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O Rio Tocantins é formado pela confluência dos rios Paranã, Maranhão e das Almas, na altura do município de Paranã, no sul do Tocantins, percorrendo uma distância de aproximadamente 2400 km até desaguar na Baía do Marajó (PA). Drena uma área de 306.310 km² antes da confluência com o Araguaia e 764.996 km² na foz, incluída a área de drenagem do Rio Araguaia. Apresenta características de rio de planície no trecho inferior-médio e de planalto no trecho médio-superior.

O rio possui extensão navegável de 1152 km dividida em dois trechos não contínuos. O primeiro trecho possui 714 km e conecta a foz à cidade de Imperatriz (MA), sendo dividido em três subtrechos, foz – Tucuruí (PA) – Marabá (PA) - Imperatriz, e o segundo trecho possui 440 km e conecta as cidades de Estreito (MA) e Lajeado (TO). Ainda, há as ligações Imperatriz – Estreito e Peixe (TO) – Lajeado que são navegáveis apenas no período das cheias.

129 A implantação de uma hidrovia plenamente navegável depende da construção de eclusas e terminais, dragagens e derrocamentos em alguns trechos, sinalização. Algumas intervenções necessárias na hidrovia Tocantins são apresentadas na Figura 7-1. De acordo com Relatório Executivo do Ministério dos Transportes (BRASIL, 2011) foram estimados investimentos da ordem de 5,7 bilhões de reais na hidrovia Tocantins, corrigido para valor presente esse valor corresponde à 7,2 bilhões. Cabe ressaltar que a execução de estudos de batimetria mais detalhados pode interferir significativamente nesse valor. Ao custo de implantação somam-se os custos de operação e manutenção.

Figura 7-1: Localização das intervenções previstas pelo PNLT 2011. Fonte: elaborado a partir de Ministério dos Transportes (2012)

7.1.1 Custo de implantação da hidrovia

O custo de implantação de uma hidrovia leva em consideração três itens: dragagem, derrocamento e sinalização. Para a hidrovia Tocantins, o total de recursos a serem alocados na sua implantação foram obtidos a partir do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) e posteriormente comparados com os dados de

130 hidrovia existentes no País para a correção de eventuais erros na estimativa desses custos. A tabela abaixo sintetiza as informações encontradas.

Tabela 7-1 – Custos de implantação da hidrovia Tocantins

Descrição Totais

R$ %

1.Trecho II [Marabá à Estreito] R$ 1.700.505.174,33 62,14%

1.1.Balizamento e Sinalização R$ 85.143.072,92 3,11%

1.2.Dragagem R$ 93.384.204,21 3,41%

1.3.Derrocamento R$ 1.521.977.897,20 55,61%

2.Trecho III [Estreito à Palmas] R$ 623.627.641,18 22,79%

2.1.Balizamento e Sinalização R$ 150.163.612,93 5,49%

2.2.Dragagem R$ 473.464.028,25 17,30%

2.3.Derrocamento* R$ - -

3.Trecho IV [Palmas à Peixe] R$ 412.617.810,90 15,08%

3.1.Balizamento e Sinalização R$ 70.166.427,52 2,56%

3.2.Dragagem R$ 7.891.383,38 0,29%

3.3.Derrocamento R$ 334.560.000,00 12,22%

Total R$ 2.736.750.626,41 100,00%

Fonte: elaboração própria.

Desse total, o EVTEA considera que R$ 47.789.142,19 sejam destinados à elaboração de projetos. No modelo proposto, a elaboração dos projetos ocorre antes do período de concessão, porém os custos relativos foram incluídos nos cálculos.

7.1.2 Eclusas

Em se tratando do levantamento do custo de implantação de eclusas no percurso da hidrovia Tocantins, identificou-se duas eclusas que ainda não foram construídas: a da UHE de Lajeado (TO) e a da UHE de Estreito (MA). Para a eclusa de Lajeado em específico, obteve-se os custos de implantação a partir do custo de implantação da eclusa da UHE Estreito cuja estimativa foi realizada pelo Ministério dos Transportes (BRASIL, 2013) em seu Plano Hidroviário Estratégico (PHE). Adotou-se esse procedimento tendo em vista que a eclusa de Lajeado terá dimensões semelhantes à de Estreito (24m x 210m x 3,5m), com exceção da altura de queda e da quantidade de câmaras: na primeira eclusa, haverá apenas uma câmara com desnível de 38m; na segunda, serão construídas duas câmaras com desnível de 26m.

Dessa forma, efetuou-se o cálculo a seguir, cujo resultado não foi atualizado conforme o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) tendo em vista que, como trata-se de obras públicas, os valores não variam no processo licitatório.

131 𝐶𝐿𝑎𝑗𝑒𝑎𝑑𝑜 =

38

26∗ 640.000.000 = 935.384.615,38

Para compor os custos de operação e de manutenção, foram utilizados dados das eclusas de Tucuruí (DNIT, 2011 e FIEMT, 2014), sendo que, no caso dos custos de manutenção, obteve-se uma relação de custo por metro de desnível que posteriormente foi aplicada às eclusas de Lajeado e de Estreito. Finalmente, como fonte de receita ao sistema, efetuou- se uma estimativa da tarifa de eclusagem a ser cobrada pelos operadores das eclusas a partir de dados do jornal o Estado de São Paulo (1996) atualizados conforme o IGP-M do período. Abaixo, apresenta-se uma tabela resumo dos valores encontrados/utilizados.

