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Das três características estudadas nesta série, verificou-se que somente a presença e

a extensão do faveolamento estiveram associadas à sobrevida, constituindo-se em fator prognóstico importante para FPI. Quanto mais áreas estavam acometidos por faveolamento,

menor a sobrevida dos pacientes. Tal afirmação está alicerçada no fato de que a presença de

faveolamento no radiograma de tórax apresenta boa correlação com achados histológicos

(2, 19,80). O faveolamento aparece no parênquima pulmonar em estágios avançados da

doença, onde o desarranjo das estruturas pulmonares pela progressão da fibrose, leva à

formação de massas de tecido fibrótico, entremeadas por espaços císticos. A própria

descrição do faveolamento no radiograma de tórax tem recebido a denominação de "pulmão em esgio terminal" o qu.e realmente está de acordo com a sua relevância

prognóstica. Outros autores também consideram a presença de faveolamento indicativo de

mau prognóstico (2,56,96, 157, 158). Carrington (20) já havia relatado, em sua série, a

presença de faveolamento em 49,1% dos pacientes com PIU em relação a 12,5% dos

pacientes com PID. Katzenstein (13) afirma que a presença histológica de faveolamento é

rara em casos de PID e PIN e comum em PIU. Outros autores (45,115,139) também verificaram a importância prognóstica do faveolamento, porém, em conjunto com outros

critérios radiológicos conforme a descrição da ILO.

Alguns autores, entretanto, não observaram associação entre achados radiológicos e

sobrevida

(144, 146).

Estes autores consideraram que as caract.erísticas radiológicas

guardam pouca correlação com o padrão histológico de cada paciente e que a variação interpessoal de avaliação não favorece a descrição desta característica. Crystal (19), em sua revisão sobre doenças intersticiais, apresenta dúvidas sobre associação entre a presença de

faveolamento e o mau prognóstico, mas citando séries pequenas e também sem verificação

. . , • .

isolada do faveolamento. Consideramos, no entanto, que, muitas vezes, a verificação do

faveolamento pode não ter sido feita de maneira adequada e criteriosa pelos autores, uma

vez que maior importância é dada à extensão do infiltrado pulmonar do que a esta

característica. Em quase todas as séries, as características radiológicas são julgadas de

acordo com critérios da ILO, sem avaliar isoladamente a presença de faveolamento. Desta

maneira, fica dificil a análise da importância deste achado na progressão da doença.

Concorda-se que o padrão do infiltrado intesticial pode não ser utilizado como

critério prognóstico, quando verificado isoladamente no radiograma de tórax, mas a

presença de faveolamento pode identificar os casos de e estágio ma1s graves e

com pouca chance de responder ao tratamento instituído.

Não se encontrou associação entre avaliação radiológica da CPT e a sobrevida.

Embora tenha sido descrito que esta avaliação tem boa correlação com a sua determinação

funcional (2), não foi detectada associação entre a severidade da redução da CPT e a

progressão da doença. O mesmo também foi verificado na série de Stack (52) e de outros

autores (80,87), porém, sem apresentarem dados isolados sobre a medida da CPT. Esta falta

de associação deve estar relacionada à baixa correlação deste método com a medida da CPT

por provas funcionais. O grau de comprometimento fibrogênico e a intensidade do

fenômeno restritivo do parênquima pulmonar não apresentariam correlação com a medida

da CPT por métodos radiológicos.

É

possível que as diferenças de alturas das hemicúpulas observadas em nossos casos sejam muito pequenas para que se obs�rve uma associação

com o prognóstico.

Também não foi encontrada associação entre a presença de ATI e o prognóstico da

doença. Esta característica, por ser pouco estudada em outros serviços, não é descrita em

característica singular desta doença, e de pouca reprodução em outras entidades.

É

possível, todavia, que outros fatores, que não somente o estágio avançado da doença, seriam

responsáveis pelo seu surgimento e, com isso, este achado n�o apresentaria associação mais

distinta com a sobrevida.

