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e que deve fazer parte de uma avaliação funcional, por meio de indicadores de gordura corporal subcutânea nos atletas (RIBEIRO, LUZARDO & DE ROSE, 1980; DE ARRUDA & COSSIO-BOLAÑOS, 2010). No beisebol, como em muitos esportes, um dos indicadores mais importantes dentro da composição corporal é a massa magra; que, está diretamente relacionada com a quantidade de batidas de poder e com a produção ofensiva para as equipes (HOFFMAN et al., 2009).

Nos Estados Unidos, os jogadores profissionais dos níveis inferiores da MLB, têm em média as seguintes características físicas: estatura 182 cm, peso 86 kg, e massa gorda de 11%. Geralmente, os jogadores jovens são mais rápidos que os veteranos. Não coincidentemente, peso corporal, massa magra e força aumentam com a idade e, com isso, os jogadores adolescentes geralmente aumentam de 13 a 18 kg desde o momento da assinatura de contrato como profissionais até jogarem nos melhores níveis da MLB; enquanto que jogadores universitários ganham de 5 a

9 kg nesse processo (COLEMAN, 2000). A seguir, no quadro 5, são apresentadas características antropométricas de jogadores de beisebol profissional (MLB) classificados por suas posições (COLEMAN, 2000).

Quadro 5 – Características antropométricas dos jogadores de beisebol profissional.

Características Físicas

Lançadores Receptores Infielders Outfielders

Estatura (cm) +183 +177 +180 +180

Peso (kg) (86 – 90) (86 – 90) (81 – 83) (83 – 86)

%Gordura 12,3 11,5 9,4 8,4

Indicativos Os mais altos e pesados Os mais pesados Os de menor massa muscular Os de menor massa gorda Fonte: Coleman, 2000.

Associando tais dados com um estudo com 100 jogadores de elite cubanos na temporada 2002-2003 (CARVAJAL et al., 2009), é possível encontrar diferenças estatisticamente significativas no rendimento, composição corporal e somatótipo entre algumas posições defensivas; destacam-se as seguintes: 1. os 1ªB, LF e CF foram os de maior massa muscular, peso corporal e rendimento ofensivo; 2. os 2ªB, 3ªB e SS tinham os níveis mais baixos de peso corporal, massa gorda e rendimento ofensivo; 3. os receptores mostraram características físicas similares aos dos 1ªB e

outfielders mas o rendimento ofensivo foi baixo similar ao dos infielders; 4. os

lançadores foram morfologicamente similares ao resto dos jogadores, mas foram observadas diferenças significativas entre os lançadores com diferentes níveis de rendimento, sendo que os que tiveram melhor porcentagem de vitórias eram mais pesados e mais mesomórficos que os pitchers de menor rendimento. 5. todos os jogadores foram predominantemente mesoendomórficos.

Além disso, outra pesquisa, feita com 1.157 jogadores profissionais (MANGINE et al., 2013), teve como objetivo observar mudanças nas características físicas e de rendimento esportivo de acordo com as idades dos jogadores. Nesse estudo, os resultados indicaram que: 1. os jogadores com idade entre 29 e 31 eram 10,1% mais pesados que os jogadores menores de 20 anos; 2. a força dos jogadores de diferentes idades era concentrada na parte inferior do corpo; 3. os

melhores resultados nas avaliações de velocidade, agilidade e força de pressão manual foram observadas em atletas com idades entre 29 e 31; 4. após os 35 anos, os jogadores se centram mais nos treinos de força e de condicionamento físico de modo a continuar jogando como profissionais.

Outro estudo (KOHMURA et al., 2008), ainda, justificando que a maioria dos enfoques que as ciências do esporte aplicam ao beisebol são limitados a estudos biomecânicos (lançadores e batedores); fizeram um estudo com a finalidade de avaliar a relação entre os níveis de aptidão física e o rendimento de jogo de 43 jogadores universitários japoneses com as seguintes características físicas: idade 20,7 anos, estatura 171,3 cm, peso 67,9 kg e treinamento em beisebol durante 10,9 anos. Como resultado, foi obtido que os jogadores com mais alto nível de aptidão física tiveram melhor rendimento no beisebol em comparação com aqueles atletas de aptidão mais baixa. Concluindo que, certamente, o rendimento dos jogadores universitários está relacionado com sua aptidão física.

Montenegro (2019) em um estudo com 23 crianças e adolescentes entre 12 e 14 anos, das cidades de Atibaia, Campinas e Indaiatuba (Brasil), tinha como um de seus objetivos, comparar a relação entre o desempenho motor dos jogadores com a sua classificação de acordo e sua maturação biológica. Nesse sentido, reportou as seguintes características físicas: jogadores -1 ano do PVC: idade 13,1 anos, estatura 156,2 cm, peso corporal 49,8 kg, índice de massa corporal 20,3 kg/m², altura tronco-cefálica (ATC) 80,2 cm, porcentagem de gordura 19,2%, massa gorda 9,7 kg e massa livre de gordura 40,1; e jogadores PVC= 0: idade 13,9, estatura 167,9 cm, peso corporal 58,2 kg, índice de massa corporal 20,6 kg/m², ATC 86,6 cm, porcentagem de gordura 16,5%, massa gorda 9,9 kg e massa livre de gordura 48,3.

