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Harper escavou a terra na base da clematite que trepava pelo aramado. Este lado do jardim era muito calmo. Os arbustos e as árvores ornamentais, os caminhos e os canteiros separavam aquilo a que ele ainda chamava casa de hóspedes do edifício principal.

Os narcisos começavam a abrir, o amarelo vivo fazendo forte contraste com o verde primaveril. As tulipas seriam as próximas. Eram uma das suas flores preferidas naquele início de primavera, por isso plantara um canteiro de bulbos à porta da cozinha da casa de hóspedes.

A casa era uma pequena cocheira e, segundo todas as mulheres que já levara lá, encantadora. “Casinha de bonecas”, essa era a expressão geralmente utilizada. Ele não se importava, apesar de pensar mais na casa como uma casa de campo ou uma casa de caseiro, com as aduelas de cedro caiadas e o telhado inclinado. Era confortável por dentro e por fora, e mais do que adequada às suas necessidades.

Havia uma pequena estufa a poucos metros da porta dos fundos, e esse era o seu domínio pessoal. A casinha estava suficientemente distante da casa principal para ter privacidade, razão pela qual não precisava se sentir mal quando tinha convidadas do sexo feminino passando a noite lá. No entanto, era suficientemente perto para poder chegar à casa principal em poucos minutos, se a mãe precisasse dele.

Não gostava que ela ficasse sozinha, apesar de David estar sempre por perto. E dava graças a Deus pela presença de David. Pouco lhe importava que ela fosse autossuficiente ou a pessoa mais forte que ele conhecia. Simplesmente, não gostava da ideia de a mãe estar sozinha naquela enorme casa velha, dia após dia, noite após noite.

Embora, sem dúvida, fosse preferível assim a ter ficado com aquele imbecil com quem se casara. Não havia palavras que descrevessem como desprezava Bryce Clerk. Supunha que o fato de a mãe ter caído na conversa dele provava que ela não era infalível, mas fora um erro grave para uma pessoa que raramente cometia erros.

Embora ela o tivesse abandonado, rapidamente e sem misericórdia, Harper ficara preocupado, sem saber como ele aceitaria a separação — em relação a Roz, à casa, ao dinheiro, a tudo.

E diabos o levassem se ele não tinha tentado entrar uma vez, à força na casa, na semana antes de o divórcio se sacramentar. Harper não tinha dúvidas de que a mãe teria conseguido lidar com ele, mas não fizera mal nenhum estar por perto.

E o prazer que lhe dera poder colocar aquele desgraçado interesseiro, falso e mentiroso para correr não tinha descrição.

Mas talvez já tivesse passado tempo suficiente. E não se podia dizer que atualmente ela estivesse sozinha na casa, de maneira alguma. Duas mulheres e duas crianças eram muita companhia. Com isso e com o negócio, ela andava mais ocupada do que nunca.

Talvez devesse começar a pensar em ter sua própria casa.

O problema era que não conseguia pensar numa boa razão para fazer isso. Adorava aquele local, como nunca amara uma mulher. Com uma espécie de paixão absorvente, respeito e gratidão.

Os jardins eram seu lar, mais até do que a casa grande, mais do que sua casinha. Na maior parte dos dias, podia sair de casa, dar uma boa e saudável caminhada, e estava no trabalho.

Deus sabia que não queria mudar-se para a cidade. Aquela barulheira toda, aquela gente toda. Memphis era ótima para uma saída à noite — uma discoteca, um encontro, para se reunir com os amigos. Mas, se lá vivesse, sufocaria em menos de um mês.

E decididamente não queria viver nos subúrbios. O que ele queria estava exatamente ali, onde vivia agora. Uma casinha bonita, vastos jardins, uma estufa e o trabalho a curta distância.

Agachou-se sobre os calcanhares e ajeitou o boné que usava para os cabelos não lhe caírem nos olhos. A primavera estava chegando. Não havia nada como a primavera ali. O cheiro, as imagens, até os sons.

A luz, com a aproximação do crepúsculo, estava mais suave. Quando o Sol se pusesse, o ar ficaria frio, mas já sem o gelo do inverno.

Quando acabasse de plantar, iria buscar uma cerveja. E se sentaria do lado de fora, na escuridão, ao ar livre, apreciando a solidão.

