SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES
5.1.1 Idosos
Participaram 9 idosos, 8 mulheres e 1 homem, com idades entre 62 e 86 anos e média de 71 anos. Todos os participantes foram indicados por profissionais da US, aleatoriamente, em relação ao sexo e idade. Porém, seguem características da população brasileira, no que se refere à maior porcentagem de mulheres entre os idosos, bem como a busca mais intensa das mulheres por serviços de saúde, em contraste com os homens.
Quanto ao estado civil 4 eram separados, 3 viúvos, um casado e um vivia em união estável após ter se separado. Seis participantes referiram ser católicos e os outros 3 posicionaram-se como espírita, protestante e evangélico, respectivamente.
Quanto à escolaridade, 4, possuíam o Ensino Fundamental incompleto, 1, o Ensino Médio incompleto, 1, o Ensino Médio completo, 1, Superior incompleto e 2, Superior Completo. No caso de 7 participantes a moradia era própria e 2 moravam em residência alugada. A respeito da renda familiar, 4 idosos informaram receber de um a dois salários mínimos, 3 idosos por três a quatro salários, 1 por cinco a seis salários e outro, por sete a oito. Apesar da baixa escolaridade apresentada pelos entrevistados, o que também reflete uma característica da população idosa brasileira, os entrevistados pertenciam à classe média ou média baixa. Em nenhum dos casos se evidenciou situação de risco relacionada ao fator sócio-econômico, dados que representam as características da população atendida pela US.
Complementando o perfil sócio-econômico dos participantes, 6 entrevistados disseram ser aposentados, 2, pensionistas e 1, não tinha rendimento próprio. Em relação à ocupação, 3 definiram-se como sendo do lar e, antes da aposentadoria, 3 foram professoras, 1 trabalhou como artesã, 1 era funcionário público e 1, gerente de hotel.
Entre os entrevistados 1, morava sozinho, 4 moravam com apenas um filho, 2, com o cônjuge/companheira, 1, com filho e nora, 1, com filho, neta e bisneto. Esses dados indicam a tendência à diminuição do número de integrantes por família, bem como de filhos que saem da casa dos pais e formam novos lares constituídos pela família nuclear. Como os participantes se encontravam em condições físicas e cognitivas preservadas, isso lhes garantiu a possibilidade de manter a independência e autonomia em relação aos filhos adultos ou outros familiares. Apenas uma entrevistada apresentava saúde debilitada, necessitando maior auxílio para as atividades de vida diária8. Entre os 6 participantes que compartilhavam a moradia com filhos adultos, todas eram mulheres, separadas ou viúvas, tinham os filhos como seus dependentes e desses 6 filhos, 5 eram homens.
Os dados acima descritos podem ser visualizados no quadro a seguir.
8
Termo utilizado em gerontologia para designar as atividades rotineiras como alimentação, vestir e despir, banho e higiene pessoal.
Quadro 01: Caracterização dos Idosos Nome Fictício Ida de Se xo Estado civil Religião Escola ridade Mora dia Renda familiar salários Profissão Ame ista 6
f Separada Católica Fundamental Completo
Própria Até 4 Artesã Pensionista Topá zio 8 m Separado /união estável Católico Superior Incompleto Alu gada Entre 5 e 9 Func. Público Aposentado Esme ralda 6 f
Casada Católica Fundamental Incompleto
Própria Até 4 Do lar
Péro
la 8 f
Viúva Católica Fundamental Incompleto
Alu gada
Até 4 Gerente hotel Aposentada Ága
ta 3 f
Separada Espírita Superior Incompleto
Própria Até 4 Professora Aposentada Opa la 2 f Separada Evangé lica Superior Completo Própria Entre 5 e 9 Professora Aposentada Alexan drita 7 f
Viúva Católica Fundamental Incompleto
Própria Até 4 Do lar Pensionista Turma
lina 3 f
Viúva Católica Médio Completo
Própria Até 4 Professora Aposentada S afira 7 f Separada Protes tante Médio Incompleto
Própria Até 4 Do lar Aposentada
Depois de cada entrevista com os idosos, elaborou-se uma síntese com dados sobre a história de vida, condição física e familiar dos entrevistados, motivo que levou os profissionais da US a identificá-los como possíveis participantes e a posição de cada um sobre a questão da violência familiar contra o idoso. As sínteses encontram-se no Apêndice D e seguem a mesma ordem de apresentação dos participantes, que podem ser identificados pelos nomes fictícios. Uma das entrevistas em que foi utilizado o Mapa de Rede encontra-se no Apêndice E para ilustrar a forma como se abordou o tema e a interação entre a pesquisadora e o entrevistado.