Ainda, com base nas informações disponíveis na base de dados da WBSC, foram apresentadas características antropométricas – peso e estatura – de crianças e adolescentes do gênero masculino jogadores de beisebol que participaram das copas mundiais organizadas pela WBSC nos anos 2017, 2018 e 2019 das categorias sub-12 e sub-15. Com isso, como demonstra o quadro a seguir (quadro 6) a partir de dados de crescimento físico (média aritmética e desvio padrão) de onze seleções dos cinco continentes; é possível notar que as equipes de Estados Unidos, Japão, Austrália e África do sul estiveram nas três copas mundiais. Importante notar, aqui, que essas informações podem ser utilizadas como referência para

comparações de crescimento físico entre as seleções dos diferentes países ao longo dos anos.

Uma última observação necessária no que tange às categorias sub-12 e sub- 15, é que elas são consideradas pela WBSC como as primeiras duas categorias nas quais os resultados obtidos em todas as competições internacionais pontuam na equação que altera, diretamente, o ranking mundial da confederação. A copa do mundo de beisebol, por exemplo, é um evento bianual e que abriram categorias para sub-12 e sub-15 desde, respectivamente, 2011 e 2012; nesse evento, além dos resultados dos jogadores somarem pontos proporcionais a sua performance; apenas pelo fato de ser classificado para o torneio de copa mundial, já são somados pontos no ranking do país. Nesse sentido, é por essa razão que as federações de beisebol de cada país procuram preparar as crianças e adolescentes: visualizando, com isso, classificações nas disputas da copa mundial na categoria correspondente à faixa etária.

Quadro 6 – Características antropométricas (peso e estatura) de crianças e adolescentes participantes da copa mundial de beisebol nas categorias sub-12 e sub-15.

Fonte: WBSC, 2019.

NP: Não Participou; EEUU: Estados Unidos; RSA: África do Sul

2.6 Saúde óssea dos jogadores de beisebol

De acordo com Gómez-Campos et al., 2017 (GUO et al., 2013; MINGHELLI et al., 2013; GORDON, 2005; HEANEY, 2000), a saúde óssea é determinada pelos diferentes eventos biológicos que acontecem durante a infância e adolescência. Assim, ela pode ser afetada tanto por fatores genéticos quanto por transtornos relacionados ao estilo de vida – como por exemplo a obesidade, o consumo inadequado de cálcio e de vitamina D, tratamentos médicos pesados e o sedentarismo.

Atualmente, a avaliação da saúde óssea geralmente é feita através da Dual

Energy X-Ray Absorptiometry (DXA), considerada o padrão-ouro para medir a

densidade mineral óssea em crianças e adolescentes a nível mundial devido a sua velocidade, alta precisão, segurança e baixa emissão de radiação (BACHRACH, 2005; GÓMEZ-CAMPOS et al., 2017). Tal avaliação, é iniciada a partir da diferenciação do tecido ósseo dos tecidos moles: 1. determinação da área explorada, que é representada em cm²; 2. determinação do conteúdo mineral, representado em g, e com o quociente de ambos se obtém; 3. a densidade mineral por unidade, representado em g/cm².

De acordo com o American Bone Health (2018), “o conteúdo mineral ósseo (CMO) é a medida de mineral ósseo que se encontra numa área específica, e é medida em gramas (g)”. Além disso, considera-se que a densidade mineral óssea (DMO) representa a quantidade de material inorgânico (cálcio e fósforo) armazenado nos ossos, que, por sua vez, varia ao longo da vida e pode ser medida a partir do corpo inteiro ou, ainda, de apenas alguns segmentos corporais. Os valores baixos da DMO estão relacionados ao desenvolvimento – principalmente na vida adulta, mas também em menor escala nas populações pediátricas – de doenças ósseas, tais como a osteoporose (DINIZ et al., 2017; SANTI MARIA, 2018).

A atividade física, por outro lado, é capaz de exercer uma influência significativa no que se refere à acumulação de DMO durante o crescimento (VICENTE-RODRIGUEZ, 2006; SANTI MARIA, 2018); proporcionando, com isso, o aumento da massa magra que, por sua vez, “é o preditor mais importante da acumulação de massa mineral óssea durante o crescimento pré-púbere em toda a população” (VICENTE-RODRIGUEZ, 2006). Neste sentido, é por essa razão que é recomendado (Organização Mundial da Saúde (OMS), 2020) às crianças e adolescentes a participarem diariamente de atividades físicas com intensidades moderadas e vigorosas com mínimo de uma hora de duração; indicando que o esporte pode ser um importante meio de conseguir gerar uma alta carga mecânica nos ossos, que, com isso, afeta positivamente o sistema esquelético.

