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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Caracterização da pesquisa

No que se refere à classificação da pesquisa, esta se apresenta como qualitativa. Este método não busca em sua essência apenas estudar o fenômeno, mas procura entender o significado que o indivíduo ou grupo atribui a algo que lhe diz respeito (TURATO, 2005). Além de permitir desvendar processos sociais pouco conhecidos referentes a grupos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante o processo de investigação (MINAYO, 2007).

Segundo Godoy (1995, p. 60), as pesquisas qualitativas são exploratórias, ou seja, estimulam os entrevistados a pensar livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Conforme afirma Gil (2002), as pesquisas exploratórias são desenvolvidas objetivando proporcionar uma visão generalizada, de tipo aproximativo, de determinado fato. Collis e Hussey (2005) e Gil (1999) afirmam ainda que a pesquisa exploratória avalia quais teorias ou conceitos existentes podem ser aplicados a determinado problema ou se novas teorias e conceitos devem ser desenvolvidos. Elas fazem emergir, portanto, aspectos subjetivos e atingem motivações não explicitas, ou mesmo inconscientes, de maneira espontânea. São

usadas quando se busca percepções e entendimentos sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação.

Por esta razão, a pesquisa exploratória é geralmente associada a levantamentos bibliográficos e documentais, entrevistas não padronizadas e estudos de caso, como é o caso desta pesquisa em particular, que tratou da avaliação da implementação do PROLER no estado do Rio Grande do Norte. Quanto aos seus objetivos, pode-se considerá-la ainda como pesquisa descritiva, pois enfoca a descrição de características do processo de implementação do programa governamental e seus elementos (organizacionais, gerenciais e institucionais) (GIL 1999; VIEIRA, 2002).

Godoy (1995a, p. 62) ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e enumera uma série de características essenciais, capazes de identificar uma pesquisa deste tipo, desde o ambiente da fonte de dados até o enfoque que o pesquisador ira se utilizar.

Em sua maioria, as pesquisas qualitativas são realizadas no local de origem dos dados e não impedem o pesquisador de utilizar a lógica do empirismo – que acredita nas experiências como formadora das ideias. Conforme Godoy (1995b, p. 22), “o desenvolvimento de um estudo de pesquisa qualitativa supõe um corte temporal-espacial de

determinado fenômeno por parte do pesquisador”. Este corte define o campo e a dimensão em

que o trabalho se desenvolverá, isto é, o território a ser mapeado.

Triviños (1987, p.116) atesta que a pesquisa qualitativa se assemelha em certa medida ao procedimento de interpretação dos fenômenos diários, pois estes têm a mesma natureza dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Esta observação e interpretação apontam a existência de no mínimo três diferentes possibilidades de abordagens dentro da pesquisa qualitativa. Godoy (1995b, p. 21) afirma que são elas: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia.

No caso desta pesquisa em particular, ela é ainda caracterizada como bibliográfica e documental. Marconi e Lakatos (2012, p. 12) consideram a pesquisa bibliográfica “um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância por

serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados ao tema”, que podem ser

encontrados nas mais diversas fontes secundárias: livros, dissertações, papers de periódicos nacionais e internacionais (GIL 1999; ANDRADE 2001).

Sobre a pesquisa documental, Gil (2008) comenta que esta é muito parecida com a bibliográfica e que a diferença entre elas está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de

“primeira mão” (documentos de arquivos, de levantamentos, pesquisas, instituições, etc.),

existem também aqueles que já foram processados, mas que podem ainda conceber novas interpretações (relatórios de empresas, tabelas, etc.).

Para o cumprimento dos procedimentos documentais, foram analisados os seguintes Documentos PROLER: Anteprojeto e a Política de Incentivo à leitura; Documento Final do XV Encontro Nacional do PROLER; Planos de ação dos anos 1998, 2001, 2002, 2007, 2008, 2009, 2011-2013; Ações do PROLER 1994-2013, Demonstrativos e Previsões de Despesas do Comitê PROLER/RN; Propostas de curso e de Projetos do Comitê PROLER/RN; as pesquisas governamentais: PISA, IDEB, SAEB, INAF, Retratos da Leitura no Brasil; Documentos e dados estatísticos disponibilizados nos sites do MEC e do MinC, bem como estudos e levantamentos realizados pela CBL, pela ANL, Pelo Instituto Pró-Ler, por meio do CERLALC e da OEI, como também da Ação Educativa e Instituto Paulo Montenegro. Para Gil (1999), a pesquisa documental apresenta uma riqueza própria, pois resgata informações do passado e/ou possibilita uma leitura histórica dos acontecimentos.

Considera-se ainda a pesquisa como um estudo de caso, que, conforme propõe Yin (2005), é um caminho que possibilita ao pesquisador uma imersão no objeto de estudo específico, bem delineado e focado, que pode se reduzir a um único caso, cuja análise deve ser aprofundada, que nesta pesquisa é a implementação do PROLER no Rio Grande do Norte. Isto porque Yin (2001) denomina de caso único, especificamente pelo fato de se tratar um objeto revelador e ainda pouco explorado cientificamente. Campomar (1991) lembra que um estudo de caso é uma tarefa intensiva onde se busca a descoberta de relações que não seriam encontradas de outra forma. A escolha pelo estudo de caso ocorreu por dois fatores: o fenômeno analisado é bastante atual e por fazer sentido analisá-lo dentro do contexto do Comitê implementador do programa; o fenômeno estudado possui pouco controle, tornando- se, até certo ponto, subjetivo.

Por fim, atendendo a proposta da avaliação de uma política, esta pesquisa é classificada como uma pesquisa avaliativa, pois, como evidencia Silva (2001), ela se caracteriza por atribuir valor a algo, utilizando-se da maior objetividade e precisão possíveis,

devendo expressar a realidade, explicitando os porquês desta. A pesquisa desta dissertação se caracteriza a partir da classificação de Aguilar e Ander-Egg (1994) como uma pesquisa somativa porque julga a efetividade de políticas, programas ou projetos públicos e é particularmente importante na tomada de decisões em relação à sua continuidade ou término. É ainda orientada no tempo como ex-post, pois, como acordam vários autores (AGUILAR; ANDER-EGG, 1994; CALVANTANTI, 2006; RAMOS, 2012), este tipo de avaliação ocorre durante a execução do programa e procura compreender seu processo de implementação e suas etapas anteriores.