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Justificação do Sistema de Categorias

No documento A Educação (Fisica) Vale? (páginas 140-147)

4. METODOLOGIA

4.3. Análise e interpretação do material recolhido

4.3.1. Justificação do Sistema de Categorias

A delineação das categorias vigorou uma junção das temáticas ressaltadas nos discursos com os objetivos do estudo. Após a recolha dos dados, leituras exaustivas e detalhadas das entrevistas foram feitas procurando as temáticas que traçavam um delineamento comum entre os indivíduos e, ao mesmo tempo, harmonizavam-se com o interesse da investigação.

Essencialmente, este processo se deu a posteriori, uma vez que as falas dos professores e dos alunos foram nucleares para a identificação e definição das categorias. A tentativa consistiu em partir dos relatos para a teoria. Em virtude dos assuntos abordados – valores, sociedade, ensino – serem de grande abrangência e de interligarem-se com facilidade, o sentido central da fala foi determinante para enquadrá-la ou não nas distintas categorias e subcategorias. Isso significa que, por vezes, uma mesma palavra ou expressão manifestou-se em diferentes categorias, sendo filtrada pelo sentido semântico dado à mesma, em particular, no contexto do discurso. Este processo foi imprescindível, sendo que as transcrições, metaforicamente falando, assemelharam-se muito mais a teias do que a favos.

Ao comparar as temáticas suscitadas nas entrevistas dos professores e dos grupos de alunos, verificou-se que eram similares. Logo, três grandes categorias abarcaram a totalidade dos dados, havendo distinção apenas em algumas subcategorias. Sendo assim, cada categoria foi caracterizada de modo geral, incluindo as subcategorias correspondentes tanto aos professores quanto aos alunos.

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Categoria A – Identificação dos Valores (O quê?)

Esta categoria caracteriza-se pela identificação dos valores. A pergunta nuclear que norteia suas subcategorias seria “o quê?”. Nas subcategorias vemos o reconhecimento de identidades axiológicas, como também a identidade atribuída, pelos entrevistados, aos próprios valores. A característica saliente é apenas elucidar uma definição, uma significação inicial, sem atermo- nos aos processos.

Subcategorias (professores): A1(P) – Conceito de valores

Evidencia o que “são”37 os valores na opinião dos professores e quais as suas características.

A2(P) – Valores universais

Evidencia quais valores são universais na opinião dos professores, e em qual justificativa baseiam-se para os qualificarem como tal.

A3(P) – Prioridade(s) axiológica(s) como professor

Evidencia o principal objetivo dos professores e os valores que priorizam enquanto educadores.

A4(P) – Valores na sociedade

Evidencia quais são as prioridades axiológicas da sociedade contemporânea na opinião dos professores.

Subcategorias (grupos de alunos): A1(G) – Conceito de valores

Evidencia o que “são” os valores na opinião dos alunos e quais as suas características.

A2(G) – Valores universais

Evidencia quais valores são universais na opinião dos alunos, e em qual justificativa baseiam-se para os qualificarem como tal.

A3(G) – Prioridades axiológicas para a educação do ser humano

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As aspas justificam-se pela necessária distinção entre o ser o valer dos valores, já discutidos no capítulo “Axiologia: A Filosofia dos Valores”.

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Evidencia quais valores os alunos consideram os mais importantes para a educação do ser humano.

A4(G) – Valores na sociedade

Evidencia quais são as prioridades axiológicas da sociedade contemporânea na opinião dos alunos.

Categoria B – Juízos Sobre a Vivência dos Valores (Como?)

Há uma relação correspondente da categoria A com a B. Enquanto a primeira tratava da identificar, esta segunda caracteriza-se por exemplificar a manifestação dos valores. A pergunta central aqui é “como?”. Os processos e, sobretudo, a avaliação e valorização que os entrevistados efetuam no plano axiológico tomam lugar nas distintas subcategorias. Ajuízam sobre a vivência dos valores nos âmbitos pessoal e social. Os valores e sua definição, mencionados na categoria anterior, ganham vida na fala dos entrevistados e dão corpo à presente categoria. Cabe relembrar a limitação de serem discursos sobre a prática, e considerar as consequências que daí advém.

