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Para descrever os resultados encontrados nas variáveis de crescimento físico, composição corporal, desempenho físico e saúde óssea dos jogadores de beisebol brasileiro foi utilizada a prova de Kolmogorov Smirnov para verificar a distribuição normalidade dos dados; após, foi calculada a média aritmética, desvio padrão e amplitude para a estatística descritiva.

Para comparar os diferentes grupos segundo sua idade cronológica, utilizou- se ANOVA de uma via e a prova específica de Tukey para verificação das diferenças significativas. A comparação das variáveis do crescimento físico (ver tabela 7) com referência do Center for Disease Control (2012), se utilizou Teste “t” para uma amostra.

Considerou-se a distribuição de percentis (<P25, P25-P75 e >P75) classificando aos sujeitos como (baixo, médios e alto) de acordo aos valores de DMO e CMO: Para poder comparar as variáveis do crescimento físico, composição corporal e desempenho físico, segundo as categorias da saúde óssea, utilizou-se ANOVA de uma via e a prova específica de Tukey para verificação das diferenças significativas, em todos os casos adotou-se (p<0,05); usou-se uma planilha de Excel e Sigma 8.0.

4. RESULTADOS

A seguir, estão apresentados os resultados do estudo em tabelas e figuras representativas das características, comparações e descrições dos jogadores de beisebol da seleção brasileira desde sub-10 até sub-16 dos anos 2017 e 2018.

Na tabela 7, observa-se os valores da média aritmética ( ) e desvio padrão (DP) das variáveis que descrevem a amostra estudada. Os jogadores de beisebol brasileiros foram separados por grupos de faixa etária. Os grupos de 14 e 15 anos mostraram diferença significativa (p<0,05) no tempo de treinamento organizado no beisebol (expressado em anos) em relação aos jogadores do grupo de 9 anos; não se observaram diferenças significativas na idade cronológica dos jogadores.

Nas variáveis de crescimento físico: peso, estatura e ATC os grupos de 14 e 15 anos mostraram diferenças significativas (p<0,05) em relação aos grupos de 9 até 12 anos; além disso o grupo de 13 anos também mostrou diferenças significativas no peso corporal em relação ao grupo de 9 anos além de diferenças na estatura e ATC em relação aos grupos de 9 até 11 anos; enquanto o grupo de 12 anos mostrou diferenças significativas na estatura em relação aos grupos de 9 e 10 anos e ATC só em relação ao grupo de 9 anos.

Observou-se que o grupo de 11 anos mostrou diferença significativa em relação ao de 9 anos na estatura e variáveis de dobras cutâneas (tricipital e subescapular) em relação aos grupos de 9 e 10 anos. Assim, o grupo de 10 anos mostrou diferenças significativas em relação ao de 9 anos somente nas dobras cutâneas (tricipital e subescapular).

As variáveis % de gordura, massa gorda e massa livre de gordura foram as utilizadas para caracterizar a composição corporal dos jogadores de beisebol brasileiro. Não foram encontradas diferenças significativas na % de gordura em nenhum dos grupos; ao passo na massa gorda observou-se diferenças significativas dos grupos de 12 a 15 anos somente em relação ao grupo de 9 anos, porém observou-se também um incremento significativo (p<0,05) na massa livre de gordura do grupo de 15 anos em relação aos grupos de 9 até 13 anos. Assim, o grupo de 14 anos mostrou diferenças significativas em relação aos grupos de 9 anos até 12 anos. Igualmente, o grupo de 13 anos mostrou diferenças significativas em relação aos

grupos de 9 anos até 11 anos; e os grupos de 11 e 12 anos mostraram diferenças significativas em relação aos grupos de 9 e 10 anos.

Em relação as variáveis do desempenho físico (força muscular abdominal, salto horizontal e lançamento de bola medicinal), observou-se que na avaliação de FMA os grupos de 14 e 15 anos mostraram diferenças significativas (p<0,05) em relação aos grupos de 9 até 11 anos; o grupo de 14 anos teve melhor resultado que o grupo de 15 anos e, por isso, esse grupo também mostrou diferenças significativas com relação ao grupo de 12 anos.

