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Capítulo, denominado Do Porteiro e suas obrigações, era composto por 7 artigos (do 40 ao 46) O primeiro deles estabelecia: “O Porteiro do Seminário será obrigado a

trazer em pleno asseio as aulas, salas e mais partes do edifício.”273

Em conformidade com os presentes Estatutos, caberiam a este funcionário outras obrigações, para além das referidas, nomeadamente, fazer os sinais da capela para as reparações, conferências e conclusões, estar presente à abertura e encerramento das aulas, ter sob a sua guarda e vigilância o Livro de Ponto dos Lentes, numerado e rubricado pelo Presidente da Congregação no final de cada mês, devendo ainda extrair daquele livro, uma relação da frequência e apresentá-la à mesma Congregação.274

O Capítulo VIII, Das cadeiras de ensino e suas divisões, era constituído por três artigos (do 47 ao 49). O Art.º 47 estabelecia:

As cadeiras de ensino criadas pelo Decreto n.º 2.245 de 15 de setembro, reunidas as de História Sagrada e Teologia Exegética, Religião e Lugares Teológicos por nós criadas, formarão no nosso Seminário dois cursos distintos.275

De acordo com as sugestões do Padre Ernesto Camillo Barreto, propostas ao Bispo no seu relatório de 1862, o ensino no Seminário, a partir de 1863, passaria a dividir-se em dois

272 Ibidem, VI, Art.º 38, § 1 - 4. 273 Ibidem, VII, Art.º 40. 274

Ibidem, Art.º 43 - 46.

cursos, os Preparatórios e os Teológicos, ambos divididos em cinco anos e com a seguinte distribuição:

Curso de Preparatórios

1º Ano Latim

2º Ano Latim e Francês 3º Ano Latim e Francês

4º Ano Filosofia Racional e Retórica

5º Ano Filosofia Moral e Eloquência Sagrada.276

Curso Teológico

1º Ano História Sagrada, Exegética e Canto Gregoriano 2º Ano Instituições Canônicas e Liturgia

3º Ano História Eclesiástica e Teologia Moral 4º Ano Teologia Dogmática e Moral

5º Ano Teologia Dogmática e Moral.277

O Capítulo IX, denominado Da abertura e encerramento dos dois cursos, era constituído por três artigos (do 50 ao 52). O primeiro deles determinava, conforme havia sugerido o Pe. Ernesto, que o ano letivo de ambos os cursos começasse no dia 1 de fevereiro e terminasse em 15 de novembro. Caso houvesse algum impedimento, o primeiro se transferiria para o dia antecedente e o segundo para o seguinte. Entre os dias 16 a 30 de novembro seriam

276

Ibidem, Artº. 48.

efetuados os exames finais dos cursos, excetuando os de decúrias. Os cursos deveriam ser sempre abertos com uma oração de sapiência e encerrados com um discurso similar.278

O Capítulo X, Da admissão e matrícula dos Seminaristas, era formado por cinco artigos (do 53 ao 57). Conforme estabelecia o primeiro Estatuto, o pretendente ao Seminário somente poderia ser admitido e matriculado se estivesse munido de um requerimento assinado por si ou por seu pai, tutor ou responsável, de um atestado de procedimento, passado e assinado pelo Pároco e, se o pretendente tivesse mais de 18 anos de idade e já tivesse frequentado as aulas no Seminário, deveria apresentar um atestado que comprovasse que já havia sido examinado e aprovado nas matérias dos estudos anteriores aos do ano em que solicitava matrícula.279

O Art.º 55 determinava que, nenhum candidato poderia ser admitido à primeira matrícula de Latim ou Francês sem prestar um exame prévio de Leitura, Escrita, Gramática da Língua Nacional e Doutrina Cristã.280 Tal regra deve-se ao fato de que muitos alunos eram admitidos nessas aulas sem o devido domínio da língua nacional, fator que contribuiria para o atraso na conclusão do curso. As matrículas eram encerradas impreterivelmente a 30 de janeiro e expiravam com o início do ano letivo.281

Os Capítulos XI (Art.º 58 ao 70), XII (Art.º 71 ao 77), XIII (Art.º 78 ao 79), XIV (Art.º 80 ao 84), XV (Art.º 85 ao 86), XVI (Art.º 87 ao 88), XVII (Art.º 89 e 90), XVIII (Art.º 91) e XIX (Art.º 92 ao 94) aludem às cadeiras dos cursos de Preparatórios e Teológico do Seminário, aos seus horários de funcionamento e aos exercícios diários aplicados, aspectos que serão versados na parte da tese alusiva às cadeiras do Seminário.

