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Podemos definir a ideia central da teoria da Ausubel como sendo a de que, para que a aprendizagem seja Significativa, a nova informação deve interagir de forma "substantiva (não literal) e não arbitrária" (MOREIRA, 2006, p. 19) a um dado aspecto que já deve se fazer presente na estrutura cognitiva do aprendiz. Este aspecto, conceito que já está presente na estrutura cognitiva do aprendiz é chamado de "Conceito Subsunçor", ou simplesmente "Subsunçor".

Este conceito que é preexistente na estrutura cognitiva do aprendiz fará com que a nova informação tenha significado, ou seja, o indivíduo se torna capaz de atribuir significado a essa nova informação. Segundo Moreira, ocorre Aprendizagem Significativa "quando a nova informação "ancora-se" em conceitos relevantes (subsunçores) preexistentes na estrutura cognitiva" (MOREIRA, 2006, p. 20).

Cabe refletir que neste processo, o conceito preexistente não apenas interage com o novo conceito. Pode ocorrer, também, um processo de modificação. O conceito mais inclusivo interage, assimila e se adapta para receber o novo conceito. Cria, desta forma uma relação de ancoragem entre o novo conceito e o preexistente.

No nosso estudo, podemos dizer que se o aprendiz já tem o conceito de simetria (por exemplo, a simetria presente numa esfera), este conceito poderá servir de subsunçor para outros conceitos ou novas informações referentes a outros tipos de simetrias, como a simetria temporal ou a simetria espacial. Isto também sugere que, a interação entre os conceitos, dependerá da qualidade do subsunçor. Queremos dizer que para uma melhor interação, o próprio conceito preexistente deverá estar bem elaborado na estrutura cognitiva do aprendiz, claro, abrangente, estável; e não poderá ser limitado, pouco compreensível e instável.

A frequência com a qual estes conceitos são apresentados influencia diretamente na aprendizagem. Na medida em que novos conceitos são aprendidos de maneira significativa, então isso resultaria em um crescimento e elaboração de novos conceitos subsunçores iniciais. Daí a ideia de se criar novas interações e modificações na estrutura cognitiva do aprendiz; fazendo-o adquirir novos subsunçores.

Em contraposição à Aprendizagem Significativa, Ausubel destaca a Aprendizagem Mecânica. Esta, é automática, não interage com a estrutura cognitiva do aprendiz, ou seja, não existem conceitos subsunçores que possam ser ligados aos novos conceitos. A nova informação é adquirida de forma arbitrária e literal.

Podemos associar esta aprendizagem ao Ensino de Física quando observamos os estudantes preocupados com a memorização de fórmulas, conceitos e dicas para "decorar" algum teorema. Aquele momento de estudo na véspera da prova que serve para o exame, mas que no momento seguinte já não se sabe muito. É o momento em que se sabe na "ponta da língua" todos

os processos do Ciclo do Carbono, escreve na mesa antes da prova e torce para que este conteúdo seja cobrado.

Obviamente que neste tipo de aprendizagem de memorização ocorre associações com outros conceitos, no entanto, podemos dizer que tais associações são superficiais, pois as relações entre conceitos e fórmulas nem sempre são clarificadas. Ocorrem momentos em que a Aprendizagem Mecânica é desejável: quando o aprendiz está conhecendo uma nova gama de conteúdos e conceitos.

Segundo Moreira, "Ausubel não estabelece a distinção entre aprendizagem significativa e aprendizagem mecânica como sendo uma dicotomia, e sim como um continuum." (MOREIRA, 2006, p. 22). Podemos dizer que a memorização de uma fórmula é um extremo desta relação (Aprendizagem Mecânica), a associação crítica das grandezas com conceitos, sua utilização para resolução de problemas e sua interpretação para um melhor entendimento de mundo faria o outro extremo da relação (Aprendizagem Significativa).

Outros tipos de aprendizagem que queremos entender e destacar são os expedientes da Aprendizagem por Descoberta e da Aprendizagem por Recepção.

Podemos dizer que "Na aprendizagem por descoberta, o aprendiz descobre o encadeamento do assunto até chegar ao produto final" (SILVEIRA, 2008, p. 114). Isto não significa que a aprendizagem será significativa. Para tal fim, o conceito descoberto deverá, também, interagir com um conceito subsunçor.

E prossegue, "Na aprendizagem por recepção, o aprendiz recebe o produto final pronto, ele só o processa" (SILVEIRA, 2008, p. 115). Esta aprendizagem não é, necessariamente, mecânica. Tudo depende de como o novo aprendizado irá se adequar à estrutura cognitiva.

Por exemplo, durante o processo de solução de um quebra-cabeça, ocorre uma aprendizagem por descoberta; no entanto, ela não será

significativa. Se a criança desmanchar o quebra-cabeça após a montagem, não repetirá, necessariamente, o processo que usou anteriormente. A aprendizagem não seria significativa, pelo fato de que o conceito aprendido (montagem do quebra-cabeça) não interagiu, obrigatoriamente, com nenhum subsunçor presente em sua estrutura cognitiva.

Já um aluno que aprende uma Lei Física, sendo apresentada diretamente, ou seja, ocorrendo uma Aprendizagem por Recepção, ele pode assimilar significativamente esta lei, caso o conteúdo tenha interagido com algum subsunçor presente em sua estrutura cognitiva. O estudante que conhece o conceito de rendimento tem ciência dos processos que envolvem as transformações gasosas e também do princípio da conservação de energia e assim poderá aprender significativamente a 2ª Lei da Termodinâmica que trata de um enunciado que envolve todos estes conceitos citados.

Podemos resumir a opinião de Ausubel sobre estes tipos de aprendizagem nas palavras de Moreira:

Não se deve, no entanto, pensar que Ausubel negue o valor da aprendizagem por descoberta nem que se deva deixar de lado as aulas de laboratório. Ele está simplesmente dizendo que, em termos de aprendizagem de conteúdo, aquilo que for descoberto se torna significativo da mesma forma que aquilo que for apresentado ao aprendiz na aprendizagem receptiva (MOREIRA, 2006p. 17 e 18, grifo do autor). Isto sugere a nós que não devemos priorizar um tipo de aprendizagem em detrimento da outra com o argumento de que esta teria a chance de ser mais significativa que aquela. Ambas, tanto a Aprendizagem por descoberta quanto a Aprendizagem por recepção, não fazem parte das condições necessárias para fazer com que a aprendizagem seja significativa.