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Caracterização das Partes e do Processo

3. PARTE PRATICA

3.2 Caracterização das Partes e do Processo

“Pessoa é todo “ente físico ou moral a que a ordem jurídica atribui direitos e deveres” (ACQUAVIVA. 1997, p. 228)

Segundo o Código Civil (CC), instituído pela Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em seu art. 1º determina: “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”

“Por pessoa física entende-se a pessoa natural, identificada pelo registro de nascimento no Cartório de Registro Civil, e junto à autoridade fiscal pelo CIC – Cartão de Identificação de Contribuinte da Receita Federal (mais conhecido CPF – Cadastro de Pessoas Físicas” (BASSO. 2005, p.31)

A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) conceitua empregado no art. 3°. A saber; “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”

“Segurança é a “pessoa encarregada de proteger ou evitar qualquer dano a alguém ou a empresa”. (LAROUSSE CULTURAL. 1992. P.1019)

A Reclamada é pessoa jurídica de direito privado, sociedade limitada, empresa estabelecida com restaurante dançante, bar e lancheria, empregadora.

Pessoa jurídica é o “ente ideal, abstrato, racional que, sem constituir uma realidade do mundo sensível, pertence ao mundo das instituições”. (ACQUAVIVA. 1997, p. 228)

Basso (2005, p.31) aponta que “a pessoa jurídica é um ente constituído geralmente por pessoas físicas para praticar atividades comerciais, industriais, de prestação de serviços e mesmo de natureza social, cultural, recreativa, entre outras sem fins lucrativos”

Em relação às pessoas jurídicas o art. 40 do Código Civil expõe: “As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado”

De acordo com o art. 44, caput e inciso II do Código Civil, “são pessoas jurídicas de direito privado: II – as sociedades.”

De acordo com o Código Civil, art. 966, caput, “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”

Segundo o art. 967 do CC, “é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.”

Em relação à sociedade empresaria o art. 981 do Código Civil expõe: “Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com, bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”

De acordo com o art. 982, caput, do Código Civil, “salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais”.

Em relação a sociedade limitada o art. 1.052 do Código Civil esclarece: “Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.”

Nery Junior e Andrade Nery esclarecem que “a lei que regulava a sociedade por quotas de responsabilidade limitada (D 3708, de 10.1.1919) foi revogada tacitamente pelo CC. Isto porque o CC regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (LICC 2°, § 1° i n fine)”. (2005, pág. 579).

Abrão (2005, p. 47) destaca que “o emprego da expressão “limitada” confere caráter comercial a quem quer que exerça coletivamente uma atividade de conteúdo econômico,

porquanto a limitação da responsabilidade é fenômeno tipicamente comercial, inexistindo na esfera civil, onde o devedor responde com a totalidade de seus bens”

O Código Civil, no art. 391 determina: “Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor”

E o Código de Processo Civil, no art. 591, dispõe: “O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as resoluções estabelecidas em lei.”

Conforme o que consta no “Contrato de Constituição de Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada”, a empresa “P. C. & CIA.LTDA.” foi constituída em 01/04/83, por dois sócios, P.C., que subscreveu uma quota de Cz$ 90.000,00 (noventa mil cruzados) e J.D.O., que subscreveu uma quota de Cz$ 10.00,00, (dez mil cruzados) integralizados em moeda corrente nacional no ato de assinatura do contrato social.

Na cláusula 11 do Contrato Social, consta que “No caso de retirada o sócio retirante deverá comunicar ao outro por escrito sua intenção com antecedência mínima de 60 (sessenta) dias. O sócio retirante ou falecido, será substituído por um terceiro, ou herdeiro”.

Em 21/04/88, uma Alteração de Contrato Social determinou que será instalada uma filial na cidade de Ijuí - RS (cláusula primeira), mantendo-se, porém, o Capital Social inalterado, destinando-se Cz$ 70.000,00 (Setenta mil Cruzados) para o giro da Firma Matriz e Cz$ 30.000,00 (Trinta Mil Cruzados) para o giro da firma Filial (cláusula segunda).

