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Do total de nossa série de 132 pacientes, foram obtidas informações sobre a

evolução da doença em 121 pacientes. Por haver uma percentagem pequena (8,3%) de

casos perdidos ou censurados ao longo da evolução, e também por estes casos apresentarem

características semelhantes às dos 121..casos em estudo (Tabela XVIII), certamente o vício

de seleção foi desprezível. Embora em alguns casos estivesse disponível o motivo que

levou o paciente ao óbito, optamos por apenas determinar se o paciente havia apresentado

óbito ou não até a data limite estipulada. Essa decisão deveu-se ao fato de a informação

sobre a causa do óbito não estar disponível na totalidade dos pacientes. Também, em

muitos casos, dispúnha-se apenas de informações referentes ao atestado de óbito, o que, em

alguns casos, predispõe a erros de informação. Johnston (36) verificou que, em 45 óbitos

por FPI, apenas 44% das certidões descreviam esta doença como uma das causas do óbito.

Quando verificado o motivo do óbito, encontramos entre

70

a

80%

de causas diretamente

ligadas à progressão da doença (45,139). Na série de Stack (52), 6�% dos óbitos foram

devidos diretamente à FPI e 20% a doenças cardiovasculares. Agusti (

140)

verificou que,

em 6 óbitos de sua série, 5 eram devidos à progressão da doença. Já Wells (194) observou

que, em 127 certificados de óbito disponíveis em sua série, a menção de fibrose como uma

causa principal. Achados semelhantes foram encontrados em outras séries

(166),

e, na maior parte destes estudos (17,20,85, 127, 143), a causa principal do óbito não é referida, sendo assumida a própria fibrose pulmonar, suas intercorrências e complicações de sua terapêutica como motivo do óbito. No presente estudo, assumiu-se como causa do óbito a evolução da fibrose pulmonar no grupo de pacientes. A determinação da situação atual dos pacientes foi verificada, na maior parte das vezes, em contato direto com familiares ou com o próprio paciente. Em outras ocasiões, foram analisados os prontuários dos pacientes que foram ao óbito no hospital ou em cartórios das cidades de onde eram provenientes. Em apenas 8 casos, não foi conseguida nenhuma informação sobre a situação dos mesmos

.

Todos os pacientes, após o diagnóstico, foram tratados unicamente com

corticoterapia oral por longo prazo, com utilização de prednisona. Inicialmente recebiam,

segundo protocolo em uso no serviço (70), a dose de I mg/kg/dia por cerca de 4 meses, com

redução progressiva até doses de manutenção. Com isso, houve uma padronização de

tratamento, não devendo haver diferença na evolução da doença em conseqüência de

terapêuticas variadas. Mesmo em casos onde havia poucas chances de resposta terapêutica,

devido ao avançado grau de fibrose do parênquima pulmonar, a rotina do serviço

estabelecia o tratamento em todos os pacientes com esta droga, como forma de tentar

alcançar, se não uma regressão da fibrose verificada, pelo menos uma estabilização da

doença. Tal orientação, independente da gravidade do caso, era devida ao fato de a

corticoterapia ser o único tratamento disponível na maior parte do. tempo, bem como o

único aceito com unanimidade na literatura internacional

(161 ).

Não foram utilizadas outras drogas imunossupressoras ou outras alternativas terapêuticas neste grupo de pacientes.

Exceção foi feita aos 3 pacientes submetidos à transplante pulmonar, os quais não entraram na análise final da sobrevida.

No presente estudo, a sobrevida média dos pacientes que foram ao óbito foi de 32,6 meses

(

2,7 anos

)

após o diagnóstico

.

A grande variação verificada (de I a 319 meses) está certamente relacionada aos diversos estágios d� doença, às características individuais de cada paciente, bem como à maior ou menor resposta terapêutica

.

Sobrevidas longas têm sido descritas em algumas séries, como a de 209 casos de Turner

-

Warwick (45) onde foi verificada sobrevida de 255 meses

.

Uma grande parte de nossos pacientes (45,5%) apresentaram sobrevida, no máximo, de 24 meses (2 anos) , sendo poucos (19,8%) com evolução superior a 60 meses (5 anos). Cumpre lembrar que alguns pacientes da presente série foram acompanhados por um curto período devido ao desfecho estipulado para a

pesquisa

.

Assim como nas diversas séries da literatura, a definição de mortalidade

estratificada por intervalos de anos não representa cópia fiel da provável distribuição verificada para os casos em questão.

