• Nenhum resultado encontrado

Caracterização da unidade de saúde da comunidade

No documento RELATÓRIO Final 2d 325p (páginas 161-167)

Caracterização de Unidade de Saúde onde foi realizado estágio da comunidade

Estágio que decorreu em unidade de saúde da comunidade de 30 Setembro a 1 Novembro de 2013, com a carga horária de 125 horas.

Motivo da escolha do campo de estágio:

-Desconhecimento do contexto de comunidade onde a pessoa idosa normalmente se encontra inserida;

-Referenciado como realizando avaliação multidimensional à pessoa idosa.

Caracterização da Unidade

Unidade de saúde da comunidade, que abrange a área geográfica do Beato, Marvila e Olivais, e tem cerca de 45000 utentes ativos. Atende uma população, na sua maioria, com carências socioeconómicas diversas e por vezes graves, muitos dos quais são pessoas idosas que recorrem á unidade para apoio clinico (médico e de enfermagem) mas também social.

Unidade de consideráveis dimensões, e que possui diversas valências clinicas nomeadamente: Pediatria, Estomatologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Psiquiatria, Medicina Interna, Clinica Geral, Ginecologia, Endocrinologia.

Na área de enfermagem há a considerar, além do contributo às valências referidas anteriormente, as Consultas de Pediatria, do Adulto e Idoso e ainda a visita domiciliária (VD).

Nas consultas e na VD é feita a vigilância dos utentes, realizadas ações educativas e são realizados tratamentos. Na VD há a referir especificamente a Visita de Luto, na sua maioria pessoas idosas que sofreram a perda do cônjuge, e a Visita de vigilância medicamentosa e terapêutica, onde se avaliam novas necessidades e se realiza o reforço dos ensinos para a saúde, através da avaliação do utente no seu contexto domiciliar/familiar/social.

A avaliação multidimensional sistematizada do utente é realizada aquando da sua integração em SADI (Serviço de Apoio Domiciliário Integrado) e na Avaliação Funcional Global e Avaliação Clinica Integrada (AFGACI).

Na primeira, que acontece quando o utente é referenciado em simultâneo para apoio social, de enfermagem e médico, é feita a avaliação da capacidade física e funcional utilizando-se os seguintes instrumentos de avaliação: Índice de Katz, Índice de Lawton –Brody , Mini Mental

Examination (MME), e o Índice da Qualidade de vida. Deve ser ainda aplicado o Mini Mental Assessment (MME).

O resultado da aplicação destes instrumentos deve contribuir para o desenvolvimento das ações a desenvolver. A equipa multidisciplinar constituída por enfermeiro, médico e assistente social realizam reuniões periódicas para discussão das estratégias a implementar.

Para a AFGACI, projeto inovador, aquando da sua criação em 2008, da instituição a que pertence esta unidade. Os utentes podem ser referenciados por qualquer unidade de saúde pertencente à instituição, não existindo critérios definidos.

Na Avaliação Funcional Global é feita avaliação Antropométrica; Sinais Vitais; Hábitos e vigilância de Saúde; Teste de acuidade auditiva; MAB- Método de avaliação biopsicossocial; Avaliação da dor com escala de dor; Avaliação do risco de úlcera de pressão através da escala de Braden, Mini Nutricional Assessment (MNA); Avaliação do risco de Queda com escala de Morse; Deambulação e ajudas técnicas.

Pertencente à avaliação funcional global mas não sendo aplicados, a referir o Test up and Go; Teste de acuidade visual; Escala de depressão geriátrica; Escala de Qualidade de vida e saúde (WHOQOL-BREF); MME.

Estas avaliações são realizadas por enfermeiro, exceto o MAB que é avaliado por enfermeiro em conjunto com assistente social.

A Avaliação Clinica Integrada pressupõe a realização de diversos exames complementares de diagnóstico, principalmente análises clinicas e eletroencefalograma, após consulta de Medicina Interna, com posteriormente encaminhamento para outras especialidades: Cardiologia; Urologia; Psiquiatria; Nutrição, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, entre outras.

Destas duas avaliações resultava um relatório conjunto que era entregue ao utente, ao cuidador ou enviado á entidade que referenciava o utente. Atualmente este relatório final integrado não é realizado.

