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Pesquisa de cunho quanti-qualitativo, exploratória, descritiva, utilizando-se levantamento de dados e narrativas de vida.

Segundo Gil (2002), as pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Para Prestes (2002), a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maiores informações sobre o assunto que vai ser investigado, facilitar a delimitação do tema a ser pesquisado, orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir uma nova possibilidade de

enfoque para o assunto. Segundo a autora, por meio da pesquisa exploratória, pode- -se avaliar a possibilidade de desenvolvimento de um trabalho satisfatório, o que vai

permitir o estabelecimento dos critérios a serem adotados, bem como dos métodos e das técnicas mais adequados.

Prestes (2002) afirma que, na pesquisa descritiva, se observam, analisam, classificam e interpretam os fatos, sem que o pesquisador lhes faça qualquer

interferência. Assim, o pesquisador estuda os fenômenos do mundo físico e humano, mas não os manipula.

Para Gil (2002), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Dentre as pesquisas descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: a sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental, etc.

Complementa Gil (2002) ainda que as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente os pesquisadores sociais realizam, preocupados com a atuação prática. São, também, as mais solicitadas por organizações, como instituições educacionais, empresas comerciais, partidos políticos, etc. Geralmente, assumem a forma de levantamento.

Sob o ponto de vista da forma de abordagem, esta pesquisa enquadra-se como pesquisa quanti-qualitativa. A parte da pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir, em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Para tanto, requer o uso de recursos da estatística descritiva, tais como percentuais, análise de dados cruzados, tabelas e gráficos. Muitos dos fenômenos humanos só podem ser observados pela interação entre as informações de cunho quantitativo e qualitativo. Uma forma complementa a outra.

Flick (2004) destaca que, por tradição, a psicologia e as ciências sociais têm adotado como modelo as ciências naturais e a sua exatidão, prestando uma atenção especial para o desenvolvimento de métodos quantitativos e padronizados.

Princípios norteadores de pesquisa e planejamento de pesquisa são utilizados com as seguintes finalidades: isolar claramente causas e efeitos; operacionalizar corretamente relações teóricas; medir e quantificar fenômenos; criar planos de pesquisa (que permitam a generalização de descobertas); e formular leis gerais.

Triviños (1987) destaca que existem duas dificuldades para definir o que se entende por pesquisa qualitativa. A primeira diz respeito à abrangência do conceito, à especificidade de sua ação e aos limites deste campo de investigação. Para o autor, este obstáculo que se apresenta para atingir uma noção mais ou menos clara deste tipo de pesquisa não é fácil de ultrapassar. A segunda surge, segundo ele, na

busca de uma concepção precisa da ideia de pesquisa qualitativa, que é muito mais complexa e emerge dos suportes teóricos fundamentais que a alimentam.

Flick (2004) aponta que os aspectos essenciais da pesquisa qualitativa consistem na escolha de métodos e teorias oportunos, no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas, nas reflexões dos pesquisadores a respeito de sua pesquisa como parte do processo de produção de conhecimento, assim como na variedade de abordagens e métodos.

Segundo Souza (2006), nas pesquisas na área da educação, adota-se a história de vida, mais especificamente, o método autobiográfico e as narrativas de formação como movimento de investigação-formação, seja na formação inicial ou continuada de professores/professoras ou em pesquisas centradas nas memórias e autobiografias de professores.

O autor ainda complementa que:

[...] as histórias de vida adotam e comportam uma variedade de fontes e procedimentos de recolha, podendo ser agrupadas em duas dimensões, ou seja, os diversos documentos pessoais (autobiografias, diários, cartas, fotografias e objetos pessoais) e as entrevistas biográficas, que podem ser orais ou escritas. De fato, as biografias são bastante utilizadas em pesquisas na área educacional como fontes históricas, devendo cada texto escrito ser utilizado como objeto de análise considerando, sobretudo, o contexto de sua produção, a sua forma textual e o seu conteúdo em relação ao projeto de pesquisa a que esteja vinculado (SOUZA, 2006, p. 137).

Ainda sobre pesquisa em histórias de vida, Abrahão (2004) coloca que é de todo conveniente, neste momento, explicitar a atualidade e pertinência das Histórias de Vida, quer epistemológica, quer metodologicamente. Para tanto, apoiamo-nos em Nóvoa (1995, p. 14-15), que considera que a vida dos professores constituiu-se, por longo tempo, em um “paradigma perdido” da pesquisa em educação, mas

[...] hoje, sabemos que não é possível separar o eu pessoal do eu profissional, sobretudo, em uma profissão impregnada de valores e de ideais e muito exigente do ponto de vista do empenhamento e da relação humana.

De acordo com Josso (In: ABRAHÃO, 2006, p. 10):

[...] o trabalho biográfico e autobiográfico encontra-se no cruzamento de um destino sociológico, cultural e historicamente previsível, de uma memória personalizada deste destino potencial e de um imaginário sensível capaz de seduzir, de tocar emocionalmente, de falar, de interpelar outros inconscientes ou ainda de convencer racionalmente.