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2.2 Pericia Contábil

2.2.9 Perito – Contador

O Decreto Lei nº 9295/46 define as contribuições do contador, atualmente este decreto foi modificado pela Lei 12.249/10, as principais alterações dizem respeito:

- a necessidade do Exame de Suficiência para obtenção de registro em CRC;

- a manutenção das prerrogativas dos atuais Técnicos em Contabilidade e dos que venham a obter registro até 1º-06-2015;

- necessidade de comunicação ao CRC de seu registro principal de serviços que forem executados fora do Estado de sua inscrição profissional;

- possibilidade de cassação de registro em determinados casos, inclusive os de apropriação indébita de valores confiados à sua guarda.

O Conselho Federal de Contabilidade, mediante a Resolução 1244/09, editou a Norma Brasileira de Contabilidade Profissional (NBTC P2), e conceito o perito contador como:

NBC PP01- item 2:Perito é o contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e experiência, da matéria periciada

2.2.9.1 O Perito como Auxiliar da Justiça – Atribuições Legais do perito

Quando se fala em atribuição profissional é preciso que se faça, primeiramente, a distinção entre habilitação escolar, habilitação legal e habilitação profissional.

Maia Neto (2005, p.9) esclarece as diferenças entre as habilitações:

Dessa forma, ao concluir um curso de formação acadêmica adquire-se a habilitação escolar, não podendo ainda exercer a profissão, o que só acontece após o registro no respectivo conselho profissional (habilitação legal) e finalmente, com o treinamento constante e a experiência adquirida, conquista-se então a “habilitação profissional”, esta última de caráter mercadológico.

Dispõe o Código de Processo Civil (CPC):

“Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, e o intérprete”.

“Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.”

2.2.9.2 Escolha do Perito Contador

Diz o art. 421 do CPC: “O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo”. § 1° Incumbe às partes, dentro de 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito: I – indicar o assistente técnico; II – apresentar quesitos.

Maia Neto (2005, p.35) esclarece como é feita a comunicação da nomeação ao perito:

A comunicação da nomeação do perito é feita oficialmente através de mandado entregue por um oficial de justiça ou comunicação direta pela secretaria, muito embora este ato seja também publicado no Diário do Judiciário, nos locais onde existam jornais conveniados, para conhecimento das partes, começando então a correr seus respectivos prazos para indicação de assistentes técnicos e formulação de quesitos (art. 421).

A Resolução CFC nº 1244/09, em relação a nomeação do perito contador dispõe:

NBC PP01- Item 9: A nomeação, a contratação e a escolha do perito-contador para o exercício da função pericial contábil, em processo judicial, extrajudicial e arbitral devem ser consideradas como distinção e reconhecimento da capacidade e honorabilidade do contador, devendo este escusar-se do encargo sempre que reconhecer não ter competência técnica ou não dispor de estrutura profissional para desenvolvê-lo, podendo utilizar o serviço de especialistas de outras áreas, quando parte do objeto da perícia assim o requerer.

NBC PP01- Item 10: A indicação ou a contratação para o exercício da atribuição de perito-contador assistente, em processo extrajudicial, devem ser consideradas como distinção e reconhecimento da capacidade e da honorabilidade do contador, devendo este recusar os serviços sempre que reconhecer não estar capacitado a desenvolvê- los, contemplada a utilização de serviços de especialistas de outras áreas, quando parte do objeto do seu trabalho assim o requerer.

2.2.9.3 Deveres e Direitos do Perito Contador

São Direitos do perito:

a) Recusar a nomeação justificando tal ato;

b) Requerer prorrogação de prazo para apresentar o laudo pericial contábil e para comparecer as audiências (...);

c) Investigar o que lhe parecer adequado para o cumprimento de sua missão, podendo recorrer a fontes de informação tais como: (i) acesso aos autos, (ii) inquirição de testemunhas, (iii) exame de livros, de peças e de documentos pertinentes a causa;

d) Pedir livros e documentos às partes e aos órgãos públicos em geral;

e) Instruir o laudo com documentos ou suas copias, com plantas, com fotografias e outras quaisquer peças que entender sejam necessárias para provar o conteúdo de seu laudo;

f) Atuar com total independência refutando qualquer tipo de interferência que possa cercear sua liberdade de atuação;

g) Obter reembolso de despesa incorridas durente a realização de seu trabalho; h) Receber os honorários profissionais pelo serviço prestado.