Na avaliação de SH o grupo de 14 anos teve melhor resultado que o grupo de 15 anos e, também por isso, teve diferença significativa em relação ao grupo de 13 anos. Além disso, ambos os grupos de 14 e 15 anos mostraram diferenças significativas em relação aos grupos de 9 até 12 anos; e o grupo de 13 anos mostrou diferenças significativas em relação aos grupos de 9 até 11 anos.

Na avaliação do LBM novamente o grupo de 14 anos teve melhor resultado que o grupo de 15 anos, mas ambos os grupos mostraram diferenças significativas (p<0,05) em relação aos grupos de 9 até 13 anos; o grupo de 13 anos mostrou diferenças significativas em relação aos grupos de 9 até 11 anos; o grupo de 12 anos mostrou diferenças significativas em relação aos grupos de 9 e 10 anos; e o grupo de 11 anos mostrou diferenças significativas em relação ao grupo de 9 anos.

As variáveis da saúde óssea avaliadas através de método antropométrico foram DMO e CMO, observou-se que os valores de ambas variáveis aumentaram conforme aumentava a idade cronológica dos jogadores; tanto na DMO como no CMO os grupos de 13, 14 e 15 anos mostraram diferenças significativas (p<0,05) em relação aos grupos de 9 até 12 anos; o grupo de 15 anos também mostrou diferenças significativas em relação ao grupo de 13 anos; os grupos de 11 e 12 anos mostraram diferenças significativas em relação ao grupo de 9 anos; além disso o grupo de 12 anos mostrou também diferenças em relação ao grupo de 10 anos.

É possível observar que nas avaliações de desempenho físico o grupo de 14 anos teve melhor rendimento que o grupo de 15 anos em todos os testes. Este acontecimento, pode, ainda, ser relacionado com a variável tempos de treinamento (anos); e é interessante ver quantas vezes na semana eles treinam e quantas horas, já que é comum que nesta faixa etária os adolescentes mudarem de esporte.

Tabela 7. Características antropométricas, composição corporal, desempenho físico e saúde óssea da amostra estudada segundo valores da média aritmética ( ) e desvio padrão (DP).

Variáveis \ Idade 9 (n=7) 10 (n=17) 11 (n=27) 12 (n=24) 13 (n=6) 14 (n=9) 15 (n=12)

Todos (n=102)

DP DP DP DP DP DP DP DP

Treinamento (anos) 3,9 1,2 4,5 1,5 5,0 2,1 5,5 1,7 6,2 2,7 8,0 1,9 a 7,5 1,9a 5,6 2,2 Idade cronológica (anos) 9,5 0,4 10,5 0,3 11,5 0,3 12,3 0,3 13,4 0,3 14,5 0,3 15,2 0,2 12,2 1,7

Antropometria

Peso (kg) 33,8 5,5 42,9 14,0 48,3 12,6 49,0 9,6 59,7 12,1 a 66,0 9,7abcd 70,6 11,4abcd 51,4 15,1 Estatura (cm) 136,0 6,4 144,5 6,9 151,4 8,7 a 155,8 8,2ab 164,2 8,1abc 170,9 5,5abcd 171,6 7,9abcd 155,1 12,8 ATC (cm) 71,6 2,7 75,3 3,9 76,7 4,1 79,1 4,4 a 84,4 4,9abc 87,8 1,7abcd 89,4 2,1abcd 79,6 6,5 DC. Tricipital (mm) 12,1 5,4 16,3 7,3 a 16,4 6,4ab 13,6 5,1 13,5 4,5 10,5 2,5 12,0 3,6 14,2 5,8 DC. Subescapular (mm) 7,4 3,0 13,3 8,1 a 11,7 6,1ab 9,7 4,5 10,3 2,3 8,7 1,3 9,3 2,1 10,5 5,4

Composição corporal

Porcentagem de gordura (%) 16,7 6,2 22,6 7,6 22,3 6,5 19,5 5,8 20,5 5,2 16,9 3,2 18,5 4,1 20,3 6,2 Massa Gorda (kg) 5,9 3,2 10,5 6,8 11,4 6,3 9,8 4,5 a 12,3 4,2 a 11,3 3,4 a 13,4 5,0 a 10,8 5,5

Massa Livre de Gordura (kg) 27,9 1,5 32,4 3,2 36,9 2,6ab 39,2 3,4ab 47,4 5,2abc 54,7 3,6abcd 57,2 2,9abcde 19,4 5,8