Tirou um amor-perfeito amarelo vivo do tabuleiro e começou a plantá-lo. Não a ouviu aproximando-se. Estava tão concentrado que nem reparou na sombra dela. Por isso, o “Olá!” amigável o fez dar um salto.

— Desculpe-me. — Rindo, Hayley afagou a barriga. — Pelo visto, você estava muito distante daqui.

— Acho que sim. — De súbito, os dedos pareciam-lhe gordos e desajeitados, o cérebro lento. Hayley tinha o sol por trás, por isso precisou semicerrar os olhos quando os ergueu para ela. Um halo de luz circundava-lhe a cabeça e o rosto estava oculto pelas sombras.

quais se derramava o som do REM. — Já os vi ao vivo, uma vez. Muito bons. Amores-perfeitos? São um artigo com muita saída neste momento.

— Bom, eles gostam do frio.

— Eu sei. Por que você os colocou aqui? Tem esta espécie de trepadeira. — Clematite. Gosta de sombra nas raízes. Por isso... colocamos plantas anuais em cima das raízes dela.

— Oh! — Agachou-se para ver melhor. — De que cor é a clematite?

— É púrpura. — Harper não tinha certeza se uma mulher grávida deveria agachar-se. As coisas lá dentro não ficariam muito apertadas? — Você quer uma cadeira ou qualquer coisa?

— Não, estou bem. Gosto da sua casa. — Eu também.

— Parece um livro de histórias, com os jardins e tudo. Quer dizer, a casa grande é fantástica, mas, às vezes, é um pouco intimidante. — Fez uma careta. — Espero não estar parecendo ingrata.

— Não, eu entendo o que você quer dizer. — Seria melhor se continuasse plantando. Ela não tinha cheiro de grávida. Tinha um cheiro sexy. E esse pensamento só podia estar errado. — É uma casa extraordinária e ninguém conseguiria arrancar minha mãe de lá, nem com dinamite. Mas é muita casa.

— Levei uma semana para superar o instinto de andar na ponta dos pés e falar em voz baixa. Posso plantar um?

— Não tem luvas. Vou buscar...

— Ora, não me importo de sujar as mãos. Hoje esteve aqui uma senhora que me disse que dava sorte uma grávida plantar jardins. Qualquer coisa a ver com fertilidade, acho eu.

Ele não queria pensar em fertilidade. Havia nisso qualquer coisa de assustador. — Força.

— Obrigada. Queria dizer... — E era mais fácil com as mãos ocupadas. — Bom, queria dizer que sei o que deve ter parecido eu surgir assim do nada, cair de paraquedas na porta da sua mãe. Mas não vou abusar da sua boa vontade. Não quero que pense que eu seria capaz de uma coisa dessas.

— Só conheci uma pessoa que foi capaz de fazer isso, e não durante muito tempo. — O segundo marido. — Hayley acenou enquanto calcava a terra em volta da planta. — Pedi ao David para me falar sobre ele, para não dizer qualquer coisa estúpida sem querer. Ele me contou que ele enganou Roz com outra mulher. — Escolheu outro amor-perfeito. — E que Roz, quando soube, lhe deu um pontapé tão grande e com tanta força que ele só aterrissou a meio caminho de Memphis. Tenho de admirá-la, porque, mesmo estando furiosa, com certeza isso a magoou. E mais, é embaraçoso quando alguém... ops!

Encostou a mão na parte lateral da barriga e Harper ficou branco como a cal da parede.

— O que foi? O que foi?

— Nada. O bebê está se mexendo. Às vezes me dá uns pontapés, mais nada. — Você devia se levantar, devia se sentar.

— Deixe-me só acabar esta. Onde eu vivia, quando a barriga começou a se fazer notar, havia pessoas que pensavam que eu tinha me metido em encrenca e que o pai do bebê me abandonara. Quer dizer, pelo amor de Deus, estamos no século xxi! Seja como for, isso me irritava, mas também era embaraçoso. Acho que, em parte, foi por isso que vim embora. É difícil sentir-se constantemente constrangida. Pronto. — Deu uma palmadinha na terra. — Estão muito bonitos.

Ele se levantou de um salto, para ajudá-la a se endireitar. — Quer sentar-se um pouco? Quer que eu a acompanhe até em casa? Ela deu uma palmadinha na barriga.

— Isso deixa você nervoso. — Parece que sim.

