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Não foram necessárias duas semanas. Dois dias depois, Stella concluiu que Hayley era a resposta às suas preces. Ali estava alguém com juventude, energia e entusiasmo, que compreendia e apreciava a eficiência no local de trabalho.

Sabia ler e criar planilhas de cálculos, compreendia as instruções de primeira e respeitava os códigos de cores. Se fosse tão boa no trato com os clientes como era com os sistemas de arquivo, seria uma joia.

No que dizia respeito às plantas, não sabia muito mais do que as coisas básicas: isto é um gerânio e isto é um amor-perfeito. Mas poderia aprender.

Stella já estava preparada para implorar a Roz que oferecesse a Hayley um emprego em meio-expediente quando maio se aproximasse.

— Hayley? — Stella enfiou a cabeça no novo escritório, arrumado e eficiente. — Por que não vem comigo? Temos quase uma hora até abrirmos. Vamos ter uma aula sobre plantas de sombra na estufa 3.

— Ok. Já está tudo inserido até a letra “H” nas perenes. Não sei o que é metade delas, mas ando lendo umas coisas à noite. Não sabia que os girassóis se chamavam Helia... espera... Helianthus.

— É mais correto dizer que os Helianthus se chamam girassóis. As plantas perenes podem ser divididas na primavera, tanto as que são propagadas por sementes na primavera quanto aquelas por estacas no fim da primavera. As sementes do Helianthus anual podem ser colhidas, daquele grande olho castanho, no final do verão ou no começo do outono. Apesar de as cultivadas se hibridizarem livremente, podem não nascer das sementes recolhidas. E aqui estou eu dando uma palestra.

— Não faz mal. Cresci com um professor. Gosto de aprender. Enquanto passavam pela área de atendimento, Hayley olhou para a janela. — Acabou de parar uma picape junto da... como é que vocês chamam? Calçada — disse, antes que Stella pudesse responder. — E, hum... olha bem para o que está saindo

daquela picape. Alto, moreno e totalmente sarado. Quem é o tipo? Esforçando-se para não franzir a testa, Stella encolheu os ombros.

— Deve ser Logan Kitridge, o paisagista de Roz. Suponho que tem muitos pontos na escala de tipos.

— Pontuação máxima na minha escala. — Ao ver a expressão de Stella, Hayley levou a mão à barriga e riu. — Estou grávida, mas ainda tenho as peças todas funcionando. E, por não estar à procura de homem, isso não quer dizer que não goste de olhar para eles. Principalmente quando são tão interessantes. Ele é mesmo duro e sério, não é? Por que será que os homens duros e sérios nos causam um aperto no estômago?

— Não faço ideia. O que ele está fazendo?

— Parece que está carregando pedras. Se não estivesse fazendo tanto frio, aposto que tiraria o casaco. E teríamos um verdadeiro espetáculo de músculos. Céus, bem que dizem que os olhos também comem.

— Você ainda vai ter uma indigestão — murmurou Stella. — Ele não tem planos para pedras de calçada. Não fez nenhum pedido de pedras. Raios!

Hayley ergueu as sobrancelhas quando Stella se dirigiu à porta e saiu com ar decidido. Depois encostou o nariz à janela, preparada para assistir ao espetáculo.

— Com licença?

— Hum? — respondeu Hayley em tom ausente, enquanto tentava ver melhor o que se passava lá fora. Depois afastou-se da janela, lembrando-se de que espiar era uma coisa, ser flagrada nessa situação era outra. Virou-se e simulou um sorriso inocente. E constatou que seus olhos iriam se fartar.

Este não era grande e sério, mas meio desajeitado e sonhador. E muito interessante. Seu cérebro levou um instante para começar a trabalhar, mas finalmente percebeu quem era.

— Olá! Você deve ser Harper. É muito parecido com a sua mãe. Ainda não nos tínhamos visto porque parece que você nunca está por aqui ao mesmo tempo que eu. Enfim. Eu sou Hayley. A prima Hayley, de Little Rock. Talvez a sua mãe tenha dito que estou trabalhando aqui.

— Sim, sim. — Harper não conseguiu lembrar-se de mais nada para dizer. Mal conseguia pensar. Sentia-se fulminado e tolo.

— Você não adora trabalhar aqui? Eu já adoro. Há tanta coisa e os clientes são tão simpáticos. E Stella é fantástica. A sua mãe é... nem sei, uma deusa, por ter me dado essa oportunidade.

