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CAPÍTULO 1 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

3.3.1 Caracterização dos entrevistados

Na apresentação do perfil de cada um dos dez participantes envolvidos na pesquisa, ressalta-se que as características aqui descritas representam a função institucional e social de cada um deles.

A primeira pessoa entrevistada foi a gestora da IES 1, identificada como G1, com idade de 30 anos. Possui graduação em Psicologia há oito anos, e especialização em Educação Especial. Estudante egressa da instituição, trabalha na mesma há sete anos. Exerce a função de gestora no serviço de inclusão, desde o ano de 2009. Seu primeiro contato com estudantes com deficiência foi nesta mesma instituição, durante trabalho voluntário em oficinas de gravação de livros e de ledor para cegos. O interesse em trabalhar com estudantes com deficiência surgiu a partir do trabalho voluntário, prestado em outro serviço voltado ao acompanhamento de estudantes com dificuldades de aprendizagem, realizado durante a formação na graduação.

O segundo entrevistado foi o gestor da IES 2, identificado como G2, com 36 anos. Tem formação em Ciências da Computação. ,Com deficiência física nos membros inferiores, ingressou na instituição como estudante com deficiência, pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), no ano 2003. Trabalha na IES há dez anos e conheceu o programa de inclusão devido a sua necessidade pessoal de acesso às salas de aula. Desde 2005 tem contato direto com a gestão do programa, quando, por intermédio de processo seletivo para servidor público, estabeleceu um vínculo empregatício com a instituição. Está efetivamente na gestão, desde 2009, quando teve a oportunidade de estabelecer os primeiros contatos com outros estudantes com deficiência. O interesse em trabalhar com esse grupo de estudantes surgiu devido a sua própria condição de estudante com deficiência, em busca de melhores condições de acesso e do cumprimento da Lei de Acessibilidade.

A terceira entrevistada foi a docente da IES 1, identificada como D1, com idade de 48 anos. Possui formação em Pedagogia e especialização em Educação. Trabalha há cinco anos com Educação Superior nessa mesma instituição, e durante esse semestre teve seu primeiro contato com estudantes surdos. Antes de estabelecer esse vínculo docente com estudantes com deficiência, ainda não havia

despertado o interesse pela temática, embora soubesse da possibilidade de receber estudantes com deficiência ou outra necessidade educacional especial.

A quarta entrevistada foi a docente da IES 2, identificada como D2, de 40 anos. Possui formação em nível de doutorado na área de Linguística. Leciona para o ensino superior há 17 anos e atua na instituição há oito. Seu primeiro contato com estudantes surdos ocorreu ao ministrar uma das disciplinas da base comum na pós- graduação. O interesse em trabalhar com estudantes surdos surgiu a partir da demanda no ingresso de estudantes surdos, pelo sistema de cotas, no Programa de Linguística.

A quinta entrevistada, TILS 1, foi a Tradutora e Intérprete de Libras da IES 1, com 34 anos. Graduada em Letras/ Libras, possui certificado de proficiência para tradução e interpretação, reconhecido pelo MEC e é especialista em Libras. Possui uma irmã surda que, desde a infância, se comunica através da Língua de Sinais. O interesse em ser tradutora e intérprete de Libras surgiu quando da conclusão do Ensino Médio, em busca da formação profissional na área de tradução e pela carência de profissionais nessa área, para atender a comunidade surda.

O sexto participante foi o TILS 2, identificado como o Tradutor e Intérprete de Libras da IES 2, com 36 anos. Concluinte de Pedagogia, cursou por dois semestres a graduação em Letras/Libras. Trabalha como intérprete voluntário desde 1993, e profissionalmente, desde 2001, e como intérprete no ensino superior a partir de 2004. Atua como TILS na IES 2, no programa de Linguística, desde 2009. O interesse em trabalhar com pessoas com deficiência surgiu ao fazer um curso de Libras, em outro Estado, dando continuidade ao seu interesse, o que continuou ao mudar-se para o Distrito Federal.

Os quatro perfis descritos a seguir são identificados como ES – Estudantes Surdos, sendo 1a e 1b da IES 1, e 2a e 2b da IES 2.

