• Nenhum resultado encontrado

Variáveis dependentes: indicadores de saúde

Mapa 3 – Distribuição dos grupos ampliados no território nacional

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.3. Variáveis

4.3.1. Variáveis dependentes: indicadores de saúde

A escolha das variáveis dependentes foi baseada nas ações do Componente II do PSE - Promoção e prevenção de saúde. O Quadro 18 mostra as condições de saúde, doenças e agravos que podem ser influenciadas pelas ações educativas recomendadas nas diretrizes do programa.

Quadro 18 - Escolha das variáveis dependentes versus ações do PSE

Ações de promoção e prevenção no PSE (Componente II)

Variáveis de saúde influenciáveis pelas ações

I - Ações de segurança alimentar e promoção da alimentação saudável

Estado nutricional não eutrófico II - Promoção das práticas corporais e atividade física

nas escolas

III - Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE): educação para a saúde sexual, saúde reprodutiva e prevenção das DST/AIDS

Gravidez na adolescência

Doenças Sexualmente Transmissíveis AIDS - Casos

AIDS - Internações IV - Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE):

prevenção ao uso de álcool e tabaco e outras drogas;

Uso de álcool Uso de drogas V - Promoção da cultura de paz e prevenção das

violências Agressões

VI - Promoção da saúde ambiental e desenvolvimento sustentável

Doenças infecciosas e parasitárias Doenças e agravos de notificação compulsória

Fonte: elaborado pela autora.

Em relação às ações I e II, seria de grande valia analisar informações comportamentais, como a frequência de consumo de alimentos (saudáveis e não recomendados) e da prática de exercícios físicos, mas não há informações disponíveis a nível municipal, para o período do estudo (foram encontrados dados apenas para capitais e a nível nacional por amostragem, sem identificação dos municípios). Logo, foi incluído nesta pesquisa apenas o estado nutricional.

Em relação à ação III, além dos dados sobre gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis, em geral, optou-se por incluir dois indicadores relativos à AIDS, pois nas ações educativas realizadas nas escolas há uma grande ênfase na doença, abordando a prevenção e cuidados a serem tomados por quem está infectado, visando garantir boa qualidade de vida e evitar complicações.

Em relação à ação IV, todos os municípios que aderem ao programa devem trabalhar ações básicas de higiene pessoal, bucal e de alimentos. Cada local deve realizar, ainda, um diagnóstico das doenças relevantes em sua região, para que as devidas ações profiláticas sejam também abordadas. Assim, foram utilizados dados referentes a doenças infecciosas, parasitárias e de notificação compulsória. Apesar da saúde bucal ser um dos focos desta ação, não há dados relacionados disponíveis.

Como não há medidas exatas para nenhuma das variáveis listadas, foram escolhidas medidas de aproximação (proxies) representando cada aspecto, de acordo com a disponibilidade dos dados a nível municipal, para todo o período do estudo, indicando ainda os respectivos códigos segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10)26, quando

aplicável (Quadro 19).

Quadro 19 - Proxies para as variáveis dependentes

VARIÁVEL PROXIES

Estado Nutricional

% de crianças com estado nutricional classificado como: magreza acentuada, magreza, risco de sobrepeso, sobrepeso, obesidade

% de adolescentes estado nutricional classificado como: magreza acentuada, magreza, sobrepeso, obesidade, obesidade grave

% de adultos estado nutricional classificado como: baixo peso, sobrepeso, obesidade I, obesidade II, obesidade III

Gravidez na adolescência

Número de partos - mães entre 10 e 14 anos Número de partos - mães entre 15 e 19 anos Doenças

Sexualmente Transmissíveis

Número de internações por causas gerais (soma): − Sífilis (CID-10: A50-53)

− Infecção gonocócica (CID-10: A54)

− Doenças por clamídias transmitidas por via sexual (CID-10: A55-56) − Outras infecções com transmissão predominante sexual (CID-10: A63-64) AIDS – Casos Número novos casos de AIDS confirmados

AIDS – Internações

Número de internações por causas gerais:

− Doença pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) (CID-10: B20-B24) Número de internações por causas gerais:

− Estado de infecção assintomática pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) (CID-10: Z21)

Uso de álcool

Número de internações por causas gerais (soma):

− Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool (CID-10: F10)

− Doença alcoólica do fígado (CID-10: K70)

Número de internações por causas externas (soma): − Autointoxicação voluntaria por álcool (CID-10: X65) − Uso de álcool (CID-10: Z72)

Uso de drogas

Número de internações por causas externas (soma):

− Envenenamento (intoxicação) acidental, de intenção não determinada ou autointoxicação intencional por e exposição a drogas anticonvulsivantes (antiepilépticos) sedativos, hipnóticos, antiparkinsonianos e psicotrópicos não classificados em outra parte (CID-10: X41, Y11 e X61)

− Número de internações por causas externas: Envenenamento (intoxicação) acidental ou autointoxicação intencional por e exposição a narcóticos e psicodislépticos (alucinógenos) não classificados em outra parte (CID-10: X42, Y12 e X62)

Número de internações por causas gerais:

− Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa (CID-10: F10-F19)

