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CAPÍTULO XL

No documento livro4 (páginas 175-200)

EM QUE SE VAI CONTINUANDO A DESCRIÇÃO DA ILHA DE S. MIGUEL PELA COSTA DO SUL, DA RIBEIRA SECA DE VILA-FRANCA DO CAMPO ATÉ O PORTO DA VILA DE

ÁGUA DO PAU

A Ribeira Seca que se chama assim pela razão já dita e porque alguns anos não chega no Verão a água dela ao mar, ainda que entra nela outra ribeira que chamam Ribeira Nova, salvo agora que há pouco tempo que em cima na serra Ihe meteram a Ribeira das Tainhas, por causa do engenho do açúquere que ali fez Lopo Anes de Araújo, o qual se desaparelhou com um espantoso furacão que desfez e queimou todos os canaviais, prantados não somente em Vila-Franca, mas nas vilas de Água do Pau e da Ribeira Grande, onde também os havia mui prósperos; e não só se perderam as canas que estavam prantadas, mas dali por diante nas que se prantaram houve tanto bicho que para o tirar era necessário arrancar todas as canas, pelo que os lavradores, que as faziam, as largaram e se deitaram delas, tirando alguns que perseveram, como foram os filhos de Sebastião de Crasto (255) que houveram o engenho de Gabriel Coelho, que se vendeu em pregão por parte de el-Rei, e agora o tem Diogo Leite, por falecimento de Manuel de Crasto e António de Crasto, seus cunhados, assim desaparelhado que foi de Lopo Anes de Araújo, e faz nele tanto proveito que Ihe rende cada ano muitas arrobas de açúquere, além do que nele moe de sua lavoura, com que está enobrecendo muito aquela Vila-Franca, onde residiu algum tempo e com outra grossa fazenda que granjeia, de que é bem merecedor, por sua muita prudência e virtude, pois a sabe repartir a seus tempos devidos e valer a muitos com ela, como seus predecessores faziam.

Quase desta ribeira e engenho se começa a antiga e nobre Vila-Franca do Campo e seus ricos pomares de muitas frutas, de que está rodeada, chamada Franca porque, segundo dizem, logo no princípio, tirando os dízimos que somente se pagam a el-Rei, era franca de todas as mais coisas e direitos, para melhor ser povoada esta ilha, e chamou-se do Campo por ser situada em um formoso campo, terra mais rasa com o mar que as outras partes de altas rochas, que ali os antigos descobridores descoberto haviam. Pelo que, parecendo-lhe aquela terra mais bem assombrada e assentada que todas as outras atrás, fazendo nela sua colónia, assentaram e edificaram naquele lugar esta primeira vila, que com a fertilidade da terra nova cresceu em pouco tempo, tanto em edifícios e comércio, que parecia uma pequena corte, ordenada com seus ilustres Capitães e fidalguia de muita gente nobre, que nela tinha suas ricas moradas e dela iam e mandavam cultivar as terras que por sorte e repartição couberam em toda a ilha, tornando-se sempre a recolher nela, a seus tempos devidos, com seus frutos que dali carregavam para fora, de modo que esta vila era toda a ilha e dela, como de colmeia cheia, e nobre e antigo tronco, saíram os enxames depois e se cortaram os generosos garfos dos moradores das outras vilas e lugares que nesta terra se fizeram e povoaram, antre todos os quais, Vila-Franca, como seu seminário, origem, cabeça, mãe e primeiro princípio, pode com sobeja razão pretender e ter mor lugar em toda a parte, como o tem nos ajuntamentos das Câmaras das vilas todas, onde fala primeiro, e, por ser amparo de toda a ilha, não somente tinha muita gente da terra, mas também forasteira e estrangeira, e muitos nobres e ricos mercadores, que a enobreciam com seus ricos tratos de trigo e pastel, que então tinham por sua principal granjearia, e agora é mais acrescentada com açúcares que nela se fazem, como adiante direi. Viveram e vivem nesta vila sempre homens de estima e bons spritos, prezando- se de suas honras, e governaram e governam sua república com prudência e bom zelo. As fazendas são pela maior parte dos moradores dela, com que são poderosos para prosseguir o que começam e pretendem, e, por serem suas e viverem com o seu, se tratam sempre à lei da nobreza. Há moradores que têm cinquenta, sessenta moios de renda e outros de doze, quinze mil, e outros seis, sete mil cruzados, afora muitos bem afazendados, com que o povo vive honrado e abastado. Tiveram uma rica igreja de naves, da advocação do Arcanjo

