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Campinas: expansão do município e acirramento das questões sociais

CAPÍTULO 2 – O município de Campinas

2.2 Campinas: expansão do município e acirramento das questões sociais

não só mais através da incorporação de terras contíguas ao núcleo já urbanizado, mas predominantemente com a inclusão de áreas distantes, sem infra-estrutura”. (p. 127)

No período pós 64 houve o desaceleramento do setor de produção de bens duráveis na região metropolitana do Estado, gerando a partir dos anos 70 um grande número de desempregados. Houve uma desconcentração das indústrias da capital para regiões mais dinâmicas do interior paulista sendo, pois a partir deste período, verificada uma dinamização mais acentuada do processo de industrialização no interior paulista.

2.2 Campinas: expansão do município e acirramento das questões sociais

Baeninger (1996) e Semeghini (1991) em seus estudos sobre a expansão e análise demográfica em Campinas destacam que a cidade, a partir da década de 60, e principalmente em 70, transformou-se em um pólo de grande expansão industrial do Estado de São Paulo.

“A desconcentração relativa da atividade industrial a partir da região metropolitana de São Paulo, conduziu o município a um acelerado crescimento econômico e populacional. Além disso, a integração do mercado de trabalho, com a subordinação da agricultura à indústria, contribuiu para que novos incentivos governamentais beneficiassem a região”. (BAENINGER, 1996, p. 20)

Conforme dados dos censos demográficos do IBGE, Campinas no período de 1950 a 1980 teve um ritmo de crescimento acentuado. Sua população total em 1950 era de 152.540, ao passo que, em 1980, era de 664.559 habitantes, sendo que seu grau de urbanização passou de 70% para 89%. Atribui-se esta elevação, aos incentivos municipais para as instalações de indústrias que atraíram mão de obra para a região em grande escala. Entre 1960 e 1980 Semeghini (1991) relata que o número de estabelecimentos comerciais aumentou de 519 para 1.204 e que o pessoal ocupado saltou de 15.315 para 52.218 pessoas.

Nas décadas de 1970 e 1980, ocorreu intenso crescimento econômico na cidade, devido ao estímulo a expansão industrial36, a um crescente processo de urbanização do interior paulista e aos movimentos migratórios, que se concentravam em algumas das áreas do interior do Estado. A década de 1970, sobretudo, caracterizou-se por intensos deslocamentos de população em todo o Estado de São Paulo. A região de Campinas recebeu neste período por volta de 445 mil migrantes, sendo que 60,17% provinham de fluxos intra-estaduais e 38,73% de outros estados. Quanto aos fluxos intra-estaduais o maior volume adveio da região metropolitana de São Paulo (25,10%), seguido das regiões situadas a oeste do estado (27%). Em relação ao movimento interestadual, tem-se o Paraná contribuindo com mais da metade deste fluxo (52,58%), seguido de Minas Gerais (24,81%), Mato Grosso do Sul (4,7%) e Bahia (3,8%). (Censo demográfico de 1980, IBGE; FUNDAÇÃO SEADE, 1989, apud BAENINGER, 1996)

Baeninger (1996) salienta que a idade de 0 a 4 anos, correspondia a 7% do total migratório no período de 1970/1980, sendo a faixa de menor volume migratório. O maior volume migratório concentrou-se nas idades produtivas, isto é, entre 15 e 39 anos representado 52%. Quanto ao nível de escolaridade, a autora constata que tanto migrantes interestaduais, quanto os inter-regionais, em 1980, possuíam baixos níveis de escolarização. Semeghini (1991) destaca que população urbana em Campinas aumentou a uma taxa anual de 6,2% na década de 1960 e de 5,8% na de 1970. Desta forma, a população da cidade veio dobrando, em média, a cada 12 anos, devendo-se a isso os fluxos migratórios.

A Tabela 1 mostra a população residente em Campinas nas décadas de 1970, 1980 e 1990. Entre 1970 e 1980 a população cresceu aproximadamente 76,8%, e em 1990, 125,5%.

36 Segundo Semeghini (1991) a industrialização de Campinas remete a algumas considerações: intensificação

da implantação das grandes empresas de capital estrangeiro; desenvolvimento da própria base industrial local para o mercado nacional e internacional; boom agrícola; ação do Estado com a implantação da Replan; implementação do pólo de alta tecnologia (informática, microeletrônica, telecomunicações, química fina).