Subcategorias (professores):

B1(P) – Estratégias pessoais para transmitir valores

Retrata como os professores dizem transmitir os valores que prezam aos seus alunos. Ou seja, como manifestam-se a postura que assumem, as estratégias e táticas adotadas por eles para a educação axiológica pretendida. B2(P) – Expressões da hierarquia axiológica da sociedade contemporânea

Revela como os professores percebem, exemplificam e avaliam o que julgam ser as prioridades axiológicas da sociedade contemporânea.

B3(P) – Famílias desestruturadas: responsabilidade dos pais delegada aos professores

Revela como os professores percebem, exemplificam e avaliam o que julgam ser as condutas familiares, face a educação dos filhos, e suas consequências para a sociedade e a educação escolar, em particular, para o professor.

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Demonstra a compreensão, que os professores possuem, do potencial que a EF possui para transmitir valores, as experiências que afirmam ser partilhada neste contexto e exemplificações da especificidade desta disciplina na relação do aluno com seus pares e com o professor.

B5(P) – Formação axiológica dos professores

Revela como os professores percebem, exemplificam e avaliam o que julgam ser a condição da formação universitária do professor, e sua relação com os valores.

B6(P) – Perspectivas de mudança face aos valores

Retrata exemplos das transformações que os professores imaginam serem primordiais, para que ocorra uma educação axiológica melhor em relação à que julgam se passar atualmente.

Subcategorias (alunos):

B1(G) – Vivência pessoal dos valores

Demonstra, através de exemplos e justificações, o juízo que os alunos realizam do que afirmam ser suas próprias práticas e condutas consoante aos valores que assumiram priorizar em suas vidas.

B2(G) Expressões da hierarquia axiológica da sociedade contemporânea

Revela como os alunos percebem, exemplificam e avaliam o que julgam ser as prioridades axiológicas da sociedade contemporânea.

B3(G) – Famílias desestruturadas e os valores: relação entre pais e filhos Revela como os alunos percebem, exemplificam e avaliam o que julgam ser as condutas familiares, face a educação dos filhos, e suas consequências para a sociedade em geral.

B4(G) – Potencial axiológico da Educação Física

Revela a compreensão, que os alunos possuem, do potencial que a EF possui para transmitir valores, as experiências que afirmam partilhar neste contexto e exemplificações da especificidade desta disciplina na relação do aluno com seus pares e com o professor.

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Retrata avaliações de como se dão os relacionamentos entre professores e alunos, na opinião destes, tanto docentes de EF quanto de outra qualquer disciplina, e o juízo positivo ou negativo que os mesmos realizaram deste contato.

B6(G) – Perspectivas de mudança face aos valores

Retrata exemplos das transformações que os alunos imaginam serem primordiais, para que ocorra uma educação axiológica melhor em relação à que julgam se passar atualmente.

Categoria C – Fundamento dos Valores (Onde?)

A terceira e última categoria caracteriza-se por se referenciar às bases onde estão assentes a construção axiológica dos entrevistados. É a respeito da orientação – ou ausência dela – que trata esta categoria. A pergunta fulcral agora é “onde?”. Nas subcategorias, que por sinal aqui não diferiram entre professores e alunos, referenciais e argumentações pretendem harmonizar-se com o princípio, a origem e o fundamentado dos valores.

Subcategorias (professores): C1(P) – Referências axiológicas

Revela quais são as fontes referenciais inspiradoras e transmissoras de valores, reconhecidas pelos professores. Demonstram de onde retiraram as significações e os próprios valores que adotam.

C2(P) – Gênese dos valores

Revela onde encontra-se a origem e a gênese dos valores, na opinião dos professores. Evidencia as argumentações que deram para explicar como, quando e onde os valores tiveram início.

C3(P) – Culminância no “Eu”

Revela onde se encontra a referência final, na opinião dos professores, que define e valida sua hierarquia axiológica.

Subcategorias (alunos):

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Revela quais são as fontes referenciais inspiradoras e transmissoras de valores, reconhecidas pelos alunos. Demonstram de onde retiraram as significações e os próprios valores que adotam.

C2(G) – Gênese dos valores

Revela onde encontra-se a origem e a gênese dos valores, na opinião dos alunos. Evidencia as argumentações que deram para explicar como, quando e onde os valores tiveram início.

C3(G) – Culminância no “Eu”

Revela onde se encontra a referência final, na opinião dos alunos, que define e valida sua hierarquia axiológica.

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5. ANÁLISE CATEGORIAL:

No documento A Educação (Fisica) Vale? (páginas 140-147)