Discurso de Notícias

Nesta etapa do trabalho de pesquisa adoptou-se a técnica de Análise do Discurso, um dos métodos de pesquisa mais utilizados nas Ciências Sociais e Humanas, de acordo com Sousa (2006, p.343), ou seja, procurou-se recolher os dados com o rigor necessário, classificá-los e processá-los a nível quantitativo e qualitativo.

Neste trabalho, não foram consideradas as notícias das secções de Economia (Agência Financeira), Desporto (Mais Futebol), Música (IOL Música) e Cinema (IOL Cinema) do PortugalDiário uma vez que se tratam de outros produtos editoriais do grupo e, por isso, não são produzidos pela equipa do jornal e nem fazem parte de sua base de dados.

Estas secções fazem parte de uma convergência de conteúdo, fornecido por empresas especializadas, do mesmo grupo Media Capital, e que têm as suas redacções e gestões próprias embora estas redacções estejam localizadas no mesmo espaço físico da redacção do PortugalDiário.

Análise Quantitativa das Notícias

A análise quantitativa do conteúdo, neste trabalho, está voltada para o número de peças publicadas e as produzidas pela equipa do jornal, divididas por secções e periodicidade de actualização.

A metodologia desta parte do trabalho considera o modelo de descrição sistemática, objectiva e quantitativa (Bauer cit. in Tellaroli, 2006), utilizada em comparações que revelam as diferenças observadas na cobertura do conteúdo dos diferentes jornais e, também, na construção de índices.

A mecânica de análise de conteúdo clássica, proposta por Bauer (cit. in Tellaroli, 2006), foi utilizada com a diferença de recolher, da semana artificial criada, os dados de Quarta-feira, Sexta-Feira e Domingo.

Criou-se uma semana artificial como base de amostra das publicações regulares. Os sete dias foram seleccionados entre Janeiro e Março de 2008, da seguinte forma: Segunda- feira (28/01), Terça-feira (5/2), Quarta-feira (13/02), Quinta-feira (21/02), Sexta-feira (29/02), Sábado (8/03), Domingo (16/03).

Destes setes dias foram recolhidos os dados de Quarta-feira, Sexta-feira e Domingo, respectivamente dos dias 13/02/2008, 29/02/2008 e 16/03/2008, para a aplicação das grelhas de análise qualitativa e quantitativa.

Para a realização da pesquisa foram recolhidos os títulos das notícias (por horário de actualização e respectivas secções), em períodos intercalados, as 00h00, 06h00, 12h00, 18h00 e 24h00.

O levantamento de conteúdo, nos horários descritos acima, foi ordenado segundo a secção (e subsecção), horário de publicação, título e autor. Posteriormente foram acedidas através do motor de busca dos próprios jornais e impressas em formato PDF para análise detalhada. O modelo desta grelha de análise pode ser conhecido no Apêndice 01.

Análise Qualitativa das Notícias

A análise qualitativa de um discurso, segundo Sousa (2006, p. 352), “(…) procura apreciar as qualidades não quantificáveis do mesmo”. O objectivo desta etapa de trabalho consiste em verificar a quantidade de peças publicadas e a quantidade de peças assinadas.

A avaliação qualitativa das notícias assinadas pelos jornalistas centrou-se nas seguintes análises: fontes e valores-notícia. Respectivamente, foram levados em consideração os modelos de análise de outros autores, com adaptações específicas para esta pesquisa.

Fontes

No que diz respeito a Fontes, elaborou-se uma grelha para classificar as que são mais utilizadas nas notícias assinadas pelos jornalistas. As variáveis foram compostas de acordo com as indicações de Machado (2003, p.3) e Tellaroli (2006, p.2).

Desta forma, procurou-se classificar as fontes das notícias assinadas através de dez variáveis: oficiais (Estado, Instituições), oficiosas (pessoas não autorizadas a falar), independentes (moradores, lojistas), veículos de comunicação, internet, agências de notícias, assessorias de imprensa, leitores, parceiros/empresa, não específicas.

Paralelamente, aplicou-se outra grelha (ver item neste capítulo), com variáveis distintas, em formato de inquérito, junto aos jornalistas e editores que também produzem notícias. O objectivo foi conhecer quais as suas fontes mais utilizadas na produção das notícias.

Valor-Notícia

Para identificar os valores-notícia das notícias assinadas, utilizaram-se os 12 propostos por Galtung e Ruge (cit. in Traquina 2002, pp.180-182). Criou-se uma tabela de análise com 12 valores, um para cada item e, desta maneira, procurou-se pontuar cada notícia assinada pelos jornalistas.

Estas verificações visam responder às seguintes perguntas de investigação:

- Quais as fontes mais utilizadas pelos jornalistas em peças assinadas? - Qual o nível de valor-notícia das peças assinadas pelos jornalistas?

Fotografia

Na componente da análise qualitativa e documental também procurou-se analisar com profundidade a área de Fotografia. No entanto, foi preciso desconsiderar a análise iconográfica através da aplicação da grelha de descrição proposta por Gervereau (2007, p.101), observando a técnica, estética e temática, conforme inicialmente foi pensado. A razão pela qual a grelha foi derrubada foi a constatação da diferenciação na produção, apresentação e forma de armazenamento das fotografias nas bases de dados dos jornais, acedidas pelo motor de pesquisa.

Ao verificar-se o motor de busca dos jornais para aplicação das análises de conteúdo fotográfico, detectou-se que um dos jornais mantinha inserido no seu motor de pesquisa somente parte de seu acervo fotográfico, o que tornaria impraticável, naquele mesmo momento, reunir os dados para analisar com maior profundidade a área de Fotografia, pelo menos no aspecto documental.

Assim sendo, optou-se por fazer uma análise simples, com base nas indicações de Gervereau (2007, p.101) e aplicou-se a técnica de observação visual e descritiva das imagens dos dois conteúdos, durante a captação das notícias, nos dias propostos para recolha, verificação e armazenamento dos dados online.

Desta forma, para não se perder o que foi revisto sobre o tema da Fotografia, acreditando-se que pode vir a ser útil em futuros trabalhos, apresentam-se as linhas gerais para uma pesquisa sobre Fotojornalismo em jornais (online ou não), conforme propôs Gervereau (2007, p 103).

É importante sublinhar que esta grelha, conforme Gervereau (2007, p. 103) a descreve, tem o mérito de ser aberta, pluridisciplinar e que “(…) não existe uma ‘chave’ das imagens, que elas não se ‘lêem’ como a escrita, pois as suas características não as podem reduzir a códigos”.

Por técnica, a indicação de Gervereau (2007, p.103) é adoptar a abordagem pragmática inventariando o nome do emissor, o modo de identificação do emissor, a data de produção, o tipo de suporte e a técnica empregue, o formato e a localização.

A observação estética deve ser composta somente com um dos grupos proposto por Gervereau (2007, p.103), no que se refere ao número de cores. A temática, neste caso,

pode abordar o título e a relação texto-imagem, inventário dos elementos representados, símbolos e temáticas de conjunto. (Ver Apêndice 02).