TABELA 1 - População Residente e taxa de crescimento em Campinas entre 1970 e 1990

Ano Total Taxa de crescimento %

1970 375.864 -

1980 664.566 76,8%

1990 847.595 125,5%

Fonte: IBGE.

Martins (2000) e Semeghini (1991) destacam que nos anos 60 e 70, o Brasil enfrentou um período caracterizado por um de seus maiores movimentos migratórios, com o fluxo de 30 milhões de pessoas deixando a zona rural e partindo para as regiões metropolitanas. “É o momento da explosão das regiões metropolitanas e das tentativas de interiorização do desenvolvimento”. (p. 124) Campinas, destacando-se neste contexto, evidenciava a falta de planejamento desta expansão, tendo um crescimento exponencial de favelas.

Para buscar soluções para moradia surgia na segunda metade da década de 1960, em Campinas, a COHAB - Campinas (Companhia de Habitação Popular de Campinas), pela lei no. 3213 de 17 de fevereiro de 1965, tendo como acionista majoritária a Prefeitura Municipal de Campinas. Sua criação destinava-se ao planejamento, produção e comercialização de unidades habitacionais, especialmente a população de baixa renda. Assim diz seu artigo 1o.:

“Fica o Prefeito Municipal autorizado a constituir, na forma da

legislação federal em vigor, uma sociedade de economia mista denominada Companhia de Habitação Popular do Município de Campinas – COHAB, tendo por objetivo o estudo e a solução do problema da habitação popular do município de Campinas, planejando e executando, prioritariamente, a erradicação de moradias que apresentam condições semelhantes às favelas, substituindo-as por casas que possuam os requisitos mínimos de habitabilidade.”

(www.campinas.sp.gov.br/bibjuri/lei3213.htm,em 16/01/2005)

A COHAB - Campinas foi declarada de utilidade pública, gozando de isenção de impostos municipais, conforme o artigo 6o. de sua lei. No artigo 9o. esclarece que suas

finalidades sociais estariam em conexão com o Banco Nacional de Habitação (BNH), podendo receber do mesmo financiamento, assessoramento e diretrizes.

Em 1970 as favelas na cidade eram menos de 1%, ao passo que em 1980 este índice elevou-se para 7,62%, com 44 mil pessoas habitando em 8.700 barracos. Um jornal da capital denunciava que o aumento das favelas na cidade de Campinas estava ligado ao intenso movimento migratório e a desqualificação dos que chegavam:

“Campinas só conseguirá terminar com suas favelas quando deixar de receber migrantes desqualificados, que chegam ao município a procura de melhores oportunidades. No momento Campinas recebe a média diária de quatro famílias – todas elas sem nenhuma condição ou recurso – que acabam se instalando nas favelas e criando maiores problemas”. 37

Campinas avançava na modernidade, porém convivia com milhares de pessoas sem os mínimos direitos sociais contemplados. Constatava-se a expansão do crescimento urbano em direção as regiões sul e oeste de Campinas, “para depois da Anhanguera” (MARTINS, 200, p. 150) Na reportagem “Campinas enfrenta o desafio das Favelas” do Jornal O Estado de São Paulo de 22 de julho de 1973, a situação precária das favelas é confirmada pela descrição feita sobre a situação dos barracos construídos nas zonas periféricas da cidade:

“Os barracos (...) apresentam vários problemas: estão em terrenos alheios, não oferecem garantias de estabilidade contra as chuvas e os ventos e condicionam as situações subumanas de vida. Devido à exigüidade de espaço, obrigam as famílias a uma promiscuidade e insalubridade, afetando de forma negativa os moradores dos bairros próximos (...). Os barracos são construídos de tábuas, pau a pique, zinco; cobertos com telhas, ou qualquer material disponível, e não apresentam divisões de ambiente. (...) O levantamento da Prefeitura demonstrou que as condições sanitárias são baixas. Não havendo coleta de lixo, os detritos são jogados perto dos barracos, provocando o aparecimento de insetos e mau cheiro, facilitando a propagação de moléstias infecto-contagiosas”.