Desempenho físico

FMA (60seg) (rep) 33,9 5,5 32,9 8,8 36,8 9,5 40,1 11,8 41,3 4,7 52,2 7,4abcd 50,4 4,7abc 40,0 10,8 SH (cm) 170 0,2 160 0,2 170 0,1 180 0,2b 200 0,2abc 240 0,2abcde 220 0,2abcd 180 0,3 LBM (CM) 430 0,8 490 0,7 590 0,8 a 610 1,0ab 760 2,1abc 1020 1,3abcde 940 1,0abcde 660 2,0

Saúde óssea

DMO (g/m2) 0,73 0,04 0,80 0,05 0,85 0,05 a 0,89 0,05ab 0,98 0,06abcd 1,04 0,02abcd 1,08 0,04abcde 0,89 0,11 CMO (g) 1,68 0,09 1,80 0,12 1,89 0,11 a 1,93 0,11ab 2,06 0,09abcd 2,10 0,09abcd 2,13 0,11abcde 1,93 0,16

Fonte O autor, 2020. a: diferença significativa em relação a 9anos; b: diferença significativa em relação a 10anos; c: diferença significativa em relação a 11anos; d: diferença significativa em relação a 12anos; e: diferença significativa em relação a 13años; n: número de jogadores na faixa etária; ATC: altura tronco-cefálica; DC: dobras cutâneas; FMA: força muscular abdominal; SH: salto horizontal sem impulso; LBM: lançamento de bola medicinal; DMO: densidade mineral óssea; CMO: conteúdo mineral ósseo.

A seguir, a tabela 8 mostra a comparação das variáveis de crescimento físico (peso e estatura); mostrando, com isso, a diferença entre os valores de referência do CDC (2012) e os coletados nos jogadores de beisebol brasileiro. Além disso os gráficos apresentados na figura 7 ilustram as comparações do crescimento físico e das dobras cutâneas (tricipital e subescapular) nas diferentes faixas etárias (9 até 15 anos). Em ambos grupos (CDC e J.B.B) o peso e estatura foram semelhantes tanto em valores como em tendência, observando-se pequenas diferenças entre as médias; essas de crescimento positivo para os J.B.B. No entanto, quando se analisou o tecido adiposo nas dobras cutâneas do tríceps e subescapular observou- se que somente os J.B.B de 10 e 11 anos tiveram valores maiores que os da referência (CDC 2012). É possível identificar também uma redução dos valores de tecido adiposo (tricipital e subescapular) nos J.B.B de 13, 14 e 15 anos.

Tabela 8. Valores médios e diferenças para cada faixa etária das variáveis de crescimento físico (peso e estatura) das crianças e adolescentes brasileiros

praticantes de beisebol masculino e as referências do CDC (2012).

Peso Corporal (Kg) Estatura (cm)

Idade CDC J.B.B Media CDC J.B.B Media

(anos) Dif. Dif.

9 36,6 33,8 -2,8 137,9 136,0 -1,9 10 40,0 42,9 48,3 49,0 59,7 66,0 2,9 142,3 144,5 2,2 11 46,6 51,5 59,2 63,9 1,7 149,9 154,6 163,7 168,8 151,4 1,5 12 -2,5 155,8 164,2 170,9 1,2 13 0,5 0,5 14 2,1 2,1 15 70,1 70,6 0,5 173,8 171,6 -2,2 Fonte O autor, 2020.

FIGURA 7 Comparação das variáveis do crescimento físico com a referência do CDC 2012.

* : Diferença significativa em relação a referência CDC (2012).

Fonte O autor, 2020.

Os dados da tabela 9 e dos gráficos apresentados na figura 8 ilustram o comportamento do crescimento físico (peso e estatura) segundo o estado de maturação (APVC) dos jogadores de beisebol brasileiros das categorias sub-10 até sub-16; os resultados demonstram que houve um incremento constante ao longo do aumento da idade cronológica semelhante aos observados nos valores de referência do CDC (2012). Identifica-se, assim, que embora existam valores parecidos quando se comparam os resultados da (IC e APVC); considera-se mais interessante analisar os jogadores pelo estado de maturação; já que as mudanças em peso e estatura são mais significativas especialmente no (APVC = 0 e APVC = 1).

