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Caracterização e condições de realização do estudo

No documento A Educação (Fisica) Vale? (páginas 135-138)

4. METODOLOGIA

4.2. Caracterização e condições de realização do estudo

4.2.1. Amostra

Foram selecionados aleatoriamente para as entrevistas 6 professores, sendo 3 do sexo masculino e 3 do sexo feminino, e 60 alunos, divididos em 10 grupos de alunos contendo 6 integrantes em cada um deles de ambos os sexos. Todos eram docentes ou discentes em três escolas públicas da região do Grande Porto, em Portugal. Os critérios para inclusão dos grupos de alunos foram: (1) serem compostos por estudantes do ensino secundário, pressupondo uma capacidade de percepção e interpretação cognitiva suficiente para o assunto; e (2) serem alunos frequentes nas aulas de Educação Física. Os dois critérios exigidos para a inclusão dos professores foram: (1) possuir formação superior na área, o que implica uma maior probabilidade de conhecimentos relativos ao assunto; e (2) terem experiência na prática docente. O docente com menor tempo de prática já lecionava há 7 anos, sendo que o mais experiente já lecionava há mais de 30 anos.

Os participantes foram informados sobre a garantia do anonimato e sobre não haver qualquer tipo de inconvenientes gerais, benefício ou prejuízo financeiros, e obrigatoriedade de participação para os sujeitos e as instituições de ensino envolvidos. As escolas participantes celebravam uma parceria com a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e os professores da amostra consentiram ceder parte de suas aulas para as entrevistas com os alunos. Tanto estes quanto aqueles decidiram participar voluntariamente, estavam cientes que poderiam desistir da sua colaboração nas entrevistas sem

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quaisquer constrangimentos, e foram tranquilizados de que todos os dados recolhidos seriam separados exclusivamente para propósitos de estudo.

4.2.2. Entrevistas

4.2.2.1. Processo de construção da entrevista

Nas palavras de Bogdan & Biklen (1994, p. 134), “a entrevista é utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspectos do mundo”. Nesta significação, já está referida a forte presença da subjetividade apontada por Bardin (2008) neste método. Subjetividade esta que, multiplicada nas várias entrevistas, potencialmente revelará uma objetividade, ou um traço transversal aos diversos discursos.

A entrevista constitui-se numa ferramenta de aproximação entre o investigador e o sujeito de seu estudo, ao menos no plano discursivo. O objetivo deste instrumento é estabelecer um contato direto entre entrevistador e entrevistado, salientado pela importância da mínima interferência daquele. Ocorre assim uma relação dinâmica onde o interlocutor expressa suas impressões frente aos questionamentos e o pesquisador procura facilitar a profundidade e fidedignidade da fala daquele em relação aos objetivos da pesquisa (Quivy & Campenhoudt, 2008).

No âmbito da investigação social, a entrevista semi-diretiva ou semi- estruturada é a mais utilizada. É assim denominada por se encaixar entre as perguntas abertas e as fechadas. Sucintamente, caracteriza-se por grande liberdade de exposição do entrevistando, onde o investigador permite-lhe falar abertamente apenas reencaminhando-o de volta aos objetivos da pesquisa quando estes eventualmente começarem a se perder no discurso. O pesquisador possui apenas um guião de entrevista que servirá de base para o que se deseja saber, sem, contudo, utilizá-las de maneira rígida. (Quivy & Campenhoudt, 2008). No olhar de Bogdan & Biklen (1994), a escolha do tipo de entrevista a ser utilizada dependerá do objetivo do estudo – podendo-se até mesmo recorrer a diferentes tipos de entrevista numa mesma pesquisa – e

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ressaltam ser vantajosa a semi-estruturada quando se pretende comparar vários sujeitos, recolhendo dados que permitam tal cruzamento. São mais curtas e mais fáceis, em relação às não diretivas, mas assim como estas precisam ser registradas por completo, inclusive os momentos de pausa, as hesitações, expressões de emoção e intervenções do investigador (Bardin, 2008).

Reconhecendo esta ferramenta de investigação como a mais adequada para nosso propósito – uma vez que possibilita tanto a questão da ambiguidade quanto certa estruturação para o tema (Ghiglione & Matalon, 2005) – foi estipulado um guião de entrevista semi-estruturada, que foi submetido a análise, por parte de pesquisadores experientes na utilização deste instrumento metodológico, e testado previamente, em indivíduos que não fizeram parte da amostra de estudo, para devida aprovação.

4.2.2.2. Processo de efetivação da entrevista

As entrevistas tiveram uma duração média de aproximadamente de 45 minutos tanto para professores quanto para os grupos de alunos. Foram registradas por um gravador de áudio, com autorização prévia dos entrevistados. Foi-lhes informada a total liberdade para desistirem da sua participação nas entrevistas, em qualquer momento e sem qualquer prejuízo para os mesmos. Por fim, as entrevistas foram transcritas para o computador. Bogdan & Biklen (1994) recomendam a utilização de gravadores quando o estudo requerer entrevistas de longa duração, e quando esta técnica for a principal fonte de dados, pois apenas a memória do investigador não bastaria. Além disso, é assim possível preservar integralmente o discurso, incluindo pausas, hesitações, entoações e detalhes semelhantes. Uma vez que o local de realização da entrevista pode ter efeitos sobre os dados (Ghiglione & Matalon, 2005), procuramos um espaço que minimizasse ao máximo a possibilidade de interrupções ou distrações, nas respectivas escolas onde os docentes e discentes estavam inseridos.

Os alunos foram entrevistados em grupos pequenos, visando adentrar no que Bogdan & Biklen (1994, p. 138) chamam de “mundo dos sujeitos”.

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Cremos que esta forma de inquirir contribui para se obter um quadro mais amplo da visão dos estudantes sobre o tema, e para fugirmos de visões estritamente pessoais no relacionamento com o(a) professor(a). Tal situação favorece que os participantes estimulem-se uns aos outros na discussão, suscitando opiniões e formulação de ideias que auxiliam identificar em alguma instância a visão do grupo a respeito do assunto (Queirós, 2002, p. 146).

No documento A Educação (Fisica) Vale? (páginas 135-138)