A ineficiência das políticas social começava a dar sinais: problemas de abastecimento de água; dificuldades de moradia devido ao grande volume migratório,

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resultando nas favelas; ausência de postos de saúde, de creches e escolas; falta de pavimentação; transporte escasso e precário; precária rede de esgoto38.

O governo municipal, percebendo o avanço gradativo do número de favelas no município, começa a encaminhar as famílias migrantes, moradoras de favelas, que possuíam pai de família empregado e registrado, para o Serviço de Assistência Habitacional (órgão criado junto a Secretaria de Promoção Social e COHAB) onde eram incentivados a adquirirem casas financiadas pelo BNH. A família pagava uma parcela da residência e a ocupava, pagando o restante em quinze anos, com reajustes. A primeira, experiência em Campinas foi com o conjunto residencial Vila Rica, com 485 casas em 196639.

Com o intenso volume migratório e o avanço das favelas a COHAB passou a atuar de forma mais constante. Em Campinas foi responsável pela construção de 23.247 unidades habitacionais, como agente do Sistema Financeiro de Habitação e 3.807 lotes urbanizados com recursos próprios e da Prefeitura Municipal de Campinas. Teve como grandes conjuntos habitacionais as vilas “Padre Manoel da Nóbrega”, com 1.096 casas em 1978 e 928 apartamentos em 1982 e “Padre Anchieta”, com 2.492 casas em 1980 e 1.072 apartamentos em 1981. Os primeiros conjuntos habitacionais eram completos: distribuição de água; coleta e destinação de esgoto; galerias de águas pluviais, guias e sarjetas, pavimentação das ruas. A rede elétrica e a iluminação pública eram feitas pela CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz). Em alguns conjuntos também foram construídos equipamentos comunitários: creches, postos de saúde, escolas, centros comerciais. Estes equipamentos eram construídos após a entrega dos conjuntos sendo assessorados pela

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Com o crescente aumento da população de mendigos e pedintes houve a organização mais acentuada da filantropia, destacando-se neste contexto o Rotary Club de Campinas presidido por Eduardo Barros Pimentel, alto executivo da Bendix e daFiesp. A ele juntou-se o presidente da LBA de Campinas Ruy Rodrigues e o professor da Faculdade de Serviço Social da Puccamp e membro do Lions Club, Darcy Paz de Pádua. Foram defensores da idéia da criação de instituições comunitárias para o atendimento da população empobrecida da cidade. Criaram a Federação da Assistência Social na sede da ACIC (Associação Comercial e Industrial de Campinas), com o objetivo de arrecadarem recursos, estruturarem-se administrativamente, elaborarem estatutos e contatos com empresas. Os idealizadores da Federação foram procurados pelo ex-prefeito Lafayette Álvaro de Sousa Camargo, que junto com sua esposa já mantinham uma fundação para atender crianças pobres. Esta Fundação tinha como patrimônio a Fazenda Brandina, que juntando esforços com a Federação da Assistência Social, no dia 14de abril de 1964, aprovaram o estatuto da Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (FEAC) – Fundação Odila e Lafayette Álvaro, tendo comoprincipal patrimônio a Fazenda Brandina, onde deveria aglutinar as ações sociais de Campinas. A FEAC funcionou primeiramente na sede da LBA, onde foram feitos os primeiros pedidos de filiações de entidades por creches e orfanatos que realizaram campanhas de erradicação da mendicância. Em 1976 passou a sua sede própria para a então Vila Brandina, já tendo 25 entidades assistenciais filiadas. (MARTINS, 2000)

Prefeitura Municipal (THOMAS, 1991). Ressalta-se que a construção desta estrutura visava trazer à comunidade que ali iriam se instalar condições de acesso aos seus direitos sociais e será nestes conjuntos que irão surgir os equipamentos pré-escolares municipais de grande porte que irão provocar uma mudança substancial no atendimento municipal. O poder público atuava com uma política social completa, onde a população tinha o direito primeiramente à habitação, seguido do direito à saúde, educação e lazer. Além disso, com a criação dos centros comerciais, propiciava-se que cada vila tivesse sua autonomia quanto à aquisição de serviços básicos. Assim, esta forma de organização pressupunha que seus moradores pudessem satisfazer todas as suas necessidades evitando-se a ida ao centro da cidade.

