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Em Belo Horizonte, os CAPS estudados foram sugeridos pela Coordenação de Saúde Mental da Prefeitura de Belo Horizonte (CSMPBH). São eles: os CAPS III - CERSAM’s Noroeste e Oeste, assim nomeados pela localização em determinada regional da cidade. Em Betim, estudamos um CAPS III, o CERSAM Betim Central, e um CAPS II, o CERSAM Teresópolis. A escolha desses dois CAPS foi realizada, mais precisamente, sob nossa reflexão a respeito da importância desses dois CAPS no cenário histórico da Rede.

Com relação ao CAPS III/CERSAM Betim Central, localiza-se numa região mais central da cidade (mais precisamente, próximo à rodovia - BR 381), oferece atenção a uma população de 450.000 habitantes e conta com seis leitos de internação e um de urgência. No início, era um pequeno Centro de Saúde e foi readaptado para o funcionamento do referido CAPS III. Em sua área física, há um andar superior, destinado ao ambulatório de pacientes estabilizados, quartos e banheiros para os trabalhadores plantonistas e área administrativa. Funciona em regime de “portas abertas” para o acolhimento das urgências noturnas e finais de semana da Rede de Saúde Mental de Betim e dos municípios que compõem a MICRO II (composta por 13 municípios). Apresenta-se de forma diferenciada no cenário da RP brasileira pelo fato de ter expandido seu funcionamento para 24 horas logo em seguida à sua abertura como CAPS II. Oferece apoio noturno e nos finais de semana para toda a Rede, inclusive dos municípios vizinhos.

O CAPS II/CERSAM Teresópolis, um serviço que se localiza próximo a uma grande favela, em frente à fábrica da FIAT Automóveis, foi inaugurado em 1998, sendo o terceiro CAPS de Betim. Atende uma população de 237.000 habitantes. Apesar de ser um serviço

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amplo, sua infraestrutura ergonômica é questionada pelos trabalhadores no sentido de apresentar uma grande fragilidade em segurança. Funciona de segunda a sexta-feira, de 8:00 às 18:00 horas21.

Suas dependências são concentradas em três prédios separados por uma área externa onde ficam os pacientes da permanência-dia (PD). Um deles é destinado à recepção de pacientes novos, junto a um atendimento ambulatorial. O outro apresenta cômodos pequenos, onde se situam alguns consultórios, o setor administrativo e a gerência, a sala de reunião e uma sala de observação conjunta para pacientes masculinos e femininos. O terceiro é uma sala multiuso. Como não funciona aos finais de semana, este CAPS II transfere aqueles pacientes mais graves para a responsabilidade do CAPS III.

O CAPS/CERSAM Noroeste, inaugurado em abril de 1995, completando 15 anos de existência, nasceu num momento de desconstrução de um Centro de Especialidades para Atendimento em Psiquiatria, chamado de PAM, composto por um grande ambulatório de atendimentos à população da mesma regional e de outras cidades mineiras. Paralelamente a essa desconstrução, constituía-se o CAPS. Na época, a regional tinha uma população de cerca de 300.000 habitantes e, hoje, com 400.000, conta, segundo os trabalhadores, com o mesmo número de recursos humanos. É um serviço pioneiro da Reforma Psiquiátrica em Belo Horizonte, por ter sido o segundo CAPS da Rede de Saúde Mental, depois da criação do CAPS/CERSAM Barreiro em 1993. Também, por ter conseguido se reafirmar e consolidar sua importância como referência para a população da regional. Nos três primeiros anos de sua implantação, funcionou de segunda a sexta-feira, constituindo-se como um exemplo de CAPS intermediário, segundo nossas investigações. Em setembro de 2006, expandiu seu funcionamento para 24 horas em regime de Hospitalidade Noturna (HN), dispondo de oito leitos de pernoite. Atualmente, é referência para oito Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), acolhendo os pacientes em PD e HN, caso seja necessário. Foi o primeiro CAPS a estabelecer o sistema de microáreas enquanto processo de trabalho. Em termos estruturais, é um CAPS grande, com dependências bastante espalhadas, conservando alguns aspectos da estruturação do velho ambulatório.