5.3.11. Características Tomográficas

Como já era esperado, observou-se uma nítida associação entre a sobrevida e o grau

de profusão do padrão reticular. Este padrão está associado à presença de predomínio fibrótico muitas vezes em estágio bastante avançado corno quando da presença de

faveolamento e bronquiectasias de tração. Tal aparência é reconhecida como "pulmão em estágio terminal" o que já descreve o possível grau de evolução destes casos.

A associação entre o padrão reticular e a sobrevida apresenta consenso na literatura (74,79,126,159,160,161). Na série de Wells (194), de 205 pacientes, a mortalidade esteve

associada à extensão da doença na TC, principalmente quando o padrão reticular era predominante. Em pacientes com extensão da doença maior que 35% a sobrevida foi inferior à de com menos de 35% de comprometimento. Wells (162) verificou, em

76 pacientes, menor resposta terapêutica naqueles com predomínio do padrão reticular em

relação aos com predomínio de granularidade. A profusão das alterações e o predomínio do padrão reticular também apresentaram associação com a mortalidade destes pacientes. O

mesmo autor considera que a presença de padrão reticular ou de um padrão misto deve

estar relacionada a pacientes com padrão histológico de PIU. Mais recentemente, Gay (172), em sua série de 38 casos (37 com PIU), verificou associação negativa entre a

extensão do padrão reticular com a resposta ao tratamento e a sobrevida. Achados semelhantes foram encontrados por Lee (163), que observou que pacientes com áreas de

faveolamento ou bronquiectasias, mesmo acompanhados de padrão de granularidade, apresentaram pouca resposta terapêutica.

Assim, pois, parece que o grau de profusão do padrão reticular encontrado na TCAR

consiste em significante fator prognóstico associado à mortalidade em pacientes portadores

de FPI. A profusão do padrão reticular deve ser arbitrada em todos os casos com

diagnóstico de FPI.

Na presente série, não encontramos uma associação entre o padrão de granularidade e a sobrevida de nossos pacientes. Ao contrário do observado em outros estudos, a extensão

do padrão de granularidade encontrada na TC apresentou uma correlação negativa, embora

não significativa, com a evolução da doença. Muitos autores (74,79,161) têm afirmado que a presença de áreas extensas de gt:anularidade está associada a melhor prognóstico por

representar zonas de atividade da doença com componente inflamatório superior ao

fibrótico e, conseqüentemente, com melhor resposta terapêutica. Lee (163) verificou que, após tratamento com corticóide, houve redução significativa das áreas de granularidade

observadas em 19 pacientes, sugerindo que este padrão tomográfico indica melhor resposta

terapêutica. Remy-Jardim (71) associou granularidade a zonas de predomínio histológico

inflamatório. Wells (162) encontrou maior sobrevida em pacientes com predomínio de

granularidade em comparação ao predomínio reticular. Já Hartman (73) verificou que

pacientes com padrão PIU apresentam evolução das áreas de granularidade a despeito do

tratamento, ao inverso do observado em padrão PID. Remy-Jardim.(71) também observou

que, mesmo no padrão tomográfico de granularidade quando acompanhado de

faveolamento ou bronquiolectasias, havia uma associação histológica com fibrose.

Recentemente, Gay (172) não encontrou associação entre sobrevida e padrão de

Na presente série parece não haver condições suficientes para estabelecer a

associação entre o padrão de granularidade e a maior sobrevida. Além de nossos dados

apresentarem correlação negativa com esta variável, alguns autores

(56,

1

5

9

)

afirmam existirem dúvidas sobre a utilidade do padrão de granularidade como fator prognóstico .

Na maioria das séries onde foi verificada alguma associação, este padrão foi definido,

tendo como característica isolada a presença de aspecto tipo "vidro despolido", o que é

observado em casos de padrão PID e pouco freqüente em padrão PIU. Na maioria das

ocasiões, a presença de padrão reticular em conjunto com padrão de granularidade,

chamado por alguns de padrão misto, deve estar relacionada a um predomínio histológico

de fibrose (162). Também a presença de fibrose de grau leve em zonas de granularidade

pode ocorrer, uma vez que os cortes tomográficos podem ser insuficientes para definir este

achado.

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