Nossa média esteve próxima a de outras séries da literatura. Na série de 74 pacientes

de Schwartz (138), 41 pacientes que apresentaram óbito tiveram sobrevida média de 28,2 meses. Na série de Turner

-

Warwick (45), foi verificada uma média de 38,4 meses; na série de Bjoraker (32), 33,5 meses e, na série de B arroso (49), 33 meses. Outras séries apresentaram sobrevida maior, como a de Carrington

(20)

e de Stack (52), em torno de 40 a

60 meses. Consideramos a sobrevida encontrada nos pacientes que apresentaram óbito semelhante à de algumas séries, porém, próxima ao limite inferior descrito entre 3 a 5 anos após o diagnóstico

.

Estes dados estão relacionados à gravidade da dqença e a seu estágio

avançado, na maior parte dos casos, no momento do diagnóstico

,

sendo que o predomínio do padrão PIU também está relacionado a esta redução

.

A sobrevida média, após o início de

sintomas na presente série, esteve em torno de 55,3 meses (4,6 anos), um pouco inferior aos 59 meses da série de Wells (194), mas próximo ao referido na literatura(56) que refere

mortalidade entre 3 a

5

anos após início dos sintomas. Do total de nossos pacientes,

9 1

(75,2%)

apresentaram óbito durante

o

seguimento, superior ao que foi verificado por

Katzestein

(12)

em relação às maiores séries da literatura, onde a mortalidade, durante o

seguimento de

383

pacientes, foi de

291

casos

(68%).

Na série de

205

casos de Wells

(194),

houve

142

óbitos

(70%)

durante o seguimento.

É

possível que a maior mortalidade

observada, bem

como

menor sobrevida, esteja relacionada a uma maior seleção de casos com FPI

(todos

com comprovação histológica) e a quase ausência de casos com padrão PID. Também não

foram

incluídos na mesma pacientes com colagenoses associadas, os quais apresentam melhor prognóstico que aqueles com FPI sem causa secundária.

As taxas de sobrevida, paralelamente, também mostraram diferenças em relação a

outras séries da literatura. Na série de :rurner-Warwick

(42),

50% da população estava viva

em 4,5 anos e 25% em

8

anos, semelhante ao observado por Wells (194). Na série de Stack

(52), 26% estavam vivos em 5 anos; na série de Tukiainen

(139),

66% estavam vivos em 4

anos e na série de Rudd (90), 58% estavam também em 5 anos. No presente estudo,

apenas

1 9,8%

estavam vivos após 5 anos e 6,6% após

1 O

anos. Tal achado, muito

provavelmente, está relacionado ao fato destes pacientes apresentarem maciçamente o

padrão histológico usual, sendo apenas 4 casos com padrão descamativo. Segundo

Katzenstein

(12),

este padrão usual está ligado à significante menor sobrevida em relação a

PID e PIN. Também muitos de nossos pacientes foram referidos ao serviço em fases muito

avançadas da doença, onde o diagnóstico é feito próximo ao fim da evolução natural da

mesma. Isto concorda com o fato de que 45,5% de nossos casos apresentarem no máximo 2

anos de sobrevida após o diagnóstico. Aqueles pacientes com diagnóstico mais precoce em

sua evolução e com prováveis melhores taxas de resposta terapêutica certamente atingem

6.

CONCLUSÕES

I

)

A sobrevida média encontrada nesta série foi de 42 meses (3,5 anos) para toda a amostra estudada, e de 32,6 meses (2, 7 anos) para os casos que foram a óbito durante o período em estudo.

2) Foi observada importante correlação negativa entre a sobrevida de pacientes

portadores de FIP e a idade, a gravidade da dispnéia, a DCO, a presença de faveolamento

na radiologia convencional, o grau de profusão do padrão reticular na TC e o padrão

histológico usual observado no momento do diagnóstico. Esta correlação foi menos

acentuada ao se considerarem tempo de sintomas, CVF, VEFl, CPT, Sa02 e Pa02

observados no momento do diagnóstico.

3) A presente série apresentou características de gravidade da doença com

intensidade superior à média encontrada na literatura, bem como sobrevida inferior à

observada na maioria de outros estudos. Tal achado se deve, muito provavelmente ao

estágio mais avançado da doença verificado no momento do diagnóstico, bem como à

1. REFERINCIAS

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