O enfermeiro especialista nesta unidade tem um papel importante como dinamizador, através da criação e implementação de estratégias direcionadas para as necessidades detetadas na população que recorre à unidade, nomeadamente a realização da consulta Adulto/Idoso e a Visita de vigilância medicamentosa e terapêutica. Encontra-se ainda em fase de aprovação a criação de uma consulta de cessação tabágica.

O mesmo não acontece relativamente à avaliação multidimensional da pessoa idosa. Apenas na AFGACI a avaliação é realizada por enfermeiros especialistas, no entanto, após avaliação não são implementadas estratégias dirigidas às necessidades detetadas.

Avaliação qualitativa do estágio

Este estágio foi uma mais-valia no nosso percurso profissional, académico e até pessoal pois deparámo-nos com uma realidade muito diversa da realidade hospitalar, na qual estamos inseridos.

A permanência nesta unidade, embora durante pouco tempo, contribuiu para despertármos para novas situações. No nosso contexto de prática diária, estamos ainda muito direcionados para o tratamento e resolução de situações episódicas, e este estágio proporcionou-nos outra visão. De uma abordagem mais “intervencionista” para uma abordagem mais holística da pessoa idosa. Integrar a equipa de enfermagem permitiu-nos perceber a dinâmica da unidade e facilitou o desenvolvimento de diversas competências. Tornámo-nos mais aptos para desenvolver estratégias de atuação perante a pessoa idosa em contexto de comunidade e até em contexto hospitalar.

Participar na consulta de enfermagem e na visita domiciliaria ajudou-nos a desenvolver competências na avaliação global e formação, através de ações educativas para a saúde à pessoa idosa, na área da diabetes e das ulceras de pressão. A elaboração de um estudo de caso, com a avaliação multidimensional realizada a um utente idoso, foi importante no desenvolvimento destas estratégias.

A AFGACI, motivo que primeiramente nos fez escolher este campo de estágio, teve a sua importância pelo desenvolvimento de competências na aplicação de instrumentos de avaliação e entrevista com o utente. Neste momento, e desde há alguns anos, não é realizado um relatório final e os dados recolhidos pela equipa de enfermagem são utilizados em proveito de outros profissionais sem que haja um plano de cuidados e encaminhamento adequado.

A avaliação realizada em SADI é realizada de forma menos sistematizada mas permite o estabelecimento de um plano de cuidados embora não estruturado.

Queremos ainda fazer referência a uma experiência, a visita a um Lar Residência e Centro de Dia, pertencentes à mesma instituição da unidade de saúde onde realizámos estágio. Nesta visita, que teve a duração de um dia, além da observação das características de um lar com condições físicas, consideradas bastante boas, podemos partilhar com os profissionais (neuropsicóloga, auxiliares, fisioterapêutica) e principalmente com as enfermeiras a sua visão relativamente ao que é considerado importante no cuidar. Interagir com os utentes também se

revelou importante no desenvolvimento de competências perante a pessoa idosa institucionalizada.

Relativamente á identificação de estratégias de articulação entre o hospital e as unidades de saúde da comunidade, a nossa permanência nesta unidade e integração na equipa de enfermagem reforçou a ideia já existente da necessidade de transmissão de informação e a sua importância na continuidade de cuidados ao utente.

Este estágio permitiu ainda a reflexão acerca do papel do enfermeiro especialista na comunidade e a importância da sua atuação na promoção da saúde e prevenção da doença. Especificamente na unidade onde estagiámos, pensamos que o enfermeiro especialista tem na equipa um pepel dinamizador, desenvolvendo novas estratégias de atuação o que se vai repercutir na qualidade dos cuidados prestados à comunidade.

Como exemplo, podemos referir um objetivo do orientador do nosso estágio, que se encontra em desenvolvimento, a criação de uma consulta de cessação tabágica.

Relativamente á avaliação global funcional o papel do enfermeiro é inexistente. Apenas se verificamos a aplicação de diversos instrumentos de medida sem o desenvolvimento consequente de ações adequadas. Para terminar, consideramos que os objetivos traçados para este estágio foram atingidos.

No documento RELATÓRIO Final 2d 325p (páginas 161-167)