• Nenhum resultado encontrado

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 O perfil dos participantes do Comitê PROLER/RN

Em 2014, o PROLER Nacional comemorou 22 anos. O Programa representa um dos grandes avanços no que se refere a ações de promoção à leitura no País. Hoje, vinculado à Fundação Biblioteca Nacional - FBN e ao Ministério da Cultura, desde 1992, presente em todo o país através de seus setenta e oito Comitês, organizados em diversos municípios de todas as regiões brasileiras comprometidos com a democratização do fomento e acesso à leitura. Na fala da professora MCP1:

Todos os comitês são ligados à FBN... agora... qualquer instituição que tenha atividades ligadas à leitura pode instalar um comitê, bastando assinar o convênio... -- convênio esse que é renovado a cada quatro anos e que descreve todas as responsabilidades e atribuições dos comitês, da casa de leitura e da fundação biblioteca nacional [...]

É com este compromisso em mente que o PROLER desenvolve suas ações de forma articulada em nível nacional e regional para estimular o hábito e o prazer da leitura. No caso

particular do estado do Rio Grande do Norte, o Comitê PROLER atua, desde sua instauração em 1996, sob a perspectiva de que:

A leitura é uma questão política, por isso não se pode falar em leitura sem se considerar o aspecto político que gira em torno dela. Não se constrói uma sociedade leitora sem que haja uma intenção política de que esta sociedade seja de fato edificada. Falar sobre leitura é também falar sobre a posição do leitor diante do texto; sobre a criação de hipóteses e inferências, daí porque também se diz que falar sobre leitura é também falar sobre construção de autonomia, de cidadania. A leitura não pode fazer parte de uma discussão restrita ao meio acadêmico, à educação, nem ao mercado editorial. Trata-se de uma questão política e deve ser discutida politicamente (DOCUMENTOS PROLER, Projeto “Caravana de Políticas Públicas”, 2010, p. 3)

Esta visão da leitura como uma questão de cunho social, transgressora das quatro paredes de uma sala de aula ou de uma biblioteca escolar, é ratificada por Cosson (2006) e Fernandes (2007), que defendem a leitura transformadora da realidade e do indivíduo. Ainda neste sentido, a professora MCP1 comenta:

A leitura e a formação de leitores devem ser entendidas como práticas socioculturais, e por entendermos assim, trabalhamos dentro de um conjunto de ações e programas... --especialmente os cursos e encontros do PROLER-- ... com a finalidade de promover e ampliar as possibilidades de acesso à leitura [...]

O Comitê PROLER Natal (explica-se na sessão seguinte a razão para agora ser compreendido como pertencente a todo o estado.) caracteriza-se num primeiro momento como uma iniciativa voluntária, formada principalmente por professores, diretores de escolas e estudiosos da leitura e da linguagem como transformadores sociais e como bases para a cultura e a educação. Pode participar da comissão qualquer pessoa ou instituição que se interesse pela disseminação e fomento à leitura e pelo acesso ao livro e às bibliotecas, públicas e escolares – professores, autores, editoras, fundações, governos, Organizações Não Governamentais, além da própria comunidade civil (DOCUMENTOS PROLER, Planos de Ação 1998-2013).

No tocante a esta pesquisa, como já mencionado no Capítulo 4, foram realizadas entrevistas com membros do Comitê PROLER/RN, que executam o programa desde sua constituição até o presente momento. No momento das convocações, todos os membros foram comunicados acerca da natureza avaliativa do presente estudo pela própria coordenação do Comitê, não havendo objeção. Contudo, é valido salientar que não foi possível, por diversas razões (desde compromissos pessoais e de trabalho até o desinteresse), contar com a participação de representantes de todas as arenas de discussão que abrange diretores de escolas, professores, comunidade, empresários e fundações.