Tabela 7-2 – Custos e receita relacionados às eclusas da hidrovia Tocantins (Lajeado e Estreito).

CUSTOS Implantação

Estreito R$1.296.000.000,00 Lajeado R$ 935.384.615,38 Operação e Manutenção R$ 6.611.764,71 RECEITA Taxa de Eclusagem (R$/ton) R$ 0,49

Fonte: elaboração própria. 7.1.3 Receita da operação da hidrovia

 Terminais Portuários

A receita proveniente do arrendamento de áreas nos terminais portuários para a movimentação de cargas foi obtida a partir da ANTAQ (2016). Em leilão para a concessão de áreas nos terminais de Santarém, Outeiro e Vila do Conde (todos localizados no estado do Pará), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários estabeleceu taxas de arrendamento compostas pela soma de duas parcelas: um valor fixo mensal e outro que variava de acordo com a quantidade de toneladas movimentada no terminal. Dessa forma, para se obter a quantia anual a ser paga pelo arrendatário, o valor fixo mensal foi multiplicado por 12 meses.

Entre os terminais citados acima, optou-se pela equação representativa do terminal de Vila do Conde devido ao fato de que o mesmo faz parte da área de influência da hidrovia Tocantins, sendo afetado pela produção de cargas nos polos delimitados neste estudo. Tal formulação, apresentada abaixo, foi aplicada ao fluxo anual de carga nos terminais da referida hidrovia e nas áreas propícias para a movimentação de produtos nos anos de 2015 a 2030.

132 Onde: Rtp é a receita anual, em reais, proveniente do arrendamento de áreas portuárias na hidrovia do Tocantins;

q é a carga anual, em toneladas, movimentada nos terminais portuários da hidrovia

Tocantins.

 Tarifa de manutenção

A tarifa cobrada se refere a um valor fixo por tonelada de carga compreendido entre o custo operacional (EPL,2014) e o frete praticado (ANTAQ, 2013a), multiplicado pela distância compreendida entre trechos pré-determinados da hidrovia.

Os custos de operação da hidrovia Tocantins foram calculados com base no Manual da Simulação dos Custos de Transporte e de Transbordo de Cargas elaborado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL, 2014). De acordo com o manual, a presença de restrições à navegabilidade pode influenciar sobremaneira nos custos de operações de transportes. Nesse sentido, os rios das regiões Sul e Sudeste apresentam muito mais restrições à navegação que os rios da Região Norte. Já um rio como o Tocantins pode ser considerado um rio em posição intermediária entre os dois tipos.

A análise de custos descrita no documento considera custos fixos (remuneração de capital, valor de compra da embarcação, depreciação da frota, remuneração de funcionários, gastos com seguros, custos administrativos) e custos variáveis (manutenção das embarcações, gastos com combustível e lubrificantes, horas de navegação, distância percorrida, número de viagens por mês e gastos com tributos sobre a receita) para diferentes tipos de embarcação e diferentes tipos de carga transportada. Com todos esses dados, obtiveram equações para obter o valor do custo de operação unitário, em R$/TKU.

Conhecer esses valores para cada tipo de carga foi necessário para definir valores de tarifas que poderiam ser consideradas no modelo de modo a não inviabilizar financeiramente a operação, da perspectiva do operador, e manter a competitividade do modal hidroviário na região.

De acordo com EPL (2014) foram obtidos os seguintes valores de custo operacional, considerando-se situação de alta restrição à navegabilidade, e os valores de frete praticados, obtidos de ANTAQ (2013a), atualizados para o ano de 2015 na Tabela 7-3:

133

Tabela 7-3: Custo de operação e fretes praticados em hidrovias brasileiras.

Tipo de carga Equação (EPLA, 2014)

Resultado (Para os trechos do Rio Tocantins) Frete praticado (ANTAQ, 2013a) atualizado para nov/2015 pelo IGPM

Carga geral *y = -0,014ln(x) + 0,1735 R$ 0,06 R$ 0,096

Granel sólido *y = -0,007ln(x) + 0,0933 R$ 0,04 R$ 0,094

Granel líquido *y = -0,014ln(x) + 0,1837 R$ 0,07 R$ 0,067

* x refere-se ao valor da distância percorrida em km útil, para cada trecho considerado da hidrovia. No caso do Rio Tocantins, o custo unitário se manteve o mesmo para todos os trechos, diferindo-se apenas por tipo de carga. Fonte: elaboração própria a partir de EPLA (2014) e ANTAQ (2013a)

Foi adotado então o valor correspondente a 25% do menor valor de frete, o que corresponde a R$ 0,017 /t.km, totalizando os valores abaixo:

- Posto Eclusa Lajeado: R$ 9,28 por tonelada, relativo ao trecho compreendido entre a Eclusa de Lajeado e a Eclusa de Estreito.

- Posto Eclusa Estreito: R$ 15,69 por tonelada, relativo ao trecho compreendido entre a Eclusa de Estreito e o Porto Vila do Conde.

Para estimativa de custos de manutenção ao longo do período de concessão, na ausência de dados mais precisos, foi considerado anualmente o percentual de 4% do valor da implantação inicial dos itens que sofrem manutenção, como dragagem e sinalização.