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A investigação que empreendemos parte de um estudo documental, mas também valemo-nos de informações sobre o contexto para o qual produzimos nossa pesquisa, pois sem o contexto, estaríamos fadados a perder de vista significados essenciais (BOGDAN; BIKLEN, 1994). E, apesar de não fazermos investigação de campo, frequentamos o local em favor do

31 […] many practitioners take the “real world” as an unalterable given, as existing out there almost beyond their influence. Many see their situations as nonnegotiable. In this framework, people do not feel they actively participate in shaping and creating meaning. The theoretical perspective that underlies qualitative research takes a different view. Reality is constructed by people as they go about living their daily lives. People can be active in shaping and changing the “real world”. They can change and can affect others. Teachers and their students define the real world together as they interact each day in their classrooms. While what is possible is negotiated within the limitations of such things as the school hierarchy, availability of resources, and common-sense cultural understandings, how teachers and students come to define each other and what educational environments are like become transactional (BOGDAN; BIKLEN, 1992, p. 216).

qual fazemos pesquisa, o que nos propiciou compreender tal local, no caso, o câmpus do IFRN em Macau (id.).

O câmpus do IFRN em Macau situa-se na COHAB, a menos de dez quilômetros do centro do município. O corpo discente do IFRN/Câmpus Macau, atualmente com mais de 700 (setecentos) alunos, é constituído principalmente por residentes de seis municípios (Macau, Galinhos, Guamaré, Pendências, Alto do Rodrigues e Assú), dentre outros, sendo que tais municípios, como no caso de Macau, apresentam vários distritos também representados por alunos do câmpus, como o centro de Macau, Papagaio, a COHAB, Barreiras, Diogo Lopes.

Ofertam-se regularmente cursos em nível médio integrado ao técnico, técnico subsequente, superior e de especialização, além de cursos em variados projetos de Extensão. Em nível médio integrado ao técnico, temos turmas de alunos dentro da faixa etária e turmas de EJA. Às turmas com alunos predominantemente dentro de faixa etária são oferecidas 180 (cento e oitenta) horas de Língua Inglesa como componente do currículo da Educação Básica, que no currículo antigo se distribuem em 03 (três) anos, a partir do primeiro, com duas aulas semanais de 45 (quarenta e cinco) minutos. No currículo novo, as 180 (cento e oitenta) horas se distribuem em 02 (dois) anos, com 03 (três) aulas semanais de 45 (quarenta e cinco), no caso do Câmpus Macau, a partir do terceiro ano letivo. As primeiras turmas com o currículo novo devem chegar ao terceiro ano letivo em 2014.

No tocante aos textos que analisamos, isto é, os documentos governamentais (LDB/1996; PCNEM, 1998; PCN+EM, 2000; OCEM, 2006) e as jokes, são produzidos por sujeitos que interagem com leitores por meio desses textos. Gil (2002, p. 92) enfatiza o aspecto fundamentalmente interativo do processo de análise e interpretação, já que o pesquisador qualitativo “[...] elabora pouco a pouco uma explicação lógica do fenômeno ou da situação estudados, examinando as unidades de sentido, as inter-relações entre essas unidades e entre as categorias em que elas se encontram reunidas (id. ibid.)”. Portanto, ao analisarmos esses textos, estamos dialogando com outros sujeitos, os sujeitos que produziram os enunciados em questão, ainda que, como no caso das jokes, não haja um autor definido.

Na interação com os textos apreciados, dialogamos com os sujeitos produtores, buscando, por meio da interpretação, compreender suas perspectivas (BOGDAN; BIKLEN, 1994). Os procedimentos de análise de dados que adotamos provêm de contatos com esses textos. Interpretar jokes e os discursos que elas veiculam exige que se compreendam pressupostos, subentendidos, noções sobre enunciado e contexto, cenas englobantes, cenas genéricas e cenografias (MAINGUENEAU, 1996; 2004). Utilizar as jokes como recurso

didático, levando em consideração também os direcionamentos oficiais para o ensino de LE na escola pública de Ensino Médio, demanda uma reflexão sobre métodos e abordagens de ensino que dialoguem com as necessidades de nossos alunos. Logo, podemos afirmar que é o nosso corpus que informa a teoria sobre os procedimentos metodológicos que devemos adotar.

Os dados que construímos foram analisados não de forma fragmentada, pois em nossa análise tentamos conservar toda a riqueza dos mesmos (BOGDAN; BIKLEN, 1994). A interpretação decorreu dessa análise que respeita os textos em sua integralidade e seus contextos. Tal interpretação guiou algumas de nossas ações de pesquisa. A partir de nossa interpretação, conduzimos o processo de descrição e reflexão que teve características narrativas a fim de apresentar em que consistem determinadas situações e visões de mundo encontradas no corpus (id.).

Nosso trabalho com os textos humorísticos jokes, voltado para atividades de sala de aula, é documental (no que se refere à construção dos dados e constituição do corpus) e qualitativa (no que se refere à abordagem). É também uma pesquisa descritiva no tocante aos objetivos (GIL, 2002): identificamos e descrevemos como aspectos culturais se apresentam nas jokes e encaminhamos possíveis interpretações a fim de utilizar tais aspectos nas atividades elaboradas.

Os significados dos aspectos culturais identificados e descritos podem revelar como diferentes sujeitos podem dar sentido a suas vidas (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 50) e à vida do outro, já que os discursos sempre remetem “[...] a um sujeito, um EU, que se coloca como fonte de referências pessoais, temporais, espaciais [...] e, ao mesmo tempo, indica que atitude está tomando em relação àquilo que diz e em relação ao seu coenunciador [...]” (MAINGUENEAU, 2004, p. 55). Ou seja, não há enunciado inocente, e há sempre mais nos textos do que aquilo que explicitam. Muitos desses implícitos, em que se pode incluir o posicionamento dos sujeitos, são decisivos para a compreensão dos significados.

A partir dos referidos significados elaboramos as atividades para uma sala de aula de iniciantes em ILE em nível de ensino médio do IFRN, apresentando variados posicionamentos e culturas outras, propiciando que os alunos comparem conhecimentos acumulados em discursos, conhecimentos esses utilizados por pessoas para interpretação da experiência e indução do comportamento (op. cit.).