Em 25/04/94, outra Alteração de Contrato Social determinou que será instalada mais uma filial na cidade de Ijuí (cláusula primeira), sendo que o ramo de atividade será o mesmo da “Matriz” (clausula segunda) e que o Capital Social da sociedade será aumentado para CR$ 50.000.000,00 (Cinqüenta milhões de cruzeiros reais), o qual será totalmente integralizado no ato, sendo a cota de P.C. de CR$ 45.000.000,00 (Quarenta e cinco milhões de cruzeiros reais)

e a cota de J.D.O.o valor de CR$ 5.000.000,00 (Cinco milhões de cruzeiros reais). (cláusula quarta).

A empresa adotou a razão social de “P. C. & CIA.LTDA.” Esclarece o art. 1.158 do CC, caput e parágrafos 1° a 3°:

“Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura. § 1°A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2° A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócio. §3° A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidaria e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade”.

De acordo com o art. 1.052 do Código Civil, “na sociedade limitada a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social”.

Já dizia o Decreto n° 3.708/1919, tacitamente revogado pelo CC/2002, no art. 2°: “O título constitutivo regular-se-ha pelas disposições dos arts. 300 a 302 e seus números do Código Comercial, devendo estipular ser limitada a responsabilidade dos sócios á importância total do capital social”.

Quanto aos arts. 300 a 302, do Código Comercial (CCom), instituído pela Lei 556, de 2 de junho de 1850), sucede que estão revogados, posto que a Lei 10.406/20002 – Novo Código Civil (CC) , revogou os arts. 1° a 456 do CCom.

Abrão (2005, p.72) aponta que “ressoa transparente e bastante evidente, de acordo com o art. 1.052 do Código Civil, que o contrato deve estipular ser limitada a responsabilidade dos sócios ao valor das quotas que formam o capital social, mas é viável a combinação do art. 28 do Código do Consumidor com o art. 50 do Código Civil, na hipótese de ser desconsiderada a personalidade jurídica”.

O art. 50 do Código Civil dispõe:

Em caso de abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Publico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica

Por sua vez, o art. 28 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), instituído pela Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, determina:

O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.”

Observa Abrão (2005, p.73-74) ainda que “o limite da responsabilidade do sócio veio à baila em casos concretos relativos a obrigações fiscais, por força do disposto no art.134, VII da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, regulando o Sistema Tributário Nacional”.

Determina o art. 134 do Código Tributário Nacional (CTN), instituído pela Lei 5.172/66. no art. 134, caput e incisos III, IV e VII:

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas”.

Abrão (2005, p.74) salienta que “a norma do art. 134, VII, do CTN, ademais, está restrita às sociedades de pessoas, nas quais não se inclui a sociedade em questão (j. 11-8- 1992, RT 690/92)”. E, em seguida, aponta: “Note-se que referido dispositivo do Código Tributário Nacional responsabiliza solidariamente os sócios nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis”.

Outrossim, o CTN dispõe no art. 131 caput e incisos I a III:

Art. 131: São pessoalmente responsáveis: I - I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão .

Empresa pode ser definida como “unidade econômica de produção e comercialização de bens e serviços que objetiva o lucro.” (LAROUSSE CULTURAL, 1992, p. 401).

A empresa se dedica ao ramo de restaurante dançante, bar e lancheria ou lanchonete.

Restaurante é o “estabelecimento comercial que prepara e serve comidas”. (LAROUSSE CULTURAL, 1992, p. 980)

Bar designa o “balcão diante do qual as pessoas consomem bebidas, quase sempre de pé ou sentadas em bancos altos”. Por extensão, designa também o “estabelecimento com tal balcão; botequim”. (LAROUSSE CULTRUAL, 1992, p.123)

Lanchonete é “casa onde se servem refeições ligeiras, sucos de frutas, etc.” (AURELIO, 2001)

O conceito de empregador é dado pela CLT no art. 2°: “Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. empregador.”