Tabela 9. Comparação do crescimento físico (peso e estatura) pela idade cronológica (IC) e estado de maturação somática (APVC) dos jogadores de

beisebol.

Peso Corporal (Kg) Estatura (cm)

IC APVC IC APVC 9 33,8 -4 36,3 9 136,0 -4 138,5 10 42,9 10 144,5 11 48,3 -3 39,8 11 151,4 -3 145,0 12 49,0 -2 53,1 12 155,8 -2 158,6 13 59,7 -1 58,4 13 164,2 -1 166,5 14 66,0 0 66,9 14 170,9 0 170,1 15 70,6 1 78,8 15 171,6 1 178,3 Fonte O autor, 2020. (p>0,05)

FIGURA 8 Comparação do crescimento físico (peso e estatura) pela idade cronológica (IC) e estado de maturação somática (APVC) dos jogadores de

beisebol.

Fonte: O autor, 2020.

Os dados da tabela 10 e os gráficos apresentados na figura 9 ilustram o comportamento da composição corporal (massa gorda e massa livre de gordura) segundo a idade cronológica e estado de maturação somática dos sujeitos deste estudo. Nesta oportunidade observou-se que a análise segundo o APVC foi mais homogênea, o que permite identificar o comportamento da MG e da MLG de uma forma mais coerente; entende-se, ainda, que a puberdade como um estado de grandes mudanças no organismo das pessoas, de forma que o observado nos dados do estado de maturação da MG e MLG representa mudanças significativas no corpo dos jogadores especificamente no (APVC = 0 e APVC = 1).

Quando se observa a massa gorda segundo a maturação somática identificamos uma grande mudança no grupo com APVC = 1 ao se comparar com o grupo APVC = 0 (incremento de 5,9 kg); um comportamento similar se observou na tabela 9 com esses mesmos grupos.

A idade cronológica mostra ganhos progressivos nas duas variáveis; no entanto, o estado de maturação somática permite identificar os momentos das importantes mudanças da composição corporal, o que pode ser identificado como um indicador ideal para treinadores e preparadores dos jogadores.

Tabela 10. Comparação da composição corporal segundo idade cronológica (IC) e estado de maturação somática (APVC) dos jogadores de beisebol.

Massa Gorda (Kg) Massa Livre de Gordura (Kg)

IC APVC IC APVC 9 5,9 -4 7,3 9 27,9 -4 29,1 10 10,5 10 32,4 11 11,4 -3 8,4 11 36,9 -3 31,4 12 9,8 -2 11,7 12 39,2 -2 42,1 13 12,3 -1 11,0 13 47,4 -1 47,1 14 11,3 0 11,3 14 54,7 0 55,2 15 13,4 1 17,2 15 57,2 1 61,6 Fonte: O autor, 2020. (p>0,05)

FIGURA 9 Comparação da composição corporal segundo idade cronológica (IC) e estado de maturação somática (APVC) dos jogadores de beisebol.

Fonte: O autor, 2020.

Os dados da tabela 11 e dos gráficos apresentados na figura 10 demonstram o comportamento das variáveis de desempenho físico (força muscular abdominal, salto horizontal e sem impulso, lançamento de bola medicinal de (2 kg) por cima da cabeça, segundo a idade cronológica e o estado de maturação somática dos jogadores de beisebol brasileiros nas categorias sub-10 até sub-16.

Observou-se que houve um comportamento semelhante nas curvas das duas metodologias utilizadas neste estudo (IC e APVC) nas variáveis SH e LBM; porém, na variável F.M.A os jogadores demonstraram um incremento constante desde o (APVC -4 até –2) tendo uma pequena queda na curva no (APVC -1), e quando os atingiram o (APVC = 0) tiveram maiores resultados que os observados na metodologia IC.

Identificou-se que os melhores resultados em todas as avaliações de desempenho físico foram obtidos pelos jogadores dos grupos com (APVC = 0) segundo a maturação somática e 14 anos segundo (IC); fato que chama a atenção,

porque esperava-se que nestas variáveis se destaca-se os indivíduos com mais idade cronológica e com estagio maturacional mais elevado. Nesse sentido, infere- se que o grupo de jogadores com 15 anos de idade teve um rendimento menor nas avaliações de desempenho físico que o grupo de 14 anos, por diferentes causa como menor tempo de treinamento (ver tabela 7), maior peso corporal e massa gorda (ver tabela 9 e 10); além do grupo de 14 anos ser identificado como uma boa geração para o beisebol brasileiro.

