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Mapa 3 – Distribuição dos grupos ampliados no território nacional

3. PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA

3.3. Revisão sistemática integrativa da literatura sobre o PSE

3.3.2. Características dos estudos

Antes de procurar responder à pergunta de pesquisa levantada para a RSIL, é preciso conhecer as características metodológicas dos estudos incluídos (Gráfico 4), começando pela abordagem (categoria 1), as ferramentas de coleta (categoria 2) e as fontes de dados (categoria 3).

Gráfico 4 - Abordagem metodológica, ferramentas de coleta e fontes de dados

Fonte: elaborado pela autora.

Em relação à abordagem metodológica (Gráfico 4-1), percebe-se a predominância de estudos qualitativos (66%). É baixa a quantidade de trabalhos que mesclam as abordagens qualitativa e quantitativa (Chiari, 2015; Chiari et al., 2018; Lopes, Nogueira, & Rocha, 2018; Mello, 2018; F. P. S. L. Oliveira, 2017; Schio, 2018; A. A. Silva, 2013; G. F. Silva, 2016; N. P. Souza, 2012). Os pesquisadores Fetters, Curry e Creswell (2013) defendem a utilização de métodos mistos, apontando como vantagens: dados qualitativos podem avaliar a validade dos achados quantitativos; dados quantitativos podem gerar a amostra qualitativa ou explicar as descobertas dos dados qualitativos; a pesquisa qualitativa pode informar o desenvolvimento ou refinamento de instrumentos quantitativos ou intervenções, ou gerar hipóteses no componente qualitativo para testes no componente quantitativo, dentre outras.

É baixa também (28%) a quantidade de trabalhos que se utiliza múltiplas ferramentas de coleta de dados (Gráfico 4-2). Já em relação às fontes de informação (Gráfico 4-3), a maior parte utiliza mais de uma opção (55%). Destes, destacam-se 16 trabalhos que realizam a triangulação tanto de fontes quanto de ferramentas (Brambilla, 2017; Eysler G. M. Brasil, 2016; Eysler G. M. Brasil, Silva, Silva, Rodrigues, & Queiroz, 2017; Carvalho, 2015; Chiari, 2015; Chiari et al., 2018; R. R. Costa, 2013; Dias, Vieira, Silva, Vasconcelos, & Machado, 2016; Freitas, 2015; Lucena, 2015; F. P. S. L. Oliveira, 2017; Y. C. Oliveira, 2015; Schio, 2018; K. L. Silva, Sena, Gandra, Matos, & Coura,

2014; Silveira & Campos, 2016; E. F. D. Souza et al., 2018). Os pesquisadores Mynayo, Assis e Souza (2005) e Crumpton et al. (2016) defendem a importância da combinação e cruzamento de múltiplas ferramentas de coleta e pontos de vista na avaliação de políticas públicas e programas governamentais, por permitirem comparação e interação crítica intersubjetiva, conferindo maior verossimilhança dos resultados em relação à realidade.

Na especificação das ferramentas de coleta e fontes de dados (Figura 13), o total é superior a 71 (quantidade de registros incluídos na etapa de leitura completa e categorização) visto que alguns trabalhos utilizam mais de uma ferramenta e fonte na coleta, como visto na figura anterior.

Figura 13 - Categorização: ferramentas de coleta e fontes de informação

Fonte: elaborada pela autora.

Quanto às ferramentas, a classificação “grupos (código F) inclui grupo focal, roda de conversa e reunião. A categoria “outros” (código G) inclui redação (Oliveira et al. 2018b) e notícias (Oliveira et al. 2018a). Percebe-se que a entrevista é a ferramenta mais empregada, utilizada por 48% dos trabalhos como única ou uma das formas de coleta. Nenhum trabalho utilizou dados quantitativos secundários.

Quanto às fontes de informação, destacam-se os profissionais da saúde, ouvidos em mais da metade (56%) dos trabalhos, seguidos pelos profissionais da educação (41%) e gestores (39%). Chama a atenção o baixo número de trabalhos que abordaram alunos (R. R. Costa, 2013; Dias et al., 2016; E. G. Moura, Pereira, & Zuffo, 2018; S. M. Moura, 2014; F. P. S. L. Oliveira, 2017; F. P. S. L. Oliveira, Vargas, Hartz, Dias, & Ferreira, 2018; Y. C. Oliveira, 2015; C. B. Silva, 2018; Silveira & Campos, 2016) e

Cód. Ferramentas de coleta de dados Qtde. de

estudos Cód. Fontes / informantes chave

Qtde. de estudos

D Entrevista 34 C Profissionais da saúde 40

E Questionário 20 D Profissionais da educação 29

B Pesquisa documental 18 E Gestores 28

C Observação 11 B Documentos 18

F Grupos 8 F Estudantes 9

A Pesquisa bibliográfica 6 A Estudos científicos 4

menor ainda que incluem a percepção de familiares (E. E. G. Oliveira, Arantes, Nascimento, & Pontes, 2018; C. B. Silva, 2018). Nesse contexto, destacam-se oito trabalhos abrangentes em termos de diversidade de fontes de informação (Quadro 12).