Como demonstração desse fato, Rauch et al. (2004), após um estudo longitudinal com 70 meninos e 68 meninas pré-púberes, determinaram que “o desenvolvimento ósseo está estimulado pelo desenvolvimento muscular”; embora não rechaçam a hipóteses de que os dois processos estão determinados independentemente por mecanismos genéticos. Weatherholt & Warden (2018), de maneira análoga, observaram o comportamento da massa óssea durante 12 meses de exercício em jogadores de beisebol pré-púberes (10,3 anos) que atuavam como lançadores nas suas categorias e, após o tempo de estudo estabelecido, os resultados mostraram uma melhor porcentagem de mineral ósseo (CMO), área cortical (Ct.Ar), área total (Tt.Ar) e momento polar de inércia (IP) nos braços utilizados para lançar; de modo que se chegou à conclusão de que o lançamento ajudou numa adaptação específica da superfície na diáfises distal humeral, o que, por sua vez, contribuiu num ganho de força. Os dados longitudinais, portanto,

apoiam a utilidade de modelos controlados dentro de sujeitos para explorar fatores que influenciam a adaptação óssea induzida pelo exercício.

Em um outro estudo (WARDEN et al., 2018) com jovens praticantes de beisebol, 90 lançadores e 51 arremessadores de controle, classificados pela maturação somática PVC (<-2; -2 a 2; 2 a 4; 4 a 10), demonstrou-se que a atividade física deve ser estimulada desde a idade mais precoce de forma que, quando adultos, os ossos obtenham os maiores benefícios possíveis. Nesse sentido, os resultados mostraram que: 1. as maiores diferenças ocorreram no braço de lançamento (todos p<0,05); 2. nos lançadores foi possível observar diferenças progressivamente maiores nos grupos de maturação (todos p<0,05) entre o braço lançador e não lançador; 3. as análises regionais mostraram maior adaptação nos setores mediais e laterais, particularmente nos três grupos após PVC.

Além disso, Malina et al. (2015) mostraram dados interessantes das idades estimadas na velocidade de pico na altura (PHV) em estudos longitudinais de jovens atletas japoneses e sul coreanos, indicando que a idade média para atingir o PHV dos jogadores de beisebol é (13.1 anos) superior em relação aos jovens atletas praticantes de basquetebol e corredores de distância (12.8 e 12.6 anos, respectivamente); neste estudo, ainda, é levantada a existência de limitações no sentido de que não é possível saber com precisão quando as crianças estão finalizando a infância e quando atingem o PHV; uma vez que, geralmente, as pesquisas começam muito tarde e finalizam muito cedo em relação à maturação somática.

Rahmani et al. (2018), no mesmo sentido, avaliaram 25 jovens entre 18 a 22 anos, com o objetivo de conhecer os resultados de treinamentos com pesos bilaterais equilibrados sobre a disparidade na DMO entre o braço dominante e não dominante dos jogadores de beisebol. Com isso, após de 12 semanas de treino, os resultados mostraram maior DMO no úmero do braço dominante (aproximadamente 20%) em comparação ao braço não dominante em todos os jogadores. Porém, não foi observada nenhuma outra assimetria significativa na DMO entre as extremidades; além de que o treino com pesos aumentou significativamente na DMO do úmero, ao passo que a DMO corporal total sofreu uma pequena diminuição.

Finalmente, em uma outra pesquisa (CZECK et al., 2018), que se referia a composição corporal, jogadores universitários de beisebol masculino (n=201) idade

20, 1 e de softbol feminino (n=128) idade 20,0 foram separados em quatro posições: lançadores (P), receptores (C) outielders (OF) e infielders (IN). No final dos treinamentos, porém, a partir dos dados apresentados pelo DXA, concluiu-se que não houve diferenças estatisticamente significativas tanto em relação aos jogadores de beisebol - ( p>0,05) na DMO total: P (1.47 g/cm³), C (1.50 g/cm³), OF (1.50 g/cm³) e IN (1.46 g/cm³) – quanto em relação às jogadoras de softbol – (p>0,05) na DMO total: P (1.34 g/cm³), C (1.34 g/cm³), OF (1.32 g/cm³) e IN (1.34 g/cm³).

Por fim, é possível concluir que, do ponto de vista prático, as informações aqui apresentadas foram resultados obtidos através do DXA nos laboratórios que estudam o esporte. Por esse caminho, ainda, é importante destacar que a busca e a utilização de métodos de baixo custo e de fácil administração, tal como antropometria, são importantes uma vez que permitem com que treinadores, pesquisadores e jogadores tenham as mesmas informações do equipamento e, além de tudo, possuam uma melhor aplicabilidade prática.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

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