O Capítulo XX, denominado Das Reparações e Conferências, incluía seis artigos (do 95 ao 100) que instituíam as normas exigidas para tais atos. As reparações determinadas

278 Ibidem, IX, Art.º 50 - 52. 279 Ibidem, X, Art.º 53 - 54. 280

Ibidem, Art.º 55.

para as aulas do Curso Teológico deveriam ser realizadas na sala das conferências do Seminário.282

Neste contexto, o Art.º 96 estabelecia:

O Lente que houver de reparar, confeccionará duas ou três teses sobre qualquer ponto ou tratado estudado no mês, e vinte quatro horas antes do ato as afixará na porta da sala das conferências, donde os alunos designados por ele para defendê-los e os demais Lentes extrairão cópias.283

Os alunos propostos, para defender as suas teses, forneceriam uma cópia das mesmas à Congregação. Seguidamente, o Secretário redigiria todos os casos propostos em cada uma das conferências e ordenaria que fossem publicadas nos jornais de maior circulação, registrando a ocorrência em livro competente. Em situação de falta ou impedimento do Lente que tivesse de reparar ou fazer a conferência, o ato não seria adiado, cabendo ao Lente substituto assumir a regência.284

O Capítulo XXI, Das conclusões de Teologia e Filosofia, era constituído por dez artigos (do Art.º 101 ao 110), os quais respeitavam às regras exigidas para as conclusões públicas dos alunos aprovados nas matérias de Teologia e Filosofia. Tais assuntos serão enfatizados na parte da tese relacionada com o sistema de avaliação. Vejamos, porém, alguns desses artigos.

O primeiro deles estava assim pronunciado:

Desejando-nos ardentemente estimular os talentos em proveito da Religião e do Estado, havemos por bem estabelecer conclusões públicas de Filosofia aos alunos provectos nesta ciência, e de Teologia aos que houverem sido aprovados nas matérias do Curso Teológico.285

282 Ibidem, XX, Art.º 95. 283 Ibidem, Art.º 96. 284

Ibidem, Art.º 98 - 100.

Antes da defesa das suas teses (ou conclusões), os alunos passariam por um exame de qualificação. Três dias antes do ato, o aluno deveria distribuir a cada um dos Lentes, ao Exmo. Presidente da Província e a cada Doutor que na ocasião se encontrasse na cidade, um exemplar das suas teses. Se aprovado, o aluno receberia do Presidente da Congregação uma coroa de flores como símbolo de aprovação.286

Em conformidade com o Art.º 109, se houvesse dois ou mais alunos pretendentes a defender conclusões, todos poderiam ser admitidos ao ato no mesmo dia e, neste caso, um faria a oração de abertura e o outro, a de encerramento.287

O Capítulo XXII, denominado Das faltas e suas notas, era composto por 7 artigos (do 111 ao 117). Compreendia-se por falta, a ausência na aula, nas lições, nas sabatinas, conferências, reparações, dissertações e confissões.288

Assim estabelecia o Artº. 112:

Aos que forem compreendidos nas ditas omissões se farão as seguintes notas: falta da aula, um ponto em cada dia; dita de separações, conferências e sabatinas dois pontos, não sendo o conferente, ou defendente da reparação ou sabatina, porque sendo, ser-lhe-ão contados cinco pontos pela omissão. A omissão das confissões será também notada com cinco pontos por cada vez.289

O Art.º 113 determinava que as faltas às confissões fossem levadas às notas de procedimento, tal como as de desobediência e mau comportamento. As demais eram consideradas faltas de frequência. Caberia aos lentes velar sobre as faltas e registrá-las nos mapas de frequência dos alunos.290 O aluno, em consequência do número de faltas poderia perder o ano letivo e até mesmo ser expulso do Seminário:

286 Ibidem, Artº. 103, 105 e 106. 287 Ibidem, Artº. 109.

288 Ibidem, XXII, Art.º 111. 289

Ibidem, Art.º 112.

Art.º 114 - Quarenta pontos na relação de frequência abonados ou não, serão bastantes para perda do ano letivo, e bem assim trinta desabonados.