Conforme Semeghini (1991) a COHAB foi um bom exemplo de privatização do poder público pós 1964 uma vez que era uma empresa privada, dotada de um conselho administrativo, composto por representantes do governo juntamente aos interesses empresariais urbanos (construção, projeto, transporte, etc), tendo como controle acionário a Prefeitura. Trabalhava com recursos federais e escapava ao controle de órgãos executivos e legislativos locais, não se submetendo ao planejamento urbano.

“Ao procurar terrenos mais baratos, para viabilizar o acesso à residência das camadas de mais baixa renda, serve aos interesses do capital imobiliário especulativo, que comanda sua ação, sejam porque está diretamente representado, sejam suas articulações com os organismos federais”. (p. 162)

Inicialmente a COHAB veio acompanhar a construção de casas populares próximas às instalações das indústrias e posteriormente, conforme Zimmermann (apud, BAENINGER, 1996) passou a construir casas prioritariamente em áreas loteadas esparsamente, que veio favorecer o transporte coletivo e o comércio varejista. A ocupação era caótica e não interligava os bairros, já no final da década de 60 o transporte ainda carecia de maior abrangência, bem como o comércio reduzia-se apenas a região central da cidade. Neste sentido, “a grande valorização dos terrenos centrais estimulou o processo de verticalização do antigo centro histórico de Campinas, ao mesmo tempo em que se intensificava o processo de horizontalização da cidade” (p. 59) Tem-se a “periferização” da população das camadas de baixa renda.

Com o crescimento das favelas, a mobilização popular também cresceu. Em 1969, os movimentos organizados em bairros e favelas de Campinas formaram-se a partir das comunidades eclesiais de base (Cebs). Os religiosos afinados às Cebs, entre 1972 e 1973, articulavam-se com a Pastoral Operária de Campinas apoiando o sindicalismo independente da cidade, nos moldes dos que se organizaram no ABC paulista o que mais tarde veio a ser a Oposição Sindical em Campinas, no ano de 1978. Nasceu também a Assembléia do Povo, movimento popular que reunia representantes das vilas populares que se estruturavam junto com os primeiros loteamentos clandestinos e favelas da cidade. Realizavam manifestações no Paço Municipal, reivindicando postos de saúde, creches, saneamento, iluminação, ou seja, condições sociais básicas. Conquistas foram alcançadas, como a urbanização de alguns núcleos de favelas feita com recursos exclusivamente municipais e com tratamento individualizado para cada núcleo.

“A forma de urbanização foi definida pelos moradores da área, que decidiram desde o tamanho do espaço do barraco, como os locais que desejam que permaneçam livres para futuras escolas e creches”. 40

Ocorrem ainda profundas transformações na dinâmica regional e nas atividades econômicas da região, que caracterizaram os rumos da urbanização da cidade. Modificaram-se os hábitos e comportamentos de consumo da população que se ampliava. De um lado um mercado de trabalho que passava a exigir cada vez mais uma mão de obra qualificada e reforçando o contingente de profissionais liberais formando a classe média campineira, e de outro lado a expansão do setor informal que atraia a população de baixa renda.

Conforme Baeninger (1996), o processo de favelamento acentuou-se tanto pela desordenada urbanização da cidade como pela crescente desigualdade social observada em todo país, gerada principalmente pelo modelo econômico que veio deprimir o emprego; a especulação da terra que teve seu preço elevado devido ao crescimento urbano; a incapacidade financeira das administrações municipais quanto às providências de moradia popular às camadas de baixa renda.

Segundo Thomas (1990), entre 1977/78, a Prefeitura de Campinas, com o crescimento do número de favelas e das pressões políticas das associações dos seus moradores descartou a idéia de erradicá-las, sendo adotada uma política de atuação nas próprias favelas com o objetivo de melhorar a vidas de seus moradores. São levadas a estas moradias: luz elétrica domiciliar, mutirões de limpeza, orientação para construção de fossas, palestras sobre saúde e atuação de psicólogos para organização destas comunidades. Neste período a COHAB passou a atuar com os estratos médios da população tendo seus clientes formados basicamente por operários empregados. A disputa para conseguir uma casa passava a ser grande, podendo ser verificado a prática de clientelismo na seleção de obtenção das moradias. Isto provocou, entre outros fatores, a uma indução dos mais pobres para as favelas, cortiços e autoconstruções em lotes periféricos.

