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CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.3. Participantes

3.3.3. Caracterização da turma

A turma que participou no estudo era constituída por 20 alunos, com idades compreendidas entre os 14 e 17 anos, sendo a maioria raparigas, como se pode observar na tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição dos alunos participantes no estudo por sexo e idade.

Idade (em anos) Sexo 14 15 16 17 Total Feminino 1 9 1 1 12 Masculino 4 4 0 0 8 Total 5 13 1 1 20

Apenas um aluno da turma reprovou uma vez durante o seu percurso escolar e foi no 2.º ano de escolaridade. Era uma turma que obteve um bom aproveitamento na disciplina de Matemática, no 9.º ano, no entanto, tinha alunos com muitas dificuldades, em termos de organização e exposição dos seus raciocínios.

Para uma caracterização do ambiente sócio-cultural dos alunos, analisaram-se as qualificações académicas e as categorias sócio-profissionais dos pais e verificou-se que a maior parte não possui a escolaridade obrigatória (9.º ano de escolaridade), apenas cinco possuem o ensino secundário e um tem formação superior. No que se refere às categorias sócio-profissionais, evidencia-se que um número significativo de mães trabalha na indústria têxtil e outras são costureiras, um número menos significativo trabalha no comércio. As categorias sócio-profissionais dos pais são mais variadas, desde operários do ramo têxtil, que são em maior número, aos empregados de serviços, jardineiros, cozinheiros e empresários. É de salientar que 60% dos alunos da turma têm apoio social escolar, de onde se pode inferir que as condições sócio-economicas das famílias são fracas. Apesar da baixa qualificação académica, os pais e encarregados de educação,

acompanham a vida escolar dos seus educandos, comparecendo nas reuniões com a Directora de Turma.

Somente 25% dos alunos considerou a disciplina de Matemática a sua preferida, sendo a de Ciências da Natureza a preferida por 50% dos alunos. Uma parte dos alunos, 30%, apontou a disciplina de Inglês como sendo aquela a que têm mais dificuldade, seguindo-se as disciplinas de Matemática, Português e Educação Física, todas com 15 %.

As respostas obtidas através da Ficha de Caracterização (FC) preenchida pelos alunos no início da experiência (Anexo IV), permitiram caracterizar a relação destes com a Matemática e com a disciplina de Matemática. Todos os alunos da turma consideram a Matemática importante para a sua vida no futuro. Dois alunos referiram gostar “mais ou menos” da disciplina de Matemática por ser complicada e difícil, porém reconhecem que os faz pensar e que lhes permite aprender coisas novas. Os restantes alunos gostam da disciplina e apontam razões, como por exemplo: “Ajuda a resolver problemas do dia-a-dia e a expandir os meus conhecimentos” (FC, Aluno 1); “Porque estamos sempre a descobrir maneiras novas de resolver as coisas e cativa” (FC, Aluno 2).

Uma vez que a experiência iria decorrer num ambiente de trabalho de grupo, interessava saber a opinião dos alunos sobre esta metodologia de trabalho e sobre o modo como costumavam trabalhar nas aulas de Matemática. A maior parte referiu trabalhar a pares ou em grupo, apenas três alunos mencionaram trabalhar individualmente, salientando, no entanto, que consideram importante trabalhar em grupo, um deles afirmou: “Se tivermos uma dúvida, se o colega souber como se faz é muito melhor e aprendemos depressa” (FC, Aluno 3), outros alunos referiram, por exemplo: “Ajudamo-nos mutuamente e aprendemos maneiras diferentes de raciocinar” (FC, Aluno 4) ou “Quando trabalhamos em grupo, ao termos de explicar o nosso raciocínio ajuda a compreender melhor a matéria” (FC, Aluno 5).

Só 55% dos alunos mencionou que, o que dizem nas aulas de Matemática é valorizado, quer pelos colegas, quer pelo professor. 20% dos alunos considera que o que dizem é valorizado pelo professor, salientando que acham que tudo é importante para os professores e o que dizem conta para avaliação, já em relação aos colegas afirmam não saber e um deles acrescentou: “Entre colegas pode, por vezes, um erro já dar para rebaixar” (FC, Aluno 6). Os restantes alunos afirmaram não saber.

Metade dos alunos da turma afirmou não sentir dificuldade em argumentar e comunicar as suas ideais aos colegas e ao professor, 30%, respondeu “às vezes” e alguns acrescentaram que depende da matéria, que existem conteúdos mais complicados e por isso mais difíceis de explicar.

Os restantes consideraram sentir dificuldade em argumentar e comunicar as suas ideias, um deles escreveu: “Tenho receio/dúvida se está mal e não consigo explicar o raciocínio” (FC, Aluno 7) e outro afirmou que apesar de perceber os conteúdos, “é difícil arranjar as palavras certas para conseguir que os outros percebam” (FC, Aluno 3).

É de salientar que 45% dos alunos já tinha trabalhado no ano lectivo anterior com tarefas de investigação. Desses, 75%, afirmaram que a realização de tarefas exploratórias e investigações nas aulas lhes permite aprender melhor, por exemplo, um dos alunos referiu: “O facto de sermos nós próprios a descobrir o porquê das coisas faz com que entendamos melhor” (FC, Aluno 8). Os que mencionaram não gostar de realizar investigações basearam a sua justificação no grau de dificuldade das mesmas. Dos restantes alunos da turma, a maior parte, afirmou que as tarefas que mais gostam de realizar nas aulas de Matemática são os exercícios, por serem mais fáceis.

Uma boa aula de Matemática é para a maioria dos alunos, uma aula em que o professor explica a matéria e eles resolvem exercícios. Por exemplo: “Uma aula onde o professor explicasse tudo bem e desse exercícios para realizar em grupo ou em pares” (FC, Aluno 9); “Se primeiro o professor nos desse a matéria e depois realizássemos exercícios para entendermos melhor” (FC, Aluno 10).

A maior parte dos alunos, 60%, não gosta de estudar Geometria e considera ter dificuldades na sua aprendizagem, por ser difícil de compreender e por envolver vários conhecimentos. Mas, apesar de a Geometria não ser o seu tema preferido, muitos deles consideram a sua aprendizagem importante, por lhes permitir aprender mais e por estar relacionada com o mundo que os rodeia. Apenas três alunos afirmam que aprender Geometria não será importante para a sua formação profissional.

Na FC era pedido aos alunos para indicarem três de entre vários métodos para aprender Geometria e, 42% apontou como primeira preferência a utilização de materiais manipuláveis, seguindo-se a utilização do computador e de programas de Geometria Dinâmica e só depois a exposição da matéria pelo professor.

Era uma turma unida e mantinha um bom relacionamento com os professores. Apesar de os alunos serem conversadores, eram simpáticos e bem-educados, proporcionando um bom ambiente de trabalho.