Art.º 115 – Vinte pontos na relação de comportamento, não abonados, equivalerão à perca do ano, e mais de vinte à expulsão do aluno.291

Aos reparadores, conferentes ou defensores de sabatinas, que desempenhassem as suas funções de maneira satisfatória, eram abonadas três faltas dos que houvessem cometido tais atos, por omissão ou por não comparecimento às lições. Somente a Congregação, e nunca os Lentes em particular, poderiam abonar as faltas dos alunos, mediante requerimento das partes e à vista das relações a ela apresentadas pelos respectivos Lentes, acompanhadas de documentos que comprovassem a pertinência do abono.292

O Capítulo XXIII, Dos feriados, era formado por apenas um artigo (118), que estabelecia o seguinte:

Serão feriados além dos domingos e dias santificados, marcados no calendário, a Quarta-feira de Cinzas e os dias antecedentes, os dias 19 e 25 de março, desde o Domingo de Ramos até a Segunda-feira dos Prazeres inclusive, do Sábado de Pentecostes até Domingo da Trindade, os dias 3 de maio, 7 de setembro, 15 de outubro, o de Finados, e o espaço compreendido entre o último exame final até 31 de janeiro. Nas quintas-feiras não haverá aulas; porém serão ocupados com as reparações de Filosofia e Conferências as dez horas da manhã as primeiras, terceiras e últimas de cada mês.293

O Capítulo XXIV, denominado Dos exames de habilitação, de decúrias e seções de

tradução, incluía 4 artigos (do 119 ao 122), sendo que o primeiro deles estabelecia o seguinte: Quando por nós for remetido ao Presidente da Congregação o requerimento de algum pretendente à matrícula da aula de Latim ou Francês, este nomeará dois Lentes, inclusive o da aula, cuja matrícula for requerida, para sob sua Presidência examinarem o pretendente, verificado o exame, no mesmo requerimento nos será informado o seu resultado a fim de deliberarem o que for de justiça.294

291 Ibidem, Art.º 114-115. 292 Ibidem, Art.º 116-117. 293

Ibidem, XXIII, Art.º 118.

Os exames de decúrias, assim como os da 1ª, 2ª e 3ª seção de tradução, eram feitos mediante um requerimento do pretendente informado pelo respectivo Lente e dirigido ao Presidente da Congregação que, para esse fim, nomeava dois examinadores. Nos exames de decúrias eram exigidas provas de proficiência nas matérias da classe de que se pedia exame, bem como das anteriores. Nos de seção de tradução era indicado pelo Presidente, um capítulo ou período não traduzido do livro da seção a que pertenciam, além de um dicionário, dispondo os alunos de 15 minutos para arrumarem a versão, após os quais, seria iniciado o prazo para a concretização da respectiva tradução.295

Os alunos que fossem aprovados nos exames recebiam um “Passe” assinado pelo Presidente, Secretário e demais examinadores. Os exames da última seção de tradução só poderiam ser realizados no fim do ano letivo, sendo nesse período, proibidos os exames de decúria e habilitações.296

O Capítulo XXV, Dos exames finais de Latim e Francês, agregava 4 artigos (do 123 ao 126). De acordo com os novos Estatutos, os exames finais daquelas cadeiras teriam início a 18 de novembro de cada ano letivo. No dia 16 do mesmo mês, a Congregação elegia uma comissão de exames a quem competia a revisão dos clássicos Latinos e Franceses, a fim de eleger os períodos em prosa e verso que constituiriam a temática para a realização daqueles exames. Selecionada a matéria, esta era registrada em pequenos cartões que seriam colocados numa urna e sorteados entre os candidatos.297

Após a conclusão da tradução, era ditado a todos, por um dos examinadores, um período de um clássico português, para que fosse traduzido em Latim, dispondo aqueles de 15 minutos para a concretização dessa tarefa.298

O Capítulo XXVI, denominado Dos exames de Filosofia, Retórica e Teologia, integrava 9 artigos (do 127 ao 135). Após o término dos exames de Francês, a Congregação

295 Ibidem, Art.º 120. 296 Ibidem, Art.º 121 - 122. 297 Ibidem, XXV, Art.º 124 - 125. 298 Ibidem, Art.º 126.

reunia-se novamente com o objetivo de nomear uma nova comissão de exames que deveria escolher os pontos ou teses a serem sorteados pelos examinandos.299

O aluno que não comparecesse ao exame, no dia seguinte ao seu sorteio, não poderia realizá-lo com as mesmas teses, devendo extrair outras da urna, não lhe sendo em tal situação, concedido o período de 24 horas para preparação das mesmas, exceto quando o motivo da falta fosse relevante.300

Em conformidade com o Artigo 135, todos os Lentes poderiam contestar os examinandos em qualquer das matérias submetidas ao ato, porquanto a votação da aprovação e reprovação era uma competência de todos, não obstante, apenas três serem os examinadores de cada matéria e a estes caber a primazia dos primeiros argumentos.301

O Capítulo XXVII e último dos Novos Estatutos, denominado Das votações de

aprovação nos exames, reparações e conclusões finais, continha 8 artigos (do 136 ao 143). O

primeiro deles estabelecia o seguinte:

As votações de aprovação ou reprovação serão feitas imediatamente depois dos atos dos exames, reparações e conclusões finais por escrutínio secreto, com esferas brancas e pretas, indicando estas, reprovação e aquelas, aprovação.302

O nível de aprovação era ajustado pela quantidade de esferas brancas, isto é: a unanimidade delas indicaria aprovação absoluta, uma menos, aprovação simples e menos da metade, reprovação. Em situação de empate, o Presidente da Congregação daria o seu voto decisivo.303

Mesmo após terem sido plenamente aprovados, os alunos seriam sujeitos a um novo escrutínio de qualificação. Aos que nele recebessem a totalidade de esferas brancas, seria acrescentada à nota do exame a observação “com distinção” e, se além do aproveitamento

299 Ibidem, XXVI, Art.º 127. 300 Ibidem, Art.º 132. 301 Ibidem, Art.º 135. 302

Ibidem, XXVII, Art.º 136.

intelectual o aluno em causa fosse reconhecido pela sua boa conduta, através das informações facultadas pelo seu Lente, se adicionaria mais a seguinte anotação: “com louvores”.304

Conforme o Art.º 140, nos exames de Teologia Moral, o nível de aprovação ou reprovação seria indicado pela quantidade de pontos obtidos pelo examinado, a saber: de um a dez e meio, reprovado; de onze a vinte e um e meio, simplesmente aprovado; de vinte e dois a trinta, aprovado plenamente; de trinta e um a quarenta, acrescentar-se-ia à nota o termo: “com distinção”, ao qual se adicionava o de “louvores”, se a informação de comportamento facultada pelo respectivo Lente fosse boa.305

Quaisquer artigos dos Estatutos poderiam ser reformulados, ampliados ou excluídos “[...] conforme o exigir a prudência, a utilidade e a conveniência do Seminário”.306

Estatutos de 1865

Dom José Antônio dos Reis decidiu, em 1864, reformular alguns artigos dos Estatutos de 1863, porém, a alteração mais significativa ocorreu no ano de 1865, quando novos capítulos foram adicionados, perfazendo um total de trinta e sete, dez a mais que o anterior. De acordo com as suas palavras:

Há necessidade de dar aos Estatutos do nosso Seminário da Conceição desta Diocese uma nova organização a fim de pô-los em harmonia e de conformidade com as opiniões disciplinares do Governo Imperial segundo nos foi ultimamente comunicado pelo mesmo Governo pelo aviso do Ministério do Império de vinte de junho do ano próximo findo de 1864, e convindo mais fazer algumas modificações em diversos outros Artigos dos mesmos Estatutos […]307 304 Ibidem, Art.º 138. 305 Ibidem, Art.º 140. 306 Ibidem, Art.º 143. 307

Portaria de Dom José Antônio dos Reis, Bispo de Cuiabá, aprovando algumas alterações feitas nos Estatutos do Seminário Episcopal da Conceição. Cuiabá, 3 de janeiro de 1865. ACMC, Cx. 139.

Ao examinarmos alguns dos pontos alterados e acrescentados aos novos Estatutos, podemos observar que o Curso de Preparatórios, distribuído em 5 anos, ficou a partir de então, organizado da forma seguinte:

Curso de Preparatórios

1º Ano Latim e Canto Gregoriano

2º Ano Latim e Francês

3º Ano Latim e Francês

4º Ano Latim, Filosofia Racional e Retórica

5º Ano Assistência de Latim, Filosofia Moral e Eloquência Sagrada.308

O Curso Teológico, igualmente dado em 5 anos, ficou estruturado do seguinte modo:

Curso Teológico

1º Ano Teologia Exegética e Liturgia

2º Ano História Sagrada e Liturgia

3º Ano História Eclesiástica e Instituições Canônicas

4º Ano Instituições Canônicas, Teologia Dogmática e Teologia Moral

5º Ano Teologia Dogmática e Teologia Moral.309

308

Estatutos modificados de 2 de janeiro de 1865. Capítulo V, Art.º 20. ACMC, Cx. 139.

Observa-se que a cadeira de Canto Gregoriano, antes pertencente ao Curso Teológico, se deslocou para o de Preparatórios. O ensino de Latim, antes de duração de 3 anos, alargou-se para 4 anos, sendo que, no 5º ano, os alunos receberiam uma assistência ou aula de reforço.

