassílabos. A distribuição de rimas, na primeira estrofe, obedece ao esquema ABBA (rimas inter -poladas) e, na segunda, ao esquema CDCD (rimas alternadas ou cruzadas).

RESOLUÇÃO:

“Antífona”, “incensos”, “turíbulos”, “aras”, “Virgens”, “San tas”, “Réquiem”. Esses termos conferem ao poema uma atmos -fera mística, espiritual.

nessa invocação?

a) O eu lírico invoca a luz e a função da linguagem implicada é a emotiva.

b) O eu lírico invoca as Formas e a função da linguagem im pli -ca da é a conativa.

c) O eu lírico invoca o deus Amor e a função da linguagem im -pli cada é a poética.

d) O eu lírico invoca as formas poéticas e a função da lingua -gem implicada é a metalinguística.

e) O eu lírico invoca a amada e a função da linguagem impli -cada é a conativa.

D

Pode-se considerar este poema metalinguístico? Justifi -que.

E

Que imagens visuais são usadas na primeira estrofe para caracterizar as Formas?

G

Que imagens olfativas estão presentes no poema?

H

As Formas são associadas a alguma imagem sonora?

RESOLUÇÃO:

Não, ao contrário, sugerem formas tênues, indefinidas, até invisíveis.

RESOLUÇÃO:

“Incensos dos turíbulos das aras”, “Harmo nias da Cor e do Perfume”.

RESOLUÇÃO:

Sim: “Indefiníveis músicas supremas”, “Que brilhe a correção dos alabastros / Sono ramente, luminosamente”.

RESOLUÇÃO:

“Alvas”, “brancas”, “claras”, “de luares”, “de neves”, “de neblinas”, “vagas”, “fluidas”, “cristalinas”.

RESOLUÇÃO:

Sim, pois seu tema é o fazer poético, a criação literária. RESOLUÇÃO:

São invocadas as Formas que o poeta pretende captar ou sugerir em seu poema. A função da linguagem implicada no recurso da invocação é a função conativa.

I

Observe o uso de reticências. O que o seu emprego suge -re?

J

O que as palavras “Mistério”, “Sonho”, “cabalístico”, pre -sentes nos versos, sugerem?

K

Este poema constitui um verdadeiro manifesto simbolista. Analisando-o, que características pode mos depreender da poesia simbolista?

RESOLUÇÃO:

Palavras empregadas não com significado exato, mas como símbolos, como imagens sensoriais que sugerem realidades invisí veis e interiores; vocabulário litúrgico; at mos fera mística e misteriosa; sinestesias; musicalidade.

RESOLUÇÃO:

As reticências sugerem o indizível, aquilo que não pode ser exatamente definido.

RESOLUÇÃO:

Sugerem algo desconhecido, inatingível, que não pode ser diretamente apreendido pela razão.

João da CRUZ E SOUSA

No documento 25 Aposto e Vocativo (páginas 107-111)