Tabela 11. Comparação do desempenho físico segundo idade cronológica e estado de maturação somática (APVC) dos jogadores de beisebol brasileiro.

F.M.A (Rep.) Salto Horizontal (cm) Lanç. Bola 2kg (cm)

IC APVC IC APVC IC APVC

9 33,9 -4 32,2 9 170 -4 164 9 430 -4 450 10 32,9 10 160 10 490 11 36,8 -3 37,1 11 170 -3 167 11 590 -3 543 12 40,1 -2 39,6 12 180 -2 184 12 610 -2 648 13 41,3 -1 34,5 13 200 -1 200 13 760 -1 698 14 52,2 0 51,3 14 240 0 231 14 1020 0 992 15 50,4 1 50,0 15 220 1 220 15 940 1 980 Fonte: O autor, 2020. (p>0,05)

FIGURA 10 Desempenho físico segundo idade cronológica e estado de maturação somática (APVC) dos jogadores de beisebol brasileiro.

Na tabela 12 observa-se os valores da saúde óssea DMO e CMO de jogadores de beisebol brasileiros nas categorias sub-10 até sub-16; sendo que a média aritmética ( ) e o desvio padrão (DP) foram calculados pelo método antropométrico proposto por Gómez-Campos et al (2017) em comparação com os dados de referência para percentil 50 e percentil 75 de crianças e adolescentes estudantes chilenos (ECH).

Utilizou-se a equação da porcentagem de diferença (ver tabela 6) com a finalidade de observar percentualmente quanto as crianças e adolescentes praticantes de beisebol brasileiro variam dos estudantes chilenos nas mesmas faixas etárias para as duas variáveis comparadas.

Calculou-se a porcentagem de diferença entre as médias aritmética e foi identificado que dois sujeitos do estudo possuem DMO semelhante aos encontrados na referência (acima da percentil 50 e abaixo do percentil 75) em todas as idades cronológicas; porém, quando se comparou o CMO, observou-se que enquanto os valores foram parecidos aos encontrados no percentil 75 da referência nos adolescentes de 15 anos; nas faixas etárias entre 9 e 13 anos notaram-se grandes diferenças (valores acima do percentil 75).

Infere-se que essas diferenças no CMO entre as amostras têm duas causas. Primeiramente, é preciso lembrar que os chilenos são estudantes não-atletas, o que indica que eles não recebem constantemente estímulos de treinamento que possa aumentar o CMO. Em segundo lugar, ainda, a estatura dessa população escolar é menor que a estatura dos jogadores de beisebol brasileiros; e é conhecido que as pessoas com maior estatura possuem maior CMO que as pessoas de estaturas menor.

Finalmente, considera-se que o grupo de jogadores de beisebol de 15 anos, por ter menos tempo de treinamento nesta disciplina esportiva que os jogadores de 14 anos neste estudo, receberam menos estímulos na prática esportiva o que ocasionou, como consequência, menos CMO na saúde dos ossos.

Tabela 12. Comparação dos valores da saúde óssea DMO e CMO dos Jogadores de Beisebol Brasileiros (J.B.B) com percentil 50 e percentil 75 de crianças e adolescentes Estudantes Chilenos (ECH).

Densidade Mineral Óssea (DMO) (g/m²) DMO % de diferença Conteúdo Mineral Ósseo (CMO) (g) CMO % de diferença Idade ECHP50 ECHP75 J.B.B ECHP50

e J.B.B

ECHP75 e J.B.B

ECHP50 ECHP75 J.B.B ECHP50 e J.B.B ECHP75 e J.B.B (anos) DP DP 9 0,72 0,76 0,73 0,04 1,38 -3,94 0,99 1,10 1,68 0,09 69,69 52,72 10 0,78 0,81 0,80 0,05 2,56 -1,23 1,17 1,28 1,80 0,12 53,84 40,62 11 0,83 0,87 0,85 0,05 2,40 -2,29 1,35 1,47 1,89 0,11 40,00 28,57 12 0,89 0,93 0,89 0,05 0,00 -4,30 1,55 1,66 1,93 0,11 24,51 16,26 13 0,95 0,98 0,98 0,06 3,15 0,00 1,74 1,86 2,06 0,09 18,39 10,75 14 1,00 1,04 1,04 0,02 4,00 0,00 1,92 2,04 2,10 0,09 9,37 2,94 15 1,05 1,09 1,08 0,04 2,85 -0,91 2,09 2,20 2,13 0,11 1,91 -3,18 Fonte: O autor, 2020.