— Sim. — Fez uma careta. Não costumava ser tão pouco eloquente. — Elas são fantásticas. É fantástico. — Pelo visto, estava batendo todos os recordes. E, claro, ele costumava ser bom com as mulheres. Geralmente. Mas um olhar para aquela e parecia que havia levado uma pancada na cabeça. — Ah... você precisa de alguma coisa?

— Não. — Ela lhe sorriu com expressão curiosa. — Acho que você é que está precisando.

— Não sei. — Pousou a mão na fascinante elevação da barriga e riu, um riso rouco e livre. — Foi você que entrou aqui.

— Certo, certo. Não, nada. Agora. Mais tarde. Tenho de voltar. — Lá para fora, para o ar livre, onde talvez conseguisse respirar de novo.

— Foi um prazer conhecer você, Harper.

— Igualmente. — Olhou para trás antes de sair e viu que ela já estava outra vez encostada à janela.

Lá fora, Stella atravessou rapidamente o estacionamento. Chamou duas vezes e, da segunda, conseguiu da parte de Logan um olhar breve e um aceno distraído. Cada vez mais furiosa à medida que se aproximava, explodiu assim que chegou junto das pilhas de pedras.

— O que você pensa que está fazendo?

— Jogando tênis. O que lhe parece que estou fazendo?

— Parece-me que está tirando material que não encomendou e que não foi autorizado a levar.

— Sério? — Pegou mais uma pilha. — Não admira que a minha caligrafia esteja enferrujada. — A picape estremeceu quando largou a carga. — Ei! — Para grande espanto de Stella, ele se inclinou para ela e a cheirou. — Xampu diferente. Cheira bem.

— Pare de me cheirar — repeliu-o com uma sacudidela no queixo e recuou. — Não consigo evitar. Está vindo aqui. Tenho nariz.

— Preciso da papelada desse material.

— Sim, sim, sim. Está bem. Eu entro para tratar disso depois de carregar tudo. — Devia tratar disso antes de carregar.

Ele se voltou e lhe lançou um olhar quente com aqueles olhos verde-musgo. — Você é uma chata, ruiva.

— Tenho de ser. Sou a gerente.

Ele sorriu e baixou os óculos de sol para olhar para ela.

— E muito boa nisso, também. Pense na coisa da seguinte maneira: as pedras estão armazenadas no caminho para o edifício. Se carregá-las primeiro e só depois entrar, na realidade estarei sendo mais eficiente.

O sorriso tornou-se irônico.

— Isso seria importante, acho eu, se estivéssemos fazendo, digamos, uma projeção das horas de trabalho.

Encostou-se na picape e estudou-a. Depois, pegou mais uma pilha de pedras. — E ficar aí parada olhando para mim significa que está perdendo tempo e, muito provavelmente, aumentando suas horas de trabalho.

— Se não entrar para tratar da papelada, Kitridge, eu vou atrás de você. — Não me tente.

Estava imaginando qual seria a melhor forma de irritar Stella outra vez. Os olhos dela ficavam num tom azul-escuro quando se irritava. Mas, quando entrou, viu Hayley.

— Olá.

— Olá — disse ela com um sorriso. — Chamo-me Hayley Phillips. Sou parente da Roz por parte da família do primeiro marido dela. Agora trabalho aqui.

— Logan. Muito prazer. Não deixe que esta ianque a assuste. — Apontou para Stella com um aceno de cabeça. — Onde estão os formulários sagrados e a faca ritual para eu poder cortar uma veia e assiná-los com sangue?

— No meu escritório.

— Muito bem! — Mas deixou-se ficar, em vez de segui-la. — Para quando é o bebê? — perguntou a Hayley.

— Maio. — Sente-se bem? — Nunca me senti melhor.

— Ótimo. Esta é uma boa empresa, um bom lugar para se trabalhar, na maior parte do tempo. Bem-vinda a bordo. — Dirigiu-se ao escritório de Stella, onde ela já estava sentada em frente ao computador, com o formulário aberto na tela.

— Eu trato deste, para poupar tempo. Mas há um monte deles naquela pasta. Leve-a. Basta preenchê-los quando precisar, pôr a data e assinar ou fazer uma rubricLeve-a. E depois deixá-los aqui.

— Hum — disse ele, olhando em volta. A escrivaninha estava limpa. Não havia caixas nem livros no chão ou empilhados em cima de cadeiras.