O CAPS/CERSAM Oeste foi o penúltimo dos sete CAPS da cidade, inaugurado em abril de 2002, responsável por uma população de 441.000 habitantes, uma vez que assiste a uma parcela da população centro-sul que ainda não tem um CAPS. Trata-se de um CAPS III

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Segundo nossas reflexões, trata-se de um CAPS II, porém há discussões acerca da expansão de seu funcionamento para o final de semana (tornando-se CAPS intermediário, segundo nossa denominação), com vistas ao funcionamento 24 horas.

que se localiza próximo à entrada de uma favela - Morro das Pedras. Foi composto por trabalhadores que, antes da abertura deste, estagiaram no CERSAM Noroeste. Na Regional Oeste, há dois hospitais psiquiátricos, o Galba Veloso e o André Luiz. A região conta com cinco leitos de HN e também é referência para um SRT. Em termos históricos, o CAPS expandiu seu funcionamento para os finais de semana em 2003 e, em 2006, o ampliou para 24 horas em regime de HN, sendo que seu processo de trabalho também acontece segundo a subdivisão em microáreas.

Para efeito de melhor compreensão e discriminação dos trabalhadores e das atividades/oficinas terapêuticas22 realizadas nos CAPS estudados, apresentaremos dois quadros informativos.

22 Podemos nomeá-las em diálogos com os trabalhadores de espaços de criação, expressão de suas singularidades, transformação, humanização das relações, experimentação, socialização e convivência, educacionais e recreativas, mas sempre visando o respeito pela diferença de cada paciente e seu contexto de vida e de tratamento.

TRABALHADORES

CAPS

Oeste

(BH)

CAPS

Noroeste

(BH)

CAPS

Teresópolis

(Betim)

CAPS

Betim

Central

PSIQUIATRAS 3 5 2 1023 PSICÓLOGOS 6 7 7 6 ASSISTENTES SOCIAIS 2 2 1 2 TERAPEUTAS OCUPACIONAIS 2 3 3 2 ENFERMEIROS 3 4 3 7 AUXILIARES/TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 30 30 12 33 FARMACÊUTICOS 1 1 1 2 PORTEIROS 4 8 4 AUXILIARES ADMINISTRATIVOS 2 3 3 5 AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS 4 8 3 6 MOTORISTAS 1 2 1 1 GUARDAS/SEGURANÇAS - - - - GERENTES 1 1 1 1 TOTAL DE TRABALHADORES 59 74 37 79

Figura 1: Quadro de trabalhadores dos CAPS.

23 Aqui, vale uma consideração e que se expande a todos os CAPS estudados. Ver portaria 336/GM nos anexos, que preconiza 2 (dois) psiquiatras para compor o CAPS III. Este CAPS diferencia-se em número de psiquiatras por contar com a presença 24 horas desse trabalhador, uma situação que não apresenta uma diretriz protocolar, segundo leis e portarias, quer dizer, ficando a cargo de cada gestão municipal, a direção de rumos de seus processos de trabalho para o acolhimento do paciente em termos de integralidade. Em contato recente com o Ministério da Saúde, obtivemos a informação da existência no Brasil de 46 CAPS III que funcionam com a presença 24 horas do psiquiatra.

CAPS

ATIVIDADE/OFICINAS TERAPÊUTICAS

CAPS Oeste

Auto-cuidados; Jardinagem; Filme/Karaokê; Lian Gong (uma ginástica oriental); confecção de sabonetes; Tema livre; Bijouteria; Letras; Cine-cidadania; aniversariantes do mês; Reunião de familiares e Assembléia de usários

CAPS Noroeste

Papel reciclado; Artesanato; Música; Auto-cuidados; cosméticos; Letras; Jornal; Livre expressão; Discussão de temas cotidianos; Reunião da familiares e Assembléia de usuários.

CAPS Teresópolis

Roda de conversas sobre medicamentos; Oficina de decoupage (pintura e colagem); Oficina de biscuit (enfeites em miniatura); Bordados; Fuxico; Pintura livre; Modelagem em argila; Chaveiros de feltro; Bijouterias diversas; Reunião de familiares e Assembléia de usuários.

CAPS Betim Central

Artesanatos (bordado, tapeçaria, tricô, crochê); Jogos (dama, dominó, advinhações, bingo); Música; Karaokê; Aniversariantes do mês; Futebol; Cinema; Cuidados pessoais; Dança; Dinâmica de grupo; Reunião de familiares e Assembléia de usuários.

Figura 2: Quadro de Atividades/Oficinas Terapêuticas.