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A CAPTAÇÃO FOTOVOLTAICA E SUA UTILIZAÇÃO NO COTIDIANO: UMA PROPOSTA COM ABORDAGEM CTSA PARA ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO

Rodolfo Rosa Alvarenga, Richard Lima Rezende, Antonio Fernandes Nascimento Junior

Programa de Pós-graduação em Educação Científica e Ambiental - Departamento de Biologia - Universidade Federal de Lavras

Este trabalho traz reflexões sobre uma proposta de aula que teve como recursos pedagógicos contextualizadores para se ensinar os conceitos de energia e transformação de energia, uma placa fotovoltaica e uma calculadora. Isso porque na busca de uma formação profissional docente mais consistente, através da incorporação de metodologias alternativas às metodologias conservadoras, se faz importante reconhecer que objetos tecnológico-científicos do cotidiano dos estudantes podem ser meios problematizadores das questões a serem trabalhadas em sala de aula. Segundo Moreira (2010) este modelo de ensino conservador aceito pela sociedade, conhecido também por ensino tradicional, deve ser questionado uma vez que os alunos não participam ativamente da narrativa que predominantemente se encontra na voz e texto do professor, além de que este, muitas vezes, reproduz em quadro e giz o que outros textos, como os livros didáticos, já trazem e, ainda, os alunos copiam e memorizam na véspera de provas. Pinheiro (2007) traz que a educação escolar, que no caso do autor, enfoque para o ensino médio, deve formar os estudantes para a vida, e isso incluiu aliar metodologias pedagógicas que proporcionem um processo de aprendizagem significativo para o estudante, como mobilizar elementos do cotidiano para levantar questões a respeito dos conteúdos a serem ensinados, ou seja, que o aluno possa relacionar os conceitos aprendidos com o contexto técnico-científico e social em que está inserido. Dessa forma, daremos um olhar crítico sobre esta aula que utilizou objetos do cotidiano como recursos pedagógicos para se ensinar conceitos que fazem parte da grade curricular de física do ensino médio. A aula foi planejada e construída durante o desenvolvimento da disciplina Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) do curso de pós- graduação em Educação Científica e Ambiental da Universidade Federal de Lavras que, devido sua essência, atribuiu a ela uma abordagem CTSA que busca compreender e desenvolver a dimensão social e ambiental da ciência e da tecnologia. Resumidamente, a aula se iniciou com um experimento, que era construir uma calculadora solar em que uma placa fotovoltaica era vinculada a uma calculadora que, no final, passava a funcionar sem pilhas. Depois, os conceitos foram discutidos trazendo as teorias que explicam o experimento, onde foi introduzida na conversa a abordagem CTSA, que teve enfoque no tema relacionado ao custo de placas solares, promovendo reflexões no sentido de pensar possibilidades desses recursos chegarem às camadas de baixa renda. A partir dos comentários dos estudantes que participaram da aula, em que eles apontaram os pontos positivos e os a serem melhorados da estratégia pedagógica, buscaremos entender como o caminho pedagógico proposto foi recebido na visão deste grupo. Para isso, utilizaremos o método de categorização proposto por Minayo, Deslandes e Gomes (2002) através da análise de conteúdo. Após analisar os comentários feitos pelos estudantes, percebe-se que foram levantadas questões semelhantes. Como pontos positivos pode-se destacar a

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ENCONTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS, 10., 2020, Campinas. Anais [...]. Itapetininga: Edições Hipótese, 2021.

experiência com a calculadora solar no início da aula, em que os estudantes destacaram, principalmente, o fato da dinâmica em que ela estava envolvida chamar a atenção dos estudantes. Também foi percebida a questão do domínio do conteúdo, reforçando a ideia de que é necessário e fundamental haver um aprofundamento e preparo no planejamento de uma aula. Ainda, os estudantes destacaram a abordagem CTSA como potencial problematizadora de situações cotidianas, onde é possível envolver questões socioambientais, econômicas e políticas no processo de aprendizagem em ciências, o que torna mais interessante o caminho pedagógico e proporciona a construção do conteúdo por meio das experiências pessoais com a temática da aula. Sobre estes pontos, Borges (2002) traz que atividades experimentais, que não se limitam aos laboratórios de ciências escolares, mas que podem ser realizadas em sala de aula como a construção da calculadora solar, são maneiras de aproximar os estudantes das discussões técnico-científicas, sendo potenciais situações geradoras de questionamentos que contribuem para a construção dos conceitos. Além disso, para um sucesso pedagógico neste tipo de estratégia, o planejamento, segundo este autor, é fundamental, o que envolve o domínio do conteúdo (BORGES, 2002). Paralelamente, alguns pontos de melhoria foram insistentemente apontados, como o fato, mesmo com as dinâmicas, de os estudantes perceberem que ainda se tratava de uma aula com caráter expositivo, podendo gerar desinteresse e, como trazido nos referenciais anteriores, colocar os alunos à margem do processo de aprendizagem. Os estudantes também sugeriram haver mais situações que gerem interatividade entre os alunos, revelando que os participantes buscam modelos contemporâneos de ensino, ou seja, alternativos ao modelo tradicional estabelecido nas escolas brasileiras. Em relação a isso, Moreira (2010) traz que o processo de ensino deve, além de apresentar uma natureza dialógica, proporcionar interações aluno-aluno. Ainda, considerar o conhecimento prévio dos alunos, reconhecer que deve abandonar a narrativa de acordo com o surgimento das questões, utilizar de meios diversos para se chegar ao objetivo, entre outros fatores, são fundamentais para uma verdadeira aprendizagem significativa (Moreira, 2000). Após todo este percurso, reconhecemos que este trabalho não se finaliza nestas discussões, porém já é possível verificar grande probabilidade de aplicação da metodologia proposta. Algumas melhorias são necessárias, sim, mas entende-se que a abordagem CTSA, juntamente com utilização de práticas dinâmicas de ensino são estrategicamente potencialmente ricas no sentido de envolver os alunos e promover um aprendizado significativo.

Palavras-chave: Captação fotovoltaica. Metodologia. Ensino. CTSA. Apoio: CAPES. FAPEMIG.

Referências

BORGES, Antônio Tarciso. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 19, n. 3, p. 291-313, 2002. MINAYO, A. C. de S., DESLANDES, S. F., GOMES, R. Pesquisa social: teoria

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MOREIRA, Marco Antonio. Abandono da narrativa, ensino centrado no aluno e aprender a aprender criticamente. Ensino, Saude e Ambiente, v. 4, n. 1, 2010. MOREIRA, Marco António. Aprendizagem significativa crítica (Critical meaningful learning). Teoria da Aprendizagem Significativa, p. 47-66, 2000.

PINHEIRO, N. A. M.; Matos, E. A. S. Á. de; Bazzo, W. A. Refletindo acerca da ciência, tecnologia e sociedade: enfocando o ensino médio. Revista Iberoamericana de

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