S. Miguel, padroeiro de toda a ilha. Caída esta e destruída a vila (como a seu tempo direi) edificaram outra, do mesmo Orago e não menos sumptuoso edifício, e outra vila, não menos nobre, da outra parte da ribeira, para a parte do ponente, no arrabalde que dantes era, com acrescentados privilégios dos cidadãos da cidade do Porto, para todos os nobres dela. Tem agora esta freguesia de S. Miguel quinhentos e dezanove fogos, e mil e novecentas e trinta e uma almas de confissão, das quais são de sacramentos mil e trezentas e sessenta e uma. O primeiro vigairo, antes da sua subversão, foi um padre da ordem do Convento de Tomar, porque vieram juntamente dois, um por vigairo de Vila-Franca e outro para vigairo da Vila da Praia, da ilha Terceira, a que não soube os nomes; o segundo, Frei Estêvão; o terceiro, Frei Simão Godinho, que morreu no mesmo terramoto; e depois dele, o quarto, Marcos de Sampaio; o quinto, Frei Melchior Homem, que, sendo vigairo na ilha de Santa Maria, trocou com Frei Marcos de Sampaio, todos homens para muito e que em seu tempo foram ouvidores do eclesiástico em toda a ilha; sexto, o licenciado António de Lira, letrado nos sacros cânones que agora reside na mesma igreja, que teve estes beneficiados, o primeiro, Bartolomeu Fernandes; o segundo, João Afonso; o terceiro, Álvaro Anes; o quarto, Roque Prégo; o quinto, Gaspar Mendes, filho do Potas; o sexto, Cristóvão Roiz; o sétimo, Simão Gonçalves; o oitavo, Cristóvão da Mota; o nono, Afonso Anes, que depois foi vigairo da Ponta da Garça; o décimo, João Folgado que trocou com Afonso Anes; o undécimo, Hierónimo Perdigão; o duodécimo, Frutuoso Coelho; o décimo tércio, Pero de Brum; o décimo quarto, João de Teve; o décimo quinto, Miguel do Quental, transferido do lugar da Maia; o décimo sexto, Fernão de Bastos, transferido do lugar da Bretanha; o décimo sétimo, António da Mota, no benefício de Cristóvão da Mota; o décimo octavo, Pero de Araújo, no benefício de Fernão Roiz, e outros, de modo que tem ao presente oito beneficiados e um cura, o primeiro dos quais foi Francisco da Ponte; o segundo, Sebastião de Faria, filho de Álvaro Dias; o terceiro, António Gonçalves, que agora serve.

Tem esta vila, sobmetidas à sua jurdição nove aldeias, sc., da banda do norte, cinco, Achada Grande, Achadinha, Fenais da Maia (256), Porto Formoso; da banda do sul, quatro, sc., Faial, Povoação Velha, Ponta da Garça, São Lázaro; quase todas com seus juízes pedâneos, de jurdição de cento até trezentos reis, e com seus escrivães e alcaides. Além dos dois mosteiros de religiosos e religiosas, e do Sprital e Casa de Misericórdia, que tem muito lustrosa, junto da igreja paroquial, tem seis devotas e bem ornadas ermidas, a primeira de S. João Batista, na quinta de Jorge da Mota, a segunda, de Santa Catarina, a terceira, de Nossa Senhora do Desterro, no pomar de João da Grãa, a quarta, do Corpo Santo, a quinta, de São Pedro, a sexta, de Santo Amaro, na Relva, à porta de Miguel da Grãa, filho de João da Grãa, em sua fazenda. Há em Vila-Franca três bandeiras de duzentos homens cada uma; os capitães foram: o primeiro, Pero da Costa, e seu alferes Jorge Furtado; o segundo, Pero Rodrigues Cordeiro e seu alferes Gaspar de Gouveia, seu genro; o terceiro, Diogo Dias Brandão, na Ponta da Garça, que morava nas Grotas Fundas, que é no cabo da freguesia da Ponta da Garça, e seu alferes António Furtado, que depois foi na mesma companhia capitão, e seu alferes Hierónimo de Araújo, e na mesma companhia sucedeu por capitão o mesmo Hierónimo de Araújo, e seu alferes Francisco Pacheco; e por morte de Francisco Pacheco, foi seu alferes António de Matos, que agora é capitão da mesma companhia, e seu alferes Filipe do Quental, seu irmão.