“É pena”, pensou. “Ele gostava do caos normal do escritório antigo.” — Onde está tudo o que costumava estar aqui?

— Em seu devido lugar. Aquelas pedras eram as redondas de 45 centímetros de diâmetro, número A-23?

— Eram as redondas de 45 centímetros. — Pegou a fotografia emoldurada que havia em cima da escrivaninha e olhou para a fotografia dos meninos com o cão. — Muito bonitos.

— São mesmo. As pedras são para uso pessoal ou para um trabalho contratado? — Ruiva, nunca perde a pose?

— Não. Nós, ianques, somos assim. Ele passou a língua pelos dentes. — Hum.

— Imagina, por acaso, como estou farta de ser tratada por “ianque”, como se fosse uma espécie estranha ou uma doença? Metade dos clientes que entram aqui olha para mim como se eu fosse de outro planeta e houvesse a possibilidade de não vir em paz. Depois, tenho de lhes dizer que nasci aqui, responder a uma série de perguntas sobre a razão de ter ido embora, de ter voltado, quem é a minha gente, pelo amor de Deus, antes de poder voltar ao trabalho. Sou do Michigan, não da Lua, e a maldita Guerra Civil já acabou há algum tempo.

Sim, tal e qual os tremoços do Texas.

— Deste lado da Linha Mason-Dixie, chamamos de a maldita Guerra Entre os Estados, querida. E parece-me que, afinal, perde a compostura quando está irritada.

— Não me chame de “querida” com esse sotaque sulista. — Sabe, ruiva, gosto mais de você assim.

— Oh, cale-se. As pedras. Uso pessoal ou profissional?

— Bom, isso depende do ponto de vista. — Uma vez que já tinha espaço para isso, sentou-se ao canto da escrivaninha. — São para uma amiga. Estou fazendo um caminho... no meu tempo livre, sem prejuízo para o trabalho. Eu lhe disse que vinha buscar o material e que depois lhe mandaria a conta.

— Vamos considerar uso pessoal e usar o seu desconto de empregado. — Começou a escrever. — Quantas pedras?

— Vinte e duas.

Ela anotou o número e lhe deu o preço por pedra, antes e depois do desconto. Impressionado, mesmo contra sua vontade, ele apontou para o monitor. — Tem algum nerd da matemática preso aí dentro?

— Apenas as maravilhas do século xxi. Se experimentasse, veria que é mais rápido do que contar nos dedos.

— Não sei. Tenho dedos bastante rápidos. — Tamborilando-os na perna, olhou para ela. — Preciso de três pinheiros brancos.

— Para a mesma amiga?

— Não. — Ele sorriu, um sorriso rápido de esguelha. Se ela quisesse interpretar “amiga” como “namorada”, ele não via de que adiantaria dizer-lhe que as pedras eram para a sra. Kingsley, sua professora de inglês do décimo ano. — Os pinheiros são para um cliente. Roland Guppy. Sim, como o peixe. Provavelmente ele deve constar em algum lugar de seus vastos e misteriosos arquivos. Fizemos um trabalho para ele no outono passado.

Uma vez que havia uma cafeteira na mesa encostada à parede e ela estava pela metade, ele se levantou, pegou uma caneca e serviu-se.

— Faça de conta que está em casa — disse Stella secamente.

— Obrigado. Por acaso, fui eu que lhe recomendei os pinheiros brancos como cerca viva. Ele hesitou. Levou este tempo todo para admitir que eu tinha razão. Telefonou-me ontem para casa. Eu lhe disse que os levaria e o ajudaria.

— Precisamos de um formulário diferente. Ele provou o café. Nada mal.

— Não sei por quê, mas estava mesmo tentando adivinhar. — As pedras são tudo o que vai levar para uso pessoal? — Provavelmente. Por ora.

Ela apertou a tecla de impressão e abriu outro formulário. — Três pinheiros brancos. De que tamanho? — Temos aí uns bons de dois metros e meio.

— Com raiz? — Sim.

“Meia dúzia de teclas”, pensou ele, maravilhado, “e tudo pronto”. A mulher tinha dedos bonitos. Longos e esguios, com aquele esmalte cintilante, da cor delicada do interior de uma pétala de rosa.

Não usava anéis. — Mais alguma coisa?

Ele apalpou os bolsos e, por fim, encontrou um pedaço de papel. — Foi o preço que eu lhe dei para plantar os pinheiros.

