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Capítulo II – Enquadramento Metodológico

3. Contextualização do estudo

3.4. Caracterização dos participantes

Do grupo de alunos que frequenta a SAF, foram escolhidas a Sofia e a Alice para a implementação deste projeto. Os critérios de seleção dos participantes foram: i) desfasamento entre a idade cronológica e as competências adquiridas; ii) semelhanças no nível e no tipo das competências adquiridas.

Antes de analisar os Programas Educativos Individuais de cada uma das alunas e dado que as duas pertencem à mesma turma, do ensino regular, do quinto ano de escolaridade, procedeu-se à consulta do PCT, de modo a verificar se este documento incluía orientações específicas para a Sofia e para a Alice. No entanto, não foi possível identificar aspetos específicos da intervenção com estas alunas. Após a análise documental do Processo Individual de cada aluna, salientam-se as informações que se descrevem em seguida.

o Sofia:

Constatamos que por volta dos cinco meses de idade foi diagnosticada à Sofia Paralisia Cerebral, Diplégia Espástica e Estrabismo. O Relatório, datado de 2004, da Terapeuta Ocupacional, refere que a Sofia apresentava atraso de desenvolvimento, beneficiando de tratamentos de Terapia Ocupacional desde os 16 meses de idade, no Centro de Saúde, mas com uma frequência muito irregular, sendo, então, acompanhada nas consultas de Fisiatria e Oftalmologia do Hospital da zona de

residência. Permanecia em casa até à data do relatório, por questões de ordem familiar e pelas dificuldades que apresentava no seu desenvolvimento.

A Sofia frequentou o jardim-de-infância com cinco anos de idade, ingressou depois no 1.º ciclo do ensino básico, usufruindo de apoio em terapia ocupacional e fisioterapia no Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian com seis anos de idade. Ficou retida um ano no 2.º ano de escolaridade.

Analisando-se o Programa Educativo Individual (PEI) da Sofia, percebe-se que as medidas educativas aplicadas são decorrentes do seu perfil de funcionalidade por referência à CIF e à Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde de Crianças e Jovens (CIF-CJ), referindo que a aluna apresenta deficiência grave nas funções psicomotoras, ou seja, nas funções mentais específicas de controlo dos eventos motores e psicológicos a nível do corpo. A Sofia apresenta deficiência moderada nas funções da atenção e da perceção e nas funções relacionadas com a força muscular, tónus muscular, controle do movimento voluntário, padrão de marcha e com os músculos e funções do movimento. Apresenta, também, deficiência ligeira nas funções cognitivas de nível superior e nas funções dos anexos do olho (estrabismo com correção). Na atividade e participação, a Sofia apresenta dificuldade grave em ler, escrever, calcular, comunicar e receber mensagens escritas e escrever mensagens. Apresenta dificuldade moderada em mudar as posições básicas do corpo e dificuldade ligeira em levar a cabo a rotina diária.

Segundo o Relatório Final de Ano Letivo 2010/2011, as competências trabalhadas nesse ano letivo, foram ao nível social, emocional e ao nível de português, utilizando- se como recurso metodológico o “Método das 28 Palavras”. A Sofia apresentava dificuldades na aquisição dos conteúdos da área de matemática e de português, sendo, a maioria destes, ao nível de um 2.º ano de escolaridade. No ano letivo de

2011/2012, a Sofia esteve abrangida pelo ponto 5.4 do Despacho n.º 13170/2009 –

integrar uma turma reduzida, e pelas alíneas e) currículo específico individual e f) tecnologias de apoio, do n.º 2, do artigo 16.º, do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro. Beneficiou de alterações significativas no currículo comum ao nível de introdução, substituição e eliminação de objetivos e conteúdos, nomeadamente alterações nos objetivos e competências pretendidas nas áreas de educação visual e tecnológica, formação cívica, educação musical e educação física. A introdução de novos conteúdos foi centrada nas áreas de matemática e português funcional, autonomia pessoal e social e atividades de cariz funcional.

o Alice:

Segundo o relatório datado de 2008, elaborado por uma Psicóloga do Departamento de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da equipa da Lapa, o nível de funcionamento cognitivo da Alice situava-se abaixo do esperado para a sua faixa etária. Os seus melhores resultados revelavam capacidades de discriminação percetiva e aquisição de vocabulário. Os resultados mais baixos revelavam dificuldades acentuadas na aquisição da noção de tempo, no conceito de número e cálculo mental. De acordo com o Relatório elaborado pela uma Psicóloga, do Centro de Educação para o Cidadão Deficiente da zona, em 2009, a dinâmica familiar da Alice sofria algumas disfuncionalidades, estando ativo um processo na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do concelho. Concluía que o Quociente Geral de 57 situava o desempenho intelectual da Alice ao nível da deficiência mental.

Ingressou no 1.º ano do ensino básico com seis anos de idade, foi retida no 2.º ano de escolaridade e nesse mesmo ano letivo, 2008/2009, foi abrangida pela lei que regulamentava a educação especial.

As medidas educativas aplicadas à Alice, de acordo com o seu PEI, são decorrentes do seu perfil de funcionalidade por referência à CIF e à CIF-CJ, referindo que a aluna apresenta deficiência grave nas funções intelectuais, na segurança, nas funções da atenção, da memória, emocionais, do pensamento, cognitivas de nível superior e do cálculo. Apresenta deficiências não especificadas nas funções do sono e nas funções mentais da linguagem. Na atividade e participação, a Alice apresenta dificuldade grave em ler, escrever, calcular, comunicar e receber mensagens escritas e escrever mensagens. Apresenta dificuldade moderada em dirigir a atenção e dificuldade ligeira em pensar.

Segundo o Relatório Final de Ano Letivo 2010/2011, as competências trabalhadas nesse ano letivo, foram ao nível social, emocional e ao nível da língua portuguesa com atividades mais práticas e funcionais. A Alice apresentava dificuldades na aquisição dos conteúdos da área de matemática e da língua portuguesa, sendo, a maioria destes, ao nível de um 2.º ano de escolaridade. No ano letivo de 2011/2012, a Alice

esteve abrangida pelo ponto 5.4 do Despacho n.º 13170/2009 – integrar uma turma

reduzida e pela alínea e) currículo específico individual, do n.º 2, do artigo 16.º, do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro. Beneficiou de alterações significativas no currículo comum ao nível de introdução, substituição e eliminação de objetivos e conteúdos, nomeadamente alterações nos objetivos e competências pretendidas nas áreas de educação visual e tecnológica, formação cívica, educação musical e educação física. A introdução de novos conteúdos foi centrada nas áreas de

matemática e português funcional, autonomia pessoal e social e atividades de cariz funcional.

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