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O Seminário Episcopal da Conceição visto por dentro: Universo Físico, Administração e Estatutos

4.1 Da Concepção à Edificação Final

Compreender e explicar a realidade histórica de uma instituição é, segundo Magalhães, integrá-la de forma interativa num quadro mais amplo do sistema educativo, nos contextos e nas circunstâncias históricas, implicando-a na evolução de uma comunidade e de uma região, seu território, seus políticos e zonas de influência. A sistematização e a (re)escrita do itinerário histórico de uma instituição educativa na sua multidimensionalidade e na construção de um sentido, encontram nessa relação a sua principal base de informação e de orientação.171

Entre os principais aspectos a abordar, no sentido de analisar, compreender e descrever as instituições educativas, destacam-se os espaços, a estrutura arquitetônica, as áreas organizacionais, nomeadamente a estrutura física, a administrativa, a sociocultural e, sobretudo, a identidade cultural e educacional das instituições. Assim sendo, o estudo da materialidade física de uma instituição que marcou, indelevelmente, a história eclesiástica de Mato Grosso, na circunstância o Seminário Episcopal da Conceição constitui-se um pré- requisito para a compreensão da sua ação religiosa e educativa.

Comecemos pela análise da sua orgânica material, principal pressuposto para o desenvolvimento da sua proposta pedagógica. A construção do Seminário era, de tal modo considerada um empreendimento tão premente para a Província e, muito particularmente para a sua Capital, Cuiabá, que, muito antes da sua materialização física, ocorrida apenas cinco anos depois, havia já iniciado as suas atividades. Assim sendo, aquando do início das obras do edifício, ocorrido em 1859, contava já com um significativo número de alunos de Segundas Letras matriculados.

As aulas do Seminário de Cuiabá foram, como antes referimos, iniciadas no ano de 1854, na Capela do Senhor do Bom Despacho. Considerando uma avaliação do imóvel à época realizada, aquela Capela consistia num modesto edifício, à semelhança da maioria das

171

MAGALHÃES, Justino Pereira de. Tecendo nexos: história das instituições educativas. Bragança Paulista: Ed. Universitária S. Francisco, 2004, p. 133 - 134.

construções cuiabanas daquele período, não reunindo, por conseguinte, as condições físicas indispensáveis à prossecução das propostas pedagógicas de um seminário que necessitaria de um espaço mais amplo, de forma a viabilizar as suas múltiplas atividades e servir, concomitantemente, de domicílio dos padres e, sobretudo, dos futuros alunos internos.

Data de 9 de outubro de 1857 a primeira notícia alusiva à construção de um edifício adequado para um seminário, ocasião em que o Bispo de Cuiabá, Dom José Antônio dos Reis, solicitou ao Ministério da Justiça auxílio financeiro para que as respectivas obras pudessem ser iniciadas. A esta primeira solicitação, respondeu o Governo Imperial:

Tendo a Lei ultimamente votada consignado fundos para a fundação do Seminário dessa Diocese, o Governo Imperial, logo que entre em vigor asse Lei, tomará em consideração o pedido feito por V. Exª a tal respeito, em seu ofício de 13 de fevereiro último.172

Somente em agosto de 1858 a verba solicitada chegou a Cuiabá, ocasião em que a Dom José foi dado conhecimento do repasse de 5:000$000, do Ministério da Justiça para a tesouraria da Província de Mato Grosso. Esse fato empolgou o Bispo de tal modo que, a 7 de dezembro do mesmo ano, quatro meses após a primeira remessa, lançava a pedra fundamental, daquele que seria o primeiro e, até então o único estabelecimento de ensino secundário e sacerdotal da Província de Mato Grosso, sendo o ensino secundário orientado para o atendimento dos filhos das elites locais e, o sacerdotal, para estes e, supostamente, para os jovens oriundos das famílias mais modestas que viam na carreira sacerdotal uma forma de encaminhamento dos seus filhos.