Quadro 12 - Trabalhos mais abrangentes quanto às fontes de informação

Referência

FONTES / INFORMANTES CHAVE Estudos cient. Docu- mentos Prof. saúde Prof. educação Gestores Estu- dantes Fami- liares Costa (2013) Dias et al. (2016) Freitas (2015) Moura (2014) Oliveira,Y.C. (2015) Oliveira, F.P.S.L (2017) Oliveira et al. (2018) Silva (2018)

Fonte: elaborado pela autora.

Após examinar os principais aspectos metodológicos dos trabalhos, passou-se para a análise dos objetos de estudo, incluindo abrangência geográfica, período a que se referem os dados e dimensões do programa abordadas.

Tabela 2 – Abrangência geográfica dos estudos

Fonte: elaborado pela autora.

Cód. Abrangência geográfica Qtde. de

estudos %

D Um município 45 63%

A Nacional 13 18%

C Alguns municípios 7 10%

F Uma escola/unidade de saúde 3 4%

B Estadual 2 3%

E Algumas escolas/unidades de saúde 1 1%

71 100%

A abrangência geográfica (categoria 4) (Tabela 2) da maior parte (63%) das pesquisas é municipal (código D), com mais 5% (soma das classificações E + F) também dentro de um único município. Os locais mais estudados (categoria 5), com as respectivas quantidades, são: Fortaleza/CE e Belo Horizonte/MG (com 6 cada) e Natal/RN (4 estudos).

Excluindo os 13 estudos que têm abrangência nacional (código A) e aqueles que não denominam o local, há pesquisas em 14 dos 26 estados brasileiros. Os mais frequentes, com as respectivas quantidades, são: Ceará (10), Minas Gerais (9), Rio de Janeiro (8), Pernambuco (6) e Rio Grande do Norte (4).

Apenas Lucca (2016) realiza uma comparação com um programa de educação em saúde estrangeiro (Portugal) na etapa empírica da pesquisa. Tusset (2012) e Mello (2018) mencionam ações de educação em saúde realizadas em outros países, mas apenas na revisão teórica.

Gráfico 5 - Período de abrangência dos dados

Fonte: elaborado pela autora.

Ao observar o período abrangido pelos estudos (categoria 6), quando mencionado, percebe-se um crescimento natural a partir do ano de 2007, com pico em 2013 e queda a partir de então (Gráfico 5). Ainda não foram publicados trabalhos

0 2 4 6 8 10 12 14 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Q UAN T IDADE DE EST UD O S

utilizando dados de 2018. Não há menção à abrangência temporal em 23% dos textos. Mais da metade dos trabalhos (55%) é pontual, coletando informações em um momento específico. Nos 16 estudos (23%) que abrangem dois anos ou mais, predomina a análise documental. Percebe-se carência de pesquisas com longa abrangência.

Para analisar o escopo dos estudos, foram observadas as dimensões do programa abordadas e se houve foco em alguma doença, agravo ou ação específica.

Gráfico 6 - Dimensões do programa abordadas

Fonte: elaborada pela autora.

Quanto às dimensões estudadas (categoria 2) (Gráfico 6), a implementação (código B) é a mais presente, abordada por 95% trabalhos; destes, 9 analisaram também a normatização (código AB) e 3 incluíram os resultados (código BC). Apenas 3 artigos contemplaram as três questões (código ABC) (Lopes et al., 2018; S. M. Moura, 2014; F. P. S. L. Oliveira, 2017).

Embora a normatização (código A) seja pouco mencionada como foco do estudo, a maior parte dos trabalhos faz uma análise descritiva preliminar desse quesito. Nota-se

uma carência de pesquisas que avaliem os resultados do programa (Código C): os poucos que o fazem (seis apenas e em conjunto com outras dimensões) o fazem por meio da pesquisa de opinião/percepção dos informantes chave. Dentre os textos excluídos na etapa de elegibilidade havia diversos trabalhos que abordavam indicadores de saúde dos adolescentes, mas sempre realizando diagnóstico como uma fotografia estática no momento do estudo, sem avaliar impactos do PSE em relação aos quesitos avaliados, portanto não incluídos nesta RSIL. Lopes et al. (2018) corroboram essa constatação, ao realizar uma revisão sistemática semelhante à aqui proposta, mas com escopo voltado para o tema “promoção de saúde”. Dentre os 38 artigos avaliados, apenas seis realizam avaliação da saúde dos estudantes de forma pontual e nenhum mede a influência do PSE nesse quesito.

Em relação ao escopo da pesquisa (categoria 9), 56 trabalhos (79%) avaliam o PSE como um todo (código A), enquanto os outros 21% (categoria B) têm foco em alguma ação, doença ou agravo específico (Tabela 3). A preocupação com a questão nutricional (alimentação saudável, excesso de peso e/ou atividades físicas) aparece em sete trabalhos.

Tabela 3 – Estudos com foco em ação, doença ou agravo específico

Fonte: elaborada pela autora.

Conhecidas as escolhas metodológicas e objetos de estudo das pesquisas incluídas na RSIL, passa-se à questão central, que é buscar evidências quanto aos prós e contras do PSE.

Foco Qtde. estudos Alimentação saudável 4 Saúde bucal 3 Excesso de peso 2 Álcool e drogas 1 Atividades físicas 1 Fonoadiologia 1 HIV/AIDS 1 Saúde ocular 1 Saúde mental 1 TOTAL 15