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Extrai-se da Constituição da República Federativa do Brasil, que o Poder Público e a coletividade têm o dever fundamental de preservar o meio ambiente. É oportuno destacar que o meio ambiente ecologicamente equilibrado não é um patrimônio do Poder Público ou dos particulares. Cuida-se de um bem de uso comum do povo, em que o Poder Público passa a figurar não como um proprietário, mas como um gestor ou gerente que administra bens que não são dele e, por isso, deve explicar convincentemente sua gestão.82

Uma das formas de se proteger o meio ambiente se faz por intermédio da criação83 de unidades de conservação, que é uma das maneiras mais importantes

para a proteção dos recursos naturais ambientais. Veja-se que no âmbito da

80 Silva, Adão Daniel da. Direito ambiental: livro didático. Palhoça: Unisul Virtual, 2016.p59 81 Brasil. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Art. 3º, II Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 30 de mar de 2020.

82 SILVA, Anderson Furlan Freire da. Elementos de direito ambiental: noções básicas,

jurisprudência e questões de concursos públicos. São Paulo: MÉTODO, 2011. E-book.

83 RODRIGUES, Marcelo Abelha Direito ambiental esquematizado. 3. ed. São Paulo: Saraiva,

Constituição da República Federativa do Brasil foi estabelecido como sendo um dos deveres do Poder Público84, de forma que se definiu no art. 225, § 1º inc. III que em

todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos. A alteração e supressão permitida somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.85.

As Áreas de Preservação Permanente são locais definidos pelo Código Florestal ou por regulamento específico, de maneira que, a rigor, não são permitidas alterações antrópicas, ou seja, interferências do homem sobre o meio ambiente, a exemplo de um desmatamento ou de uma construção.86 Áreas de Preservação

Permanente são áreas ambientalmente relevantes e, como tal, devem ter sua vegetação preservada. São destinadas exclusivamente à proteção de suas funções ecológicas caracterizadas, regra geral, pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto.87

Segundo o Código Florestal considerar-se Área de Preservação Permanente aquela protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.88 Pela definição legal, percebe-se que a Área

de Preservação Permanente poderá ou não ser coberta por vegetação nativa, devendo esta ser mantida por questões ambientais e, também, para preservar a segurança das pessoas.89

84 MUKAI, Toshio. Direito ambiental sistematizado. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. E-book.

Acesso restrito via Minha Biblioteca.

85 BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Presidência da República, 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 03 abr. 2020

86 FARIAS, Talden. NÓBREGA COUTINHO, Francisco Seráphico da. MELO, Geórgia Karênia R. M.

M. Direito ambiental. 3º ed. Juspodivm. Bahia 2015. E-book.

87 SILVA, Romeu Faria Thomé Da. Manual De Direito Ambiental. editora juspodivm. 5º Edição 2015.

E-book.

88 BRASIL. Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Código Florestal. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 03 de abril de 2020

89 AMADO, Frederico. Resumo de direito ambiental: esquematizado. 3. ed. São Paulo, Método.

Desse modo, a supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente deve ser uma exceção. De acordo com o art. 8º do Código Florestal, a Área de Preservação Permanente90 possui uma limitação florestal importante, na

medida em que a supressão da vegetação se constitui de uma exceção. É possível apenas mediante autorização do Poder Público, em caso de utilidade pública ou interesse social ou de baixo impacto da atividade91

Uma questão que tem suscitado discussão é a aplicação de dispositivos do Código Florestal em áreas urbanas, especialmente aqueles referentes as Áreas de Preservação Permanente em margens de rios. Na verdade, o contexto normativo é contraditório e deve ser interpretado sistematicamente, e não de forma isolada e sem organicidade92 O Código Florestal expressamente dispõe no caput do art. 4.º, que as

hipóteses de caracterização de Áreas de Preservação Permanente também são aplicáveis às zonas urbanas.93

O Capítulo II do Código Florestal foi dedicado às Áreas de Preservação Permanente, sendo dividido em duas seções distintas: a primeira delas dedicada à delimitação das Áreas de Preservação Permanente, ao passo que a segunda, ao seu regime jurídico diferenciado.94 Na primeira existem duas modalidades de Áreas de

Preservação Permanente: por força de lei, do art. 4º do Código Florestal; e Área de Preservação Permanente declarada de interesse social por ato de Poder Público, também conhecida como administrativa, na forma do art. 6º do Código Florestal.95

Nesse sentido se infere:

As Áreas de Preservação Permanente por força de lei são aquelas que pela sua simples localização são consideradas Áreas de Preservação Permanente, como as faixas marginais de rios e córregos, o entorno dos lagos e lagoas etc. O simples fato de existir uma nascente em uma propriedade já caracteriza o seu entorno como Área de Preservação Permanente, observando as metragens do Código Florestal.

90 THOMÉ, Romeu. Direito Ambiental I. 9. ed. Salvador: Juspodivm. 2016. E-book.

91 LEITE, José Rubens Morato. Manual de direito ambiental. São Paulo. Saraiva, 2015. E-book.

Acesso restrito via Minha Biblioteca.

92 ANTUNES, Paulo de Bessa. Manual de direito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2015. E-book. Acesso

restrito via Minha Biblioteca.

93 BELTRÃO, Antonio F. G. Curso de direito ambiental. 2. ed. MÉTODO, 2014. E-book. Acesso

restrito via Minha Biblioteca.

94 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito ambiental esquematizado 6. ed. São Paulo: Saraiva

Educação, 2019. E-book. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

95 OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: MÉTODO, 2017. E-

As Áreas de Preservação Permanente declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, em áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação, são também chamadas de Áreas de Preservação Permanente administrativas. Isso porque o enquadramento em uma das finalidades do art. 6º do Código Florestal permite ao Chefe do Poder Executivo (Presidente da República, Governador de Estado ou Prefeito Municipal) a instituição de uma Áreas de Preservação Permanente. 96

Importante ressaltar que o inciso III do artigo 4º deve ser aplicado conforme definido na licença ambiental. Não se exigirá faixa de Áreas de Preservação Permanente nos entornos das acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente.97 Observa que o regime jurídico do uso do solo não pode

desconsiderar a proteção ambiental. Do mesmo modo, a proteção das áreas de Preservação não pode desconsiderar as necessidades vitais dos habitantes das cidades.98

Em síntese verifica-se que o Código Florestal estabelece a prerrogativa de o particular explorar sua propriedade, desde que sejam preservadas as Áreas de Preservação Permanente. Cada propriedade se submeterá a restrições administrativas como, por exemplo, o monitoramento básico de todo o sistema de zoneamento ambiental. Deve-se frisar que a definição dos locais da propriedade para a instituição dessa restrição será́ a critério da autoridade competente, como estipula o art. 16 do Código Florestal.99

O próximo tópico será abordado o conteúdo das áreas consolidadas e serviços ecossistêmicos.

96 OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direito ambiental. 2. ed. São Paulo: MÉTODO, 2017. E-

book. Acesso restrito via Minha Biblioteca.

97 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2019. E-book. Acesso

restrito via Minha Biblioteca.

98 THOMÉ, Romeu. O Valor Indenizatório em Desapropriações de Áreas de Preservação

Permanente em Zona Urbana. Fortaleza, v. 15. 2018 p7 disponível em:

https://periodicos.uni7.edu.br/index.php/revistajuridica/article/download/543/468/ Acesso em: 08 de abril de 2020.

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