A localização ora escolhida não aconteceu por acaso. Resultou de uma profunda observação e análise da região, porquanto, estando relativamente afastada do centro urbano, propiciava um clima de tranquilidade, indispensável ao espírito de oração e de reflexão que lhe estava subjacente. Por outro lado, a edificação do Seminário não pode ser entendida isoladamente, devendo ter-se em linha de conta todo o contexto envolvente em que se

172 Ofício do Ministério dos Negócios da Justiça ao Bispo de Cuiabá comunicando sobre a aprovação de Lei

orçamentária consignando verbas para a Fundação do Seminário Episcopal da Conceição, em Cuiabá. Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1857. ACBM - Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 976C.

inseriam algumas construções aí existentes, nomeadamente, a Capela do Bom Despacho, ao lado da qual foi erigido e a Santa Casa da Misericórdia, situada do lado oposto da rua e que, ainda hoje, cumpre a função para que foi destinada, sendo ambas instituições católicas e, por conseguinte, propriedade da Igreja.

O Seminário Episcopal da Conceição foi assim designado pelo fato de ter sido fundado na véspera do dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Brasil, a qual veio, posteriormente, a reunir grande número de devotos em torno de uma irmandade que não chegou a organizar-se estatutariamente, mas que em meados do século XX ganhou prestígio devido ao trabalho ali desenvolvido pelos Congregados Marianos.

A construção do Seminário foi determinada em função do espaço físico onde se pretendia proceder à sua implantação. Assim sendo, Dom José abandonou a ideia inicial de Frei Macerata, de construí-lo ao lado da Capela de São Gonçalo, por entender aquela localização muito acanhada. Neste contexto, direcionou a sua atenção para o Morro do Bom Despacho, um dos lugares mais elevados e aprazíveis de Cuiabá, situado acima do córrego da Prainha, local muito conhecido pelos bandeirantes do século XVIII que ali encontraram as primeiras jazidas de ouro da região. O seu nome advém da Capela de Nossa Senhora do Bom Despacho, de devoção portuguesa e dedicada à Virgem Maria como dispenseira das graças de Deus. Esta Ermida remonta aos primeiros tempos da colonização, dado que encontramos registros a ela alusivos, datados de 1740.

Para Magalhães, no que concerne aos espaços e estrutura arquitetônica dos edifícios, há instituições educativas que resultam de projetos de origem e outras instaladas em prédios adaptados. Em qualquer das circunstâncias, não pode deixar de considerar-se aspetos como localização, projeção e plano arquitetônico, enquadramento urbanístico e paisagístico e o tipo de construção, organização dos espaços, estado de conservação e respectivas adaptações. A inserção do edifício na paisagem, física e humana, os acessos e as formas de isolamento e de interação que retratam e influenciam a relação com a comunidade que o envolve.173

O lançamento da pedra fundamental do Seminário repercutiu positivamente no seio da comunidade cuiabana, sendo amplamente divulgado através do periódico O Noticiador

Cuiabano, de grande circulação na época:

[…] S. Exª. Revmª, acompanhado do Exmo. Presidente da Província, do Comandante Superior, do Dr. Chefe de Polícia, do Clero da capital, e de grande concurso de cidadãos, dirigiu-se à Igreja do Bom Despacho a fim de benzer e lançar a primeira pedra desse importante estabelecimento. Foram as ilustres autoridades recebidas na porta da capela pelos padres Ernesto Camilo Barreto e Joaquim Antônio da Silva Rondon, sendo em seguida lançada a bênção e a pedra, transladada num pequeno andor até o lugar em que deveria ser colocada. Continha uma lâmina com a inscrição – 1858 – e os sacerdotes que a conduziram foram, além dos já referidos, os padres Manuel Pereira Mendes e o Vigário Geral, padre Vasconcelos.174

O Seminário recebeu um ano depois, outra subvenção do Governo Imperial no valor de 6:000$000, comunicada ao Bispo da forma seguinte:

Solicitando nesta data do Ministério da Fazenda a expedição de ordens a fim de que seja posta na Tesouraria Solicitando nesta data do Ministério da Fazenda a expedição de ordens a fim de que seja posta na Tesouraria dessa Província à disposição de V. Exª a quantia de seis contos de réis (6:000$000) para construção do Seminário Episcopal; assim o comunico a V. Exª, para seu conhecimento.175

