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4. Proposta metodológica

4.4. Caracterização da amostra

Em seguida, apresentam-se as estatísticas descritivas que permitem caracterizar as 47 respostas válidas que constituem a amostra deste estudo.

A grande maioria dos respondentes ocupa cargos elevados na direção da empresa - Gerente ou Administrador, Diretor Comercial, Diretor de Produção, Diretor Financeiro - o que representa cerca de 83% das respostas. Os restantes assumem funções como gestores de clientes, técnicos administrativos ou financeiros nos quadros da empresa (17%).

A amostra é composta por 25 empresas de Paredes (53,2%) e 22 de Paços de Ferreiras (46,8%), seria expectável obter um número superior de respostas oriundas do concelho de Paredes já que este revela maior número de empresas. De notar ainda que a representatividade dos dois concelhos se aproxima da realidade da população em estudo (Tabela 6).

A dimensão das empresas é classificada de acordo com o respetivo número de trabalhadores em micros (menos de 10 trabalhadores), pequenas (entre 10 a 49 trabalhadores), médias (entre 50 a 250 trabalhadores) e grandes (mais de 250 trabalhadores). De acordo com esta classificação, a amostra é constituída por 13 microempresas (27,7%), 20 pequenas empresas (42,6%) e 14 empresas médias (29,8%). A ausência de respostas de grandes empresas não surpreende, visto que apenas existe uma empresa desta categoria. A classe das pequenas empresas é a mais representada, seguida das médias empresas e por fim, microempresas. De modo geral, estes dados suportam os indicadores da população (Tabela 6), pois o cluster é caracterizado maioritariamente por micro e pequenas empresas (70,3%). Neste estudo, as médias empresas mostram maior representatividade do que na população em geral, esta ocorrência pode ser justificada pelo facto de muitas vezes, as microempresas não terem contactos disponíveis, não possuírem website, nem tanta disponibilidade e abertura à participação em estudos. Comparando os dois concelhos, torna-se relevante mencionar que Paços de Ferreira concentra mais microempresas do que Paredes e, ainda reúne mais PME. Na classe das médias empresas é onde se verifica a maior diferença entre os dois concelhos, sendo que Paredes se destaca com 64% do total das empresas desta categoria.

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Figura 2 - Distribuição das empresas respondentes por localização e dimensão.

No que respeita à origem do capital da empresa, a vasta maioria das empresas são constituídas por capital 100% nacional (93,6%), apenas duas empresas respondentes apresentam capital nacional e estrangeiro (4,3%) e uma é composta por capital 100% estrangeiro (2,1%). Sendo o cluster caracterizado por PME de cariz familiar, estes resultados não surpreendem (Leonidou, 2004), contudo, apesar de assumir expressão reduzida, a existência de empresas com capital estrangeiro revela alguma abertura internacional do setor e demonstra capacidade de atração de IDE.

Relativamente ao volume de vendas médio dos últimos 3 anos (2016-2018), as empresas posicionam-se em 4 níveis distintos (Tabela 7), sendo o nível inferior menos de 500 mil euros e o nível superior mais de 5 milhões de euros. Verifica-se que a maioria das empresas na amostra se concentra nos dois intervalos inferiores, com vendas inferiores a 2 milhões de euros, estão cerca de 30 das 47 empresas respondentes, ou seja 63,8%. Verifica-se ainda que, para 68% das empresas as exportações representam mais de metade das respetivas vendas totais, estas empresas têm uma intensidade exportadora elevada. Confrontando o nível de vendas com a percentagem de exportações é de salientar que 88,24% das 17 empresas nos dois níveis de vendas mais altos têm uma intensidade exportadora elevada, enquanto, o mesmo só se observa para 56,67% das empresas nos dois níveis de vendas mais baixos. Assim, os dados indiciam que maior capacidade exportadora está associada a maior volume de vendas. 8 9 5 5 11 9 13 20 14 0 5 10 15 20 25

Menos de 10 Entre 10 e 49 Entre 50 e 250

Nº de e mp re sas Localização

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Tabela 7 - Relação entre o valor de vendas anuais e o peso das exportações nas vendas.