Em 1979 as favelas cercavam a cidade e se infiltrava nela. Sua população era composta na maioria por pessoas que vieram do campo, de origem do próprio Estado de São Paulo, do Paraná e Minas Gerais. Da população favelada 24,72% era composta por crianças com menos de 6 anos, que viviam em péssimas condições de habitação, saúde e alimentação41.

Em 1980/81, havia em Campinas por volta de 80 loteamentos carentes, sendo que 43 estavam à beira de córregos e áreas alagadiças, abrigando uma população de 167.015 pessoas em condições precárias.

Em 1986 a desnutrição infantil havia aumentado. Em Campinas 80% das crianças com menos de cinco anos de idade eram desnutridas, sendo elas moradoras das regiões periféricas da cidade42. A taxa de mortalidade infantil também era alta nestas regiões, onde a desnutrição materna e o nascimento prematuro eram as suas principais causas. Ambas estavam ligadas Às precárias condições de vida em que se encontrava esta população43.

Semeghini (1991) aponta como principais efeitos sociais do crescimento econômico, populacional e urbano deste período os seguintes aspectos:

1. aumento do número de pessoas pobres, decorrente do êxodo rural, das condições perversas de distribuição de renda - os exíguos poderes aquisitivos

41 “Pesquisa mostra o drama das favelas de Campinas”. Diário do Povo. Campinas, 12 de abril de 1979;

“O problema da urbanização das favelas”. Correio Popular. Campinas, 31 de maio de 1979.

42 “Desnutrição, uma epidemia que se alastra”. Diário do Povo. Campinas, 05 de janeiro de 1986. 43 “Favelas: desnutrição crônica”. Diário do Povo. Campinas, 01 de maio de 1988.

das camadas pobres, impediam-lhe o acesso às mínimas condições de habitação e sobrevivência digna;

2. controle do capital imobiliário especulativo sobre a expansão física da cidade, resultando em uma malha urbana com bairros longínquos e de ocupação rarefeita, cortada por enormes vazios, tornando caro e problemático o provimento de infra-estrutura e transporte, isolando a população pobre espacialmente e fazendo subir terrenos acima dos níveis inflacionários;

3. ineficiência da atuação do poder público, que mesmo não ocorrendo à diminuição absoluta da receita real dos municípios no período de 1965/1980, a administração municipal não conseguiu atender as necessidades da população. Possivelmente se a opção fosse por soluções mais baratas e alternativas em contraposição à opção por obras faraônicas e patentes desperdício de recursos, os índices sociais poderiam ser diferentes.

Assim, Campinas que era apontada como um dos municípios mais ricos da região até então, evidenciou sinais de problemas de planejamento urbanístico e descontrole da miséria em face ao crescimento vertiginoso de sua população. A pobreza urbana era notável, devido ao surgimento de favelas, cortiços e expansão intensa à periferia da cidade. Juntou-se a estes fatores o aumento da violência e as desigualdades sociais. Problemas de políticas sociais foram observados intensamente na região de Campinas, pois ao mesmo tempo em que se assistia um processo de expansão econômica (grandes indústrias e a confluência de uma migração da classe média intelectual às indústrias de alta tecnologia e aos pólos de pesquisa), enfrentava-se a alta migração de uma população de baixa renda, absorvida geralmente pela construção civil e pelo setor terciário. Tal população ocupou a região periférica da cidade, distante do centro urbano, sem as condições básicas de habitação e sem os serviços essenciais de saúde e educação, sofrendo crescente deterioração de sua qualidade de vida.

Será neste contexto que o objeto em estudo será analisado, pois para a compreensão em como as políticas públicas para pré-escola em Campinas se conformaram é fundamental ter um panorama geral da cidade. Questões como o aumento vertiginoso da população no período em estudo que ocasionaram os problemas já ressaltados, expansão urbana

desordenada, aumento de favelas, abertura política entre outros, irão influenciar diretamente nas propostas da municipalidade frente à expansão de vagas nas pré-escolas da cidade, bem como na qualidade dos serviços prestados para esta faixa etária.

Capítulo 3 - O atendimento a criança de 4 a 6 anos pela Secretaria Municipal de

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