No ano de 1860, o Presidente da Província de Mato Grosso, Coronel Antônio Pedro de Alencastro, considerando a importância e urgência na construção do edifício, consignou a verba de 2:000$000, assim como apelou, junto do Governo Imperial, para que continuasse a subsidiar, com mais verbas, a sua edificação. Certamente, o gesto de Alencastro, demonstrou a insuficiência de recursos necessários à plena construção do Seminário que, durante muitos anos teve as suas obras paralisadas devido a esse fato. Tratava-se, obviamente, de uma construção ampla e dispendiosa considerando o fim a que se destinava. Mendonça, avaliando

174 Jornal O Noticiador Cuiabano. “O Seminário da Conceição”, nº [ilegível], p 4. Cuiabá, 12 de dezembro de

1858. APMT – Acervo de Jornais.

175 Ofício do Ministério dos Negócios da Justiça dirigido ao Bispo de Cuiabá, comunicando sobre a expedição de

verba para a construção do Seminário Episcopal da Conceição. Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1859. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 976D.

os esforços disponibilizados por Dom José Antônio dos Reis, considerou: “O Seminário da Conceição é bem o símbolo do episcopado de D. José, tanto mais que se pode dizer ter sido argamassado com as suas lágrimas, suores e sangue.176

Dom José Antônio dos Reis rogava às autoridades imperiais, no ano seguinte, mais verbas para o prosseguimento e conclusão das obras iniciadas em 1858 e que à data se encontravam paralisadas:

Tenho o coração cheio de tristeza e amargura, vendo a obra, que se fora possível acabá-la em um momento, assim deveria fazer-se pela suma necessidade que há de tal edifício; eu não tenho fortuna; se a tivesse, tal obra nunca pararia; o cofre Provincial, que deve dar-me 2:000$000 para ela, segundo determinou a Assembléia Legislativa Provincial, continua na mesma, se não a maior miséria de que já dei parte a V. Exª; agora, com a abundância das chuvas, temo até que se arruíne alguma parte do que está feito. Ah! E quanto tudo isso me aflige e dilacera o coração! Peço, pois, novamente, a V. Exª que se digne atender para a obra do Seminário desta Diocese, mandando, quanto antes, algum dinheiro, com que ela possa continuar, assim como peço, também, ainda mais, e suplico humildemente a V. Exª, que se digne relevar esta minha importunação, e principalmente, se com ela, de qualquer modo, ofendo o respeito e acatamento que devo a V. Exª.177

A rápida resposta do Ministério dos Negócios do Império alimentou o sonho do Bispo de Cuiabá quanto à prossecução das obras, dado que, foram repassados 4:000$000, através de ofício que declarava a intenção do citado Ministério, não apenas em continuar com o auxílio, mas alvitrando ainda a possibilidade de aumentá-lo.178

O progresso da obra estava sempre em relação direta com o repasse de verbas, como em 1862 considerou Herculano Ferreira Pena, Presidente da Província mato-grossense:

176 MENDONÇA, Rubens de. Evolução do Ensino em Mato Grosso. Cuiabá, S/Ed., 1977, p. 10. 177

Ofício de D. José Antônio dos Reis ao Ministério do Império, solicitando novo repasse de verbas para a continuação das obras do Seminário Episcopal da Conceição. Cuiabá, 12 de março de 1861. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 971B.

178 Ofício do Ministério dos Negócios da Justiça ao Bispo de Cuiabá, comunicando sobre a continuação do envio

de auxílio pecuniário para as obras do Seminário Episcopal da Conceição. Rio de Janeiro, 10 de maio de 1861. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 971E.

A construção do edifício sujeita à solícita e esclarecida inspeção do Exmo. Sr. Bispo Diocesano, tem sido muito retardada por deficiência de consignação pecuniária, estando somente em estado de servir 3 salas da frente, nas quais se estabeleceram as aulas. Entretanto, devemos esperar com toda a confiança as providências do Governo Imperial que nunca faltam em casos desta natureza.179

Perante a força política emanada do citado chefe do Governo Provincial, Dom José Antônio dos Reis, novamente solicitou ao Governo Central, verbas para a conclusão das obras do Seminário. Em resposta, o Governo Imperial ordenou que fosse elaborado um orçamento da fase terminal da edificação, para que fosse possível prever no orçamento geral, em tempo útil, a quota destinada ao Seminário da Conceição.180