— A mim também. Mas está tudo bem. É melhor você ficar plantando o resto antes que escureça. — Olhou de novo para as flores, para a casa, para os jardins à sua volta, e aqueles olhos cor de água pareceram absorver tudo.

Depois se fixaram no rosto dele, e Harper sentiu a garganta seca. — Gosto mesmo da sua casa. Vemo-nos no trabalho.

Ele ficou parado, como se estivesse pregado no chão, enquanto ela se afastava, desaparecendo numa curva do caminho, rumo ao crepúsculo.

Harper se deu conta de que estava exausto. Como se tivesse acabado de correr uma maratona. Ia beber a tal cerveja, sentar-se um pouco. Logo acabaria de plantar os amores-perfeitos.

Enquanto as crianças levavam Parker para dar o seu passeio após o jantar, Stella arrumou a confusão que dois meninos e um cão podiam fazer numa cozinha com uma pizza de pepperoni.

— Na próxima noite de pizza, pago eu — disse Hayley, enquanto arrumava os copos na máquina de lavar.

— Combinado. — Stella olhou para ela. — Quando eu estava grávida do Luke, só queria comida italiana. Pizza, spaguetti, manicotti. Fiquei surpresa por ele não sair logo cantando o “That’s Amore”.

— Eu não tenho tido nenhum desejo específico. Como qualquer coisa. — Sob a luz dos holofotes, lá fora, viu os dois meninos e o cão correndo. — O bebê anda se mexendo muito. É normal, não é?

— Claro. Gavin se enroscava e dormia. Tinha de espetar o dedo na barriga ou beber uns goles de Coca-Cola para ele se mexer. Mas Luke fez ginástica na minha barriga durante meses. Não deixa você dormir?

pessoas do mundo. Só eu e ele... ou ela.

— Sei exatamente o que você quer dizer. Mas, Hayley, se alguma vez você estiver acordada, preocupada, ou se não se sentir bem, pode ir ao meu quarto.

O nó que Hayley tinha na garganta desapareceu instantaneamente. — Sério? Você não se importa?

— Claro que não. Às vezes, ajuda falar com alguém que já passou pela mesma coisa. — Não estou sozinha — disse Hayley baixinho, com os olhos nos meninos do outro lado da janela. — Não como pensei que estaria. Como estava preparada para estar... acho eu. — Seus olhos se encheram de lágrimas; ela pestanejou e esfregou-os. — Os malditos hormônios, céus!

— Chorar também ajuda. — Stella acariciou os ombros de Hayley. — E quero que me chame se precisar de alguém que vá às consultas com você.

— Quando fui lá, o médico disse que parecia estar tudo bem. Dentro do prazo previsto. E que eu deveria inscrever-me em aulas, sabe, para o parto. Mas eles preferem que tenhamos um parceiro.

— Eu, eu! Hayley riu e virou-se.

— Sério? Tem certeza? É muito pedir isso a você. — Adoraria. É quase tão bom como ter outro filho. — Gostaria de ter outro? Se...

— Sim. Dois era o plano inicial, mas, assim que Luke nasceu, eu pensei... como é que posso não fazer isso outra vez? Não seria divertido tentar ter uma menina? Mas outro menino também seria fantástico. — Inclinou-se sobre a bancada e olhou pela janela. — São fantásticos os meus filhos, não são?

— São mesmo.

— Kevin tinha tanto orgulho deles, adorava-os. Por ele, acho que teríamos meia dúzia.

Hayley percebeu a mudança no tom de voz e, dessa vez, foi ela que pousou a mão no ombro de Stella.

— Machuca muito falar sobre ele?

— Agora não mais. Por algum tempo, sim... por muito tempo. — Pegou um pano para limpar a bancada. — Mas agora é bom recordar. Reconfortante, suponho. Devia chamar os meninos para dentro.

Ao ouvir o som de passos no assoalho de madeira, voltou-se. Quando Roz entrou, Stella olhou para ela, surpresa.

Lembrava-se de que a primeira impressão que tivera de Rosalind Harper fora de uma mulher bela, mas aquela era a primeira vez que via Roz explorar seus atributos naturais.

Vestia um vestido cor de cobre liso, colado ao corpo, que fazia com que a pele parecesse brilhar. A saia e as sandálias de salto agulha realçavam as pernas esguias e tonificadas. Um delicado colar de filigrana, com uma lágrima de citrina, caía-lhe entre os

seios.

