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Características climáticas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)

ETAPA 4 Análise ampliada de Fortaleza

3. APORTES CLIMÁTICOS

3.1 Características climáticas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)

A característica climática da RMF é representada pela sazonalidade da precipitação e por elevadas temperaturas o ano todo. A sua localização territorial e latitudinal próximo ao Equador (paralelos de 3º a 4º Sul), portanto inserida na zona climática equatorial, favorece uma intensa insolação o ano todo, proporcionando elevadas temperaturas com fracas amplitudes térmicas (atributos de climas tropicais quentes), e a atuação de diferentes sistemas atmosféricos estabelecendo a sazonalidade da precipitação. Ressalta-se que a RMF se encontra próximo ao oceano sofrendo influência marítima e conseqüentemente temperaturas mais amenas do que outras regiões do interior do Estado.

A localização geográfica da RMF permite que esta seja influenciada pelas massas de ar equatoriais e tropicais, que associado à configuração geográfica, altitude e forma de relevo, maritimidade/continentalidade e extensão territorial, definem o clima da região como tropical equatorial com até 6 meses secos, de acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007) que definiram cinco principais tipos climáticos do país e seus diferentes subtipos (Figura 06). Os mesmos autores afirmam que,

na porção norte do Brasil, nas proximidades da linha do Equador, encontram-se o anticiclone dos Açores, no hemisfério Norte, e o anticiclone do Atlântico, também chamado de Santa Helena, no hemisfério Sul, produtores das MEAN – massa equatorial do Atlântico norte (associa aos alíseos de NE) e MEAS – massa equatorial do Atlântico sul (associada aos alíseos de SE), respectivamente (2007: 139).

Estas duas massas de ar atuam no Nordeste do país, atingindo a RMF pelas linhas de instabilidade e ondas de calor.

Figura 06 – Domínios climáticos do Brasil e principais subtipos. Fonte: Mendonça e Danii-Oliveira, 2007.

A altitude do relevo e a latitude da RMF constituem-se nos dois principais fatores geográficos (estáticos) da caracterização climática desta região. O adensamento urbano, a distribuição de terras, águas e vegetação da superfície associam-se a estes fatores na definição climática da RMF. A baixa altimetria (Figura 07) favorece a entrada dos sistemas atmosféricos provenientes do oceano. As serras de Maranguape e Pacatuba constituem barreiras topográficas capazes de gerar chuvas orográficas apenas em contatos com nuvens de baixa altitude. As atividades humanas que, sobretudo a partir de meados do século XX, ocasionaram profundas mudanças na paisagem da região metropolitana através do desmatamento, agricultura, urbanização e industrialização repercutiram diretamente na configuração climática em escalas local. Estudos como o de Xavier (1996), Maia et al (1996), Pétalas (2000) comprovam um aumento da temperatura do ar em Fortaleza desde a década de 70. O estudo de Moura (2008) identificou ilhas de calor em Fortaleza com valores superiores a 5ºC, em partes da cidade onde se verifica um maior adensamento urbano e intenso fluxo de pessoas e veículos.

Figura 07 – Cartograma Hipisométrico

Segundo Brandão (1998: 25), a temperatura média anual nas áreas litorâneas fica entre 26º C e 27º C com máximas situando-se entre 31º C e 32º C. A média anual das áreas serranas, como as serras de Maranguape, Aratanha/Pacatuba, tornam-se mais amenas e decaem para 25º C, atingindo valores em torno de 22º C. Nas áreas interiores, a média atinge o patamar de 28º C, enquanto a média das máximas fica em torno de 33º C a 34º C.

Zanella (2005: 172) afirma que as chuvas se concentram, principalmente nos meses de fevereiro/março/abril/maio, denominado quadra chuvosa, quando o Estado fica sob a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema atmosférico causador de precipitação. Os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS), as Linhas de Instabilidade, os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs), as Ondas de Leste e as Frentes de Brisa muitas vezes associados a ZCIT, intensificam as chuvas na quadra chuvosa, e podem gerar precipitação nos demais meses.

A quantidade de precipitação também é influenciada pela atuação dos fenômenos El Niño e La Niña, assim como pela temperatura da superfície do mar do oceano Atlântico Tropical norte e sul (Dipolos do Atlântico Tropical), estes modificam a circulação de grande escala causando alterações nos índices pluviométricos do Estado do Ceará. Eles também

interagem com as circulações de meso escala e com as de micro escala causada principalmente pelas características do relevo.

Considerando a tipologia climática proposta por Xavier (1998 e 2001) e adotada pela FUNCEME (2001) na definição das áreas pluviometricamente homogêneas no estado do Ceará, na qual categoriza os anos em muito chuvoso, chuvoso, habitual ou normal, seco e muito seco, de acordo com o total de precipitação da quadra chuvosa (fevereiro, março, abril e maio), e utilizando-se da técnica dos “Quantis” (para avaliar a ocorrência de anos chuvosos e secos), a Região Metropolitana de Fortaleza abarca três regiões pluviometricamente homogêneas (Figura 08). São elas:

Região do Litoral 3 (Litoral de Fortaleza) compreende os municípios de Aquiraz, Caucaia, Cascavel, Chorozinho, Eusébio, Fortaleza, Horizonte, Itaitinga, Maranguape, Maracanaú, Pacatuba, Pacajus e Pindoretama e possuem os seguintes limites de precipitação: ano muito seco (limite inferior 0mm e superior de 762,7mm), ano seco (762,7mm e 921,8mm), ano normal (921,8mm e 1311,0mm), ano chuvoso (1311,0mm e 1612,3mm) e ano muito chuvoso (superior a 1612,3mm).

Região do Litoral 2 (Litoral de Pecém) abrange o município de São Gonçalo do Amarante com precipitações de 0 a 520,4 mm para os anos muito secos, de 520,5 a 641,5 mm para anos secos, com 641,6 a 861,5 mm para anos normais, de 861,6 a 1.157,6 mm para anos chuvosos e acima de 1.157,7 mm para os anos muito chuvosos. Região Maciço de Baturité abarca o município de Guaiúba com os limites de precipitação de 0 a 588,4 mm para anos muito secos, 588,5 a 690,0 mm para anos secos, 690,1 a 911,7 mm para anos normais, 911,8 a 1.241,9 mm para anos chuvosos, e acima de 1.242,0 mm para anos muito chuvosos.

Cabe salientar que ainda não existe uma classificação de base genética para o Ceará, nem mesmo para a RMF. Moura (2006) através de seu ante-projeto de pesquisa propôs um estudo de setorização climática de base genética para o Estado a partir da análise rítmica dos padrões pluviométricos, porém, esse estudo não chegou a ser executado.

Figura 08 – Regiões Pluviometricamente Homogêneas do Ceará. Fonte: Adaptado da FUNCEME, 2009.