A ES1a tem 20 anos. Teve o diagnóstico de surdez com 1 ano e 4 meses, devido a aquisição da meningite. Fluente em Libras, pouco utiliza da comunicação oralizada,3 usando aparelho auditivo. Mora com os pais em uma cidade satélite do

3 De acordo com Quadros (2007), a comunicação oralizada refere-se a uma das primeiras formas de comunicação utilizada pelos surdos, pela leitura labial, por volta dos séculos XVI e XVIII, e que predomina até os dias atuais por parte de muitos sujeitos surdos. Oralismo no sentido clínico- terapêutico para tratar a falta de audição dos surdos e fazê-los falar trazendo como consequência a proibição da Língua de Sinais.

Distrito Federal, a cerca de 20 km da instituição. Nunca trabalhou. É estudante do curso de Fisioterapia. Sempre estudou em escola pública. Informou que somente durante o Ensino Médio teve o apoio de um intérprete durante as aulas. Escolheu o curso de Fisioterapia porque considera ser um curso diferente em relação à escolha dos outros surdos que, segundo a participante, preferem cursos tecnólogos, de menor duração. Essa escolha se deve também ao fato de a estudante considerar que sua futura atuação profissional é importante para a comunidade surda, ou seja, poder ajudar as pessoas surdas, nos atendimentos de saúde e de promoção da qualidade de vida.

O ES1b tem 39 anos. Ficou surdo por volta de 1 ano e 7 meses quando adquiriu meningite. Fluente em Libras e leitura labial, prefere comunicar-se através da Língua de Sinais. Faz uso do aparelho auditivo somente num ouvido. Mora com sua esposa e dois filhos, ouvintes, numa cidade satélite do Distrito Federal. É estudante do Programa Stricto Sensu. Trabalha como professor de Libras há 6 anos. Sempre estudou em escola pública, primeiramente num Centro de Atendimento ao Surdo, quando teve acesso à estimulação precoce para a leitura labial e o oralismo, e posteriormente no Ensino Regular, em turma inclusiva. Possui formação em Pedagogia e Letras/Libras, com especialização em docência do ensino superior.

O ES2a tem 33 anos. Nasceu surdo, na cidade de João Pessoa, tendo um irmão igualmente surdo. Por volta dos dez anos de idade começou a usar o aparelho auditivo, continuando seu uso hoje apenas num ouvido. Fluente em Libras, faz pouco uso da comunicação oralizada. O participante é casado com uma ouvinte e possui uma filha ouvinte. Trabalha como professor de Libras em uma Associação de Surdos, recentemente sendo aprovado num concurso para professor de Libras em uma IES pública. Até o oitavo ano do Ensino Fundamental estudou em escola particular. Possui formação em Letras/ Libras, anteriormente havendo ingressado no curso de Ciência da Computação, desistindo em seguida devido à ausência de um mediador de comunicação, o que não ocorreu na segunda graduação, porque os professores se comunicavam em Libras . O participante contou com o auxílio de intérpretes, o que propiciou uma comunicação mais acessível. Está concluindo o mestrado em Linguística.

O último entrevistado do grupo dos estudantes surdos, representando a IES 2 foi identificado como ES-2b. Nascido em Minas Gerais, ficou surdo devido à

aquisição da rubéola por parte de sua mãe, durante a gestação. Fluente em Libras e na comunicação oralizada, sempre estudou em escola pública. Quando criança estudou numa instituição de apoio a crianças com deficiência, estimulando-o na leitura labial. Casado com uma surda, não tem filhos. Atualmente é professor de Libras no Estado de Minas Gerais. Possui formação em Letras/Libras, com especialização em Libras e Educação Especial. Mestrando em Linguística, afirma que o interesse pelo curso surgiu pela indicação e incentivo de amigos da Associação dos Surdos.

As duas instituições pesquisadas dispõem de um gestor como responsável pelo espaço de inclusão. Os docentes convidados, no período da entrevista, lecionavam para um ou mais estudantes surdos. É importante ressaltar que não houve nenhuma veiculação do docente lecionar para os respectivos estudantes surdos participantes da entrevista. O mesmo também não ocorreu para a escolha dos TILS. Para as participações dos estudantes surdos foram respeitados os critérios pré-definidos: ser surdo, usuário da Língua de Sinais, estar matriculado na instituição, nos cursos de graduação e/ou pós-graduação, no semestre em que ocorreu a pesquisa, sendo dois estudantes surdos de cada IES.

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