A data de encerramento das aulas foi transferida, de 15 de novembro para 14 de outubro e os exames finais, antes encerrados em 30 de novembro, passaram a ser encerrados até 31 de outubro.310

Agora denominado Do Reitor, o Capítulo XXVI, determinava que aquele deveria ser um sacerdote íntegro, provido de sabedoria e merecedor da plena confiança do Bispo. Competia-lhe uma série de obrigações, nomeadamente, administrar, gerenciar e inspecionar o interior do Seminário, observar os horáriosdos pensionistas e levá-los à catedral nos dias santos, presidir a todos os atos do Seminário, corrigir os seminaristas transgressores e expulsar os irrecuperáveis, entre outras atribuições.311

De acordo com o Capítulo XXVII, na falta ou impedimento prolongado do Reitor, poderia ser criada no Seminário a figura de um Vice-Reitor.312

O Capítulo XXVIII, denominado Do Ecônomo, foi criado pelos presentes Estatutos, porém, as suas atribuições foram já referidas no capítulo desta tese respeitante à Administração do Seminário, onde se referia: “O Ecônomo seria pessoa de bons costumes, da confiança e nomeação do Reverendo Reitor”.313

Este empregado deveria residir no Seminário, tratar com respeito todos os seminaristas e funcionários da casa, fazer as compras ordenadas pelo Reitor, providenciar o asseio da cozinha, refeitório, enfermaria, corredores, salas do Seminário e da Capela. Cabia-lhe ainda, zelar sobre o cultivo e plantação do quintal, inspecionar os cozinheiros, velar as chaves da dispensa, cozinha e refeitório, bem como das portas e janelas do estabelecimento.314

310 Ibidem, VI, Art.º 23 - 24. 311 Ibidem, XXVI, Art.º 104, § 1 e ss. 312 Ibidem, XXVII, Artº. 107 - 108. 313

Ibidem, XXVIII, Art.º 109.

O Capítulo XXIX, denominado Do Porteiro e suas obrigações, cargo também abordado no capítulo alusivo à Administração, estabelecia que para além das obrigações estipuladas pelos Estatutos de 1863, inúmeros outros deveres lhe caberiam ainda, nomeadamente, residir no Seminário, num pequeno quarto situado perto da portaria, onde sempre deveria permanecer, tratar com gentileza e educação as pessoas que entrassem para falar com alguém, tocar o sino no horário de abertura e encerramento das aulas, proibir a entrada de mulheres no estabelecimento, qualquer que fosse a sua categoria ou da pessoa por quem procuravam, exceto os consanguíneos em primeiro grau, nas enfermidades graves de seus filhos ou irmãos, não admitir no Seminário visitas nas horas de silêncio e impedir que os seminaristas as recebessem em horas de atos de comunidade e aulas. As visitas que viessem em busca dos seminaristas, nas horas não proibidas, seriam encaminhadas à sala próxima da portaria e ali os aguardariam.315

O Capítulo XXX, denominado Das diversas classes de seminaristas, instituía que, no Seminário, poderiam existir 3 classes de seminaristas, designadamente, pensionistas internos, numerários e externos. Os pensionistas internos eram os que moravam no Seminário e pagavam uma mensalidade para o seu sustento, sendo o seu número de acordo com as instalações do edifício. Numerários, eram aqueles que moravam no Seminário e eram amparados as expensas dele, sendo o seu número limitado às posses do estabelecimento. Externos, eram os que recebiam as lições nas horas das aulas em que se matriculavam e, depois de destas concluídas, regressavam às suas residências.316

Os Capítulos XXXI e XXXII, designados dos Deveres dos seminaristas internos ou

externos e Deveres especiais dos seminaristas internos, estabeleciam respectivamente, os

deveres daqueles alunos. Na verdade, mantiveram-se os estabelecidos nos Estatutos de 1863, porém, acrescia-se ao seminarista interno uma série de proibições, nomeadamente, sair fora do seu quarto sem túnica, circular pelos corredores, cozinha e refeitório, perturbar o silêncio com algazarras, reunir-se em palestra nos quartos alheios fora das horas do recreio e descer à horta ou quintal sem permissão do Reitor. Era-lhes vedado ainda, entre outras proibições, receber visitas em horas de aula e de qualquer ato de comunidade e demorá-las por mais de meia hora

315

Ibidem, XXIX, Art.º 110, § 1 - 7.

em qualquer ocasião não proibida, usar de trajes seculares dentro ou fora do Seminário, sair à rua nos dias letivos e mesmo nos feriados e santificados sem o consentimento do Reitor e dormir fora do Seminário.317

O Capítulo XXXIII, designado Dos motivos de expulsão dos seminaristas, regulamentava as razões passíveis de expulsão, nomeadamente, desobediência formal ao