O quadro abaixo congrega informações acerca da relação dos idosos com o tema central da pesquisa, pois, como se esclareceu em capítulo
anterior, os profissionais indicaram os participantes por pressupor que viviam situações de violência familiar o que não foi confirmado por todos os idosos.
Quadro 02: Posicionamento do idoso em relação à violência familiar
Nome fictício Violência sofrida Posição diante da violência Tempo da Ocorrência Agressor Map a de Rede Ametista Física e psicológica
Assume Quando casada até 4 anos atrás
Marido Sim
Topázio Financeira Nega inicialmente e assume ao final entrevista Época da separação há 5 anos. Sobrinho Não Esmeralda Psicológica negligência
Nega Atual. Família Não
Pérola Psicológica Nega Atual. Filho e nora
Sim
Ágata Sexual e física
Assume Antes e durante casamento Há +/- 15 anos. Conhecid o Marido Não Opala Física e psicológica
Assume Atual. Filhos Sim
Alexandrita Física e psicológica
Assume Até o filho parar de beber há 3 anos
Filho e nora
Sim
Turmalina Financeira Nega
Atual Filha e neta Não Safira Psicológica e financeira Assume psicológica e Nega financeira Atual Filho, filhos e nora. Sim
Como se nota, nas 9 entrevistas foi possível visualizar e caracterizar situações de violência sofrida pelos participantes tomando como base a definição de violência proposta pelo INPEA (1995). A violência psicológica foi a mais frequente, encontrada em 6 casos, seguida da violência física em 4 casos, violência financeira em 3 casos e 1 caso de negligência e outro, de violência sexual. Com exceção de 3 casos, nos demais, houve associação entre dois tipos de abusos sofridos.
Durante as entrevistas, 6 participantes assumiram ter sofrido violência familiar, e um deles, Topázio, admitiu o fato somente no final da entrevista; outros 3 negaram a experiência de qualquer tipo de violência. Safira, em seu relato, identificou em suas experiências, um tipo de violência e não outro, que ficou evidente para a pesquisadora.
Quanto ao tempo de ocorrência da violência, para 4, ela aconteceu no passado e afirmaram já ter superado o problema. Nos outros 5 casos a violência ainda ocorria quando da realização da entrevista. Os agressores indicados ou percebidos eram filhos, em 5 casos; noras, em 3 casos; maridos, em 2 casos; sobrinho, em um caso; em 5 situações, identificaram- se mais de um familiar.
O quadro 2 também indica os 5 casos em que se realizou o Mapa de Rede. O emprego desse instrumento, na presente pesquisa, objetivou identificar as redes sociais no enfrentamento, pelo idoso, da violência familiar. Assim, em duas situações - Topázio e Ágata - que assumiram ser vítimas de violência familiar, não se utilizou essa ferramenta porque o fato permaneceu em absoluto segredo, ou seja, o idoso não acionou a sua rede social para lidar com a situação. Com Pérola, ocorreu o oposto, a entrevistada negou sofrer violência familiar, mas apesar de sua negação, a situação estava claramente delineada. Então, o Mapa foi realizado apesar do termo violência não ter sido o guia no processo de construção. Assim, o Mapa de Rede foi efetivado com Ametista, Pérola, Opala, Alexandrita e Safira.
5.1.2 Profissionais da Saúde
Participaram da pesquisa 10 profissionais e, para evitar sua identificação serão indicados pela nomenclatura P1, P2, P3 (...) P10. As informações estão disponíveis no Quadro 3.
A idade dos profissionais variou de 24 a 68 anos, sendo a média de idade 50 anos. Oito mulheres e 2, homens. Quanto ao estado civil, 5
casados, 3 separados, 1 viúvo e 1 solteiro; em relação à religião, 9 disseram ser católicos e um, espírita.
Três anos foi o menor tempo de exercício profissional entre os participantes e o maior, 42 anos, e a média ficou em 15,3 anos. Quanto ao tempo de trabalho na US, variou entre 2 e 10 anos, sendo a média 5,8 anos.
Quadro 3: Caracterização dos profissionais da saúde
Ida de Sexo Estado Civil Religião Tempo de Profissão Tempo de Trabalho na US 1 31 f Casada Católica 8 anos 3 anos.
2 54 f Separada Católica 6 anos 6 anos
3 33 f Casada Católica 10 anos 3 anos
4 52 f Separada Católica 3 anos 6 meses 3 anos 6 meses
5 56 f Casada Católica 10 anos 7 anos
6 65 f Casada Espírita 20 anos 10 anos
7 24 f Solteira Católica 3 anos 2 anos
8 56 m Separado Católico 16 ano 5 anos
9 68 m Casado Católico 42 10 anos
10 60 f Viúva Católica 34 8 anos
5.2 APRESENTAÇÃO DAS DIMENSÕES, CATEGORIAS,