Aponte-se que, apesar de ter havido a morte do sócio-gerente, a e a sociedade ter sido constituída com apenas dois sócios, a mesma não encerrou suas atividades.

A viúva, R.E.A.F. em Petição Inicial dirigida ao Juiz de Direito de uma Vara Cível da Comarca de Ijuí, a ser escolhida quando da distribuição dos processos (art. 151 e 252 do

CPC), havia afirmado que “desde o falecimento do inventariado a autora está na condução da administração do referido, estabelecimento, procedendo levantamento de dividas e eventuais haveres, alem de conduzir sua continuidade”

Porém é a sócia-quotista minoritária, J D I, que fez a defesa (contestação) da empresa junto à Justiça do Trabalho.

Na audiência de conciliação, o autor e seu procurador estavam presentes, porem a Reclamada esteve ausente, apresentando-se apenas seu procurador, o qual apresentou atestado medico justificando a ausência da Sra. J.D.O.

“O Juiz de Trabalho considerou então que “embora a reclamada seja pessoa jurídica, a fim de evitar nulidade processual, porquanto a citação se deu na residência da sócia minoritária, e considerando que o sócio-gerente faleceu em 18.12.2007, determinou para ciência sobre a demanda a intimação da inventariante R E A F”.

“Determinou o Juiz do Trabalho ainda que fosse adiada a audiência para o dia 04.06.2008, às 14h quando as partes deverão comparecer, a reclamante sob pena de arquivamento, e o reclamado sob pena de revelia e confissão”.

Determina o CPC no art. 319: “Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor”

Quanto ao processo, trata-se de uma Reclamatória Trabalhista Individual Singular, modalidade de Dissídio Individual.

Nos dissídios individuais há conflito de interesses concretos de pessoas determinadas, enquanto nos dissídios coletivos se discutem interesses abstratos de uma categoria composta de número indeterminado de pessoas. Os dissídios individuais visam a aplicação de norma jurídica ao caso concreto, ao passo que os dissídios coletivos objetivam a criação de normas gerais ou a interpretação de norma geral preexistente. Se um só for o interessado, a reclamação se diz individual singular; se vários forem os interessados, sempre individualmente identificados, a reclamação é chamada individual plúrima. O autor é chamado reclamante e o réu, reclamado, salvo no caso de inquérito para apuração de falta

grave movido pelo empregado contra empregado estável, em que aquele toma o nome de requerente, e este, de requerido.” (GIGLIO e CORRÊA, 2007, p. 175).

O art. 839 da CLT estabelece que: “A reclamação poderá ser apresentada: a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus representantes, e pelos sindicatos de classe; b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça do Trabalho.”

O art. 840 da CLT esclarece que:

Art.840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º Sendo escrita, a reclamação devera conter a designação do Presidente da Junta, ou do Juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. § 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a tempo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou chefe de secretaria, observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior.

Ainda, o art. 841 da CLT determina que:

Art. 841. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de secretaria, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias. § 1º A notificação Será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-a a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo. § 2º O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.

3.3 – Sentença de 1° Grau – Vara do Trabalho

De acordo com o CPC, art. 162, parágrafo 1°. “sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.”

A sentença pode extinguir o processo sem resolução de mérito, nas situações relacionadas no art. 267 do CPC ou com resolução do mérito, nas situações listadas no art. 269 do CPC.

Dispõe o art. 267 do Código de Processo Civil:

Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I- quando o juiz indeferir a petição inicial; II- quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligencia das partes; III- quando, por não promover os atos e diligencias que lhe competir, o autor abonador a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV- quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento valido e regular do processo; V- quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; VI- quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; VII- pela convenção de arbitragem; VIII- quando o autor decidir da ação; IX- quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X- quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI- nos demais casos prescritos neste Código. §1º O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e III, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas. §2º No caso do parágrafo anterior, quanto ao n. II as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao n. III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art.28). §3º O juiz conhecerá de oficio, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que a não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento. §4º Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem consentimento do réu, desistir da ação.