Dito isto, o perfil dos entrevistados – que ficou restrito aos participantes do Comitê que deram resposta positiva à convocação – é apresentado no Quadro 10. É importante frisar que todos são professores associados à SEEC/RN, comprometidos com o programa desde sua instauração, excetuando-se apenas uma entrevistada, que passou a fazer parte da secretaria depois de o Comitê já estar consolidado.

Quadro 10 - Perfil dos respondentes participantes do Comitê PROLER/RN.

PERFIL DO ENTREVISTADO FUNÇÃO NO COMITÊ TEMPO DE

PARTICIPAÇÃO

NAS ENTREVISTAS

COMO:

Professora, Especialista em Arte e Literatura do RN.

- Coordenadora do Comitê; - Soma a esta função as coordenações e outros dois

programas: PNBE e “Biblioteca para todos”.

Desde a instauração (1992). MCP1 - Professor Licenciado em História; - Coreógrafo; - Arte-educador, Especialista em Jovens Portadores de Deficiências. Palestrante e Formadora de

agentes de leitura. Desde a instauração

(1992). MCP2

- Professora de Língua Portuguesa e Literatura;

- Técnica Pedagógica da CODESE;

- Tutora no Programa Nacional de Formação Continuada à Distância nas Ações do FNDE.

Palestrante e Formadora de agentes de leitura.

Meados dos anos

2000. MCP3

- Professora da SEEC/RN; - Professora visitante do

SESC/RN; - Professora da Secretaria Municipal de Educação de Natal,

SME.

- Programa Mais Cultura.

- Palestrante e Formadora de agentes de leitura. - Representante do Grupo de Contadores de Histórias Humanescentes. Desde a instauração (1992). MCP4

- Professora, aposentada da SEEC/RN; - Escritora. Palestrante e Formadora de agentes de leitura. Representante da REBRA – Rede de Escritoras Brasileiras Desde a instauração (1992). MCP5

- Professora Licenciatura Plena em Geografia e Ensino da Arte, Especialista em Artes Visuais e

Museologia. - Coordenadora do Programa Arte e Cultura Palestrante e Formadora de agentes de leitura. Desde a instauração (1992). MCP6 - Professora, Especialista em Literatura Infantil; - Escritora. - Coordenadora do PNLD/RN. Palestrante e Formadora de agentes de leitura. Desde a instauração (1992). MCP7

- Professora de Educação Física, Especialista em Verbo Tonal (D- a) e Deficiência Auditivo-Mental e em Arte Educadora. Palestrante e Formadora de agentes de leitura. Desde a instauração (1992). MCP8

FONTE: Elaborado pela autora.

Em seu cerne, os Comitês PROLER são entidades formadas por voluntários preocupados com a leitura no Brasil, se mobilizando na tentativa de sanar a situação em favor de práticas de incentivo à leitura e acesso democrático ao livro e às bibliotecas.

O que ocorre com o Comitê Potiguar não é diferente; durante as entrevistas, a professora MCP1 comenta sobre o trabalho voluntário que o Comitê se propõe realizar:

“...era, e ainda é, um trabalho de fé. Um trabalho de esperança, de quem acredita que o

caminho para uma educação melhor era aquele, que aquilo ia mudar alguma coisa. E a gente

nem se importava por ser de graça”. No entanto, o trabalho de grande parte dos respondentes

desta pesquisa não se caracteriza como voluntário, uma vez que estes se encontram vinculados à SEEC/RN por concurso público, com exceção apenas de MCP5, que já se encontra aposentada.

Além disso, cinco dos membros do Comitê possuem cargos de coordenação e/ou tutoria que são em sua essência, comissionados. Não restam dúvidas que os membros se encontram comprometidos com o sucesso do PROLER e que devido aos seus esforços, o mesmo foi capaz de resistir a diversas tribulações políticas-administrativas (que serão expostas nos tópicos seguintes), mas o fato de não receberem pró-labore específico ao programa não constituí nesse caso específico, trabalho voluntário.