Ela acrescentou o preço da mão de obra, somou e imprimiu três cópias enquanto ele bebia o café dela.

— Uma assinatura ou uma rubrica — pediu. — Uma cópia para os meus arquivos, outra para os seus e outra ainda para o cliente.

— Entendido.

Quando ele pegou a caneta, Stella agitou a mão.

— Espere, vou buscar a tal faca. Qual era a veia que você pretendia cortar? — Muito engraçada. — Apontou para a porta com o queixo. — E ela também é bonita.

— Hayley? Pois é. E nova demais para você.

— Não diria “demais”. Apesar de preferir mulheres com um pouco mais de... — Parou e sorriu de novo. — É melhor parar por aqui.

— Muito sensato.

— Seus filhos estão tendo problemas na escola? — Desculpe?

— Estava pensando naquilo que me disse há pouco. Ianques.

— Oh! Um pouco, talvez, mas a maior parte das outras crianças acha interessante que eles sejam do Norte e tenham vivido perto de um dos Grandes Lagos. Os professores foram buscar um mapa para mostrar aos outros de onde eles eram.

Seu rosto se suavizou ao falar dos filhos. — Obrigada por perguntar. — Gosto das crianças.

Assinou os formulários e, divertido, viu-a gemer — efetivamente gemer — quando ele dobrou descuidadamente os seus e os enfiou no bolso.

— Na próxima vez, importa-se de fazer isso depois de sair daqui? Isso me irrita. — Tudo bem. — Talvez fosse o rumo diferente que a conversa estava tomando ou talvez a maneira como ela se enternecera e sorrira quando falara dos filhos. Mais tarde, talvez se perguntasse o que lhe passara pela cabeça, mas, por ora, resolveu seguir seus impulsos. — Alguma vez esteve em Graceland?

— Não. Não sou fã do Elvis.

— Calada! — Ele arregalou os olhos e olhou para a porta. — Legalmente, não pode dizer uma coisa dessas por aqui. Sujeita-se a uma multa e a uma pena de prisão ou,

dependendo do júri, a ser açoitada em público. — Não li nada a esse respeito no guia de Memphis.

— São as letras pequeninas. Então eu a levarei lá. Quando é o seu dia de folga? — Eu... depende. Quer me levar a Graceland?

— Não pode morar nestas bandas enquanto não tiver estado em Graceland. Escolha um dia que eu arranjarei uma maneira de estar livre.

— Estou tentando compreender. Está me convidando para sair com você, para um encontro?

— Não estava querendo levar isto para o lado de um encontro. É mais uma saída entre colegas. — Pousou a caneca vazia na escrivaninha. — Pense e depois me dê uma resposta.

Havia muito que fazer para poder pensar naquilo. Não podia simplesmente ir passear em Graceland. E, mesmo que pudesse, e tivesse algum estranho desejo de fazer isso, sem dúvida não iria passear em Graceland com Logan.

O fato de admirar o trabalho dele — está bem, e o seu corpo — não queria dizer que gostasse dele. Não queria dizer que queria passar seu valioso tempo livre na companhia dele.

Mas não conseguia deixar de pensar nisso, mais ainda, de se perguntar por que ele a convidara. Talvez fosse algum truque, um estranho ritual de iniciação para uma ianque. Levá-la a Graceland, depois abandoná-la na floresta da parafernália de Elvis e ver se ela conseguiria encontrar a saída.

Ou talvez Logan, à sua estranha maneira, tivesse decidido que flertar com ela era um modo mais fácil de driblar seu novo sistema do que discutir com ela.

Mas não parecera estar flertando com ela. Bom, não exatamente. Parecera mais um gesto amigável, espontâneo, impulsivo. E perguntara pelos seus filhos. Não havia forma mais rápida de ultrapassar sua irritação, qualquer escudo, qualquer defesa, do que um interesse sincero por seus meninos.

E, se ele estava apenas sendo amável, parecia uma questão de boa educação e de sensatez retribuir a amabilidade.

O que as pessoas vestiam para ir a Graceland, afinal?

Não que ela tivesse a intenção ir. Provavelmente não iria. Mas era bom estar preparada. Pelo sim, pelo não.

Na estufa 3, supervisionando enquanto Hayley regava as floradas anuais, Stella ponderou a situação.

— Você já foi a Graceland?