— David? — Roz olhou em volta, depois revirou os olhos escuros e dramáticos. — Vou chegar atrasada por causa dele.

Stella soltou um assobio exagerado. — Deixe-me dizer apenas, uau!

— Que tal? — Ela sorriu e deu meia-volta. — Devia estar maluca quando comprei estes sapatos. Vão me matar. Mas, quando tenho de me arrastar para um destes eventos de caridade, gosto de causar uma boa impressão.

— Se a impressão que você pretende deixar é “sou fabulosa” — interveio Hayley –, acertou em cheio.

— Era essa a intenção.

— Você está deslumbrante. Sexy, mas com classe. Todos os homens vão desejar trazer você para casa esta noite.

— Bom. — Com uma gargalhada, Roz balançou a cabeça. — É ótimo ter mulheres aqui em casa. Quem havia de dizer? Vou chatear David. Se eu não o apressar, vai ficar na frente do espelho mais meia hora.

— Divirta-se.

— Ninguém pode dizer que ela parece mãe de alguém — murmurou Stella entre dentes.

“Como estarei dentro de vinte anos?”, pensou Hayley.

Estudou seu reflexo no espelho enquanto passava creme de vitamina E na barriga e nos seios. Ainda conseguiria arrumar-se e saber que estava com boa aparência?

Claro que não tinha uma matéria-prima tão boa com que trabalhar como Roz. Lembrava-se de a avó lhe ter dito certa vez que a beleza estava na estrutura óssea. Olhar para Roz ajudava a perceber exatamente o que isso queria dizer.

Nunca seria tão deslumbrante quanto Roz, nem tão vistosa quanto Stella, mas não era feia. Tratava da pele, experimentava os truques de maquiagem que lia nas revistas.

Os homens sentiam-se atraídos por ela.

“Obviamente”, pensou, com um sorriso irônico, olhando para a barriga. Pelo menos antes de engravidar. A maioria dos homens não se sentia atraída por mulheres grávidas. E não fazia mal, porque naquele momento não estava interessada em homens. A única coisa que interessava era o seu bebê.

— Agora só você é que importa, anjinho — disse, enquanto vestia uma camiseta larga.

Depois de se meter na cama e ajeitar os travesseiros, pegou um dos livros empilhados na mesa de cabeceira. Tinha livros sobre parto, sobre gravidez, sobre desenvolvimento dos bebês. Toda noite lia um pouco de cada um.

Quando sentiu os olhos começarem a ficar pesados, fechou o livro. Apagou a luz e aninhou-se.

— Boa-noite, bebê — murmurou.

E teve aquela sensação precisamente quando estava prestes a adormecer. Aquele pequeno arrepio, a certeza absoluta de que não estava sozinha. Seu coração começou a bater mais depressa, até conseguir ouvi-lo. Reunindo toda a sua coragem, entreabriu os olhos.

Viu a figura de pé ao lado da cama. Os cabelos claros, o bonito rosto triste. Pensou em gritar, como pensava sempre que via a mulher. Mas se controlou, encheu-se de coragem e estendeu a mão.

Quando a sua mão passou através do braço da mulher, Hayley não conseguiu conter um grito abafado. E depois se viu sozinha, trêmula e à procura do interruptor do abajur.

— Não estou imaginando coisas. Não estou!

Stella subiu no banquinho para pendurar mais um cesto. Depois de olhar para as vendas do ano anterior e de fazer algumas contas, decidira aumentar a oferta em quinze por cento.

— Eu poderia fazer isso — insistiu Hayley. — Não vou cair de um banquinho de nada.

— Nem pense nisso. Passe-me esse. O das begônias. — São mesmo bonitas. Tão luxuriantes.

— Roz e Harper começaram a criá-las durante o inverno. As begônias e as marias-sem-vergonha vendem muito. Com criadores como Roz e Harper, podemos tê-las em grande quantidade, a baixo custo. Estas plantas são a base do nosso sustento.

— As pessoas poderiam criá-las em casa, sairia mais barato.

— Claro. — Stella desceu, reposicionou o banco e subiu de novo. — Os gerânios — pediu. — Mas é difícil resistir a todas essas cores e flores. Mesmo jardineiros entusiastas, aqueles que fazem seu próprio plantio, têm dificuldade em resistir a flores grandes e bonitas. As flores, minha jovem aprendiz, vendem.

