• Nenhum resultado encontrado

De acordo com os mais recentes dados referentes à contagem da população, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – no ano de 2007, a população do Distrito Federal somava 2.455.903 habitantes. Espalhadas por 19 Regiões Administrativas, a maioria dessas pessoas vivia, e ainda vive, nas áreas mais afastadas de Brasília. 48 anos depois da fundação da nova capital, parte da população do Distrito Federal é formada pelos trabalhadores que participaram da construção da cidade e seus descendentes, além de migrantes constituídos por funcionários públicos, políticos e migrantes em busca de oportunidades de trabalho, que elegeram o Distrito Federal como sua terra.

As informações circulam, principalmente, por meio de quatro jornais impressos regionais, 11 canais abertos de televisão, 19 estações de rádios regulamentadas e sete rádios comunitárias59.

58 O termo define, dentro do ambiente jornalístico, temas tradicionais como política e economia.

59 Os números referentes aos jornais, emissoras de televisão e estações de rádio foram retirados de um banco de

dados eletrônico concebido por Daniel Herz e produzido pelo Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação – Epcom, denominado Donos da Mídia. Disponível no endereço www.donosdamidia.com.br. Data de consulta:

Há também os fechados de televisão e os jornais impressos de circulação nacional. Dentro desse universo, as reportagens que abordam a temática hip hop em dois jornais impressos regionais, Correio Braziliense e Jornal de Brasília, e em um programa de televisão local, DF TV, servirão de amostra para a investigação que pretende identificar as principais representações do rap na mídia brasiliense, bem como as categorias que são associadas ao gênero musical na imprensa.

Ao adotar uma linha editorial que explora a proximidade geográfica com o Poder Público e privilegia a cobertura política e econômica, o Correio Braziliense diferencia-se dos outros jornais – concorrentes nacionais – e se transforma em leitura obrigatória para servidores públicos e políticos que atuam dentro dos inúmeros órgãos e repartições do Governo Federal, bem como sedes de empresas públicas e de capital misto instaladas na cidade. Além do aspecto editorial, o Correio apresenta uma concepção gráfica mais ousada: em seus diversos cadernos, inclusive na primeira página, o design gráfico é utilizado como ferramenta para evidenciar a importância conferida às informações. As artes e a diagramação de diversas páginas do Correio Braziliense têm levado o jornal a conquistar prêmios internacionais. No ano de 2008, pelo 14º ano consecutivo, o trabalho gráfico do Correio Braziliense foi reconhecido pela Society for News Design60 com cinco prêmios pela elaboração de capas e excelência gráfica.

Maior jornal em circulação no Distrito Federal, o Correio Braziliense sai às ruas com uma tiragem média semanal61 de 45.169 exemplares. De acordo com o Instituto Verificador de Informação, nas edições de domingo 90.654 exemplares. Além do jornal impresso distribuído em bancas e por meio de assinaturas, o Correio Braziliense também está na rede com dois endereços:

www.correioweb.com.br e www.correiobraziliense.com.br. Apesar de similares, eles guardam diferenças entre si. O primeiro, criado em 1997, parece ter sido concebido para o leitor que busca notícias rápidas sobre o que acontece no mundo, além de esportes e agenda cultural. O segundo foi lançado em meados de 2008, por ocasião das comemorações de 200 anos do nome do jornal. Nele, o leitor encontra as principais matérias publicadas na versão impressa, além de

13.10.2008.

60

A Society for News Design é uma organização internacional sem fins lucrativos, com sede nos Estados Unidos, que estimula o desenvolvimento do design gráfico dentro do jornalismo. Com cerca de dois mil membros, a Society for News Design promove exibições, cursos e oficinas em diversos países. Informações disponíveis no site www.snd.org. Consulta realizada em 08.10.2008.

61 O Instituto Verificador de Circulação é uma empresa que audita as tiragens das publicações no país. Os dados

apresentados neste trabalho integram um estudo elaborado pelo IVC para a agência de publicidade Ogilvy, datado de 21 de outubro de 2008. Os números obtidos junto ao Instituto Verificador de Circulação referem-se à média semanal de segunda a sábado. Os dados correspondem ao mês de agosto de 2008. Nota da pesquisadora.

informações sobre concursos públicos e acesso para os blogs dos jornalistas que trabalham para a casa. De acesso simples, ambos os endereços são visitados tanto por assinantes quanto por leitores eventuais da cidade.

Para tratar dos assuntos relacionados à cultura e entretenimento em Brasília, o Correio Braziliense conta com dois cadernos específicos: o Caderno C e o Fim de Semana. Nas páginas do primeiro, o jornal abre espaço para várias manifestações culturais que acontecem na cidade. São publicadas entrevistas sobre espetáculos e lançamentos, reportagens sobre exposições, mostras e estréias de filmes. As reportagens de cultura tendem a privilegiar a cobertura de momentos específicos. No caso do hip hop, os acontecimentos que se transformaram em reportagens parecem estar relacionados à gravação de um novo disco, à participação de artistas brasilienses em competições e festivais de maior relevância ou recebimento de prêmios. As coberturas não se dedicam a investigar o rap e demais manifestações do hip hop como um fenômeno social. Segundo a editora do Caderno C, Clara Arreguy, as pautas são sempre construções coletivas, que podem sofrer constantes alterações em razão da dinâmica dos fatos.