— Oh, claro que sim. Estas são maria-sem-vergonha, certo? Stella olhou para as plantas.

— Sim. Essas são Busy Lizzies. Estão crescendo muito bem. — Estas todas também são maria-sem-vergonha. As da Nova Guiné.

— Certo. Você aprende depressa.

— Bom, estas são mais fáceis de reconhecer porque já as plantei antes. Seja como for, fui a Graceland com uns amigos quando estava na universidade. É muito legal. Comprei um marcador de livros do Elvis. O que será que fiz com ele? Elvis é uma forma de Elvin. Quer dizer “amigo duende”. Não é estranho?

— O mais estranho, para mim, é que você saiba isso. — É uma daquelas coisas que aprendemos sem saber onde. — Certo. Qual é o traje habitual?

— Hum? — Ela estava tentando identificar outro canteiro pelas folhas dos rebentos. E se esforçando para não pesquisar antes de pôr o nome na etiqueta. — Acho que não há traje adequado. As pessoas vestem o que quiserem. Calça jeans e essas coisas.

— Casual, então.

— Certo. Gosto do cheiro aqui dentro. Cheira a terra e umidade. — Nesse caso, você fez a escolha de carreira certa.

— Podia ser uma carreira, não podia? — Os olhos azuis voltaram-se para Stella. — Algo em que eu podia aprender a ser boa. Sempre quis ter o meu próprio negócio, um dia. Sempre achei que seria uma livraria, mas isto é mais ou menos o mesmo.

— Como assim?

— Bom, temos o material novo e os clássicos. Temos vários gêneros, se pensarmos bem. Anuais, bianuais, perenes, arbustos, árvores e gramas. Plantas de água e plantas de sombra. Esse tipo de coisa.

— Sabe, você tem razão. Nunca tinha pensado nisso dessa forma. Encorajada, Hayley caminhou ao longo dos corredores.

— E estamos aprendendo e explorando como fazemos com os livros. E nós, os funcionários, estamos tentando ajudar as pessoas a encontrarem o que é melhor para elas, o que as deixa mais felizes ou, pelo menos, mais satisfeitas. Plantar uma flor é como abrir um livro, porque, em ambos os casos, estamos começando qualquer coisa. E o nosso jardim é a nossa biblioteca. Eu podia tornar-me boa nisto.

— Não duvido.

Virou-se e viu que Stella estava sorrindo para ela.

— Quando for boa, deixará de ser apenas um emprego. Um emprego é bom. Por ora, chega, mas eu quero mais do que um cheque no fim da semana. Não me refiro apenas ao dinheiro... embora, sim, o dinheiro também seja bem-vindo.

— Não, eu percebo o que você quer dizer. Quer o que Roz tem aqui. Um lugar e a satisfação de fazer parte desse lugar. Raízes — disse Stella, tocando nas folhas de um broto. — E flores. Eu sei disso, porque quero o mesmo.

— Mas você já tem. É tão inteligente e sabe para onde vai. Tem dois filhos fantásticos e... e uma posição aqui. Trabalhou para chegar a esta... a esta posição. Eu sinto como se estivesse apenas começando.

— E está impaciente para avançar. Eu também era assim, na sua idade. O rosto de Hayley irradiava boa disposição.

— Sim, e agora você está velha e rabugenta. Rindo, Stella puxou os cabelos para trás.

— Tenho dez anos a mais que você. Muita coisa pode acontecer, pode mudar... incluindo nós próprias... numa década. De certa forma, também estou a começando agora, uma década depois de você. Ao me mudar para cá, com os meus dois preciosos filhos.

— Você não tem medo?

— Todos os dias. — Pousou a mão na barriga de Hayley. — Faz parte do ofício. — Ajuda muito poder falar com você. Quer dizer, você era casada quando passou por isso, mas tanto você como Roz tiveram de lidar com a situação de serem mães sozinhas. Ajuda porque você sabe coisas. É bom estar perto de outras mulheres que sabem coisas que eu preciso saber.

Depois de terminar o trabalho, Hayley se aproximou para desligar a água. — Então — perguntou –, você vai a Graceland?

— Não sei. Talvez.

Com a equipe dividida entre os pinheiros brancos e a preparação do terreno no trabalho para Guppy, Logan pôs mãos à obra no caminho da sua antiga professora. Não levaria muito tempo para ele e poderia passar pelos outros dois trabalhos durante a tarde.

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