Valor de vendas anuais (média dos últimos 3 anos, 2016 a 2018) em euros

Peso das exportações nas vendas totais (%)

Total <10% 11 – 30% 31 – 50% >50%

Mais de 5 milhões - - 1 7 8

Entre 2 a 5 milhões - 1 - 8 9

Entre 500 mil e 2 milhões 3 1 1 10 15

Menos de 500 mil 2 4 2 7 15

Total 5 6 4 32 47

Fonte: Cálculos próprios.

Quanto ao número de mercados para onde a empresa exporta, as empresas estão agrupadas por dimensão, ou seja, número de trabalhadores, e por número de mercados destino, sendo que este oscila entre 1 e 40 mercados (Tabela 8). Verifica-se que a generalidade, as empresas exportam para 3 mercados ou menos, ou seja, 28 das 47 empresas respondentes (59,6%), das quais 26 são micro e pequenas empresas. Importa sublinhar que apenas 8 empresas exportam para mais de 10 mercados (17%) e o número máximo de mercados destino apenas se observa em PME. Entre as micro e pequenas empresas, verifica-se que apenas duas das 33 empresas exportam para mais de 5 mercados (6%), contra 9 das 14 médias empresas (64,3%). De mencionar ainda que, em média, as microempresas exportam para 3 mercados, as pequenas para 5 e as médias empresas para 15. Neste sentido, os dados apontam para a existência de uma relação positiva entre a dimensão da empresa e o número de mercados de exportação.

Tabela 8 - Número de empresas por dimensão e por número de mercados de exportação.

N.º trabalhadores N.º de mercados de exportação (n.º inteiro) Média 1 2 3 4 5 8 10 11 12 16 28 30 35 40

Entre 50 e 250 - - 2 1 2 2 - 1 1 1 1 1 1 1 15 Entre 10 e 49 3 4 5 3 3 - 1 1 5

Menos de 10 1 4 7 - 1 - - 3

Total 4 8 14 4 6 2 1 1 1 1 1 1 1 2 - Fonte: Cálculos próprios.

A amostra inclui empresas de diferentes gerações, com o ano de início da atividade da empresa a oscilar entre 1948 e 2017. Já o ano de início de atividade exportadora varia entre 1980 e 2019, sendo que foi no período entre 2000 e 2005 que se verificou a maior intensificação da atividade exportadora, cerca de 36,2% das empresas iniciaram o processo de exportação neste período, coincidente com a fase de maior aposta nos mercados externos como resposta à crise económica que se vivia no país.

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Figura 3 - Ano de início da atividade exportadora.

Torna-se também relevante perceber quanto tempo é que as empresas demoram para iniciar o processo de exportação. Através do cálculo da diferença entre o ano de início de atividade e o de início de exportação (Tabela 9), constata-se que um número relevante de empresas apresenta capacidade de competir internacionalmente desde a sua fundação, 11 empresas (23,4%) ou exportam desde os primeiros 2 anos da sua fundação (10,6%), o que indica a existência de Born globals11. Este é um facto interessante, na medida em que este fenómeno é

característico de indústrias tecnológicas, sendo, portanto, menos comum em indústrias tradicionais, como é o caso do mobiliário (Rennie, 1993). Por outro lado, grande parte das empresas demorou mais de uma década para iniciar o processo de exportação, cerca de 25 das 47 empresas respondentes (53,2%), este acontecimento pode estar associado à rigidez ao início do processo de exportação que as empresas familiares apresentam (Leonidou, 2004).

Tabela 9 - Número de anos entre o início de atividade e início do processo de exportação.

N.º de anos 0 1 5 6 10 +10 N.º de empresas 11 5 1 3 2 25 Fonte: Cálculos próprios.

Relativamente às Born globals, torna-se pertinente perceber ainda se este fenómeno se trata de algo recente, como consequência da intensificação da globalização (Rennie, 1993), ou algo recorrente ao longo do tempo. Verifica-se que esta ocorrência é algo que ocorre desde 1980 até à atualidade, contudo, verifica-se que 100% das empresas com início de atividade entre 2012 e 2017, se assumiram como Born globals, o que não se verifica em períodos anteriores.

11Expressão usada pela primeira vez por Rennie (1993) para se referir a empresas que, desde a sua fundação ou

muito cedo, adotam uma abordagem internacional e tratam o mundo como um único grande mercado. 0 2 4 6 8 Nº d e emp re sa s

Ano de início de atividade exportadora

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