— E é por isso que estamos pendurando estes cestos por todo o lado. — Sedução. Espere até mudarmos algumas das anuais lá para fora, para a parte da frente. As cores vão atrair os clientes. As perenes de floração precoce também.

Escolheu outro cesto.

— Chame Roz, está bem? Quero que ela veja isso e que me dê autorização para pendurar umas dezenas na estufa 3, junto do estoque extra. E escolha um vaso. Um dos grandes que não foram vendidos no ano passado. Quero arrumá-lo, pô-lo ao pé do balcão. Vou vender esse desgraçado. Na verdade, escolha dois. Apague o preço com desconto. Quando eu acabar, não só se venderão, como se venderão com um belo lucro.

— Está bem.

— Escolha um dos transparentes cor de cobalto — gritou Stella. — Sabe quais são? E não o pegue sozinha.

Na sua mente, Stella começou a arrumá-lo. Flores brancas — marias-sem-vergonha, cascatas de alyssum, realçadas pelo prateado de crisântemos e sálvia. Mais uma fileira de petúnias brancas. Droga, eu devia ter dito a Hayley para trazer um dos vasos de pedra cinzenta. Faria um bom contraste com o cobalto. E usaria cores quentes. Gerânios encarnados, lobélias, verbenas, marias-sem-vergonha vermelhas da Nova Guiné.

Somou e subtraiu plantas na cabeça, calculando o custo dos vasos, das plantas, da terra. E sorriu enquanto pendurava outro arranjo.

— Você não devia estar tratando de papelada?

Quase caiu do banco, e teria caído se alguém não a segurasse por trás.

— Não é só isso que eu faço. — Começou a descer, mas percebeu que, em cima do banco, conseguia olhar para ele nos olhos sem inclinar a cabeça. — Já pode tirar a mão, Logan.

— Ela não se importa de estar aí. — Mas baixou-a e enfiou-a no bolso. — Bonitos arranjos.

— Quer comprar?

— Talvez. Tinha uma expressão no rosto quando entrei. — Geralmente tenho. Por isso se chama rosto.

— Não, o tipo de expressão que as mulheres fazem quando estão pensando em como deixar um homem com cara de bobo.

— Tinha? Importa-se? — disse, apontando para um dos arranjos. — Está muito longe da verdade. Estava pensando em como vou transformar dois vasos da prateleira dos descontos em mostras estupendas e vendê-los com um lucro considerável.

Enquanto pendurava o arranjo, ele levantou outro e, limitando-se a esticar o braço, pendurou-o no lugar.

— Exibicionista. — Pequena.

Hayley apareceu à porta, depois deu meia-volta rapidamente e tornou a sair. — Hayley! — chamou Stella.

— Esqueci uma coisa — respondeu ela, sem parar.

Stella respirou fundo e pensou em pedir outro vaso a Logan, mas ele já havia pegado um e já o pendurara.

— Você tem andado ocupado — disse ela. — Tivemos tempo fresco e seco esta semana.

— Se veio buscar os arbustos para o trabalho do Pitt, posso tratar da papelada. — A minha equipe está carregando. Quero ver você outra vez.

— Bom, você está me vendo. Ele não tirou os olhos dos dela. — Sei que você não é boba. — Não, não sou. Mas não sei se...

— Nem eu — interrompeu ele. — Mas isso não me impede de querer ver você outra vez. É irritante pensar em você.

— Obrigada. Isso realmente me faz ter vontade de suspirar e cair nos seus braços. — Não quero que você caia nos meus braços. Se quisesse, daria um pontapé nesse banco.

Ela pousou a mão no coração, piscou e fez o seu melhor sotaque sulista. — Meu Deus, este sentimentalismo todo é demais para mim. Ele sorriu.

— Gosto de você, ruiva. Às vezes. Posso vir buscá-la às sete?

— O quê? Hoje? — O divertimento relutante transformou-se em pânico num abrir e fechar de olhos. — Não posso simplesmente sair assim, de um momento para o outro. Tenho dois filhos.

— E três adultos em casa. Há alguma razão para um deles ou os três não poderem tomar conta dos seus filhos durante algumas horas, esta noite?

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