E o art. 269 do CPC determina: “Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.”

No Brasil, vige o sistema de duplo grau de jurisdição, o qual permite à parte que não se conformou com a decisão de 1° grau, recorrer à instância superior.

“Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais”. (CPC, art. 163).

De acordo com o art. 162 do CPC, caput, “Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos”

Comenta Theodoro Junior: “O Instituto do recurso vem sempre correlacionado com o princípio do duplo grau de jurisdição, que consiste na possibilidade de submeter-se a lide a exames sucessivos, por juízes diferentes, como garantia de boa solução.” (2003, p. 506)

De acordo com o art. 458 do CPC, “são requisitos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem.”.

Moreira (2002, p.238) comenta que:

Na realidade, a utilização das vias recursais pode explicar-se por uma série de razões extremamente diversificada – desde a sincera convicção de que o órgão a quo decidiu de maneira errônea, até o puro capricho ou espírito emulatório, passando pelo desejo de ganhar tempo, pela irritação com dizeres da decisão recorrida, pelo intuito de pressionar o adversário para induzi-lo a acordo, e assim pro diante.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988) dispõe, no art. 5°, inciso LV, que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”

No âmbito da Justiça Trabalhista, “das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I – embargos; II – recurso ordinário; III – recurso de revista; IV – agravo. (CLT, art. 893, caput).

3.3.1 - Preliminar de Mérito na Sentença de 1° Grau - Vara do Trabalho

Preliminares constituem “argumentação que, sem referir-se, diretamente, ao mérito da causa, visa a apontar vícios processuais ou fatos impeditivos do regular andamento da ação, de modo a favorecer o réu, ensejando a não-apreciação do mérito pelo juiz.” (ACQUAVIVA, 1997, p. 232)

“Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.”

“Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência absoluta; III - inépcia da petição inicial; IV - perempção; V - litispendência; VI - coisa julgada; VII - conexão; VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; IX - convenção de arbitragem; X - carência de ação; XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.”

No âmbito da Justiça do Trabalho, porém, de acordo com o art. 799, há restrições quanto à oposição de exceções.

Dispõe o art. 799 da CLT: “Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência. §1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa. §2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final.”

Exceções, em sentido amplíssimo (a), são todos os meios de defesa quanto ao mérito ou ao processo que o réu pode opor (Buzaid, Aulas). Em sentido menos amplo (b), são os meios de defesa indireta, processual, de rito ou preliminares ao mérito, como às vezes são chamadas; o réu não ataca a matéria de mérito, mas ataca o processo (Buzaid, idem). (CARRION, 2008, p. 615)

3.3.1.1 – Regularidade do Pólo Passivo

O Reclamante. V.S. apresentou na Vara de Trabalho de Ijuí, Reclamatória Trabalhista contra a empresa “P.C. & Cia.Ltda.”

A Reclamada, através da sócia-quotista J.D.O., e, requerimento dirigido à Juíza da Vara do Trabalho de Ijuí, alegou inicialmente que “é sócia minoritária da empresa “P.C. &

Cia.Ltda.”, “a qual possui 2 sócios, cujo sócio majoritário é P.C, que possui 90% do capital social totalmente integralizado, enquanto que a requerente é sócia minoritária com 10% do capital social integralizado, tudo conforme copia do contrato social e posteriores alterações”.

Salientou a sócia-quotista J.D.O. que o Sr. P.C. “exercia a gerencia da sociedade individualmente desde a constituição da empresa, enquanto que a requerente era sócia- quotista, não tendo qualquer atividade dentro da empresa, sendo que desde setembro de 2000 trabalha em outra empresa conforme cópia da CTPS em anexo”.

Relata a sócia-quotista J.D.O ainda que “o sócio-gerente P.C. faleceu no dia 18.12.2007 conforme certidão de óbito que ora acompanha a administração da empresa ficou a cargo da inventariante R.E.A.F, que inclusive providenciou na abertura do processo de inventario

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