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Características do Jornalismo Online

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1.3.2. Características do Jornalismo Online

Segundo estudos de Pavlick (cit. in Quadros, 2002), os jornais digitais têm três estágios, o primeiro é a transposição da versão impressa para a Internet, a segunda, a transposição e outros produtos diferenciados do jornal de papel e o terceiro, um produto totalmente exclusivo para a Internet.

Optou-se neste estudo utilizar o termo “jornalismo online” por entender ser esta a melhor definição para tratar sobre o jornalismo que é disponibilizado na Internet, ou em Rede. Segue-se a linha das três versões existentes, segundo Pavlik, com variações de “primeira” à “terceira geração”, de acordo com outros autores. No entanto, respeita-se e utiliza-se outros termos utilizados, como webjornalismo ou ciberjornalismo, referente ao jornalismo produzido no meio online.

De acordo com Canavilhas (2007), “(…) “jornalismo online” não é mais do que uma simples transposição dos velhos jornalismos escrito, radiofónico e televisivo para um novo meio”. Mas o jornalismo na Web, ou webjornalismo, com base na convergência entre texto, som e imagem em movimento, pode explorar todas as potencialidades que a Internet oferece, criando um produto completamente novo, a webnotícia.

Considerando estes fundamentos teóricos, o webjornalismo possui as suas próprias características, ou como denominam alguns autores, potencialidades. O grande desafio actual, como aponta Canavilhas (2007), é encontrar uma linguagem “amiga”, adaptada às exigências “(…) de um público que exige maior rigor e objectividade”.

Ao estudar as características do jornalismo em rede, Palácios et al. (2002), que já analisou webjornais de Portugal e do Brasil, aponta seis elementos para observação: multimidialidade/convergência, interactividade, hipertextualidade, personalização, memória e instantaneidade de acesso, indo um pouco além de Bardoel e Deuze (cit. in Palácios et al., 2002), que em 2000, observaram quatro destes, como características básicas do jornalismo feito para a Rede.

Multimidialidade/Convergência - No contexto do webjornalismo, multimidialidade é a convergência dos formatos dos mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do facto jornalístico.

Interactividade - De acordo com Bardoel e Deuze (cit. in Palácios et. al., 2002), a notícia online “(…) possui a capacidade de fazer com que o leitor/usuário sinta-se parte do processo”. A interactividade pode ocorrer através de uma série de processos multi- interactivos, como a troca de e-mails entre leitores e jornalistas, fóruns, opiniões de leitores, chats com jornalistas. E segundo Machado (cit in Palácios et al., 2002), a interactividade pode ocorrer no âmbito da própria notícia, através do hipertexto.

Neste contexto, é importante compreender as relações que o usuário estabelece com o produto jornalístico, conforme propõe Mielniczuk (cit. in Palácios 2002):

a) com a máquina;

b) com a própria publicação, através do hipertexto;

c) com outras pessoas – seja autor ou outros leitores – através da máquina.

Hipertextualidade - A Hipertextualidade, segundo define Theodor H. Nelson (cit. in Silva, 2006, p.35), é “uma escrita não sequencial”, que consiste na possibilidade de interconectar textos através de links. Apesar de alguns autores apontarem esta característica como específica da natureza do webjornalismo, o hipertexto, “enquanto ideia”, não é uma invenção da informática ou Internet (Silva, 2006, p. 37); são mecanismos de armazenamento e recuperação de informação, como, por exemplo, o rodapé de um livro ou o box do jornal.

Personalização - Também denominada por “customização de conteúdo” ou “individualização” por alguns autores, é a opção que o leitor tem para configurar os produtos jornalísticos de acordo com os seus interesses, como a pré-selecção dos assuntos, a hierarquização e o formato da apresentação visual (Palácios et al., 2002). Memória - A memória pode ser considerada como um dos pilares da Internet. A base de dados é de fácil acesso e sabe-se que os arquivos de notícias podem ser recuperados, tanto ao nível do produtor como do usuário da informação, através dos motores de busca no próprio site ou na Rede. Está livre do tempo e do espaço no sentido que pode ser disponibilizada a qualquer momento, com armazenamento praticamente ilimitado. “O jornalismo tem a sua primeira forma de memória múltipla, instantânea e cumulativa” (Palácios et. al., 2002), As potencialidades da Memória, ou Base de Dados, conjugam Instantaneidade, Hipertextualidade e Interactividade, segundo Palácios (2002, p.8). Seu uso efectivo encontra-se ainda em fase “(…) experimental, incipiente e tentativa” (Palácios, 2002, p.10).

Instantaneidade/Actualização Contínua - A sexta potencialidade do webjornalismo conforme especifica Palácios (2002, p.4) consiste na agilidade de actualização através da rapidez do acesso, combinada com a facilidade de produção e de disponibilização, propiciada pela digitalização da informação e pelas tecnologias telemáticas. Esta

agilidade “(…) possibilita o acompanhamento contínuo em torno do desenvolvimento dos assuntos jornalísticos de maior interesse”.

A partir destas seis características do jornalismo desenvolvido para a Internet, o termo webjornalismo de terceira geração é utilizado por Mielniczuk (2004, p.1) para designar “tendências ou soluções que efectivamente apresentam inovações na modalidade do jornalismo desenvolvido para o novo suporte”.

Potencialidades

Segundo Zamith (2006, p.1) concluiu em seus estudos, que consistem na aferição e comparação das potencialidades da Internet exploradas pelos ciberjornais (sites noticiosos/jornalísticos) portugueses de informação geral, de âmbito nacional, existe um baixo aproveitamento das potencialidades da Internet em jornais online, principalmente nas características como hipertextualidade, interactividade e multimedialidade.

Esta observação confirma a análise aos quadros dos diários generalistas portugueses, de âmbito nacional, com presença na rede, apresentado por Silva (2006, p. 15):

Sem utilizarem todo o potencial da rede, a recolha e divulgação das notícias continuam em alguns casos a seguir os rituais dos jornais em papel que dão notícias a cada 24 horas em vez de actualizações constantes. Os jornais, de uma forma geral, continuam muito presos às suas edições impressas, limitando-se por vezes a reproduzir online os conteúdos do papel, em vez de tirarem partido das especificidades da Internet.

Uma década após o ‘boom’ dos jornais online, a evolução, da mera transposição de conteúdos para o novo meio (shovelware), salta para trabalhos produzidos especificamente para a Rede, entretanto “(…) em Portugal são muitos os indícios de que esta evolução está a ser bastante mais lenta”, segundo observa Zamith (2006, p. 33). De acordo com o filósofo francês Dominique Wolton (cit. in Silva, 2002), a técnica e a economia estão adiantadas em relação a um projecto de comunicação. E a urgência é “(…) sair do fascínio técnico e responder esta questão: Internet para qual projecto? A mídia para qual projecto?”.