Violência – agressões

Número de internações por causas externas: Agressões (CID-10: X85-Y09)

(Continuação)

VARIÁVEL PROXIES

Algumas doenças infecciosas e parasitárias

Número de internações por causas gerais:

− Algumas doenças infecciosas e parasitárias (CID-10 - Capítulo 1 – A00 a B99)

Doenças e agravos de notificação compulsória27

Número de casos confirmados (soma):

− Acidente por animais peçonhentos (CID-10: X20, X21, X22, X23, X26) − Botulismo (CID-10: A05.1)

− Doença de chagas aguda (CID-10: B57.0e B57.1) − Cólera (CID-10: A00)

− Coqueluche (CID-10: A37) − Difteria (CID-10: A36)

− Esquistossomose (CID-10: B65) − Febre amarela (CID-10: A95) − Febre maculosa (CID-10: A77) − Febre tifoide (CID-10: A01.0) − Hantavirose (CID-10: B33.4)

− Hepatites virais (CID-10: B17 a CID-10: B19) − Intoxicação exógena (CID-10: T36-T50) − Leishmaniose visceral (CID-10: B55.0)

− Leishmaniose tegumentar (CID-10: B55.1 e B55.2) − Leptospirose (CID-10: A27)

− Malária (CID-10: B50 a CID-10: B54) − Meningite (CID-10: G00 a CID-10: G03) − Paralisia flácida aguda (CID-10: A80) − Raiva (CID-10: A82)

− Tétano acidental (CID-10: A35);

− Tuberculose (CID-10: A15 a CID-10: A19) Fonte: elaborado pela autora.

Quando se estuda saúde pública é comum mensurar resultado por meio de índices de mortalidade, tanto por sua relevância quanto pela confiabilidade, já que o registro é rigoroso. No entanto, a mortalidade é altamente influenciada também pela oferta dos serviços de saúde após o diagnóstico, em relação a oferta, acesso e qualidade. Logo, como a presente pesquisa trata especialmente de prevenção, optou- se por buscar dados relacionados a internações ao invés de mortalidade. Cabe apontar que o número de internações pode ser enviesado pelos casos em que há mais de uma internação pelos mesmos motivo e indivíduo, dentro do período estudado. Ainda assim

27Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública, atualizada

pela Portaria 204, de 17 de fevereiro de 2016, do Ministério da Saúde. Foram realizadas as adaptações necessárias para os itens que sofreram alterações com a atualização mencionada.

acredita-se que são indicadores que refletem melhor a eficácia das ações educacionais voltadas à prevenção, quando pertinentes. Para as doenças e agravos de notificação compulsória e para AIDS, utilizou-se o número de casos confirmados, segundo o ano dos primeiros sintomas. Para mensurar gravidez na adolescência, a quantidade de partos, de acordo com a idade da mãe, trabalhado com duas faixas etárias, separadamente.

Dentre as doenças e agravos de notificação compulsória monitorados e divulgados pelo Datasus, foram ignorados, por não haver disponibilidade de dados suficiente: dengue; doenças exantemáticas; hanseníase; influenza e peste. Foram excluídas também sífilis (congênita e gestante) e tétano neonatal, por serem doenças para as quais a prevenção da transmissão não é abordada nas ações de educação em saúde realizadas nas escolas.

Para estado nutricional (EN) foi utilizado o percentual de pessoas cujo EN seja qualquer um menos o considerado eutrófico. As faixas etárias são assim divididas: Criança - menor de 10 anos de idade; Adolescente - maior ou igual a 10 anos e menor que 20 anos de idade; Adulto - maior ou igual a 20 anos e menor que 60 anos de idade. A classificação dos EN segue as recomendações da OMS.28

O Quadro 20 traz as fontes utilizadas para coleta dos dados relacionados aos indicadores de saúde utilizados como variáveis dependentes.

Quadro 20 - Fontes de dados para as variáveis dependentes

Unidades das variáveis Fonte dos dados

Internações Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS)

Casos confirmados Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) Partos Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) Estado nutricional Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) Fonte: elaborado pela autora

28World Health Organization (WHO). Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. WHO

Ao coletar os dados, sempre foi utilizada a opção “por município de residência” em vez de “por município de internação”. Tal escolha busca evitar que os indicadores sejam influenciados pela estrutura do sistema de saúde, pois uma maior oferta de leitos leva à tendência de maior número de internações, passando a falsa impressão de pior situação de saúde. O foco é “onde mora o problema” e não o processo de tratamento.

Os dados foram coletados por ano, havendo a necessidade de adequação aos ciclos bianuais de implementação do PSE (como explicado na seção 5.4.1). Para a transformação foram somados quantidades de internações, casos confirmados ou partos obtidos para os dois anos de cada ciclo.

Em seguida as variáveis foram relativizadas em taxas, construídas tendo como numerador o número de internações, de partos ou de casos confirmados e como denominador a população total ou a feminina em cada faixa etária. Em seguida, como alguns dos valores “per capita” eram muito baixos, todos os valores foram multiplicados por dez mil. Portanto as taxas de internações e casos diagnosticados são para cada 10.000 habitantes. Somente os indicadores de estado nutricional são taxas percentuais, por já estarem disponibilizados assim na fonte.