O caderno Fim de Semana sai às sextas-feiras em formato tablóide. Foi concebido como um guia e traz uma única matéria em destaque na sua capa. Dá muito destaque à gastronomia local, apresenta uma relação de bares e restaurantes, sinopses e programação de cinema, teatro e espetáculos, além de críticas de leitores a bares e casas noturnas e destaques da TV ao longo da semana.

O segundo jornal cujas reportagens integram a amostra que é objeto da presente pesquisa é, também, o segundo maior jornal do Distrito Federal. Fundado por Jaime Câmera62 no final do ano de 1972, quando o sonho urbanístico de Juscelino já contava 12 anos, o Jornal de Brasília é um periódico diário que apresenta tiragem média semanal de 10.273 exemplares. Nos finais de semana esse número sofre ligeira alteração e sobe para 10.830 exemplares63. Com linha editorial e preço mais populares, o segundo jornal mais vendido do Distrito Federal também aborda questões políticas e econômicas, porém de maneira mais leve. Seu foco está voltado para a

62 Jaime Câmara é um dos fundadores do que é considerado hoje o maior complexo de comunicação da região

Centro-Oeste. A Organização que leva o seu nome integra hoje 21 veículos de comunicação. O Jornal de Brasília não pertence mais ao Grupo desde o final de 2007, quando foi adquirido pelo empresário Marcos Lombardi, de Brasília.

63 Os números, referentes ao mês de agosto de 2008, constam de estudo elaborado pelo IVC para a agência de

utilidade da notícia para o leitor. As primeiras páginas costumam destacar duas notícias e fazer pequenas chamadas para outras, consideradas menos relevantes. Assuntos como futebol, esportes em geral, violência e coluna social sempre estão presentes em notas e reportagens do periódico, que se utiliza muito de fotografias.

Uma característica marcante do Jornal de Brasília é a realização de campanhas de fidelização de leitores por meio do acúmulo e troca de selos por mercadorias e distribuição de bilhetes de “raspadinha”. A prática, similar à das coletâneas lançadas por jornais e revistas de maior circulação, serve de atrativo para leitores e consumidores mais esporádicos que, geralmente, adquirem o jornal em razão do interesse em anúncios classificados.

Além das editorias tradicionais, como economia, cidades e esporte, o Jornal de Brasília possui um caderno dedicado à cultura. A editoria de cultura tem, na verdade, uma página de espaço e não um caderno. Ela apenas assume esse formato na edição de sexta-feira, quando se transforma em um guia com a programação cultural da TV e da cidade, para o fim de semana. Dentro do espaço limitado conferido pelo Jornal de Brasília aos assuntos culturais nos dias úteis, as reportagens ligadas à música, às artes cênicas e demais manifestações artísticas parecem ser pautadas por assessorias de imprensa e pelo agendamento de espetáculos e eventos na cidade.

Além dos dois jornais impressos, o programa jornalístico regional de maior audiência no Distrito Federal é o telejornal DF-TV. De acordo com registros da TV Globo, o DF-TV foi criado no ano de 1983, a partir da necessidade de conferir maior identidade aos noticiários regionais. O modelo diferenciava-se dos outros programas jornalísticos da emissora por produzir localmente matérias de serviço e comentar os fatos mais importantes do dia. Produzido pela equipe de jornalismo da Rede Globo, em Brasília, o DF-TV teve sua estréia concomitante à de telejornais similares em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco (MEMÓRIA GLOBO, 1983). Sobre a justificativa da emissora, Eliane Rosário (2008: 129) discorda e afirma que, na maioria das vezes, a “preocupação com a cultura local/popular” é um discurso falacioso e que “o conteúdo local é produzido com finalidades comerciais para atrair, meticulosamente, determinadas parcelas da população através da publicidade”.

Considerado um dos telejornais mais tradicionais de Brasília, o DFTV sofreu algumas alterações em seu formato até chegar à versão atual. As três edições que precediam programas

jornalísticos nacionais, como Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo deram lugar a duas edições: o DF-TV 1 e DF-TV 2, com noticiários, entrevistas de estúdio e programação da agenda cultural. Com 30 minutos de duração e uma periodicidade que vai de segunda a sábado, o DF-TV investe na cobertura comunitária, abrindo espaço para ouvir os moradores das cidades do Distrito Federal, além da exibição de reportagens especiais, com orientações para o consumidor, coberturas políticas e matérias de economia, com foco na melhor administração do orçamento doméstico.

Nas edições das sextas-feiras, o telejornal DF-TV 1 exibe um quadro que mostra a produção musical dos jovens do Distrito Federal a partir de entrevistas e da apresentação de ensaios. Tanto nessas reportagens quanto em outras relacionadas às manifestações artísticas e culturais de artistas brasilienses, nota-se que a linha editorial do telejornal busca evidenciar aspectos como os talentos locais e a repercussão positiva de suas iniciativas. As coberturas do DF-TV 1 dedicadas ao hip hop, em geral vinculam o tema aos benefícios da inclusão social.

Como ocorre com os principais programas da TV Globo, o telejornal DF-TV 1 possui página específica na Internet, por meio da qual é possível acessar matérias, reportagens especiais e vídeos.

Na amostra desta pesquisa, as reportagens relacionadas ao hip hop de Brasília produzidas pelo programa DF-TV 1 correspondem a 25% das matérias selecionadas. Em geral, suas temáticas envolvem os novos hábitos da juventude, agenda de espetáculos e ações inclusivas.