Na capitania de Pero da Costa, sucedeu por capitão Jorge Furtado, e seu alferes, João Roiz Cordeiro; e depois sucedeu a Jorge Furtado, Pero de Freitas (quando fizeram Pero da Costa capitão-mor), e seu alferes Lopo Anes Furtado, o qual foi capitão na mesma companhia e seu alferes Leonardo de Sousa, que ao presente é capitão na mesma companhia e seu alferes Apolinário Raposo, que agora servem os ditos cargos.

A Pero Rodrigues Cordeiro sucedeu por capitão Gaspar de Gouveia, seu genro, e seu alferes Jorge Correia, seu cunhado; esta companhia cessou então por dez anos, porque se fizeram, de toda esta gente, somente duas companhias, e fizeram então capitão-mor a Pero da Costa e depois dele feito, duraram estas duas companhias como cinco anos; depois se tornou a reformar a companhia de Gaspar de Gouveia, e sucedeu-lhe por capitão Manuel Favela da Costa e seu alferes Manuel da Mota e por um certo respeito Ihe tiraram a bandeira e a deram a Cosme de Brum, que agora tem este cargo.

Manuel Favela da Costa foi feito, pelo Conde D. Rui Gonçalves da Câmara, capitão no ano de mil e quinhentos e setenta e cinco e juntamente e no mesmo dia Lopo Anes Furtado capitão porque Hierónimo de Araújo o era dantes; e no mesmo dia e ano de mil e quinhentos e setenta

e cinco se fizeram os três alferes, sc., Manuel da Mota, para a bandeira de Manuel Favela e Leonardo de Sousa, para a bandeira de Lopo Anes, e António de Matos, para a bandeira de Hierónimo de Araújo, por seu alferes ser falecido.