Extremamente gratificante e motivador foi o ofício recebido pelo Bispo Diocesano, por parte do Ministério da Justiça, porquanto este lhe comunicava ter sido solicitado ao Ministério da Fazenda, o repasse de 8:000$000 (expresso em Aviso Ministerial de 12 de agosto de 1862), quantia avultada e bem acolhida pela Tesouraria Provincial.181

Esse período, de vigorosa injeção de recursos, ocorreu durante a gestão do Conselheiro Herculano Ferreira Pena que, por diversas vezes, lançou mão da sua influência junto do Imperador. Por ocasião da sua saída de Mato Grosso, precisamente a 12 de maio de 1863, a Congregação dos Lentes do Seminário Episcopal da Conceição agraciou-o com o título de Protetor do Seminário.182

O Governo Imperial achou por bem repassar o último auxílio, de 4:200$000, ainda no decurso do ano de 1863, sendo aquele dividido em 6 parcelas de 700$000. No final do citado

179 Relatório apresentado pelo Presidente da Província de Mato Grosso, Conselheiro Herculano Ferreira Pena à

Assembleia Legislativa Provincial. Cuiabá, 3 de maio de 1862. APMT – Relatórios.

180

Ofício do Ministério dos Negócios do Império ao Bispo de Cuiabá, solicitando um orçamento da finalização das obras do Seminário Episcopal da Conceição. Rio de Janeiro, 14 de abril de 1862. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 971B.

181 Ofício do Ministério dos Negócios do Império ao Bispo de Cuiabá comunicando o repasse de oito contos de

réis destinados ao prosseguimento das obras do Seminário Episcopal da Conceição. Rio de Janeiro, 28 de novembro de 1863. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 970L.

182 Ofício da Congregação dos Lentes do Seminário Episcopal da Conceição, ao Presidente da Província de Mato

Grosso, Herculano Ferreira Pena, agraciando-o com o título de Protetor do Estabelecimento. Cuiabá, 12 de maio de 1863. Livro da Secretaria do Seminário Episcopal da Conceição (1863-1865), fl. 6. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 150, Doc. 937.

ano, o Padre Ernesto Camillo Barreto, em relatório circunstanciado, dava conhecimento não apenas da estrutura do edifício mas, sobretudo, exaltava a figura de uma das mais consideradas personalidades da elite mato-grossense, o Capitão Antônio de Cerqueira Caldas, responsável pela administração da obra desde o lançamento da sua pedra fundamental:

[…] em cuja administração econômica e verdadeiramente patriótica se tem constituído credor das bênçãos de todos os homens amantes de seu país, e por sem dúvida merecedor de um justo prêmio, ante o Governo Imperial, que na distribuição das graças sabe contemplar os servidores desinteressados e úteis à geração presente e futura [...]183

As obras do Seminário encontravam-se bem adiantadas no final daquele ano de 1863, estando a parte frontal do edifício já em fase de conclusão, o andar superior, onde se situava o saguão da portaria, possuía já quatro salas concluídas e a quinta, ainda por finalizar, destinando-se estas à instalação da Biblioteca, à Secretaria e ao ensino das disciplinas. O Padre Ernesto, em relatório, descreveu meticulosamente o estado em que aquelas se encontravam:

Além da frente quase concluida, o edifício tem no andar superior cinco salas espaçosas destinadas às aulas e Biblioteca, e uma saleta por detrás da Biblioteca no prolongamento do ângulo. Funcionam na primeira, as aulas de Filosofia e Retórica; na segunda, as de Instituições Canônicas e História Eclesiástica; na quarta, as de Teologia Dogmática e Liturgia Sagrada; a quinta, ainda não concluída de todo, está destinada para a Biblioteca, e tem junto a si a saleta de que acima falei, que é a Secretaria.

A terceira, que ocupa o centro, é destinada às conferências, reparações, conclusões e mais atos solenes, e serve, igualmente de aula de Teologia Moral. No andar inferior, salvo o saguão da portaria, tem o edifício duas grandes salas onde funcionam, desde setembro, as aulas de Latim e Francês, e uma saleta por baixo da Secretaria, a qual serve de depósito aos chapéus dos estudantes dessas duas aulas. A conclusão desta parte do edifício, e sua continuação, são os ardentes desejos e veementes votos da província inteira.184

183 Relatório Anual do movimento do Seminário Episcopal da Conceição, apresentado ao Bispo de Cuiabá pelo

Presidente da Congregação dos Lentes do Seminário, Pe. Ernesto Camillo Barreto. Cuiabá, 28 de dezembro de 1863. Livro da Secretaria do Seminário Episcopal da Conceição, fl. 17. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 150, Doc. 937.