São Deveres do Perito:

a) Aceitar nomeação nos termos de despacho saneador;

b) Desempenhar sua função por completo e com dignidade, respondendo a todos os quesitos pertinentes inclusive aos quesitos suplementares quando houver;

c) Respeitar os prazos

d) Comparecer a audiência quando convocado para tal

e) Ao redigir seu laudo pericial contábil, ater-se à verdade dos fatos comprovados e devidamente documentados

f) Prestar esclarecimentos sobre o laudo consignado quando solicitado a fazê-lo; g) Ser leal ao mandato recebido, respeitando e fazendo respeitar sua condição de auxiliar da justiça, ser reto, imparcial, sereno e sincero. Informar apenas a verdade no interesse exclusivo da justiça.

2.2.9.4 Recusa de nomeação, impedimento, suspeição e substituição

Para HOOG (2008, p.72) “a recusa se dá por diversos motivos, entre eles o estado de

saúde, a indisponibilidade de tempo, falta de recursos humanos ou materiais para assumir o encargo, se a matéria, objeto da pericia não for de seu total domínio e ainda na hipótese de que a nomeação deveria ter sido feita para profissional de formação acadêmica diversa, como exemplo, engenheiro, químico, físico medico. e até mesmo por impedimentos técnicos.”

Segundo Sá (2008, p.63) “a recusa deve ser comunicada ao juiz, por escrito, com a justificativa, quando então será nomeado outro perito para substituir ou prender a função. A escusa deve ser apresentada dentro até cinco dias da intimação”

A NBC PP 01 no item nº16 conceitua o que vem a ser impedimentos para o perito contábil: “São situações fáticas ou circunstanciais que impossibilitam o perito de exercer,

regularmente, suas funções ou realizar atividade pericial em processo judicial ou extrajudicial, inclusive arbitral

Quanto aos impedimentos, diz o art. 134 do CPC:

É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário: I – de que for parte; II – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha; III – que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão; IV – quando nele estiver postulando como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V – quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, ate o terceiro grau; VI – quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.

A NBC PP 01, item nº 20 assim dispõe sobre os impedimentos legais do perito- contador:

O perito-contador nomeado ou escolhido deve se declarar impedido quando não puder exercer suas atividades com imparcialidade e sem qualquer interferência de terceiros, ou ocorrendo pelo menos uma das seguintes situações:

a) for parte do processo;

b) tiver atuado como perito contador contratado ou prestado depoimento como testemunha no processo;

c) tiver mantido, nos últimos dois anos, ou mantenha com alguma das partes ou seus procuradores, relação de trabalho como empregado, administrador ou colaborador assalariado

d) tiver cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, postulando no processo ou entidades da qual esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;

e) tiver interesse, direto ou indireto, mediato ou imediato, por si, por seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau, no resultado do trabalho pericial;

f) exercer cargo ou função incompatível com a atividade de perito-contador, em função de impedimentos legais ou estatutários;

g) receber dádivas de interessados no processo;

h) subministrar meios para atender às despesas do litígio; e

i) receber quaisquer valores e benefícios, bens ou coisas sem autorização ou conhecimento do juiz ou árbitro.

Quanto à suspeição, diz o art. 135 do CPC:

Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando: I – amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II – alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III – herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV – receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar

alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; V – interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Para HOOG (2008) o perito poderá ser substituído pelo juiz nos seguintes casos: a) por pedido do próprio auxiliar da justiça; b) por pedido da parte alegando suspeição ou impedimento; c) a pedido da parte quando alega que o perito não dispõe de conhecimento técnico/cientifico, CPC, art. 424,I; d) falecimento do perito ou; e) sem motivo legitimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe for assinado, CPC, art. 424, II.

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