O segundo capitão-mor, por se escusar Pero da Costa por sua muita idade, foi o capitão Alexandre; o terceiro capitão-mor é João de Arruda, filho de Pero da Costa que dantes era capitão da gente de cavalo, afora a qual há em Vila-Franca e Ponta da Garça seiscentos homens de peleja nas três bandeiras; e na dita Vila, de presídio, pôs o Marquês de Santa Cruz, depois da vitória que houve dos franceses, setecentos e tantos soldados castelhanos, de guarnição em cinco bandeiras. Da Ribeira Seca a um tiro de berço, estava antes do segundo terremoto um recife de areal, pequeno, cercado de rocha e penedia, onde havia dentro na água do mar, perto da terra, dois ilhéus pequenos, pelo que se chamava aquele lugar os Ilheusinhos, que agora estão entulhados de areia, como está todo este lugar até ao porto de Afonso Vaz que está perto, que é um porto de areia, de que agora se serve a vila e nele embarcam e desembarcam, o qual dantes do incêndio segundo, não servia, por terem outro melhor porto dentro na vila, e este fica desviado fora dela. Pegado com este porto, para a parte da vila, está uma ponta de pedra, que dantes era grande e agora mais curta, por estar entulhada da praia e areia; a qual ponta se chama de D. Breatiz, por ter ali dantes e agora suas casas, que escaparam do primeiro terremoto. Esta D. Breatiz foi mulher de Francisco da Cunha e filha natural do Capitão Rui Gonçalves, primeiro do nome. Desta ponta, um bom tiro de besta, vai a ribeira da vila entrar no mar, que vem de riba da serra, junto do nascimento da qual houve um pomar e bosque mui fresco, de que ainda agora há algumas mostras, onde se iam e vão recreiar muitas pessoas da vila; e abaixo, antes de chegar à vila, na entrada dela, havia um rico mosteiro de São Francisco e um fresco pomar, pelo meio do qual entrava esta ribeira, que Ihe acrescentava a frescura. Teve esta ribeira, antes do primeiro mistério, algumas pontes e passadiços, que então se perderam; agora tem uma ponte que se arruinou pelo segundo incêndio e está novamente repairada. Onde esta ribeira entra no mar soía a ser o porto da vila antes do primeiro dilúvio, e, por se danificar com a terra que correu, o passaram adiante, onde agora está a ermida do Corpo Santo, o qual tinha um bom recife onde se serviam de cárregas e descárregas e embarcações com facilidade, o qual serviu de porto até ao segundo incêndio que o danou e entulhou de areia, e cobriu toda uma ponta de pedra que entrava no mar, a que chamavam a Ponta do Peneireiro, parece que por ali perigar um, que nada agora aparece dela, e tudo é areal; como também entulhou outras pontas e calhetas e recifes mais pequenos, que havia perto da costa e a faziam muito fresca, deixando tudo feito um seco areal e sem nenhuma graça, como ao presente se vê. Está esta vila, de pouco tempo para cá (depois que com medo dos cossairos estão estas ilhas todas como em fronteira), fortificada da banda do mar com muitas cavas em seus lugares necessários, onde não havia rocha; a porta da parte de leste está no porto de Afonso Vaz, para por ela se servirem para ele; daí pela terra dentro a cerca um ribeiro que no Inverno traz alguma água quando chove e, por ser alto como cava, fica a vila daquela parte guardada e defensável até outra porta à entrada da ribeira no mar, onde está o porto velho, pegado com as nobres casas de Jorge Furtado, que ficaram do primeiro terremoto meias arruinadas, e foram de João do Outeiro, rico e poderoso; outra porta está pegada com a ermida do Corpo Santo, onde antes do segundo incêndio era o porto ordinário da vila na entrada da rua que vai ter ao terreiro da Casa da Misericórdia, que é uma sumptuosa casa de edifícios, onde se curam os pobres da vila e de fora; no mesmo terreiro, defronte da porta da Misericórdia, está uma fresca fonte de três copiosos canos de boa água; daí vai também um cano dela sair ao mar, para os mareantes se proverem dela facilmente, no tempo que ali estava o porto que, por se entulhar, está agora um pouco mais acima, à porta da vila, junto da ermida do Corpo Santo. Arriba da fonte está a sumptuosa e fresca igreja do Arcanjo São Miguel, padroeiro de toda a ilha; e ainda que as mais das casas desta vila são de alvenaria e fortes, grande parte delas são, como em algumas partes, de taipa, também mui fortes, por ser ali bom o barro de que se fazem, sem haver outras desta sorte em toda esta ilha. Da parte de leste desta igreja além da ribeira, onde antes do primeiro terremoto estava a vila, está agora um mosteiro da advocação de Santo André, o primeiro que houve nestas ilhas de religiosas da ordem de Santa Clara, ainda que grande e sumptuoso, mais rico em todo género de virtudes que em edifícios e oficinas, onde ao presente servem a Deus com bom exempIo e vida mais de cinquenta religiosas, antre professas e noviças, e com trinta servidores da mesma casa, com que são oitenta pessoas que comem da renda do mesmo mosteiro, que não é pequena, afora muita vizinhança pobre e muitos forasteiros. E da parte de loeste, no outro cabo da vila, está outro rico mosteiro de religiosos da ordem de São Francisco, da advocação de Nossa Senhora do Rosairo, onde haverá ordinariamente dez ou doze religiosos de muita virtude e quase