Uma dúvida se colocava, no entanto, apesar do adiantado estado da sua edificação: teria o Estabelecimento, nas condições narradas, capacidade para receber alunos internos? Foi a procura da resposta a esta questão que esteve na base da averiguação efetuada, no ano de 1864, pelo Ministério dos Negócios do Império.185

Nesse contexto assim se expressou o Padre Ernesto Camillo Barreto:

Com o externato só se pode aproveitar a mocidade residente no seio da capital, enquanto o internato levará a utilidade do estabelecimento às raias da província em todas as direções [...]. O internato, o mais poderoso meio de melhorar a educação dos jovens que, como Aram, tinham de ser chamados ao sacerdócio, não está longe de ser realizado entre nós, à vista das proporções que vai tomando o edifício [...].186

A preocupação com o internato do Seminário, já era manifestada em 1863 pelo Presidente da Província, Herculano Ferreira Pena, no seu relatório datado de 3 de maio daquele mesmo ano:

Enquanto o edifício não tiver os cômodos precisos para um internato, não poderá a Província gozar todas as vantagens que a instituição do Seminário promete à educação, assim do futuro clero, como de muitos jovens que não encontram hoje na capital um colégio sequer, onde possam residir e estudar os preparatórios exigidos para a matrícula nas diversas academias do Império.187

O Brigadeiro Alexandre Manuel Albino de Carvalho, então Presidente da Província, ao expor a situação do Seminário no relatório que, em 1864, apresentou à Assembleia Legislativa Provincial, manifestava o seu receio de que este não viesse a ser concluído, expressando-se nos termos seguintes:

185 Ofício do Ministério dos Negócios do Império ao Bispo de Cuiabá, solicitando informações sobre o

andamento das obras do Seminário e indagando se o mesmo já possuía condições para a admissão de alunos internos. Rio de Janeiro, 16 de junho de 1864. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 151, Doc. 946 B.

186 Relatório anual do movimento do Seminário Episcopal da Conceição apresentado ao Bispo de Cuiabá pelo

Presidente da Congregação, Pe. Ernesto Camillo Barreto. Cuiabá, 28 de dezembro de 1864. Livro da Secretaria do Seminário Episcopal da Conceição. fl. 32v. ACBM – Acervo do IPDAC, Pasta 150, Doc. 937.

187

Relatório apresentado pelo Presidente da Província de Mato Grosso, Conselheiro Herculano Ferreira Pena, à Assembleia Legislativa Provincial. Cuiabá, 3 de maio de 1863. APMT – Relatórios.

Para a construção do respectivo edifício, cujas obras continuam vantajosamente a cargo do Capitão Antônio de Cerqueira Caldas, tem sido consignada por várias ordens a soma total de 42:200$000, sendo 7:000$000 pelo cofre provincial e 35:200$000 pelo geral. Daquela soma têm-se despendido a de 40:099$857, restando somente a de 2:100$143 que brevemente se esgotará com a paga das obras em andamento.188

Considerando que fisicamente o edifício do Seminário se encontrava em parte terminado, foi colocado na Sala da Congregação dos Lentes, um retrato pintado a óleo do seu protetor, Capitão de Cerqueira Caldas189, primeiro e único Barão de Diamantino, oferta do Dr. Antônio Murtinho, médico e chefe do corpo de saúde da Província. Tal homenagem simbolizou um gesto de gratidão pelos serviços graciosamente prestados ao Bispado na vistoria e implementação da construção do edifício. Aquele retrato foi colocado ao lado de outro já existente na mesma Sala, este, de Dom José Antônio dos Reis. Agraciado pelo Seminário, Cerqueira Caldas, foi também homenageado pelo Governo Imperial, que lhe concedeu o título de “Cavaleiro da Ordem Rosa”.190

Um novo pedido de verba ao Governo Imperial por parte de Dom José, ocorreu ainda no ano de 1864, o qual mereceu a anuição do Marquês de Olinda que, em resposta informou:

Comunico a V. Exª. Rvmª que se expediu ordem para ser posta, no atual