ECHP50: Estudantes Chilenos Percentil 50; ECHP75: Estudantes Chilenos Percentil 75;

A tabela 13, a seguir, mostra os valores da média aritmética e desvio padrão da comparação do crescimento físico, composição corporal e desempenho físico segundo categorias da saúde óssea (DMO e CMO) dos jogadores de beisebol brasileiros, classificados como baixo os valores menores ao percentil 25 (<P25), como médios entre o percentil 25 e como altos valores maiores ao percentil 75 (>P75).

Na comparação entre idade cronológica e estado de maturação somática, observou-se diferença significativa (p<0,05) somente no estado maturacional, onde os valores desta variável foram se aproximando a zero (APVC = 0) e as médias aritméticas e desvio padrão mostraram diferenças significativas entre cada grupo da classificação.

Todas as variáveis do crescimento físico (peso, estatura, ATC e IMC) mostraram diferenças significativas (p<0,05), observando-se que os valores foram aumentando progressivamente e os jogadores do grupo (>P75) tiveram resultados maiores em comparação aos outros dos grupos.

Nas variáveis de composição corporal (MG e MLG) observou-se aumento progressivo dos resultados nas médias aritmética e desvio padrão dos grupos, igualmente os jogadores do grupo (>P75) tiveram resultados maiores em comparação aos outros dos grupos; entretanto na variável (%G) não apresentou aumento progressivo entre os grupos, mas sim houve diferenças significativa (p<0,05) como nas variáveis MG e MLG.

Finalmente, nas variáveis do desempenho físico a comparação entre os grupos não foi semelhante às variáveis anteriores, já que somente se observou diferença significativa (p<0,05) na variável LBM, onde os jogadores do grupo (>P75) tiveram os melhores resultados; na variável SH também os jogadores do grupo (>P75) tiveram os melhores resultados e observou-se melhor desempenho conforme o estado de maturação somática vai se aproximando a zero (APVC = 0), mas não houve diferença significativa nessa variável nem na FMA.

Tabela 13. Comparação do crescimento físico, composição corporal e desempenho físico segundo categorias da saúde óssea (DMO e CMO).

Baixo <P25 Médio P25-P75 Alto >P75 F P DP DP DP Idade (anos) 11,73 0,51 12,19 1,66 12,31 1,86 0,357 0,701 Estado de maturação (APVC) -3,07 0,29 -2,22 1,37 -1,66 1,54 3,822 0,025 Crescimento físico Peso (kg) 37,14 5,47 46,45 9,86 60,44 17,01 17,850 0,000 Estatura (cm) 143,44 6,27 152,69 10,77 160,21 14,09 8,072 0,001 ATC (cm) 72,43 1,79 78,18 5,95 82,68 6,17 12,407 0,000 IMC (kg/m2) 18,05 2,30 19,67 2,00 23,09 4,08 18,193 0,000 Composição corporal Porcentagem de gordura (%G) 19,00 5,72 18,86 5,31 22,37 6,89 4,124 0,019 MG (kg) 29,83 2,38 37,64 8,30 46,44 12,43 13,464 0,000 MLG (kg) 14,10 0,85 18,14 4,70 21,97 6,54 9,499 0,000 Desempenho físico FMA (rep) 38,71 10,26 40,41 9,63 39,56 12,49 0,118 0,888 SH (cm) 173 0,10 185 0,28 186 0,34 0,644 0,527 LBM (cm) 500 0,33 635 1,73 715 2,36 4,393 0,015 Fonte: O autor, 2020.

IMC: Índice de massa corporal; MLG: Massa livre de gordura; FMA: Força muscular

abdominal; SH: salto horizontal sem impulso; LBM: lançamento de bola medicinal.

Desta maneira, apesar do número de participantes nesta pesquisa ser baixo (102), por todas as características que envolve o estudo, e destacando que o beisebol é um esporte pouco praticado no Brasil e que os sujeitos da pesquisa são todos atletas de seleção e participantes em competições internacionais, é possível considerar que esse número, na verdade, é de grande impacto no contexto do beisebol brasileiro.

5. DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo mostraram como são as crianças e adolescentes que participam em competições internacionais de beisebol representando ao Brasil, de acordo as diferentes variáveis utilizadas: crescimento físico, composição corporal, desempenho físico e saúde óssea a partir da idade cronológica e estados de maturação somática.

O Center for Disease Control (CDC (2012)) apresentou valores de referência para peso e estatura de crianças e adolescentes dos Estados Unidos no período 2007-2010 semelhantes os dados coletados em jovens brasileiros praticantes de beisebol nos anos 2017 e 2018; essa similitude, assim, permite inferir que os sujeitos selecionados como amostra deste estudo possuem características antropométricas parecidas com as observadas nos indivíduos estadunidenses. No entanto, neste estudo é possível identificar que os jogadores representantes do Brasil na copa mundial de beisebol disputadas nos anos 2017, 2018 e 2019 nas categorias sub-12 e sub-15, mostram valores significativamente menores aos jovens jogadores de beisebol das diferentes seleções (ver quadro 6).

A tabela 7 indica segundo a idade cronológica, os valores da média aritmética e desvio padrão de todas as variáveis utilizadas neste estudo; além disso, permite identificar as diferenças significativas de cada grupo etário. Considere-se que esta tabela será um indicador ou referência e de grande ajuda para futuras pesquisas que envolvam crianças e adolescentes, jovens atletas, jogadores de beisebol e variáveis de crescimento físico como composição corporal, desempenho físico e saúde óssea; de modo a dar continuidade nesta interessante linha de pesquisa.

Gómez-Campos (2014), Diniz et al, (2017) e Santi Maria (2018) publicaram trabalhos científicos que demonstram a importância dos estudos com dados referenciais do crescimento físico, composição corporal, saúde óssea e maturação somática; dessa maneira, identifica-se este estudo das crianças e adolescentes praticantes de beisebol brasileiro como um dos primeiros em mostrar as características desta população.

Considerações que dizem respeito às diferenças individuais na maturação somática são importantes no que tange o desenvolvimento de talento esportivo e no estudo da aptidão física; e é por isso que indicadores estabelecidos do estado de

maturação somática (idade esquelética, características sexuais secundárias) frequentemente percebem-se como pouco práticas e invasivos; permitindo, portanto, que exista um grande interesse nos indicadores não invasivos (KOZIEL & MALINA, 2018). Mirwald et al., 2002, sobre isso, sinalizou que a identificação do tempo antes ou depois dos anos do pico de velocidade de crescimento (APVC) é um desses indicadores não invasivos. Nas figuras 8, 9 e 10 há gráficos comparativos dos resultados obtidos pelas crianças e adolescentes brasileiros praticantes de beisebol segundo as idades cronológicas e estados de maturação somática (APVC), e identificou-se que a segunda metodologia de análises é a mais representativa da amostra escolhida para este estudo.

Para as análises do crescimento físico (peso e estatura) através da idade cronológica, precisou-se de sete (7) grupos; no entanto, foram simplificadas a seis (6) estados de maturação somática (-4 até 1); o que permitiu identificar o APVC como um indicador muito importante a ser utilizado quando se organiza treinos de crianças e adolescentes. Neste estudo identificou-se que o grupo com (APVC = 1) teve um incremento de massa corporal e estatura superior aos observados nos outros grupos de maturação somática; o mesmo, porém, não é observado pela (IC) com a mesma facilidade nos grupos de 14 e 15 anos.

Nas variáveis da composição corporal neste estudo utilizou-se o peso (kg) da massa gorda e massa livre de gordura, observando o indicador da maturação somática (APVC); identificou-se um aumento muito grande da massa gorda no grupo de jogadores que já alcançou o pico de velocidade de crescimento; essa informação passa desapercebida se olhamos somente a idade cronológica; é importante sinalar que nesta oportunidade só se analisou a composição corporal das crianças e adolescentes brasileiros praticantes de beisebol em dois (2) compartimentos (MG e MLG). Assim, sugere-se que em futuras investigações se analise a massa gorda, massa magra, massa óssea e massa residual também.

O indicador de maturação somática (APVC) demonstrou que nas variáveis de

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