sempre há pregador, que tem o púlpito da vila por provisão de Sua Alteza, em que parece estar esta vila segura dos perigos e castigos, com que dantes foi tão castigada, pois está fortificada e como cercada daquém e dalém da ribeira, não com muros, nem cavas, nem rochas, como tem ao longo do mar, mas com fortíssimos corações religiosos e virtuosos, e com vigias e sentinelas que de dia e de noite a estão vigiando, olhando e guardando, fazendo frequentes sacrifícios e orações a Deus por seus moradores. Junto do mar, pouco desviado da ermida do Corpo Santo, tem um forte com boa artilharia, do qual forte, por espaço de mais de um tiro de berço, para a banda de leste, está uma ponta de pedra e terra, pouco saída ao mar, chamada a Ponta de São Pedro, por razão de uma ermida deste glorioso santo, que dantes do primeiro terremoto havia somente daquela parte da ribeira, no arrabalde em que agora está edificada a vila, no rocio, onde a fonte corre, e a ermida passada mais além para a banda do mosteiro de São Francisco, pelo que os que naquele tempo moravam na vila chamavam àquela ponta de terra Ponta de São Pedro, por estar dali daquela parte a sua ermida; na qual ponta está desde o princípio da ilha a forca e casa feita para ladrões e malfeitores, ainda que poucas vezes deles habitada; e chamam corruptamente algumas pessoas àquele lugar São Pedro o Velho, por ser antiga aquela casa de justiça, que parece uma ermida, a qual ponta servia e serve de embarcação de muita gente, pública e secreta.

Defronte desta Ponta de São Pedro, pouco mais de um tiro de besta ou de berço, dentro do mar, está o mais formoso ilhéu que há nas ilhas, assim pelo que parece de fora a quem o vê, como por ter dentro em si como uma alagoa de água do mar, que entra nele por concavidades e fendas e por um boqueirão que Ihe foi feito ao picão, para poderem entrar, como entram, barcos e navios de sessenta toneladas para baixo, pouco mais ou menos, para passarem ali seguros o tempo das tormentas e do Inverno. Terá este ilhéu três moios de terra e tem (como tenho dito) um porto por onde entram navios de cento e cinquenta moios de pão, em uma alagoa que tem dentro, de espaço de dez alqueires de terra, se fora terra a água dela, onde podem caber vinte navios, mas não tem altura para nadarem mais de quatro; tem fendas por onde entra a água mui furiosa e por elas se sorvem algumas coisas de navios que ali se perdem; tinha um boqueirão pela banda de sueste, pelo qual com tormenta entrava muito o mar nele e fazia perigar e perder os navios, que ali estavam acolhidos, o qual já está tapado; tem da parte do sul dois furulhões (257) um muito alto e outro mais baixo; cabe batel entre o mar e eles. Da banda do sudoeste tem uma lapa, com uma casa, onde pode caber fato ou carga de seis barcos e muita gente. Ao redor deste ilhéu, principalmente antre ele e a terra, é lugar onde os navios têm bom ancoradoiro. Havia neste ilhéu muitos coelhos que não há já agora, porque os ratos os desinçaram e achavam os láparos comidos deles pelas cabeças; houve nele também muitas cracas, mas já acabaram, com as muitas mogangas que nele se faziam; tem agora outro muito marisco de cranguejos, lapas, búzios e muito pescado miúdo, principalmente em tempo de tormenta, que ali se recolhe, pelo que se fazem nele grandes pescarias com caniços e tarrafas. Foi este ilhéu de João da Grãa, cavaleiro do hábito de Aviz, pelo pedir ao Capitão Rui Gonçalves, segundo do nome, por ser de sua casa e haver sido seu ouvidor nesta ilha. Agora está ornado com um forte muro que Ihe defende por ali a entrada do mar e tem a boca preparada para nele poderem entrar galés. É povoada Vila-Franca dos Costas, Arrudas, Motas, Colombreiros, Borges, Araújos que são os filhos de Lopo Anes, da parte do pai e Medeiros da parte da mãe, Furtados, Cordeiros, Pontes, Grãas, Correias, Pachecos, Jácomes, Raposos, Freitas, Afonsos, da Praia, Crastos, do Porto, e outra gente nobre, rica e poderosa

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